Amigos, desde Sexta passada com dificuldades de sentar e escrever por uma série de acidentes ocorridos que usurparam meu tempo. Aí Domingo de madrugada, com uns dez dias de antecedência, nasce minha primeira neta, a Nina. Digo primeira porque dentro de mais uns 15 dias deve nascer a outra, a Mariana. para fazerem companhia a meu querido neto que em breve completará 8 aninhos. Tempo de alegria, de festa, de agradecer por ter chego com saúde e todos estarem bem, de babar!! rs Deem-me um tempo, volto semana que vem com mais coisas, causos e experiências no mundo do vinho. Por enquanto vou ficar assim, quando posso, e na loja para servir os amigos. Assim que der retomo as atividades por aqui. Saúde, cheers!
Desde seu começo, Falando de Vinhos teve como seu propósito não só compartilhar experiências como também difundir conhecimento, quebrar alguns paradigmas, desmistificar a nossa vinosfera de forma simples numa linguagem coloquial, sem frescuras. Parte desse “trabalho” está contido na categoria ABC do Vinho aqui do lado, porém alguns posts se tornaram campeões de acesso, um deles, por sinal, mencionei há dias em meu post sobre as falácias do mundo do vinho, o tempo de guarda de um vinho, que escolhi para repostar hoje em mais uma passagem por minha Retrospectiva 10 anos de Falando de Vinhos.
Nesse sentido, uma dica baseado em minha experiência é usar o preço como parâmetro lembrando que sempre haverão exceções. Está em dúvida quanto ao vinho que você tem no armário ou na adega, joga no google e veja a faixa de preço, compare com a lista abaixo e tire suas próprias conclusões sobre o tempo de guarda que se pode esperar deles. É uma forma bem simplista de análise, mas funciona bem, vai por mim. Este post teve os valores revisados em Junho de 2023.
- Vinhos até uns 80Reais, dois a três anos está de bom tamanho, tome logo não enrola não! rs
- Vinhos de 80 a 120 Reais, até quatro/cinco anos há bastante segurança
- Vinhos de 120 a 180 Reais, certamente um degrau acima, entre cinco a seis anos numa boa.
- Vinhos de 180 a 300 Reais, falar de seis a 10 anos é uma aposta bastante segura.
- Vinhos de 300 a 500 Reais deverão chegar fácil nos 12 anos
- Vinhos acima de 500 Reais, aí já embarcamos num outro patamar e se você já está nessa fase acho que seguir lendo este post não deverá lhe agregar nada! rs Mais de 12 anos, obviamente, e o quanto depende de um monte de outras variáveis, entre elas as condições de guarda.
Abaixo o post publicado em 2008 com mais algumas dicas genéricas que podem lhe ajudar na compra e na avaliação do que você tenha na adega. Ao final, seguem alguns outros links que valem ser explorados.
Tempo de Guarda – Vinho, quanto mais velho melhor
Uma das mais emblemáticas, e falsas, crendices do universo do vinho, é de que “quanto mais velho melhor”. O conceito é, comprovadamente, furado! O vinho passa por vários estágios de evolução. O vinho tem infância, passa pela juventude e maturidade, alcança a velhice e morre. Idealmente, o vinho se deveria tomar no auge de sua maturidade quando o vinho adquire um equilíbrio perfeito entre taninos e o buquê de aromas adquirido com o tempo. Como nós seres humanos, todavia, cada vinho tem seu ponto de maturidade, cada um apresenta caráter e personalidades únicos o que torna esta definição de tempo de guarda ainda mais difícil. É neste aspecto que a avaliação da idade de um vinho se complica pois, um vinho leve, feito para ser tomado jovem, pode estar decrépito aos três anos e um outro clássico, estar extremamente jovem e duro aos dez!
Apesar de alguns, muito poucos, vinhos já trazerem, no rótulo do verso, uma indicação de validade ou ponto de maturação, este serviço ao consumidor ainda não é comum. Para os apreciadores de vinho e enófilos de plantão, este é realmente um dilema a ser encarado especialmente quando de grandes ofertas feitas pelas lojas. Será que ainda estão bebíveis? Será que não passaram do ponto? Cuidado, sempre repito isto, com grandes ofertas. Nesta época em que importadores e lojas começam suas grandes liquidações, há que se prestar bem atenção quanto à idade dos vinhos oferecidos.
De qualquer forma, enquanto os produtores, que são quem melhor conhecem as características de seu produto, não nos brindarem com esta gentileza, seguem algumas dicas genéricas, mesmo que falíveis pois sempre há exceções, que acho podem ajudar nesta definição.
Até 4 anos – Vinhos mais jovens, normalmente mais baratos, não ganham nada com a guarda e perdem bastante qualidade ao serem guardados por tempo excessivo. Os vinhos brancos jovens e leves, assim como os rosés, não se devem tomar após três anos quando já perdem muito de seu frescor e estão em fase declinante, melhor nos primeiros dois. Já os tintos, eventualmente podem ter alguma evolução no primeiro e segundo anos, alguns podem chegar nos 4 anos. Vinhos baratos são vinhos para serem tomados jovens, não têm estrutura para guarda, entre eles os famosos “reservados” da vida.
. Vinhos Verdes
. Vinhos varietais básicos de Sauvignon Blanc, Torrontés, etc.
. Espumantes comuns, Proseccos e Cavas. Como não são safrados, muito cuidado onde se compram e se estiverem muito baratos cuidado, podem estar mortos.
. Beaujolais. Se for Beaujolais Noveau não tome com mais de um ano, este vinho é elaborado para consumo rápido, idealmente 6 meses.
. Tintos leves e jovens, especialmente os do Novo Mundo, quase todos os tintos Brasileiros, Chiantis e Valpolicellas básicos.
4/8 anos – Apesar da maioria dos vinhos brancos deverem ser tomados jovens, alguns melhoram com o tempo. Existem tintos que devem ser tomados jovens, dependendo da variedade das uvas ou se passaram por carvalho, dando-lhes uma estrutura diferenciada. No caso dos tintos, quanto mais elaborados mais podemos aumentar o tempo de guarda com a certeza da evolução do mesmo.
. Bordeaux brancos e Chardonnays de qualidade.
. Vinhos tintos do Sul da França.
. Topo de gama dos tintos Brasileiros.
. Varietais de Sangiovese, Cabernet Sauvignon, Malbec e Pinot Noirs mais simples.
. Vinhos tintos de gama média, da regiões do Alentejo, Dão, Tejo, Lisboa e Setubal em Portugal
. Champagnes não safrados, muito cuidado onde se compram e se estiverem muito baratos cuidado, podem estar mortos.
. Vinhos genéricos (básicos) de Bordeaux e Bourgogne.
8/12 anos – Aqui já entramos num nível superior de vinhos, tanto em qualidade como preço, e a maioria dos vinhos top de qualquer região do planeta, produtora de vinhos, estará presente nesta lista.
. Tintos reservas da Espanha e Portugal.
. Champagnes safrados, Chablis 1er Cru
. Varietais de Syrah, Merlot e Cabernet Sauvignon de produtores de primeira linha.
. Vinhos de Bordeaux e Bourgogne com denominação de origem
. Vinhos top do novo mundo; Argentina, Chile, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Uruguai
12 anos e acima – Vinhos fortificados, tintos elaborados e até alguns brancos especiais aparecem nesta lista. Neste nível encontramos o “Crém de la Crém” da produção mundial e normalmente a preços inacessíveis para a maioria dos mortais. Certamente são, na sua imensa maioria, grandes vinhos que requerem imenso cuidado na sua guarda. Neste caso uma boa adega climatizada é essencial. Não compre vinho antigo sem histórico de guarda, prefira uma loja especializada de confiança sua. Vinhos de guarda são como animais de raça pura, precisam de cuidados especiais já que são mais delicados, há que serem guardados em adegas climatizadas para garantir uma evolução adequada e saúde do vinho.
. Vinhos superiores e de safras excepcionais da região de Bordeuax e Bourgogne na França.
. Vinhos Gran Reserva.
. Vinhos fortificados como Madeira, Porto e Jerez.
. Os grandes Italianos; Super Toscanos, Barolos e Brunello de Montalcino entre outros.
. Grandes vinhos Portugueses em especial os da região do Douro
. Grandes vinhos do Velho mundo.
. Grandes vinhos do Novo Mundo
Eis alguns links para outros interessantes temas a rever e que estão entre os mais lidos. Kanimambo pela visita e aproveite a viagem!
A importância da temperatura de serviço dos vinhos
Decantar ou Aerar vinho – o que é, quando e porquê faze-lo
São diversas e não são poucas, nossa vinosfera é pródiga em produzi-las! rs Hoje cito aqui algumas que acredito sejam as mais comuns e em que a maior parte dos iniciantes nesta incrível viajem por terras de Baco tende a acreditar por falta de informação.
Quanto mais velho o vinho melhor – essa talvez seja a maior delas e com isso muitos vinhos são tomados já em fase de decrepitude e outros viram vinagre. Há vinhos para serem tomados jovens (até uns quatro anos), de média guarda (4 a 8 anos), “longa” Guarda (8 a 12 anos) e os grandes vinhos que são quase que intermináveis obtendo seu ápice com mais de 15/20 anos são vinhos para poucos bolsos. Sabe aquela garrafa velha que você está guardando há sete anos ou achou num armário do tio e quer saber se ainda está bom? Vai no Google e digita o nome do vinho, dependendo do preço que apareça por lá você já terá uma boa ideia lembrando que não tem vinho de guarda de 50 pratas, não se iluda, esse tem que tomar jovem preferencialmente no segundo ano de vida, quiçá até uns quatro, no más! Agora, só se sabe se está bom abrindo, algumas surpresas podem ocorrer. Quanto maior estrutura tem o vinho para uma guarda longa mais caro ele vai ser, não tem como não ser. Quer ver mais, clica AQUI.
Vinho bom é o que você gosta – fruto de uma campanha de marketing bem sucedida de um importador. O correto seria, vinho que você gosta é o que é bom para você. O fato de você gostar não transforma vinho ruim em vinho bom, só é o que você gosta e tudo bem que assim seja, afinal tomar o que não gosta só pelo o que os outros dizem não tem nada a ver né? A cerne da questão é que qualidade e gosto são duas coisas diferentes que podem, ou não, caminhar juntos.
Melhor Vinho do Mundo – mais um fruto do marketing e na minha opinião uma tremenda sacanagem e mentira promovida por alguns produtores e importadores. O melhor vinho de um concurso, de um evento só é o melhor daquele concurso ou evento tendo mais ou menos importância dependendo do nível e respeitabilidade dos mesmos. Melhor Vinho do Mundo é só papo para boi dormir, para enganar os menos incautos , cai nessa não! Aliás, Melhor do Mundo é sempre muito relativo para qualquer coisa ou qualquer um a não ser que possa ser, de alguma forma, mensurado e comparado, caso contrário é mera opinião menos ou melhor fundamentada.
Vinho toma-se a temperatura ambiente – na Europa e mesmo assim depende de onde e em que estação do ano! rs Tomar um vinho tinto a 36 graus numa tarde no Rio é insano e certamente um desastre! Eis uma sugestão de temperaturas médias adequadas ao serviço do vinho para melhor usufruir desses caldos de Baco, cai nesse papo de temperatura ambiente não!
Espumantes e brancos doces e leves 6 a 8° C. / Champagnes e brancos frescos de 7 a 10° Centígrados / Brancos secos e evoluídos ou um Jerez fino de 10 a 12° Centígrados / Rosés, mais leves entre 8 a 10º e, os mais evoluídos, no máximo até uns 12º Centígrados. / Tintos de taninos leves, de 12 a 15° Centígrados / Brancos encorpados e Madeira ou Porto (Tawnies our Ruby básico), de 10 a 14° Centígrados / Tintos de médio corpo e Vinhos do Porto Ruby Reserva, de 15 a 17° Centígrados. / Tintos encorpados e Vinhos do Porto LBV e Vintage, de 17 a 20° Centígrados.
Vinho de Mulher – antes de ser machista é uma aberração. Teoricamente se diz que as melhores gostam de brancos, rosés docinhos e tintos leves. Há homens que seguem o mesmo gosto, não tem nada a ver com o gênero de cada um. Conheço um montão de mulheres amantes do vinho que não abrem mão de vinhos encorpados, questão de gosto, ponto!
Vinho com Tampa de Rosca é Ruim – normalmente usado em vinhos jovens onde a rolha de cortiça tem menos ou nenhuma utilidade prática já que se busca manter o frescor do vinho e não sua evolução. Da Austrália, pioneiros no uso de “screw cap”, já provei vinhos com mais de dez anos que envelheceram maravilhosamente bem. Um pode até não gostar do visual, achar que perde o charme, etc., porém a qualidade e tampa de rosca podem sim coexistir! Para o que ainda tiverem dúvida, vale ler o artigo que o Miguel Angelo de Almeida (enólogo da Miolo) escreveu e permitiu que eu compartilhasse aqui.
Vinho Barato é Ruim – outra balela, mas obviamente depende do quão barato ele é! rs Provavelmente não será tão bom quanto um vinho de maior valor, porém já vi, por diversas vezes, vinho de preço mais módico levar vantagem sobre vinhos de maior valor em provas ás cegas. Óbvio que quanto mais caro o vinho maiores serão as possibilidades de estarmos frente a vinhos melhores, mas não necessariamente. Já provei grandes vinhos que me decepcionaram e já fui surpreendido por vinhos baratos bem legais, então deixemos os preconceitos de lado e exploremos o mundo de Baco como ele deve ser explorado, escolhendo seu vinho de acordo com o momento, com quem compartilhar e com seu bolso. Costumo dizer que “Todo o grande vinho é caro, mas nem todo o vinho caro é grande!” então cuidado e repetindo, qualidade e gosto são coisas diferentes. Uma dica se você for um iniciante nessa viagem, mesmo que com grana para torrar, deixe os vinhos caros para quando tiver mais litragem, vai por mim.
Se alguém tiver algumas mais a agregar, “be my guest” já que os comentários estão aí para isso. Tenham todos uma ótima semana e seguimos nos vendo por aqui ou por aí numa das curvas de nossa imens! vinosfera. Kanimambo pela visita, saúde!
Ilustração – Pinóquio de Enrico Mazzanti datada de 1883
Eleger uma fica complicado, mas algumas me saltam à mente quando puxo pela memória. Entre elas três se destacam, uma de Portos Antigos da Andresen quando provei o melhor vinho de minha vida até agora, um magnifico Tawny 1910 que já postei aqui por duas vezes e que foi uma experiência mística! rs A do Conzorzio di Montalcino quando finalmente pude entender a razão de tanto auê sobre a região, com uma diversidade de estilos em que descobri este aqui, talvez o melhor Brunello que já tomei, um vinho que transcende os conceitos de elegância, sofisticação e complexidade, um deleite hedonístico, o Poggio di Sotto!
Houveram grandes degustações da Mistral, da Decanter, de diversos outros produtores, do Wines of Argentina Premium Tasting, quando confirmei a existência de uma outra Argentina, enfim o que não faltou ao longo destes últimos dez anos foi degustação marcante e grandes eventos. Uma no entanto faço questão de repostar aqui hoje, foi a apresentação que a associação de produtores Grand Cru fez aqui em 2012 promovendo a grande safra de 2009! Até hoje sinto os aromas e sabores de três vinhos que me colocaram de joelhos agradecendo a Baco por tamanho privilégio! O Chateau Figeac de Saint-Emilion, o Malescot Saint-Exupery de Margaux e o Chateau Coutet de Sautern/Barsac entre outras preciosidades. Veja mais aqui abaixo no post que intitulei como:
As Portas do Céu se Abriram e eu Entrei ou, Bordeaux Extasy!
Postado em Setembro de 2015, demorou três anos para conseguir decifrar minhas emoções. A experiência foi tamanha que fiquei sem palavras e sigo sem as encontrar, já que descrever emoções é sempre um exercício dos mais difíceis. Todos ou pelo menos a maior parte dos aficionados por vinho, sabe que 2009 foi um graaande ano para os vinhos de Bordeaux e em 2012 os produtores de Grand Crus estiveram em São Paulo para dar a provar alguns néctares da região. Grandes produtores, vinhos com pontuações perfeitas (100 pontos), brancos, tintos, doces, um festival hedonístico difícil de ser esquecido, daqueles que ficam na memória ad eternum.
A grande maioria, para não dizer todos, está longe dos bolsos de nós pobres mortais então minha sugestão é, tem interesse, vai viajar, traga de fora! São esses grandes vinhos que, em minha opinião, devem ser aproveitados nas viagens e, neste caso, mesmo assim precisa ter um bolso algo gordo! Para não dizer que nunca falo das estrelas, ganhei coragem e decidi compartilhar com vocês alguns destaques do que provei e que comporiam maravilhosamente uma grande degustação com uma visão regional deveras interessante, vamos lá!
Pessac- Léognan – esta AOC, mesmo tendo uma maior produção de tintos, gera os melhores e mais importantes brancos de Bordeaux. Três grandes vinhos de muita classe, Chateau Carbonnieux, Chateau Pape Clement e, para mim o destaque entre eles, o incrível Chateau Larrivet Haut-Brion, uma grande forma de se iniciar uma degustação deste porte.
Bordeauxs Tintos – mesmo não sendo um expert nas apelações (AOCs) de Bordeaux, tenho as minhas regiões preferidas e na prova confirmaram na taça as razões de minhas preferências. Destas AOCs, escolhi alguns vinhos (tinha mais de 50 não dava para ver tudo) para provar e destes alguns destaques que certamente colocaria na mesa dessa imaginária degustação, caso houvesse “cascalho” o bastante para tal.
Saint-Émilion – Por aqui reinam a Cabernet Franc e Merlot, vinhos teoricamente mais suaves (na prática nem sempre), de menor estrutura porém de boa guarda, profundo equilíbrio com fruta mais presente e macios. Alguns grandes vinhos como os; Chateau Troplong Mondot, Chateau Pavie Macquin, Chateau Angélus e meu preferido, um dos melhores, se não o melhor, vinho do evento. O Chateau Figeac! ABSOLUTAMENTE ESPETACULAR, um daqueles vinhos que figuram entre meus TOP 10 de todos os tempos e não dá para descrever, tem que lhe sacar a rolha e desfrutar com um outro grande apaixonado por este néctares. Este já estava divino, imagino daqui a mais uns cinco ou seis anos!
Pomerol – Terra do famoso Chateau Petrus e por isso muito valorizada, gera vinhos elegantes e finos porém de maior estrutura que os de St Émilion, idade média de maturação entre 6 a 8 anos com alguns grandes vinhos de guarda. Daqui se destacaram o Chateau Clinet a quem Robert Parker deu 100 pontos. Provei, não mudou minha vida (rs), não vale a nota perfeita (que não dou a nada nem ninguém), mas é um grande vinho. Com ele, mais dois destaques, o Chateau L’Évangile e meu xodó deste AOC, o Chateau Gazin do qual tomaria garrafas se a grana permitisse. Rico, delicado e complexo, absolutamente sedutor.
Margaux – Nas grandes safras estes vinhos costumam se superar e é, certamente uma das mais emblemáticas apelações de Bordeaux. Mesmo tendo a Cabernet Sauvignon como protagonista, são conhecidos como os vinhos mais elegantes, perfumados e sedosos de Bordeaux, especialmente da margem esquerda. Curto os vinhos desta parte de Bordeaux! Provei algumas preciosidades, entre elas os; Chateau Angludet, Chateau du Tertre e Chateau Giscours foram destaque e são todos grandes representantes da AOC, mas o Chateau Malescot Saint-Exupery está, em minha modesta opinião, um degrau acima dos outros escolhidos e é o que eu colocaria para representar a região nesta verdadeira seleção de craques. Pura poesia engarrafada, nada a falar, só beber!!
Pauillac – Três dos cinco Premier Crus de Bordeaux, vêm desta região, vinhos algo mais potentes e muito estruturados com enorme potencial de guarda, décadas! Aqui provei menos e só dois rótulos ambos muito parelhos; o Chateau Lynch-Bages e por nariz, ficaria com o Chateau Pichon-Longueville mesmo sabendo que o melhor seria guarda-lo por mais uns 15 anos antes de abrir. O problema é que já fiz 60, então guardar vinhos ficou meio relativo! rs Graaande e complexo vinho que mostra bem todo seu potencial de guarda.
Sautern et Barsac – Mais que uma apelação (AOC), uma marca mundial de excelência em vinhos doces que harmoniza maravilhosamente bem com Foie Gras (ops é proibido! rs) e queijos azuis e frutas frescas, mais que com sobremesas. Dizem que um Sautern deve ser tomado com mais de quatro anos e os bons (como estes baixo) precisando de tempo para mostrarem todo seu esplendor. Os “velhos” com trinta ou quarenta anos nas costas, dizem ser verdadeiros elixires, não sei, nunca provei, mas topo convites! rs Para encerrar em grande estilo dois grandes representantes e um que extrapola e nos deixa boquiabertos com tanto esplendor. Chateai Doisy Daëne e Chateau Guiraud, ambos excelentes, mas o Chateau Coutet é verdadeiramente um vinho classe I, de Inesquecível e Incuspível! DIVINO, um conjunto de emoções na taça indescritível, e a uma fração do preço dos mais famosos, muito próximo da perfeição!
O que pode causar estranheza é como vinhos que são de longa guarda como estes podem já despertar tais emoções e prazer hedonístico. Pois bem, o que tenho verificado ao longo destes longos anos de provas, é que a grande safra costuma apresentar esse perfil, vinhos com grande capacidade de guarda, porém já muito palatáveis desde cedo! Só para citar alguns; Safra 2007 e 2011 em Portugal, 2006 na Itália, 2005 no Chile, 2015 no Uruguai entre outros, e agora 2009 em Bordeaux. Enfim, mais uma grande experiência e as características de cada uma dessas regiões foram colhidas no livro de meu saudoso mestre e mentor, Tintos & Brancos de Saul Galvão, que segue sendo meu principal socorro em momentos de dúvida sobre nossa vinosfera.
Fui, espero que tenham curtido e semana que vem tem mais. Um ótimo fim de semana e kanimambo pela visita, saúde!
É dessa forma carinhosa com que Alejandro Vigil se refere ao lugar onde está a sede da El Enemigo, ou Bodega Aleanna, em sua casa! Um projeto de grande sucesso em parceria com Adrianna Catena sobre o qual fica difícil falar, mas visitar este lugar lúdico, pleno de magia e grandes vinhos é hoje um must para quem visita Mendoza.
Conheci o lugar pela primeira vez em Abril de 2015 quando com um outro grupo lá chegamos num final de tarde para um acolhedor assado no “quincho” recém inaugurado. Uma noite mágica diga-se de passagem, e nesta volta pouco mais de dois anos e meio depois, nos deparamos com um lugar transformado, incrível o que conseguiram realizar em período de tempo tão curto! O que eram sonhos e projetos estava tudo ali ao nosso alcance e, desta vez, com a presença do “maestro” em pessoa.
É inacreditável a transformação, o incremento do restaurante, diversos ambientes, a loja, a decoração, arte (adorei a exposição de esculturas de madeira com ferro!), os jardins, tudo impecável, de extremo bom gosto, complexo e divertido, um pouco como os vinhos que levam a marca El Enemigo, um lugar de exceção para vinhos de exceção, mas sem afetações, sem frescuras porém com finesse, simpatia, classe e qualidade em tudo o que vemos e provamos. Estar no lugar é algo marcante, tomar a totalidade de seus vinhos inebriante e podes desfrutar da presença do “maestro” um momento inesquecível.
Falar dos vinhos é chover no molhado e só não tomamos o El Enemigo Syrah/Viognier porque esse vem todo para o Brasil e nem adianta procurar por lá. Vou tentar resumir em poucas palavras cada um.
El Enemigo Chardonnay – Muita finesse acima de tudo com grande equilíbrio e mineralidade, madeira bem sutil. Belo exemplar de Chardonnay de altitude!
El Enemigo Bonarda – Um dos melhores da região, denso, fruta madura abundante, taninos macios e acidez no ponto
El Enemigo Cabernet Franc – leva um tico de malbec, encorpado, aromas de boa intensidade, encorpado, taninos aveludados, toque terroso, fruta madura, especiarias, muito boa persistência.
El Enemigo Malbec – pode ser que seja pelo tico de Petit Verdot que Alejandro coloca aqui, ou não, mas certamente é um dos Malbecs de gama média que mais gosto da região. Leva também um pequeno porcentual de Cabernet Franc gerando um vinho muito rico, concentrado, muito aromático com ótima textura e taninos finos abundantes.
Almoçamos com esses e ainda tivemos um bônus, tomamos o incrível Nicolas Catena, um vinho de grande gabarito onde a Cabernet Sauvignon fala mais alto. Um vinho excepcional, de grande elegância. Aí fomos passear um pouco num tour pela cave e jardins voltando para a grand finale, a prova com os Gran Enemigo, todos os quatro, inclusive o Cepillo, uma novidade, que adorei. A base de toda essa linha de vinhos é a Cabernet Franc.
Gran Enemigo – Blend de Cabernet Franc (73%), Cabernet Sauvignon, Petit Verdot e Malbec – aromas sedutores, encorpado, denso, rico, notas achocolatas, salumeria, sutil herbáceo, sofisticado com boa carga tânica.
Gran Enemigo Agrelo e Gualtallary – Cabernet Franc (85%) com Malbec um de Agrelo em Lujan de Cuyo e segundo de Guatallary em Tupungato – afora a diferença de solo entre eles, há também um enorme diferença de altitude (de 930 para 1470m) o que faz com que o de Gualtallary apresente uma finesse, elegância e acidez bem mais marcantes. Questão de estilo, eu gosto dos dois, mas o Gualtallary me encanta e é um dos melhores vinhos da atualidade produzidos na Argentina.
Gran Enemigo El Cepillo – novo na casa e de uma região diferente, El Cepillo fica em San Carlos, tenho que confessar que me balançou e disputou com o Gualtallary minha preferência. mesmo corte de Cabernet Franc e Malbec, mas agora a 1300 metros de altitude, mantendo a acidez gulosa do Gualtallary, porém com fruta algo mais madura, notas de especiarias bem mais presentes, ótima textura, taninos aveludados, final longo e apimentado, amei!!
Para quem vai a Mendoza, certamente um lugar a não se perder pois afora os vinhos o lugar é especial. Abaixo um vídeo montado com algumas fotos tiradas pelo grupo e por mim, nem sempre muito boas (rs), mas que mostra um pouco da alegria vivida e do que você estará perdendo caso não passe por lá em sua próxima visita! Clique na imagem e abra a porta para momentos de “buena onda”, salud!
Kanimambo pela visita, uma ótima semana e seguimos nos encontrando por aqui ou em qualquer esquina de nossa imensa vinosfera!
O que são esses Desafios de Vinho e porquê da existência deles? Na minha coluna no Jornal Planeta Morumbi (já falecido) e posteriormente aqui no blog, uma dúvida sempre pairava em minha cabeça, como os vinhos se comportam para nós seguidores de Baco se omitirmos rótulo, safra, origem desse vinho? Foi dessa duvida que nasceram os Desafios de Vinhos às cegas que posteriormente vim a estender, de forma algo mais didática, nas confrarias que administro e que recomendo a todas.
Como implementar? Encontrei diversos parceiros com espaço e que ao final serviam um prato (pago pelos participantes), eu entrava com os vinhos, em parceria com os importadores e produtores, e taças. Quis sempre executar esses Desafios com uma mescla de experts e “simples” enófilos chegados nestes caldos e muito dos resultados foram enorme surpresas. Entre a turma presente a estes encontros, os enófilos José Roberto Pedreira, Dr. Luis Fernando Leite de Barros e Fábio Gimenes / os blogueiros Álvaro Galvão (Divino Guia), Daniel Perches (Vinhos de Corte), Alexandre Frias (Diario de Baco), Cristiano Orlandi (Vivendo Vinhos), Evandro Silva e Francisco Stredel (Confraria 2 Panas), Claudio Werneck (Le Vin au Blog) / os lojistas e profundos conhecedores Simon Knittel (Kylix) e Emilio Santoro (Portal dos Vinhos) / o restauranteur Ralf Schaffa / a Denise Cavalcante na época assessora de imprensa e amiga, convidados eventuais como os experts Eduardo Milan, José Luiz Pagliari e Breno Raigorodski entre outros perfazendo sempre um grupo entre 10 a 14 participantes na banca degustadora.
Na Retrospectiva 10 Anos, um dos melhores desses Desafios foi o de Uvas Ìcones realizada nas instalações da Zahil em Setembro de 2009 em que um vinho VENEZUELANO surpreendeu! Este post copio abaixo, porém ao final dou uma série de links para quem quiser explorar outros desses momentos e ver algumas das gratas surpresas encontradas.
Agora quero compartilhar a experiência, comentando um pouco sobre os vinhos conforme a ordem em que foram servidos, lembrando que notas e comentários são a média e coletânea do que colhi nas planinhas de degustação há época (Set/2009) e os preços, óbviamente, não são mais válidos. Ao final listo o vinho preferido de cada degustador e a nota dada por ele. Foi uma tremenda experiência sensorial em função da diversidade de uvas representando cada país e um intruso!
Barbera Le Orme 2006 de Michele Chiarlo (Zahil) representando a Itália, com 88 pontos da Wine Spectator, é um vinho da região de Asti mostrando bem sua tipicidade com uma cor rubi, brilhante com bastante fruta vermelha ao nariz. Na boca é macio, sedoso e equilibrado, rico com um final muito fresco pedindo comida. Um vinho gastronômico, mas versátil que também se toma muito bem sozinho ou acompanhado de um bom prato de queijos e frios, sendo fácil de agradar desde os mais neófitos dos enófilos até aos mais tarimbados. Muita elegância num vinho que costumo denominar como amistoso e confirmou minha opinião anterior. Obteve a média de 85,73 pontos e custa R$79,00.
Touriga-Nacional Reserva 2005 da Quinta Mendes Pereira (Malbec do Brasil) representando Portugal, recebeu 16,5/20 pontos da Revista de Vinhos portuguesa, tendo-se mostrado á altura das expectativas. De nariz intenso, fruta confeitada e algo balsâmico com sutis nuances florais . Na boca apresentou-se com taninos firmes porém finos, harmônico, saboroso, complexo, acidez no ponto mostrando-se também bastante gastronômico (arroz de pato?) com um final de boa persistência. Um belo vinho que alcançou a pontuação média de 86,36 e custará, assim que chegar, por volta de R$90,00. (Importador mudou)
Zinfandel Pezzy King 2005 (Wine Lover’s) o competidor mais difícil de conseguir já que quem tinha não quis participar e quem queria não tinha o rótulo disponível. Ao falar com a Giselda, por indicação do amigo Álvaro, no entanto, a coisa mudou de figura. Não são muito os rótulos disponíveis no Brasil e, consequentemente, não são sabores a que estejamos acostumados. Este possuía uma paleta olfativa muito intensa e convidativa onde se destacavam toques de licor de cereja, fruta em compota e amoras. Na boca segue intenso, de bom volume de boca, taninos maduros e sedosos, harmônico com um final algo adocicado com coco e chocolate perfeitamente balanceado por uma acidez correta que deixa um retrogosto de quero mais. Belo Vinho que obteve a média de 88,91 e custa R$110,00. Tem uma história de que cliente VIP tem 20% de desconto, então vale conferir no site deles. (hoje tenho na Vino & Sapore safra 2009)
Tempranillo Sierra Cantabria Crianza 2004 (Peninsula) foi o desafiante espanhol que veio com um senhor retrospecto, o de ter obtido 90 pontos da Wine Spectator e ficando entre os top 100 de 2008 dessa conceituada revista. Acho que os 40 minutos de decantação foram pouco para este renomado vinho que se apresentou fechado, nariz tímido em que aparecem aromas de fruta vermelha fresca (ameixa) e algum tostado. Na boca segue fechado, algo austero, taninos ainda jovens e firmes ‘pegando” um pouco, acidez muito boa que convida a comer e pede um prato com “sustança”. Final de boca mostra um certo desiquilibrio, coisa que um tempo mais em garrafa, ou o dobro do tempo em decanter, devem harmonizar mostrando todo o potencial do caldo. Obteve uma média de 83,41 pontos e custa ao redor de R$109,00. Um vinho que necessita de uma segunda visita!
Carmenére Ochotierras Gran Reserva 2005 (Brasart), o representante Chileno desta cepa que possue amantes e ferrenhos opositores. Eu não sou fã, mas gosto de alguns rótulos, entre eles este. Vinho pronto não devendo melhorar mais do que já está. Nariz balsâmico com nuances vegetais e alguma especiaria. No palato apresenta-se redondo, macio, equilibrado com taninos sedosos, boa acidez e estrutura mostrando-se muito elegante e saboroso. Obteve a média de 84,68 pontos e custa em torno de R$90,00. (importador fechou)
Pinotage Morkell PK 2004 (D’Olivino), o desafiante sul africano desta cepa que também é pouco conhecida por aqui com muita coisa bastante rústica e barata (existem exceções) e caldos como este, com muita qualidade, um vinho que enobrece a casta. Classificado por alguns membros da banca como, misterioso e intrigante, mostra no olfato aromas complexos em que aparecem com maior destaque cacau e frutas secas, com boa evolução em taça. Na boca é harmônico, boa estrutura, denso e rico de sabores com um final muito agradável com toques de especiarias. Vinho para tomar com calma e mais uma boa participação dos vinhos desta importadora. Obteve a média de 87,73 pontos e custa ao redor de R$120,00. (Importador fechou)
Pomar Reserva 2006, o nosso vinho surpresa da noite, e que surpresa! Da Venezuela, Bodegas Pomar, região de Lara a 480mts de altitude vem este saboroso corte de 60% Petit Verdot, 23% Syrah e o restante de Tempranillo, um assemblage diferente e criativo que surpreendeu a todos tendo sido escolhido por um dos membros da banca, como o melhor vinho da noite. Como vinho surpresa, posso introduzir qualquer coisa no painel, então a escolha por um vinho que não fosse varietal, mas que trazia consigo uma enorme dose de exotismo. Por ser um corte foi fácilmente identificado pela maioria, porém a sua origem deixou a todos perplexos. Fruta madura, ervas e alguma especiaria compõem uma paleta olfativa muito agradável que convida levar a taça à boca onde se mostra muito equilibrado, elegante, complexo com boa evolução em taça, taninos aveludados e muito gostoso. Um conjunto sem arestas que obteve o reconhecimento de quase todos, houve uma única nota mais baixa, que resultou numa média de 86,45 pontos e não está disponível para venda.
Pinot Noir J. Cacheux Bourgogne Les Champs D’Argent 2006 (Decanter), nosso desafiante francês e talvez o vinho mais fácil de identificar pois já no exame visual se mostrava com toda a sua tipicidade com uma cor rubi clara, brilhante, quase clarete. Nos aromas muita sutileza com a presença de frutos do bosque como morangos e framboesas assim como leves nuances florais. Na boca, taninos finos e sedosos ainda bem presentes, rico e complexo mostrando nuances de salumeria, um vinho sedutor como são a maioria dos bons Pinots, em especial os da Bourgogne. Obteve a média de 86,45 pontos e custa ao redor de R$119,00.
Shiraz Bridgewater Mill de Adelaide Hills 2005 (Wine Society), o representante da Austrália onde essa cepa virou rainha. De boa tipicidade, nariz discreto mostrando alguma fruta vermelha e especiarias. Na boca aparece uma madeira mais presente, porém sem subjugar o caldo, e álcool um pouco saliente sem ofuscar um conjunto muito agradável, de bom corpo, taninos presentes, aveludado e macio, acidez moderada, elegante com um final bem saboroso que satisfaz e nos faz pedir mais. Obteve 86,91 pontos e custa ao redor de R$87,00. (Importador fechou)
Malbec Rutini 2006 (Zahil), o nobre desafiante desta cepa que já virou sinônimo de Argentina, mesmo sendo francesa (como a maioria), mas que vem crescendo também no Chile e até aqui no Brasil já começam a aparecer alguns exemplares. Rubi violáceo, bem típico da casta, apresenta um perfil aromático composto de frutas escuras, algo vegetal e nuances florais que despistaram muitos da banca. De boa estrutura, no palato é suave, com taninos finos e sedosos, elegante, equilibrado com um final muito agradável e levemente frutado mostrando boa persistência. Um Malbec algo diferenciado que obteve 85,59 pontos e custa R$119,00.
Merlot Valduga Storia 2005 (Portal dos Vinhos), uma cepa que já se tornou símbolo da Serra Gaúcha. Eu que adoro este vinho, não o dentifiquei em função de uma intensidade aromática muito além do que tinha experimentado em vezes anteriores. A forte presença de café tostado, moka, que impacta a primeira “fungada” mostra a forte presença de madeira e a necessidade de um período maior de decantação para que o vinho encontre seu melhor equilíbrio olfativo quando aparece um pouco mais os aromas frutados com nuances florais. Na boca, alguma fruta negra, leve toque químico, untuoso, rico e complexo com um final algo tânico com retrogosto que nos lembra caramelo e muito boa persistência. Obteve uma média de 88,14 pontos e custa algo ao redor de R$110, porém devido à raridade, já se houve falar de R$130 e mais!
Tannat Abraxas 2002 (Dominio Cassis), rótulo premium do produtor, do qual somente 600 garrafas foram produzidas numa região diferente das tradionais áreas produtivas no Uruguai, em Rocha. Mais um dos vinhos que mostraram bem o que são, muita tipicidade num tannat de prima que ainda se apresenta fechado com taninos ainda bem presentes e firmes, porém sem qualquer agressividade, mostrando que ainda tem muito anos de vida e avolução pela frente. Nos aromas, algo herbáceo com nuances frutadas ainda tímidas que evoluem na taça. Na taça é uma explosão de sabores, rico e complexo com alguma madeira ainda por integrar, mas sutil, dando suporte a um conjunto gordo e harmonioso que enche a boca de prazer e ainda promete mais para daqui a alguns anos. As garrafas rareiam por aí, eu ainda tenho uma, e acredito que em 2012 estaremos perante um verdadeiro néctar. Obteve 86,77 pontos e custa por volta de R$105,00. (Hoje o 2011 tem na Vino & Sapore)
Apurados os resultados, o grande campeão da noite, o Melhor Vinho foi o Pezzy King Zinfandel (atropelando por fora). Pelos pontos obtidos e bom preço, a Melhor Relação Custo x Beneficio ficou com o Barbera D’Asti Le Orme e o vinho considerado como a Melhor Compra, o Bridgewater Mill Shiraz. Na segunda colocação no rol dos Melhores Vinhos da noite, o nosso Valduga Storia Merlot, seguido do Morkell PK Pinotage, do Bridgewater Mill Shiraz e completando o podio, o Abraxas Tannat 2002. O nosso vinho surpresa vindo da Venezuela direto para este Desafio de Vinhos na Zahil, obteve um honroso oitavo lugar entre vinhos e países produtores já consagrados mundialmente. Mas quais foram os vinhos preferidos de cada membro da banca de degustadores? Pois bem, para matar a curiosidade dos amigos, aqui está:
- Emilio Santoro – Pezzy King Zinfandel – 89 pontos
- Marcel Proença – Pezzy King Zinfandel – 93 pontos
- José Luiz Pagliari – Morkell PK Pinotage – 91 pontos
- Francisco Stredel – Pezzy King Zinfandel – 93 pontos
- Evandro Silva – Bridgewater Mill Shiraz – 90 pontos
- Ralph Shaffa – Storia Merlot – 91 pontos
- Ricardo Tomasi – Storia Merlot – 91 pontos
- Cristiano Orlandi – Rutini Malbec – 93 pontos
- Fabio Gimenes – Pomar Reserva – 92 pontos
- José Roberto Pedreira – Pezzy Kink Zinfandel – 92 pontos
- Simon Knittel – Storia Merlot – 88,5 pontos
- João Filipe Clemente – Pezzy King Zinfandel – 89 pontos
Como prometi, eis alguns links para outros interessantes Desafios de Vinho realizados:
Desafio de Vinhos Portugueses Agosto 2009
Desafio Alentejo x Douro Outubro 2009
Desafio de Bordeauxs abaixo de R$100 Julho 2009 – Surpresa com um intruso brasileiro
Desafio Decanter de vinhos Syrah Maio 2009 – um dos preferidos do Zé Roberto e Fabio Gimenes
Desafio Merlots do Mundo Junho 2009 – o Brasil dando as cartas
Desafio Luso x Brasileiro de Espumantes, em Lisboa Fevereiro de 2010 – memorável momento compartilhado com colegas blogueiros portugueses Pingas no Copo e Copo de 3! Saudades dos amigos.
Desafio de Petit Verdot Maio 2010
Blends do Novo Mundo que Cabem no Bolso Junho 2009 – vinhos do novo mundo até R$85,00 e mais uma vez aparecendo a força brasileira.
Divirta-se! kanimambo pela visita e um ótimo fim de semana. Segunda tem mais, fui!
Adolar Hermann se reinventou aos 57 anos após uma carreira bem sucedida numa indústria têxtil em Santa Catarina onde começou de baixo e galgou posições até assumir a diretoria da empresa. Em função da crise que afetou o setor na década de 90, foi necessário buscar novos desafios e aí o hobby virou negócio tendo ele importado 200 caixas de Luigi Bosca. Estava formado o embrião do que hoje conhecemos como a importadora Decanter.
Com o sucesso da nova empreitada veio o desejo de não só importar e vender vinho, mas produzi-lo e em 2009 a família comprou um vinhedo em Pinheiro Machado, Serra do Sudeste no Rio Grande do Sul onde começaram a ousar, a trilhar um caminho fora do padrão regional ao trazerem para ali videiras de um dos principais produtores de mudas em Portugal. Com elas, trouxeram também a criatividade e conhecimento de um dos principais enólogos portugueses, Anselmo Mendes, para a gestão enológica do projeto. Alvarinho, Gouveio, Aragonês, Caladoc e Touriga Nacional coabitam os pouco mais de 21 hectares com outras uvas mais conhecidas do local como a Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e outras cepas ainda em fase de teste.
Todo esse preâmbulo para compartilhar com os amigos a grande surpresa que foi abrir esta garrafa de Hermann Lírica Brut* no último Sábado depois de um bom tempo em que primeiro o degustei, um espumante que mudou muito e para melhor! De um espumante bem feito, mas dentro dos padrões esperados, desta feita o espumante se mostrou num patamar acima. A vinificação é feita na Cave Geisse, o que por si só já diz muito sobre o que esperar, pelo método clássico (champenoise) mostrando ótima perlage e uma espuma cremosa que deixa na taça um bonito colar. Na boca, afora o tradicional cítrico, senti presença de notas de panificação fruto de um período de 12 meses sur lie. Corte de Chardonnay, Pinot Noir e Gouveio com 8,5% de açúcar residual (Brut entre 6 a 12), ganhou corpo, complexidade e um final mais seco com muito boa persistência e gostinho de quero mais. A gouveio, creio, fez a diferença aqui, mas pode ser só meu sangue luso falando mais alto! rs Por sinal, a quem tiver curiosidade de conhecer um pouco mais da Gouveio que aparece muito em blends brancos do Douro, sugiro provar o Vértice Gouveio das Caves Transmontanas, verdadeiro representante luso a qual o RP deu 93 pontos na safra de 2011.
Com um preço entre os R$75 a 80,00, é certamente um vinho de excelente relação PQP (Preço x Qualidade x Prazer) que os amantes de espumantes não podem deixar de conhecer e se surpreender. A percepção de valor é certamente bem acima do preço de mercado hoje e assim espero que permaneça. O vídeo abaixo fiz na hora em que abri e circulei no Facebook, vejam a perlage e espuma! Já tinha gostado, mesmo que não tivesse me entusiasmado há época, mas agora virei fã.
Mais uma vez falando de espumantes, gosto e muito! Kanimambo pela visita e espero possamos ainda ter muitos momentos para celebrar e abrir um bom espumante. Saúde, tchin-tchin e Sexta tem mais!
* Produtor Vinícola Hermann, à venda na Vino & Sapore e outras boas casas do ramo.
Necessidade ou frescura? A meu ver é necessidade, porém o quanto dependerá do nível dos vinhos que você costumeiramente toma. Sempre digo que comprar a chuteira do Neymar não vai adiantar nada se você for um perna de pau assim como não adianta pegar a raquete do Nadal e achar que por isso operará milagres na quadra!! Agora, dependendo do nível de seu jogo, pode sim ajudar e o mesmo vale para os vinhos.
Nesta fase de retrospectiva 10 anos em que alterno posts novos com alguns antigos, decidi revisitar este tema porque desde 2007, quando publiquei meu primeiro artigo sobre taças, este tem sido um dos posts mais buscados em Falando de Vinhos. Já montei três degustações de taças em parceria com a Riedel e até os mais céticos tiveram que se curvar, com vinhos de qualidade a mudança de aromas e sabores é impressionante. Também tive a oportunidade de participar de uma outra com a Schott-Zwiesel que veio a confirmar isso, mostrando que independentemente do produtor a taça faz sim diferença!
Aproveito para contar uma pequena história de quando abri a Vino & Sapore. Comprei um monte de taças de espumante porque iria servir no local. Dois dias antes de abrir decidi abrir uma garrafa de espumante para celebrar o fato que depois de 9 meses (sim demorou tudo isso mesmo!) finalmente iríamos abrir as portas. Abri a garrafa, rolha mostrou boa pressão, enchi a taça e nada de perlage!! Ué, como assim??? Abri outra garrafa, e nada! Lavei as taças novamente e nada!! Fui em casa e peguei uma taça, o mesmo espumante mostrou perlage abundante e persistente. Não tive duvidas, liguei para o fornecedor informando que iria devolver todas e saí feito louco no dia seguinte para comprar alguma que funcionasse. Fui com uma garrafa debaixo do braço, rs, testando até que achei e me garanti para a inauguração! Essa foi minha primeira experiência com o “milagre” das taças. Agora, quem não tem cachorro caça com gato, já diz o ditado, não percamos o momento por isso, sem ser xiita nessa hora!!
Caso tenha curiosidade, abaixo seguem alguns links a diversos posts já publicados sobre o assunto, começando com o de 2007.
Taças de Vinho, Sem Elas Não Dá
Taças de Vinho, Necessidade ou Frescura?
Taças de Vinho, Redescobrindo Sabores e Aromas
A Importância das Taças no Serviço de Vinho
Agora, não precisa ser xiita! Nos próprios posts dou exemplos de momentos que até o copinho de requeijão vai então sem exageros, há momentos e vinhos para cada situação, livremo-nos de quaisquer amarras nesta viagem por nossa vinosfera porque afinal, “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Por hoje é isso meus amigos, para quem tem bons vinhos e curte essa nossa vinosfera a sério, há que se prestar atenção neste tema e para quem trabalha com vinhos então, aí é essencial! Uma ótima semana a todos e kanimambo pela visita. Cheers, tchin-tchin, saúde, prosit, salud, ..
Numa saborosa viagem por quatro regiões produtoras, Alentejo, Lisboa, Beiras e Douro numa parceria com o Palácio de Vinhos. Esta foi a seleção do mês de Janeiro da Confraria Frutos do Garimpo, pepitas que apareceram na minha peneira até porque como já mencionei por diversas vezes, há momentos para tudo e em todos os níveis.
Quatro tintos topo de gama (Kit com uma garrafa de cada) da Companhia das Quintas (grupo produtor) todos da safra 2009/10, de produção limitada, todos em ponto de bala, o que garanto porque provei-os todos recentemente, mesmo que alguns ainda aguentem bem e darão prazer por mais um par de anos.
Herdade da Farizoa Reserva 2010 (RP90)* – do Alentejo, com passagem de 18 meses em barrica francesa (50% novas), blend de Touriga Nacional, Alfrocheiro, Syrah e Trincadeira, com somente umas 12.500 garrafas produzidas. Paleta aromática frutada com alguma especiaria, na boca mostra-se bem integrado, macio, boa textura, taninos finos e boa persistência. Sumiu rápido da taça e da garrafa, acho que estava com algum vazamento! rs Preço em Sampa ao redor dos R$150 a 160,00.
Quinta do Cardo Touriga Nacional Reserva (WE92)* – da Beiras Interior com passagem por 20 meses em barricas francesas (50% novas) tendo o 2008 sido apontado como um dos destaques TN 100% de Portugal pela Jancis Robinson. Nos aromas notas florais típicas da casta e fruta abundante, já na boca despontam frutos silvestres em harmonia com taninos finos, macios, boa acidez e um final algo apimentado. São cerca de 10.000 garrafas produzidas. Preço de mercado em Sampa ao redor de R$170,00 a 180,00.
Quinta da Fronteira Reserva (WE92)* – do Douro, um clássico corte duriense de Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz com passagem de 18 meses por barricas francesas (20% novas). Nariz intensamente frutado, notas mentoladas e sutil toque amadeirado. Na boca chega volumoso, rico, complexo, algumas notas vegetais, taninos aveludados e muito persistente com uma boa pegada gastronômica, digno dos melhores topo de gama da região. Acompanhou bem um belo filé de javali ao molho de vinho com puré de cará no final de ano. Cerca de 20 mil garrafas produzidas e preço médio em Sampa entre R$230 a 240,00.
Quinta de Pancas Reserva Touriga Nacional (WE92)* – mais um belíssimo Touriga Nacional neste kit, com 18 meses de passagem por barricas francesas (50% novas) e produção limitada a 5.300 garrafas. Mais uma vez as notas florais ganham destaque aqui, mas é na boca que mostra bem ao que veio. Robusto, cremoso, especiarias, notas balsâmicas, ótima concentração em perfeito equilíbrio, um vinho fino, guloso por natureza, complexo com uma persistência das boas, daquelas que fica na memória. Um dos meus destaques entre todos estes vinhos de primeira grandeza lusos. Preço ao redor de R$170 a 180,00 em Sampa.
É isso gente, por hoje é só! rs Aproveitem o fim de semana, saúde e kanimambo pela visita. Segunda tem mais, mas nos encontramos por aí numa das muitas esquinas de nossa vinosfera, quem sabe na Vino & Sapore! rs tchin-tchin
* Importador Palácio dos Vinhos – safras basicamente esgotadas no mercado, mas ainda disponíveis na Vino & Sapore e eventuais outras boas lojas do ramo.
Em mais um post da retrospectiva de 10 anos, tinha que fazer alusão ao post mais lido aqui em Falando de Vinhos. Já são quase 80 mil pageviews nesta fase (2014 a 2018) e mais 105 mil antes (2007 a set 2014) totalizando cerca de 185 mil pageviews ao longo deste tempo e, pelo que vejo na Vino & Sapore, pouco mudou. As pessoas seguem entrando nas lojas e pedindo um champagne ou prosecco quando na verdade querem um espumante nacional de 50 pratas! Nada errado com isso, simplesmente elas não sabem e muitos atendentes nas lojas também não explicam, mais fácil empurrar um prosecco baratinho e tudo bem, isso me incomoda.
Em função disso não poderia deixar de trazer este post como um dos destaques de minha retrospectiva 10 anos ainda mais porque foi um dos primeiros (tem 121 meses) e o que me catapultou nesta mídia permanecendo bem atual. Como já dizia Napoleão, “necessário nas derrotas e merecido nas vitórias”! Uma bebida de celebração, basta abrir uma que já é festa, não precisa de razão a não ser a de ser feliz. Clique na imagem abaixo para acessar o post original completo.
Fui, kanimambo pela visita, saúde, tchin-tchin