João Filipe Clemente

Campagnola e Speri – Valpolicella, Soave, Bardolino

Como disse na Segunda-feira, estive na Mistral para conhecer os vinhos destes dois produtores que agora compartilho com os amigos. Como disse anteriormente, afora vinhos de Valpolicella, eles também produzem vinhos em outras regiões do Veneto como Soave e Bardolino.

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Antes de falar dos vinhos, duas observações; Soave e Bardolino, duas outras DOCS do Veneto encostadas em Valpolicella.

1 – Soave não tem nada a ver com “suave” (rs) e sim com a charmosa cidade de Soave onde reina uma outra uva a Garganega, uma doc que produz vinhos brancos.

2 – Bardolino, a doc mais próxima do lago de Garda com tintos e rosés usando as uvas tintas principais de Valpolicella.

Giuseppe Campagnola – Com 110 anos ou seja, a parte mais difícil de fazer vinho já passou (rs), a vínicola produz vinho nas três regiões e o que me agradou foi a relação PQP (Preço x Qualidade x Prazer) de seus vinhos vis-à-vis nosso status quo tupiniquim de preços. Deles provei 10 vinhos sendo estes os meus destaques:

Pinot Grigio Veneto IGT 2016 – fresco, notas de grama molhada, cítrico, fácil de agradar a gregos e troianos, preço USD21. Na mesma faixa de preço, o Bardolino Campagnola entryChiaretto Classico 2016 é um vinho sedutor e intrigante, mostrando uma personalidade bastante gastronômica.

Soave Clássico DOC le Bine 2016 – branco delicioso e vibrante à base de Garganega e 30% de Trebbiano de um “cru” de Soave de Monte Foscarino. Um vinho que apaixona, pegada seca porém com o frescor da Trebbiano levantando o conjunto, complexo meio de boca, grande companheiro para pratos de frutos do mar ou um spaghetti alle vongole,  gostei demais!! Preço USD32,00

Valpolicella Classico DOC le Bine 2015 – o vinho possui um plus, 15% das uvas são passificadas (desidratadas) por 60 dias e adicionadas ao mosto provocando uma Campagnola le Bine Tintosegunda fermentação. extraindo mais cor e sabores. Posteriormente é envelhecido em tonéis de 5 mil litros de carvalho eslovenio. Nariz sedutor, na boca a fruta madura está bem presente, fresco, longo, um Valplolicella que quase parece um Ripasso, para tomar de montão. Preço USD34,50

Amarone, dois bons exemplares de boa tipicidade, porém algo diferentes entre eles. O DOCG Classico vigneti Vallata di Marano 2013 é um vinho já pronto e muito saboroso, por USD110,00. O Classico Riserva DOCG Caterina Zardini 2012 é seu mais premiado vinho com 94 pontos (11) no guia Veronelli e suas uvas passam por um período de 10 dias passificação e afinado em barricas de carvalho francesas por 18 meses. Muito complexo, potente, ainda muito novo em seus pouco mais de 3 anos de garrafa. Vinho para abrir daqui a mais uma meia dúzia de anos e se esbaldar certamente. USD180 é o preço.

Bem, este post já está se alongando demais, mesmo para meus parâmetros (rs), então vou deixar para falar da Speri e seus vinhos na próxima semana, pois o post de Sexta-feira já está agendado. Viram que não falei dos Bardolinos tintos, tinha um, mas é que sigo tentando encontrar um que realmente me agrade. Este foi bem melhor que a maioria, mais conteúdo (sim vinho também tem! rs), mas ainda não me seduziu, os tintos da região tendem a ser meio esquálidos, tem quem goste, mas não fazem a minha cabeça, até agora! Agora acabei, rs, bom feriado, saúde e kanimambo pela visita.

 

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Valpolicella – Vinhos Pouco Valorizados, Mas …

Se tem coisa difícil de vender são os vinhos de Valpolicella, aliás como muitos chiantis, porque a história não nos traz boas lembranças. Durante muito tempo mandaram zurrapa para cá, vinhos raquíticos, precinho baixo, ficou a fama, uma pena porque há muita coisa boa por lá a explorar.

Pouca gente sabe que o Amarone vem de lá, apesar de idolatrarem o vinho, demonstrando que há muito ainda a fazer para elevar o nível de conhecimento dos seguidores de Baco, mas muita da culpa é também de importadores que não estão nem aí, qualquer coisa em troca do vil metal! As histórias desses atentados ao consumidor são muitas e até hoje o vinho alemão paga o preço do desgaste das famosas garrafas azuis e, nesta caso, um agravante que é o preço dos vinhos que vêm de lá hoje em dia. Enfim, coisas do mercado que deixam marcas que ficam, mesmo que não demonstrem efetivamente a realidade, porém a região tem muito bons vinhos, que ao provar as pessoas elogiam e compram só há que trabalhar mais e mostrar esses bons rótulos, mostrar a região e seus vinhos.

Valpolicella

Nesta sub região do Veneto, nas colinas ao redor de Verona, os vinhos são elaborados com uvas autóctones regionais; a Corvina (protagonista), a Rondinella e Molinara assim como a Corvinone e algumas de menor uso como a Barbera, Sangiovese e Rossignola assim como algumas uvas internacionais mais recentemente introduzidas como a Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc .

Valpolicella e Valpolicella Classico Vinhos mais macios, algo ligeiros, taninos leves, baixo teor alcoólico (11 a 12%) e acidez de média para alta. A classificação clássico se dá para vinhos produzidos na região produtora mais antiga ao redor de cinco municipalidades; Sant’Ambrogio di Valpolicella, Fumane, San Pietro in Cariano, Marano e Negrar e normalmente apresenta vinhos de melhor qualidade, fuçando se encontram vinhos interessantes.

Valpolicella Classico Superiore, um degrau acima com passagem obrigatória de 12 meses em barrica, vinhos de maior extração, cor, álcool um pouco mais alto (entre 12 a 13%), taninos mais presentes apresentando maior estrutura, corpo médio uma classificação que faz a minha cabeça e há muito vinhos sedutores por aqui.

O Valpolicella Ripasso, que passa por uma segunda fermentação nas borras dos Amarones por 15 a 20 dias, ganhando estrutura e complexidade, corpo médio para encorpado, vinhos redondos, harmônicos muito bem balanceados e de teor alcoólico um pouco mais alto  que o superiore e bem gastronômicos

Amarone, só o nome já deixa muitos suspirando sem que a maioria saiba que é um vinho de Valpolicella. Um vinho encorpado seco, elaborado com uvas que passam por um processo de desidratação de cerca de quatro meses quando as uvas perdem cerca de metade de seu peso concentrando açucares porém a fermentação segue até o fim resultando em teores alcoólicos bastante altos (15 a 17%) e vinhos densos com um minímo de 2 anos de envelhecimento antes de sair ao mercado, uva passa bem presente. Envelhecimento ocorre em toneis grande de carvalho da Slavonia e/ou barricas francesas de 225ltrs. Vinhos longevos (10 anos + dependendo do produtor), grandes parceiros para um bate papo e lascas de Grana Padano ou queijos similares.

Recioto della Valpolicella que é um vinho doce também obtido através da secagem das uvasdesta feita por períodos de até 200 dias , porém a fermentação é interrompida resultando em vinhos de teor mais alto de açucares e menos álcool. Vinhos que envelhecem bem podendo se tornar verdadeiros néctares.

Todo este preâmbulo sobre a região de Valpolicella, tem a ver com uma degustação que tive na Mistral para conhecer dois novos produtores da região que eles começaram a trazer ao Brasil. Em função da proximidade com Bardolino e Soave, outras DOC no Veneto, boa parte dos produtores de Valpolicella também acabam produzindo vinhos dessas regiões e tive a oportunidade de provar alguns mais uma vez. No próximo post falarei dos vinhos provados da Campagnola e da Speri que mais me chamaram a atenção. Até Quarta, saúde e kanimambo pela visita.

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Elaborando e Provando Vinhos na Casarena

Uma das bodegas onde sempre levo os grupos de enófilos que me honram com sua preferência e confiança nos tours que faço por Mendoza. O lugar é lindo, a comida é de primeira e criativa, os vinhos nem se fala e ainda fazemos um exercício de elaborar um vinho próprio! Desta vez também descobri dois novos vinhos que me encantaram.

Após uma breve visita à bodega, fomos para a sala exclusiva onde o grupo, dividido em equipes de três, teria que desenvolver um blend próprio. Na mesa, pipetas e três garrafas de vinho base todos de Agrelo; Cabernet Sauvignon, Malbec e Petit Verdot. Cada trio desenvolveu sua sensibilidade provando primeiro cada vinho individualmente e depois montando seu blend. Super divertido, acalorado, um exercício muito bacana que já tive o prazer de montar, de forma algo mais lúdica, em uma de minha degustações ao montarmos cortes bordaleses, sempre uma ótima e divertida forma de desenvolver nosso conhecimento e aguçar nossos sentidos. O ganhador foi escolhido pelo grupo ás cegas, pois de cada rótulo foram feitas duas garrafas, uma para a prova e a outra para a dupla que elaborou levar para casa. O vinho vencedor? “Na Medida”, elaborado pela Liane, Martha e Ivete onde a Cabernet Sauvignon foi protagonista com 60% tendo como coadjuvante 30% de Malbec que foi completado com a mágica Petit Verdot, corte bordalês (com a malbec fazendo as vezes da Merlot) a la margem esquerda de Bordeaux!! rs

Já embalados a esta altura do campeonato, nos dirigimos ao restaurante para uma deliciosa e muito criativa refeição harmonizada com menu degustação de seis pratos. Afora os vinhos relacionados, ainda tivemos o privilégio de finalizar no terraço tomando o impressionante Ícono de Casarena, coisa de louco!!  De forma reduzida e concisa, eis meus comentários lembrando sempre que os grandes produtores se conhecem por seus vinhos básicos, e esta linha 505 que aqui no Brasil anda na casa dos 56 Reais mostra bem o compromisso da bodega com seus vinhos:

  • 505 Chardonnay – levemente amadeirado, fresco, um vinho muito agradável de uma linha de gama de entrada.
  • 505 Rosé de Malbec com Cabernet Franc – o mercado não é muito chegado em Casarena Naoki Malbecrosés, mas eu gosto e este me encantou, sedutor e muito saboroso.
  • Ramanegra Cabernet Sauvignon Reserva – nesta linha de produtos, gama média alta, o vinho que mais me encanta e que fez que eu um dia introduzisse o produtos no portfolio da Vino & Sapore. Prima pelo equilíbrio.
  • Naoki Single Vineyard Malbec Agrelo – Esta linha de produtos é topo de gama, e aqui encontramos um ótimo Cabernet Franc e um Malbec do vinhedo Lauren´s de que gosto muito, porém este me arrebatou, seduziu, me encantou, vinhaço! Um Malbec que prima pela finesse, um nariz de boa intensidade que convida a levar á taça à boca onde explode em emoções, gamei!!
  • Ramanegra Cidra Brut – Diferente, mas não chega a encantar, ajudou a harmonização.
  • Casarena Ícono -“O” vinho da casa, o nome diz tudo. Um blend que junt20170904_170311a as melhores uvas das melhores parcelas de seus vinhedos, fermentadas inteiras em barricas de 500 litros com leveduras selvagens, a quintessência do terroir!! Sessenta porcento de Cabernet Sauvignon parcelas com mais de 90 anos e Malbec compõem este incrível vinho que passa ainda por 18 meses de barricas francesas novas e um breve afinamento em garrafa antes de sair ao mercado. Vinho classudo, inebriante, denso com ótima textura, meio de boca complexo, taninos presentes mas muito finos, para tomar nas calmas olhando aquela linda paisagem, show de encerramento, vinhaço!

Bem amigos, e assim terminou mais um dia de visitas em Mendoza que se iniciou com a Belasco de Baquedano e terminará com o jantar no incrível Azafrán que está soberbo como sempre, talvez um degrau acima depois da mudança de chefs. Para curtir um pouco mais clique na imagem abaixo e viaje comigo virtualmente.
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Vertical de Catena Chardonnay

Há tempos que falo aqui sobre os vinhos brancos argentinos aos quais poucos dão a atenção devida, mas afinal no Brasil, poucos dão bola para os vinhos brancos mesmo! Uma pena, mas enfim, há que se respeitar idiossincrasias culturais de cada região mesmo que não deixemos de trabalhar para tentar mudar esse status quo! rs

São inúmeros os bons rótulos, inclusive de chardonnays, especialmente agora que se exploram novos terroirs, mais frios, de maior amplitude térmica e de solos mais calcáreos o que tem resultado em vinhos mais complexos e de acidez e mineralidade mais acentuadas. Um dos grandes exemplos disso são os Catenas White Stones e White Bones, vinhos que alcançaram um nível de qualidade, na opinião de diversos críticos internacionais porque ainda estou por provar, inimaginável há 15 anos atrás. Tim Atkins, um desses renomados críticos, o ano passado apontou o White Stones, caso não esteja equivocado, como um dos melhores se não o melhor vinho argentino provado. James Suckling, outro desses renomados críticos, acabou de soltar seu TOP 100 vinhos de 2017 em que o vinho mais pontuado argentino, em 6º lugar, foi exatamente esse White Stones 2014 de que falei anteriormente e, lógico, com a mão do amigo Alejandro Vigil, um maestro da enologia.

Recentemente estive na Catena e provamos um incrível Catena Alta Chardonnay, o El Enemigo Chardonnay é de se tirar o chapéu, gosto muito do Ruttini Chardonnay, enfim são inúmeros os ótimos vinhos sendo elaborados pelos hermanos em terras mendocinas com esta nobre uva. Uma revolução está ocorrendo por lá à qual precisamos prestar mais atenção e parar de achar que a Argentina é só terra de tintos e a casa dos Catena (e agregados! rs) arrebenta com bons chardonnays em todas as faixas de preço!

Bem depois desse preâmbulo todo, falemos desta vertical que descobri tinha na adega da Vino & Sapore, uma garrafa cada de Catena Chardonnay, uma de 2013, outra de 2014 e finalmente a mais nova e por onde iniciamos este pequeno e informal desafio de safras, a de 2016. Sem muita  treta, como diz meu amigo Pingus do bom blog Pingas no Copo, e bastante objetivo:

Catena chardonnay

2016, obviamente que foi o que apresentou a melhor acidez, mais jovem e irrequieto que seus irmãos. Fruta tropical, muito aromático, boa tipicidade, boca com algum toque cítrico que o diferenciou dos demais, final com notas minerais e leve amargor que não chegou a me incomodar. Um vinho que deverá evoluir muito bem e acho que vou guardar umas garrafas! rs MB

2014, tudo o acima (sem as notas cítricas) com uma acidez mais equilibrada e umas notas herbáceas que não apareceram no seu irmão mais novo. O que menos me entusiasmou neste estágio da vida dele, mas creio que deve evoluir bem por mais um bom par de anos. Legal se tivesse mais uma garrafa, gostaria de o provar daqui a um ou dois anos! B

2013, para mim a estrela da tarde; super cremoso, abacaxi, baunilha, um vinho de muita classe, harmônico, acidez ainda bem viva e balanceada, longo final de boca mostrando toda a sua maturidade e complexidade. O primeiro a acabar, entre idas e vindas, e o que mais deixou saudades. MB+

Esta linha da Catena, é um blend de chardonnay advindo de três vinhedos em regiões e terroir diferentes; Pirâmide (Agrelo/Lujan de Cuyo), Domingos (Bastías/Tupungato) e Adrianna (Gualtallary/Tupungato) exceto pelo 2016 que também leva uvas do vinhedo El Cepillo (sul do Vale do Uco). Fermentação sur lie num mix de barricas de carvalho e tanques de inox,leveduras selvagens, passa posteriormente por cerca de dez meses em barricas novas e de segundo e terceiro uso e só cerca de 60% do vinho faz malolática. Na casa dos 120 Reais é um bom exemplar de Chardonnay que merece uma boa taça para que que possa mostrar todos seus atributos.

Por hoje é só, uma ótima e produtiva semana para todos, kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui ou qualquer outro canto desta nossa vasta vinosfera, sáude!

 

 

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Cabernet Franc Abaixo das 100 Pratas!

Eis aí algo difícil de se encontrar, um Cabernet Franc de qualidade abaixo das 100 pratas, mas eu achei depois de muitos provar. Certamente que outros deverão existir, nem entro no mérito, porém sempre falo só de minhas experiências e este pequeno fruto do garimpo é o 59N Cabernet Franc 2016, com origem em Mendoza, especificamente de Maipu, da Kalós Wines que 59Nvinifica seus vinhos na Melipal. O vinhedo tem cerca de 20 anos, produção restrita a 25 mil garrafas, e o nome (59N) possui uma origem algo inusitada, pois tem a ver com o vovô Calixto, patriarca da família Losada, que se gabava de ter tido 59 Novias (namoradas) em sua juventude!

Mostrou-se muito amável de boca sem perder a tipicidade com notas florais, frutos vermelhos e alguma especiaria no nariz, corpo médio, rico meio de boca, notas herbáceas sutis, fresco, expressivo final de boca levemente apimentado, de média persistência e taninos aveludados. Um vinho que me agradou bastante ainda pelo preço que por aqui em Sampa está chegando com preços entre R$90 a 95,00.

Certamente um vinho que visitará minha taça com uma certa regularidade pois afora o colocar no Frutos do Garimpo de Outubro, também aproveitei e fiquei com uma caixa. Como está bem novo, terei um tempinho para o desfrutar ao longo dos próximos dois anos, se é que durará tanto na adega!! rs É isso por hoje, mais um bom vinho de Mendoza para você descobrir que aquelas terras não fazem só Malbec não e  que a Cabernet Franc não é mais só moda, veio para ficar. Fui, bom fim de semana prolongado para quem puder ainda desfrutar desse privilégio, eu estarei de plantão sexta e Sábado na Vino & Sapore. Kanimambo pela visita.

 

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Infidelidade é Tudo!

Agora que já chamei sua atenção, deixemos claro que me refiro ao consumo de vinho, obviamente, não levemos isso ao pé da letra em nossas relações sociais! rs Não é de hoje que bato nessa tecla, de suruba vínica (rs), e há um tempinho me deparei com um artigo que gostaria de ter escrito e que deixa claro que a infidelidade no vinho é essencial e como já dizia Tim Maia, Vale Tudo! Sair da mesmice, diversificar, descobrir novos sabores e histórias, isso é o que seduz nesse mundo colorido do vinho. O título é sugestivo, “Sejam Infiéis aos Vinhos de Costume (menos apelativo que o meu! rs) e foi escrito pelo jornalista Edgardo Pacheco no jornal português Correio da Manhã em  Dezembro de 2015.

Esqueçam  a menção aos portugueses, um pouco provinciana a meu ver pois a diversidade está presente em todas as regiões produtoras, inclusive na Argentina, e vinhos padronizados os há também em todos os lugares, inclusive em Portugal! O Tema, no entanto, tem tudo a ver com todos os que se auto proclamam enófilos, pois não existe vinosfera enófila sem navegantes e viajar por mares nunca dantes navegados é essencial! Agora, importante se ater ás colocações dele sobre a diversidade dos vinhos portugueses, uma mar em si!

Destaco aqui alguns trechos de seu texto, que adoraria ter escrito, mas o todo só poderá ser lido clicando no link que passei acima.

“Um dos inimigos do vinho é a fidelidade esquisita que muitos consumidores devotam prolongadamente a determinadas marcas. Todos os dias nascem novos brancos, tintos, rosés, espumantes ou colheitas tardias (por vezes em excesso, verdade se diga), pelo que se compreende mal a falta de interesse dos portugueses pela experimentação de novos aromas ou sabores e, acima de tudo, de novas regiões.”

“Nesse sentido, as pequenas garrafeiras de bairro fazem diferença porque é aqui que encontramos vinhos resultantes de pequenas produções do Dão, da Península de Setúbal ou de Trás-os-Montes. E se o dono da garrafeira for competente, seguramente contará histórias sobre esses vinhos que, depois, replicaremos à mesa.” 
Uma das frases do Edgardo que entra para meu rol das clássicas sobre o vinho é; “Não há nada mais chato do que levar um vinho sem história para a casa de um amigo”   achei precisa! Leiam o texto completo no link lá no inicio deste post.
Tudo bem ter seu porto seguro, eu também os tenho pois nem sempre queremos experimentar coisas novas, mas daí a deixar de embarcar nessa viagem de descobertas acho uma pena! Boa semana a todos e lembrem-se de, nessa viagem, fazerem uma parada na Vino & Sapore na Caviste Online (rs) para reabastecimento e levar um pouco mais de história e novidades à taça e à mesa. Kanimambo pela visita aqui e espero vê-los por aqui ou por aí nas estradas de nossa vinosfera, cheers!

Desafio de Cabernets Franc de Mendoza – Resultado

Na Granja Viana, nas instalações da Vino & Sapore, realizei há dias um desafio às cegas de alguns ótimos vinhos muito bem avaliados pela nata de grandes críticos internacionais de nossa vinosfera. Exercício muito interessante em que os grandes ganhadores foram os que compuseram a banca degustadora, toda ela composta por amigos aficionados e seguidores de Baco.

Como já falei anteriormente aqui, esta foi só uma pequena mostra do que anda ocorrendo por lá com ótimos vinhos no mercado e se incluirmos nessa lista os rótulos que possuem algum “tempero” mas que mantêm o mínimo exigido de 85% de Cabernet Franc, a lista então irá englobar alguns dos melhores vinhos argentinos da atualidade como os Gran Enemigo de Alejandro Vigil. Da Argentina essa febre também começa a produzir bons rótulos na Patagônia, em Salta e San Juan, do Chile também começam a chegar ealguns ótimos rótulos, por aqui no Brasil encontramos alguns brasucas bem bons ou seja, amplie seu horizonte porque esta uva chegou para ficar!

Por outro lado, o exercício mostrou que a mesma uva da mesma região pode sim apresentar vinhos muito diferentes entre si o que prova que não existe isso de definir aromas e sabores de uma uva, no máximo existem tendências. As variáveis seja de terroir, de vinificação e da mão do homem (também parte do terroir) podem e fazem uma tremenda diferença

Não vou me estender muito na análise dos vinhos, até porque não fiquei tomando nota já que tinha que fazer o serviço, porém não quis deixar passar aproveitando enquanto as sensações ainda estão bem frescas na memória. Eis os DESAFIANTES a melhor vinho da noite.

Cabernet Franc - Degustação Mendoza

Zorzal Eggo Franco 2015 – num estilo bem Loire de vinhos mais leves e frescos, muito bom porém o estilo, como já é de praxe na maioria das degustações que fiz em que esses vinhos estiveram presentes, não é fácil de agradar o palato brasileiro. Pimenta bem marcante de final de boca, gostei muito, é orgânico, elaborado 100% em ovos de cimento, personalidade muito própria e foi meu terceiro melhor vinho empatado com meu segundo (desempatou o alfabeto! rs) mesmo que com estilos bem diferentes. Importador Grand Cru

Devita 2014 (Deco Rossi/Lagarde) – só disponível com o Deco, alguns restaurantes e na Vino & Sapore. Um vinho que me agrada muito por sua finesse e equilíbrio, taninos aveludados e boa persistência. Confirmou tudo isso na prova.

Fabre Montmayou Reserva 2015 – o vinho ainda está um pouco novo, precisa de tempo para encontrar seu equilíbrio, longe da safra anterior tão premiada. Bom, porém nesta prova não se houve tão bem quanto esperado. Importação Premium

Riccitelli Reserva 2012 – o mais mendocino de todos os vinhos provados, com aquela típica estrutura e extração, denso, escuro, fruta bem presente marcante tendo sido o segundo vinho da noite pela contagem de pontos entre os presentes tendo sido o melhor para dois deles. Passei uma vez pelo magic decanter e o deixei no Decanter por cerca de uma hora. Não tem no Brasil.

Casarena Single Vineyard  Lauren´s 2013 – mais um vinho ainda muito jovem que apresentou um grande equilíbrio entre potência e finesse de taninos, complexo, precisou de uma passagem pelo magic decanter e uma hora de decanter comum quando mostrou boa evolução. Um senhor vinho, toques herbáceos, taninos muito finos num estilo algo bordalês de ser chegou em terceiro na votação do povo e segundo no meu. Importação Magnum

Siesta en el Tahuantinsuyu Bio 2013 – O que dizer quando frente a frente com vinhos de primeiro nível, um deles receber 10 votos como melhor da noite mais um, o meu? Definitivamente um grande vinho que, ainda por cima, é biodinâmico o que é um plus e tanto. Obra do Ernesto Catena que tem todo um histórico na elaboração de vinhos naturais, gosto muito do que ele faz, e este ele elaborou com uvas vindo de vinhedos de Vistaflores, 1100 metros de altitude, no Vale do Uco. Oitenta por cento passam em barricas francesa e o restante em americanas, sendo que 70% são novas e o resto de segundo e terceiro usos. Tudo (taninos, acidez, corpo, álcool) muito bem integrado, boa tipicidade da casta, complexidade tanto nos aromas quanto no palato, elegância, taninos finos com final interminável e fresco, deixou muita gente com vontade de mais e pena que não tinha! Aliás, a Mistral que traz os outros rótulos dele bem que poderia incluir esse na lista!!

 

Siesta Cabernet Franc Bio

Foi isso, um patamar bem alto de qualidade na taça mostrando que a Cabernet Franc veio para ficar! Uma ótima semana para todos e kanimambo pela visita, saúde!

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Aromas do Vinho em Mendoza

Você sabia que a única sala de aromas da América do Sul fica em Mendoza? Que com seus 46 aromas catalogados é a quarta maior das Américas?  Foi isso que fomos conferir nesta última viagem a Mendoza com um grupo de confrades. Isso e os vinhos obviamente!

Belasco de Baquesano, é o nome desta bodega de origem espanhola, mais precisamente de Navarra. A Sala de Aromas é um primor e ainda possui uma pequena exposição de cortiça mostrando de onde e como são feitas as rolha. São 46 aromas entre eles os que se referem a defeitos, importante se dar um tempo aqui primeiro fungando para só depois olhar o cartaz explicativo que identifica o aroma em questão. Muito didática a sala e só por isso já vale a pena a visita à Bodega, uma ótima forma de iniciar sua viagem a Mendoza e prepará-lo para o que vem depois pois não fica só nisso, afinal há vinhos a provar, sempre os há em Mendoza! rs

Após visita ás entranhas da vinícola, nos dirigimos ao balcão do bar de entrada para provar sua linha de vinhos, afinal a sede já apertava! rs Balcão cheio, devo frisar!! Provamos um espumante Rosé Brut e três vinhos tintos, sendo um deles um colheita tardia de malbec, eles só trabalham com a malbec, que eles atestam ser o único real Ice Wine argentino. Muito interessante porque já tinha provado um, creio que da Las Perdices, porém este era elaborado com uvas congeladas em câmara fria.

Dos vinhos foram dois os destaques:

Swinto Malbec, o principal vinho da casa, um vinho poderoso, denso, de grande estrutura, fruta madura bem presente,notas tostadas e alguma especiaria de final de boca num estilo mais tradicional e bem feito. Vinhedo antigo, 1910 pé franco, 18 meses de barrica francesa, a joia da coroa! rs Bom vinho

Antracita Ice Wine, um colheita tardia do mesmo vinhedo de 1910, em que as uvas são deixadas no pé e colhidas no outono nas primeiras nevascas e, por isso, não se produz todos os anos. O que provamos foi de 2010, ano em que produziram 7150 garrafas da qual a de número 4249 jaz ainda cheia sobre minha mesa enquanto compartilho estas linhas com os amigos. Antes de falar do vinho, alvíssaras pela garrafa de 375ml é um charme!! rs O vinho mostra-se opaco na cor, algo floral no nariz, na boca nos traz sensações de chocolate escuro, figos maduros e cereja, aveludado, doce mas muito bem equilibrado e de boa persistência. Envelhecido em carvalho novo francês sur lie por 24 meses, tem 93 g / l de açúcar e 14,5% de álcool.

Abaixo o vídeo de nossa visita, clique na imagem, espero que curtam. O dia estava só começando e próxima parada Casarena onde os confrades elaborarão seu próprio vinho e provaremos alguns grandes vinhos! Fui, um bom fim de semana para todos e kanimambo pela visita. Nos encontraremos novamente por aqui, na Vino & Sapore ou algum outro canto de nossa vinosfera.

belasco-de-baquedano

 

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Uau, que vinho!

Adoro quando isto acontece! rs De repente, não mais que de repente, apareceu-me este vinho, um total desconhecido. Fui atrás de informações, pouco ou nada achei então só tinha um jeito, abri a garrafa e … tchan, tchan, tchan, paixão ao primeiro olhar, que cor sedutora! Já me animei e cada vez mais curioso para levar a taça à boca e desvendar os sabores que prometiam.

20171008_133429Clos D’Esgarracordes 2009, esse é o nome dele. Vem de uma região pouco conhecida, IGP Castelló entre a Catalunha e Valencia. Esta IGP (Indicación Geográfica Protegida), criada recentemente, é um estágio anterior à celebração de DOC, e hoje conta com apenas uma dúzia de produtores e uma produção ao redor de míseros 600 mil litros. A Bodega Baron D’Alba que elabora este vinho (seu topo de gama hoje entre cerca de 12 rótulos) possui apenas uns 15 hectares de uvas entre elas Macabeo (branca), Cabernet Sauvignon, Garnacha, Merlot, Monastrell, Syrah y Tempranillo. Neste vinho, usa um blend de Cabernet Sauvignon, Merlot, Tempranillo y Syrah que me chamou a atenção na taça pela cor que mostra uma evolução já bem presente traindo sua idade. Se você gosta de vinho cheios de potência, de grande extração, vinhos power, não embarque neste barco porque certamente não apreciará esta viagem. Sorry, mas a pegada aqui é outra! rs

São dezessete meses de barricas francesas e americanas sendo engarrafado sem 20171008_133215filtração, porém não encontrei muitos sedimentos não! A madeira está já integrada, presente mas integrada em perfeito equilíbrio, notas terrosas, couro, bosque, alguma salumeria, frutos negros, taninos aveludados, acidez balanceada, rico e complexo meio de boca com um final bem persistente, a cada gole uma viagem, novos sabores, vinhos velhos têm dessas coisas e por isso são tão encantadores e vibrantes a seu modo. Nem todos apreciam, mas para quem gosta este é um prato cheio e vale bem as 140 pratas, mas vai ter que fuçar por aí! rs

Eu abri a dois, não sobrou gota (!), e só acompanhei com uns pinxos de Jamon Serrano e Brie, precisa de mais nada não! Um achado da Cavisteria do amigo Fabio Barnes que compartilhou comigo esta beldade e permitiu que eu também colocasse algumas garrafas no portfolio da Vino & Sapore. Não costumo indicar se vendo ou não os vinhos que aqui compartilho, por questão de isenção, mas como é raridade e algo especial achei que deveria, mesmo não sendo o objeto do post.

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Sabe aquela coisa de sair da mesmice de que tanto falo, então … (rs). Bem gente é isso, demorei uma semana para chegar com mais este post, mas espero ter mais ao longo da semana que espero seja divina e não esquece, dia 23 tem prova de Cabernets Franc de Mendoza com jantar no bom Antonietta Cucina! Kanimambo, saúde e inté.

 

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