João Filipe Clemente

Diversidade No Mundo do Vinho

Nossa vinosfera é um vasto ambiente no qual não cabem verdades absolutas, aprendi isso faz tempo e volta e meia sou lembrado disso pelos fatos. Diversidade de uvas, de formas de vinificação, de terroirs, de enólogos, de sabores, de aromas porquê nos vino-globeatermos a um só quando podemos nos divertir na busca? Quem disse que na argentina só sabem fazer Malbec, que no Chile só sabem fazer Carmenére ou Tannat no Uruguai? Quem disse que no Brasil não se faz bons vinhos ou que todo o vinho sul-africano é pinotage? Se você acredita em qualquer uma dessas premissas e outras de gênero, vai aqui meu desafio para abrir sua mente a novas experiências e explorar esse mundo mágico. Como? Degustando, provando coisas novas e hoje trago aqui uma oportunidades dessas. Na Granja Viana, Vino & Sapore por supuesto (rs), daqui a dez dias.

 

Diversidade Argentina – Dia 22 de Setembro ás 20 horas na Vino & Sapore! Descubra uma argentina diferente através de seis vinhos tintos e um espumante sendo que somente este último será de Malbec. A idéia é desconstruir essa imagem de que os hermanos somente sabem produzir bons Malbecs, ledo engano meus amigos! Minha experiência, no entanto, viajando mais de 5 mil quilômetros por regiões produtoras provando de tudo um pouco e conhecendo algumas centenas de rótulos, me dizem o contrário e convido vocês a conferir, não precisa acreditar em mim não! Para apenas 12 pessoas, seis vinhos e mais o espumante, vejam a lista de rótulos que estão numa gama de preços entre 100 a 230 Reais.:

Vicentin Rosé Extra-brut Rosé de Malbec
Penedo Borges Cabernet Sauvignon Reserva
Lagarde Guarda Cabernet Franc
El Enemigo Bonarda
Vicentin Backbone Co-Fermented Blend*
Las Moras Gran Syrah 3 Valleys
Fabre Montmayou Gran Reserva Merlot
 
Durante a degustação, os costumeiros queijos, frios, pão e água e ao término serviremos empanadas da Caminito, um de nossos parceiros de longa data.O preço da descoberta será de R$150,00 por pessoa a serem pagos no ato da reserva, vai dar mole? Contatos de Terça a Sábado das 14 às 19h pelo telefone (11) 4612-6343 ou pelo e-mail comercial@vinoesapore.com.br .
 Por hoje fica esta dica, mas durante o resto da semana tem mais. Saúde, kanimambo pela visita e nos vemos por aí!

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Costela Suína e Vinho, Brincando de Harmonizar

Mesmo não sendo essencial, sempre bom quando dá certo! rs Se o vinho é bom e a companhia idem boa parte da harmonização já está pronta, mas quando o prato acompanha, a festa fica melhor ainda. Em minha modesta opinião de cozinheiro de meia-tigela, porém de bom garfo (rs), a costela suína é um prato bastante versátil que possibilita muitas harmonizações. Pode ser uma boa cerveja de abadia, um vinho branco ou tinto, pois como na maior parte dos pratos, depende muito de como é feita.

Costelinha de porco na brasa, por exemplo, sou um fã incondicional com vinho verde e já escrevi sobre isso aqui, “ um perfeito companheiro para a costela ou um lombinho de sunday Oct 11th 004porco no forno. De um intenso frescor e acidez rasgante, perfeitamente balanceado e pleno de sabor é uma perfeita combinação com comidas mais gordurosas. Há pouco tempo o usei numa harmonização com feijoada e tanto eu como os convivas,  pode ter sido mera cortesia dos amigos, adoramos também essa combinação. A acidez corta a gordura e realça sabores com ótimos resultados, uma de minhas harmonizações preferidas e um corte que me agrada muito, Alvarinho com Trajadura.“. Naquela época (2013) andava caidinho pelo Varanda do Conde, já hoje (fidelidade no vinho não é meu forte! rs) ando apaixonado mesmo é pelo Dona Paterna, bão demais da conta!

Como disse, depende de como você prepara e cozinha a costelinha suína então o vinho muda de acordo. Neste feriado aproveitei que tinha no freezer da loja umas costelinhas temperadas e prontas para irem ao forno da Srs. da Carne e simplifiquei a minha vida. tem a Lemmon Pepper, mas desta feita optei pela molho Barbecue. Não sou fã da americana que tende a ser muito adoçicada e algo puxada demasiado no ketch up, mas costela-e-urceuso tempero desta me atrai pelo equilíbrio. Como opção de vinho fiquei na dúvida entre um Zinfandel e um Primitivo, mas optei por este último, escolhi o Urceus Primitivo di Manduria. A uva tem por característica uma leve doçura de final de boca que combina e combinou à perfeição neste caso.

O Urceus é um vinho intermediário entre os Primitvos mais ligeiros e comerciais no mercado e os grandes, potentes e caros (mais que o dobro do preço) expoentes da uva disponíveis no mercado. Nariz intenso de frutos negros, notas de especiarias que se confirmam na boca, corpo médio, taninos aveludados e rico meio de boca com um final de boca macio que se integra muito bem ao molho barbecue que deixei secar um pouco no forno para não sobrar no prato.

A carne muito saborosa, se soltava do osso e se desmanchava na boca onde encontrava o Urceus formando uma harmonia que fez meu dia e de quem teve a oportunidade de compartilhar desse momento para lá de agradável. Para completar um arroz biro-biro (com ovo e batata palha),uma saladinha e ótima companhia, can’t ask for more!

costela-e-urceus-clipboard

Por hoje é só gente mas já deixem reservado o dia 22 de Setembro quando promoverei uma degustação diferenciada com vinhos argentinos, “Diversidade Argentina para Além do Malbec” na Vino & Sapore às 20h. Vinhos marcantes escolhidos a dedo por mim e no final, uma seleção de empanadas da Caminito com quem já trabalho faz quatro anos. Saúde, kanimambo pela visita e sigo aguardando vocês por aqui ou pelas mais diversas esquinas de nossa vinosfera.

Chegar é Fácil, Difícil é Permanecer!

Este blog estará completando nove anos nos próximos meses e 2017 será um ano especial pois alcançaremos a marca de 10 anos; muitos posts, muitos vinhos, muitos novos amigos, muita troca de experiências. Tem sido uma viagem e tanto e me orgulho dos resultados, especialmente no que se refere à interatividade com meus leitores, pois já passam de 8000 comentários recebidos e respondidos nesse período. Mas porquê estar falando disto hoje? Bem, porque recebi uma mensagem de minha amiga Camila Coletti, editora da revista Eno Estilo, de que eu estava no ranking dos top sites/blogs/portais do setor e fui conferir.

Gostei do que vi e a primeira coisa a fazer é levantar um brinde a você que clicou aqui,DSC03242A valeu gente! Em tempos de tecnologia criativa chegar no topo pode ser mais fácil do que aparenta, aliás a cada ano que a Enoeventos do Oscar Daudt publicava a lista (desde 2010), aparecia um blog novo em que o cara subia que nem um foguete e no ano seguinte voltava lá para baixo, tudo fruto de “contratos de cliques”! Outros pegam carona nos nomes de blogs já estabelecidos e até que as pessoas descubram que eles não são quem aparentam, lá se adicionam uns cliques a mais! Como em todos setores da sociedade, tem gente mais séria, trabalhos mais perenes e aqueles que só jogam para a galera com o intuito de usufruir de uma degustação grátis, do jantar chique ou do eventual jabá. Faz parte e, como tudo e em todos os lugares, há que se separar o joio do trigo.

Chegar lá, então, pode sim ser fácil, porém permanecer é complicado e depende de conteúdo. Já estive em quinto, já estive em vigésimo, porém Falando de Vinhos tem se mantido nessa elite de produtores de conteúdo em nossa vinosfera desde quando o Oscar começou a elaborar essas listas e esta última, desta feita elaborada pela Camila, me trouxe uma satisfação extra. Essa satisfação extra vem do fato de que apesar de minhas atividades comerciais na Vino & Sapore que exigem presença diária, o conteúdo seguiu sendo gerado (volta e meia com alguns hiatos maiores do que desejaria, rs) e o leitores seguiram seguindo este escriba apesar disso, entendendo a forma isenta como o conteúdo é elaborado. Calculo que hoje tenhamos no Brasil mais de 450 blogs de vinhos, na língua portuguesa certamente mais que 500, então estar entre os TOP 3% e me manter lá nos últimos nove anos é para festejar, ou não?

O Alexa é um site mundial que segue cerca de 30 milhões de web sites e blogs pelo mundo afora fazendo uma contagem analítica de visitas diária montando um ranking próprio e provendo ferramentas de trabalho para os autores. Usando esta tabela a Camila montou este ranking que, como tudo na vida, tem que se digerido com a devida parcimônia, como mero indicador que é, mas de qualquer forma, é uma fonte bastante confiável. Tem gente de grande gabarito, muito maior que o meu e que que se dedicam full time a isso, abaixo de mim o que só valoriza este resultado que me deixa especialmente feliz. Como adoro compartilhar coisas boas, aqui estou e trazendo comigo um enorme KANIMAMBO para todos vocês que são os responsáveis por isso! Abaixo segue o Ranking atual publicado na revista Eno Estilo onde você poderá ler o artigo completo clicando aqui. Uma ótima semana todos e espero seguir contando com vosso apoio.

Enoestilo quem-e-quem-no-vinho-2016-04-set-16

 

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Fui Revisitar Um Alentejano e Achei um Francês!

Foi com prazer que estive recentemente na importadora Premium para rever vinhos que há muito andaram por minha taça, desde as boas épocas da Lusitana há cerca de uns sete anos. Com o fechamento da importadora, veio um iato e depois vim a descobrir o produtor novamente, agora na Porto Mediterrâneo com quem nunca consegui levar adiante negociações. Esta importadora também fechou e agora o produtor reaparece na Premium. Feliz porque a casa é amiga e preocupado porque …, bem sal grosso e reza nunca fizeram mal a ninguèm! rs

Gente, brincadeiras à parte, fiquei feliz porque os vinhos da Herdade Paços do Conde são muito bons, desde sua linha mais básica com o Albernoa, seja com seu top o Paços do Conde Reserva que é um vinhaço e digno representante dos grandes vinhos do Alentejo.Deles falarei em outro post, pois hoje quero falar deste espumante francês que me surpreendeu. O representante já tinha me falado dele, porém confesso que tinha ficado com um pé atrás e explico porquê abaixo.

Comte Bailly Blanc de Blanc Brut, um vin mousseaux (espumante elaborado pelo método charmat na França) produzido na Borgonha com uma uva rara por aquelas bandas, a Airén e aqui a causa de minha aprrensão. A uvas branca mais plantada no mundo é esta Bailly Brutespanhola que por lá ainda representa cerca de 25% (vem caindo) de todas as uvas plantadas. No mundo, só perde para a Cabernet Sauvignon e Merlot! Incrível né, e você provavelmente não a conhecia. Pois é, vivendo e aprendendo. Como sempre digo, desconfie daquele que diz que sabe tudo sobre qualquer coisa, estarás frente a frente com um enganador, cai nessa não!

Já conhecia a uva que na Espanha gera alguns vinhos meia boca, pouquíssimos dignos de destaque e nenhum que eu provei até hoje fez a minha cabeça. Alcóolica, caráter algo oxidativa, é usada básicamente para a produção de álcool vínico e brandies. Imagina me convidarem para provar um espumante com esta uva!! De qualquer forma não me fiz de rogado não e agradeço por ter a mente aberta a novas experiências, gostei bastante, como é bom ser surpreendido!!

Pesquisei o diabo, mas não consegui encontrar literatura que mostrasse como ela veio parar na Borgonha nem a quantidade, mas verdade é que encontrei uma boa porção de rótulos de espumantes da região com Airén. Se achar algo depois publico, mas por hoje vos deixo com mais este achado. Aromas mais complexos, fresco de média intensidade, mas sem aquele perfil mais cítrico que estamos acostumados a ver nos espumantes brasileiros. Na boca isso fica claro, com um perlage bem fino e delicado, notas frutadas que me levaram a pensar em pêssego e frutas de gênero, uma ponta mineral de final de boca completa o conjunto que me agradou bastante e fica aí na casa dos R$70 a 75,00 o que me parece justo pelo que entrega de qualidade e prazer ao tomar. Uma ótima opção para quem quer trazer à mesa e apresentar aos amigos, algo diferente. Eu gostei! Dizem que o Cremant (método champenoise) deles também é muito bom, mas esse não conheci, quem sabe numa próxima oportunidade e aí vos conto.

Bem gente, é isso. Um ótimo fim de semana para todos e semana que vem tem mais quando falarei dos vinhos da Herdade Paços do Conde. Saúde, kanimambo e nos vemos por aí!

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Taças de Vinho, Redescobrindo Sabores e Aromas.

Mesmo não sendo um xiita sobre o assunto, já deixei claro por aqui que uma boa taça pode sim fazer uma diferença enorme sobre o vinho nela tomado. Lógico que há momentos para tudo, já me diverti à beça tomando vinho num copo de requeijão numa tasca em Portugal ou de plástico na praia em Floripa, so what, como disse numa gravação há época, tudo vale a pena quando a alma não é pequena ! Agora, um bom vinho na temperatura e taça certa fazem toda a diferença e não há como negar!

Clipboard Riedel Tasting 2016

Semana passada realizei a terceira edição da Riedel Tasting Experience em parceria com ela mesma, a Mistral e minha amiga Nazaré, chef e proprietária do restaurante Vedhanta aqui no centrinho da Granja Viana, quando degustamos alguns bons vinhos em taças especificas para quatro varietais. É uma degustação de taças onde exercitamos nossa capacidade sensorial através de um exercício em que o vinho vai mudando de taça e, no processo, sabores e aromas, vão e vêm como mágica! Só que não é mágica não, é pura engenharia, que faz com que possamos tirar ao máximo tudo aquilo que um vinho varietal de qualidade pode nos oferecer e não só.

Clipboard Riedel tasting GlassesA Riedel estudou isso a fundo e como tal se tornaram ao longo dos anos especialistas em tirar o máximo de cada caldo em suas taças. Do vinho, ao café, passando pela Coca-Cola e Malt Whisky ou Cognac, para cada caldo uma taça para realçar todo o potencial que cada um tem. Tá, sei que pode ser exagero e preciosíssimo excessivo, mas que funciona, funciona. Tenho vários amigos que não acreditavam, inclusive alguns engenheiros professores que vieram conferir e comprovaram o fato. O mais legal é que agora, no caso de dúvida se pode usar um app que eles disponibilizam que possibilita que você possa tirar dúvidas na hora que precisar com relação à taça mais indicada para o vinho que vai servir, clique aqui e baixe.

Campeão nesse tipo de evento é sempre a taça de Chardonnay para vinhos com passagem por barrica, em que conforme você troca de taça o vinho vai literalmente sumindo, tanto no nariz quanto na boca, morre e ao voltar para sua taça ressuscita retomando todas as suas características, algo que normalmente deixa as pessoas boquiabertas! Desta feita, no entanto, me surpreendi muito positivamente com um vinho que há poucas semanas Porcupine ridge syrah-viogniertinha usado numa confraria, um Syrah/Viognier Sul-africano, o Porcupine Ridge. Em taças comuns de degustação, o vinho estava bom, porém apresentou pouca fruta, aromas animais intensos e baixa percepção das características notas de especiarias. Na Riedel Tasting Experience usando a taça própria para Syrah, a Hermitage, o vinho estava exuberante com a fruta bem presente, nuances animais idem porém de forma bem mais integrada ao conjunto e o final claramente especiado com notas de pimenta. Era um vinho de outro patamar de qualidade e caso não soubesse, diria que se tratava de outro vinho, show!

Enfim, sem exageros, porém de nada adianta comprar um ótimo vinho de 200, 300, 500 ou 900,00 Reais e tomá-lo numa taça “comum”, certamente boa parte do que você pretensamente comprou não estará em sua taça e você não irá usufruir de tudo o que o vinho teria a lhe oferecer, grana jogada fora. Ah, mas eu não compro vinhos desse valor! Argumento aceite, porém o vinho de que falei, o Porcupine Ridge ou o Catena Chardonnay tomados são vinhos na casa dos 100 a 120 Reais! É, deixei você pensativo sobre o tema né? Pois bem, vá fazendo seus testes e comprove por conta própria pois sei bem o que é ser “São Tomé”, porém certamente os 35 participantes que estiveram lá nessa noite não me deixarão mentir! Grato aos amigos que lá estiveram, à Nazaré, à Cristina Geremias, brand manager da Riedel para o Brasil e uma maestra no assunto, à Mistral e à Riedel. Kanimambo, saúde e desculpem pela ausência semana passada, mas o trampo está bravo! rs Uma ótima semana para todos.

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Conhecendo o que faz o MOVI

Muito bem, já falamos aqui dos vinhos, das regiões, das empresas, mas o que é que realmente faz com que o MOVI seja o que é? Entrevistei a amiga Angela Mochi que com seu marido Attilio (o quietinho da dupla – rs) iniciou suas atividades com uma loja em Campinas, virou importadora, fechou e se mudou de mala e cuia para o Chile com um sonho que se concretizou, produzir vinhos de identidade própria no Chile. Assim nasceu a Attilio & Mochi uma das vinícolas associadas do grupo:

Falando de Vinhos: Angela, o que é necessário para entrar no grupo, quais os parâmetros básicos que são considerados para aceitar um novo produtor no grupo?

Angela: Primeiro, que o vinho seja produzido em escala humana, ou seja, que os sócios estejam diretamente relacionados com o negócio, que não sejam apenas “acionistas”. Depois, que o vinho seja muito bom (isso é bastante subjetivo, mas a ideia é que não existam vinhos “Chilenos” no MOVI e sim vinhos que façam a diferença dentro do panorama vitivinícola Chileno. Para tanto, cada produtor que quer entrar para o MOVI precisa submeter os vinhos a uma degustação do Diretório. Também, é preciso que quem postule a entrada conheça algum membro que esteja disposto a patrociná-lo dentro do Movimento. O conceito por detrás é que quem entra sabe exatamente o que esperar da associação, uma vez que o padrinho já fez o trabalho de explicar tudo. Além do mais, está o sentido de cobrar dos membros responsabilidade quando se indica alguém, que essa pessoa/empresa seja compatível com os princípios do grupo de trabalhar em conjunto pelo grupo.

FV: Quantos sócios compõem o MOVI hoje?

Angela: Hoje somos 32, do extremo norte ao extremo sul, desde o Atacama até a Patagônia.

FV: Qual a produção total anual estimada do MOVI?

Angela: Essa é uma boa pergunta. Não temos essa estimativa feita, mas eu diria que estamos provavelmente bordeando umas 80.000 caixas de 12 ou seja, algo ao redor de 960 mil garrafas anuais.

FV: Quais das vinícolas associadas possui a maior e menor produção e quanto?

Angela: A maior é von Siebenthal, com umas 20.000 caixas (cerca de 25% da produção estimada do grupo) e a menor é Rukumilla, com umas 500 caixas.

FV: De forma resumida Angela, qual o objetivo e mote que rege o MOVI?

Angela: Principalmente permitir que pequenos vinhateiros sejam capazes de criar vinhos com personalidade, numa escala humana e de maneira sustentável ao longo do tempo. Também, interferir, de maneira positiva, na maneira como o Chile produz vinhos hoje, além de mostrar esse outro lado do país em termos de vitivinicultura.  MOVI é o Movimento de Vinhateiros Independentes do Chile, apresentando uma perspectiva moderna como país vitivinícola. Complementamos e contribuímos, uma contra cultura que apresenta resposta a noção antiquada de que os vinhos chilenos padecem de personalidade. Trabalhando em conjunto, costuramos um mosaico do vinho chileno, mostrando através do vinho, uma coletânea da personalidade individual de nossos membros. Através da associatividade, damos voz e uma marca para os vinhateiros independentes que se atrevem a pensar “pequeno”, num projeto maior em que a ênfase é mostrar a existência de um Chile vinhateiro mais puro, profundo e verdadeiro – o Chile real!

Bem amigos, aqui no blog há diversos posts sobre este tema desde 2012 então basta digitar MOVI em pesquisa (search – canto direito superior) e sair lendo. Agora, fica óbvio que a conclusão final só pode ser alcançada de uma única forma, provando! Então amigos, vamos ás compras? Que Baco guie seus passos, saúde, kanimambo pela visita e um belo final de semana olímpico para todos. Semana que vem seguimos por aqui, fui!!

 

 

 

Uma Outra Visão do MOVI

Não pude estar presente no último evento do MOVI então pedi à Raquel Santos, que os amigos já conhecem de outros posts por aqui, que me representasse e tecesse seus comentários sobre esta experiência, acho legal comparar opiniões. Como saber que vinhos são do MOVI? Bem,movi-logo-preto1 você pode ver a lista de produtores no meu post anterior clicando aqui e no contra rótulo da garrafa buscar o logo do movimento impresso,este aqui do lado, simples assim. Eis o que a amiga, confreira e sommelier Raquel têm a nos dizer do que viu, escutou e provou no MOVI Night.

“Aconteceu no dia 10/08 mais uma edição do encontro dos produtores independentes chilenos aqui em São Paulo. Esse grupo, que existe desde 2009, reúne jovens apaixonados pela vitivinocultura do seu país que buscam incansavelmente a qualidade e excelência em seus vinhos. São pequenos na produção individual, mas quando se juntam tornam-se grandes. O vínculo que carregam é a preservação mais pura da expressão e identidade,do seu terroir.

Esse ano a apresentação foi dividida em três flights:

  1. O novo Chile com mais personalidade.
  2. Os clássicos recarregados.
  3. O antigo agora é o novo – do Atacama ao Maule.

Começando pelo “novo Chile” procurei primeiramente pelos vinhos brancos. As opções eram bem pequenas em relação aos tintos. Apenas 1 espumante, 4 ou 5 Sauvignon Blanc e só 1 Chardonnay. Todos da região de Casablanca que fica no caminho entre Santiago e o litoral, local de clima frio, ensolarado e com grande influencia dos ventos marítimos vindos do Pacifico.

Merecem destaque o Catrala–Sauvignon Blanc – Cítrico, com toques de grapefruit, limão siciliano e notas florais. Acidez que faz salivar, pedindo comida para acompanhar. Outro Sauvignon Blanc que chamou minha atenção foi o Marina – Garcia+Schwaderer – igualmente fresco, com mais corpo e mineralidade bem presente, quase salino. O único Chardonnay era excelente: Villard – Chardonnay – fresco e complexo, com madeira bem delicada. Boa acidez, encorpado. A fermentação começa em tanques de inox e termina em barris de madeira francesa por 6 meses com malolática, que conferem aromas amanteigados, com baunilha e boa estrutura.

Seguindo a sequencia estabelecida, parti para os tintos e confesso que não notei bem a diferença entre o “novo”, “os clássicos” e “os antigos”…No geral, as diferenças eram mais aparentes pelas características do clima.

1-Litoral, que recebe os ventos frios do Pacífico=frescor, mineralidade e boa acidez.

2-Entre cordilheiras, com muita luminosidade e calor= vinhos potentes, frutados e com taninos presentes.

3-Andes, amplitude térmica com muito sol durante o dia e muito frio no nascer e por do sol=vinhos aromáticos, frutados, com taninos mais macios.

Passada essa primeira impressão, aparecia obviamente as características das castas locais, onde a tinta Carmenére reina absoluta. Vinhos varietais ou em cortes eram a maioria e apesar do alto nível de qualidade, esse estilo robusto e potente não fazem muito a minha cabeça. Mas o mais importante aqui era a assinatura do enólogo que não deixava passar incógnita alguma expressão pessoal, algum toque que fazia diferença entre cada vinho provado. Entre eles, gostaria de destacar os que mais me encantaram:

Peunayen- Carmenére, potente, cheio de frutas maduras e final achocolatado.

Laura Hartwig-Cabernet Sauvignon, harmonioso e bem feito.

Vultur- Carmenére+PetitSyrah+PetitVerdot, da região de Colchagua. Corpo com elegância.

Aluvion(Lagar de Bezana)-Alto Cachoapal. Cabernet Sauvignon+Syrah+PetitVerdot+Carmenére. Fresco e boa estrutura.

Own- Carmenére+PetitVerdot+Petit Syrah. Produção mínima, com garrafa numerada.

Rukumilla-Syrah+CabernetFranc+CabernetSauvignon+Malbec. Orgânico que mostra personalidade.

Erasmo-Cabernet Sauvignon+Merlot+Cabernet Franc. Orgânico do Maule, muito elegante.

MELI Dueño de la Luna-Carignan. Do Maule, muito delicado, fresco e cheio de sutilezas.

Fillo-Carignan-(Bowines)-Frutado e vibrante.

Garage-Carignan Field Blend 2013- Do vale de Itata, nasceu literalmente na garagem de seu criador(Mosman Derek). Fermentação natural, com leveduras selvagens, mostra muita fruta com especiarias, flores e ervas aromáticas, evoluindo para notas terrosas. Muito expressivo, genuíno e equilibrado.

O vinho, como qualquer produção agrícola é um elemento cultural importante que reflete o desenvolvimento da humanidade. As mudanças climáticas, com drásticas elevações da temperatura, já é uma realidade mais que visível e a preocupação com o manejo do meio ambiente deve ser encarado como fator de qualidade do produto.Adaptações de abordagem de mercado se fazem cada dia mais necessárias para que se possa colocar em prática uma filosofia que dê continuidade aos elementos intrínsecos à nossa cultura.

Foi um belo panorama do que está sendo feito de novo naquele país. Quando pequenos se juntam e ganham visibilidade, mostram que de uma célula pode-se formar algo maior. Quando você estiver levando aquela taça de vinho à boca, lembre-se que tudo começou de uma semente que se transformou numa parreira que por sua vez transformou-se em cachos suculentos de uva. Destas uvas foram feitas o vinho, que engarrafaram para que você pudesse ter uma pequena amostra de todo um terroir”

Processo de Elaboração – Vinho Tinto

Já postei aqui, arquivados sob a Categoria “ABC do Vinho”, diversos diagramas didáticos e fáceis de entender sobre os diversos processos de elaboração de vinho passando por brancos, rosés e espumantes. Ao falar sobre tintos, quero deixar claro que estes posts não visam entrar em detalhes técnicos nem aprofundar o assunto, a idéia é desmistificar e descomplicar, facilitando o entendimento básico de como os vinhos são, de forma genérica, elaborados. Lógico que existem enormes variáveis no processo (tanques de inox, cimento, barricas de carvalho, tipos de leveduras, etc.), mas a grosso modo é assim que os vinhos são elaborados.

Neste exemplo, de origem espanhola, há que entender o que é vinho de “crianza” o que muitos entendem como vinhos jovens e, não, não é vinho para criança!!! rs Crianza aqui tem o significado de criar, de maturação. Existem os vinhos jovens que são engarrafados e colocados no mercado no ano da própria safra, sem nenhum processo de afinamento e “maturação” e existem aqueles que passam um tempo (estágio) em garrafa ou em tanques, barricas, etc. ou numa composição dessas diversas variáveis o que lhe dá um maior o tempo de “crianza” . Quanto maior for esse tempo,não só porém é um fator preponderante, mais complexo e mais caro se torna o vinho ganhando uma estrutura que permitirá sua guarda por tempo mais longo.

Processo elaboração de tintosSaúde, kanimambo pela visita e durante a semana voltamos a nos encontrar por aqui ou em alguma outra esquina de nossa vinosfera. Uma ótima semana para todos.

MOVI – Quem Sabe faz a Hora Não Espera Acontecer!

Há uns quatro anos atrás conheci e celebrei essa lufada de ar fresco vindo do Chile. Era o MOVI que se criava e hoje demonstra robustez dentro de um projeto quase lúdico que deu muito certo. MOVIMovimento dos Vinheteiros Independentes do Chile é uma associação de um grupo de produtores loucos por vinho que põem a mão na massa para produzir apenas algo ao redor de 40.000 caixas ano, ou por volta de 500 mil garrafas no total! Tem gente nesse grupo que produz ínfimas 1000 caixas ano ou seja, são produtores artesanais movidos por um projeto pessoal onde a paixão é colocada em prática “refletindo o caráter e identidade do terroir de seu local de origem”.

Cada um tem seus canais de venda específicos e toca seu negócio de forma independente, porém a associação trata de promover conjuntamente as empresas e seus produtos e que produtos! Fazia tempo que não participava de uma degustação tão marcante com presença de vinhos deste patamar de qualidade mostrando que a vida para além dos grandes conglomerados e rótulos midiáticos chilenos existe e é de primeira linha.Uma pena que não pude comparecer esta semana no MOVI Night! Nascido em 2008 com doze produtores, hoje totaliza 26 porém o grupo segue aberto a outras inclusões.

Clipboard Full Movi

Quando provei há 4 anos atrás, esta semana não pude participar porém minha amiga Raquel Santos me representou e certamente em breve teremos seus comentários por aqui, o que mais me impressionou foram dois pontos; a diversidade e a qualidade. Fora dos padrões de massificação bem feitinha e padronização com a qual o Chile ficou famoso, mostrando claramente que o vinho pode sim mostrar personalidades diferentes dependendo do terroir e da gente (que faz parte desse terroir) que os faz. Fique de olho nos rótulos desse pessoal, valem muito a pena serem conhecidos!

Não sou de dar nota para vinhos, exceto em concursos e degustações do qual participo e haja essa necessidade, porém se tivesse que o fazer nesse dia creio que 80% desses vinhos teriam pontuação acima de 90 pontos o que, para mim, não é comum fazer. Afora uns três ou quatro rótulos “somente” bons, todos vinhos de grande categoria e uma meia dúzia marcantes.

Na época em que escrevi sobre este tema, uma parte do objetivo era dar um toque aos pequenos produtores artesanais brasileiros que não participaram da excrescência de tentativa de golpe pelas elites produtoras nacionais contra o consumidor brasileiro com a instituição Salvaguardas ao Vinho Brasileiro (leia-se aumento de impostos para os importados fora do mercosul), para que se aventurassem com sua própria associação com projetos mercadológicos conjuntos, saindo pelo Brasil mostrando sua cara aos formadores de opinião e publico em geral. Que deixassem de ficar se lamentando pelos cantos, que agissem, tomassem uma atitude tipo MOVI e fizessem acontecer porque como já dizia Vandré; “Quem sabe faz a hora não espera acontecer”, porém lamentavelmente não vi nada nesse sentido acontecendo depois de 4 longos anos, acho uma pena!

Enfim, deixemos isso para lá já que o tema é mesmo o MOVI, seus produtores e seus vinhos. Enquanto a Raquel não nos traz seus comentário, caso você queira saber um pouco mais, clique aqui e veja o que achei de alguns desses vinhos que provei em 2012. Kanimambo pela visita e um ótimo final de semana.

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Um Best Buy na Taça por 25 Pratas, Pode? Pode!!

“O mundo do vinho é estimulante, complexo, prazeroso, porém, excessivamente pedante e caro. Eis uma constatação que tem uma boa dose de razão já que no Brasil esta é a imagem, muita vezes, projetada tanto por parte da imprensa especializada, quanto por restaurantes que teimam em salgar os preços dos vinhos servidos em suas mesas, como por alguns importadores. Vinhos de R$100, 150, 250 e 400 são bons? Tem obrigação de o ser, muitos são ótimos, mas quantos de nós os podemos tomar com regularidade. Como explorador, ou garimpeiro, que sou, quero achar alegria e prazer em vinhos bons de R$30 (que são poucos) nos de R$60 (que já são muitos) e nos de  80 e 100 (que são um montão) e compartilhar isso com quem nutre os mesmos valores e interesses.”

Escrevi isso acima nos idos de 2007 e segue tudo igual, piorado pela instabilidade cambial e o aumento desacerbado de impostos tanto Estaduais como Federais que fazem com que cerca de 65% de uma garrafa seja imposto! Porquê falo disso, porque hoje vou falar de um vinho que tem tudo a ver com meus conceitos e minhas buscas que têm sido cada vez mais improdutivas na faixa de preço mais baixa da pirâmide, a de R$30. Não que não não hajam muitas opções no mercado, há, porém a maioria de qualidade “imbebível” ou próximo disso e nessas horas melhor escolher tomar menos e melhor! Quando temos a felicidade de nos deparar com um caldo que surpreende nessa faixa, então há que enaltecer o produtor/importador e compartilhar com os amigos.

Obviamente que tudo tem que ser entendido dentro de seu contexto de preço. Um Palio pelado não pode ser comparado com um veículo top de linha da montadora, o que devemos nos perguntar é; esse Palio pelado dentro de sua faixa de preço atende minhas necessidades de momento e me satisfaz com uma performance adequada? A mesma pergunta devemos nos fazer ao avaliar um determinado vinho, pelo menos é o que penso! Nesse contexto, o Classic Malbec da Salton produzido em parceria com a Salton Classic MalbecPenaflor lá em Mendoza me surpreendeu!

Neste último Domingo abri a garrafa que recebi do Winebar promovido pela Salton (ao qual não pude comparecer), num gostoso almoço familiar em que o foco era um belo Hamburguer. Achei que devia dar samba e deu! Tenho que confessar, no entanto, que faltou vinho para uma prova mais consistente e explico. Abri antes de colocar o hamburguer na grelha e o pessoal virou! Um pouquinho ficou mas dois goles foi pouco para testar a harmonização. O vinho é pura fruta, leve, fresco com taninos suaves elaborado somente em inox e acho que é um grande acompanhamento para lanches, esfiha de carne e pizza em geral. Um vinho que não possui qualquer intenção de se mostrar mais do que ele é, franco, saboroso, fácil de beber e agradável inclusive no final de boca. Por 25 pratas ou algo próximo disso dependendo do Estado ou cidade que esteja, difícil encontrar melhor e confesso, sem vergonha de ser feliz, gostei. Não procure complexidade aqui, ele é o que é, para tomar de golão! rs Não tivesse em supermercados e nas condições comerciais adequadas, seria um vinho que tranquilamente colocaria na Vino & Sapore, porque há momentos para tudo, o que não pode é tomar vinho ruim!

É isso, um verdadeiro Best Buy para orçamentos curtos que eu precisava compartilhar com os amigos sem frescura que me seguem. Nem todos os vinhos que recebo para prova e avaliação alcançam estas páginas pois,nem todos satisfazem minhas exigências gustativas de qualidade, mesmo alguns bem caros, então fico especialmente feliz quando isso ocorre num vinho tão em conta. Saúde, kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui ou por aí lembrando que Dia dos Pais está chegando, já fez sua listinha??

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