João Filipe Clemente

Degustando Taças de Vinho ou Desmistificando Enochatices

Afinal meus amigos, qual a real importância da taça de vinho na apreciação de um bom vinho? Necessidade ou pura frescura? Um de meus posts mais lidos trata exatamente da necessidade, ou não, de possuir boas taças e como este conceito pode ser exagerado! Por outro lado, um bom vinho merece uma boa taça e isso. eu garanto.

No entanto, esqueça o que eu ou qualquer outro diz, a melhor e única forma de descobrir se isso é só mais uma enochatice de nossa vinosfera, é provando! A Vino & Sapore se associou pela terceira vez ( a cada dois anos) à Riedel para promover mais um tira-teima, é a Riedel Tasting na Granja Viana agora no próximo dia 25 de Agosto. Limitado a 30 pessoas, dezoito dessas vagas já está pré-reservadas, vamos descobrir o quanto a diferença de formato de uma taça pode ou não mudar sua percepção de sabor e aromas.

Clipboard Riedel Tasting 2016

Lógico que para provar as taças precisamos de vinhos e por uma exigência da própria Riedel, os vinhos não poderão ter menos do que 90 pontos, afinal; para as melhores taças os melhores vinhos, ou vice versa! Com isso em mente e a parceria com a Mistral e a Almeria, creio que caprichamos na escolha, porém, mais uma vez, cabe a você conferir.

Catena Chardonnay (RP92) –  uma das grandes referências para brancos maturados em barricas de carvalho produzidos na América do Sul, mostrando muita concentração e finesse. Sempre muito elogiado pela critica internacional, é um excelente branco com bouquet cativante de frutas brancas e nota mineral. Na boca é macio e pleno, com frutas maduras, mel, baunilha e um agradável e sutil toque tostado

Alma Negra Pinot Noir (RP92) – vinhedo a 1.300 metros de altitude em Tupungato, com grande amplitude térmica, permite que a Pinot Noir seja colhida perfeitamente madura na região de Mendoza, dando origem a este cativante vinho da linha Alma Negra. Para respeitar o caráter delicado da casta, apenas 50% do vinho é maturado em barricas de carvalho francês, sendo o restante vinificado em cubas de aço. Um vinho fresco, aromático e de grande profundidade.

Perez Cruz Reserva Cabernet Sauvignon (Guia Descorchados 91) – rubi com reflexo violáceo intenso, aromas de frutas vermelhas, licor de cassis. Na boca exibiu taninos macios, redondos, quase aveludados. boa acidez e álcool integrado. Longo, intenso e bastante frutado, um vinho que reflete bem a tipicidade e seu terroir chileno do alto Maipo.

Porcupine Ridge Syrah/Viognier (WS 90)– um surpreendente corte a La “Cote-Rotie” elaborado na África do Sul, mostrando como a Syrah se deu bem por aquelas terras próximo a Cape Town. Vinho muito rico, fino e envolvente.

Nosso segundo parceiro neste evento é um local super aconchegante e de boa comida, o restaurante Vedhanta da amiga e confreira  Chef Nazaré Peixoto, aqui no centrinho da Granja Viana. Ao final da degustação, serviremos um prato de Raviolone de Mussarela e Manjericão com molho ao Sugo ou Al Limone, você escolhe na hora, acompanhado de um quinto vinho, o saboroso Paxis Douro (WE90) do qual será servida uma taça de 100ml para cada participante. Para finalizar, um cafezinho porque ninguém é de ferro (rs). Clique na imagem para aumentar e visualizar o gostoso lugar.

Clipboard Vedhanta

O kit degustação usado (as 4 taças varietais) poderá ser comprado a um preço especial no dia, assim como encomendas poderão ser feitas para taças avulso. Os vinhos servidos poderão ser comprados no dia com um preço especial com desconto de 10% sobre o preço de prateleira na Vino & Sapore. Tudo isso por apenas R$130,00 por pessoa com efetivação das reservas mediante pagamento. Nossos eventos têm tido, graças a Deus e apoio dos amigos, lotação esgotada em poucos dias do lançamento e como já temos 18 pré-reservas, sugiro ligar ou enviar seu mail já!

Parceiros neste evento, sem o qual nada conseguiríamos realizar/ Restaurante Vedhanta, Mistral, Almeria e Riedel. Um kanimambo enorme a eles e a você que segue fazendo deste blog um dos mais lidos no Brasil. Salute e aguardo vossas reservas lá na Vino & Sapore.

Local: Restaurante Vedhanta – Rua José Felix de Oliveira, 1032 / Centrinho da Granja Viana acesso pelo km 24 da Rodovia Rapose Tavares / Cotia

Dia: Dia 25 de Agosto às 20h

Reservas: Vino & Sapore – Rua José Felix de Oliveira, 875 – e-mail comercial@vinoesapore.com.br ou telefone (11) 4612-6343 ou 1433 das 14 às 19h

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Pensamento do Dia

Li na Revista la Nación um gostoso texto sobre um grupo de jovens e talentosos enólogos argentinos da atualidade, gente pela qual tenho o maior respeito. Pois bem, diz o artigo que para Alejandro Vigil, Marcelo Pelleriti, Alejandro Sejanovich, Matias Michelini y Matías Riccitelli, grupo de amigos, que o grande segredo de um bom vinho é somente saber “si está rico o no, si te gusta o no te gusta, si te tomás una copa o querés abrir tres botellas”.

Mendoza Boys 1

Certamente mais um frase que adornará minhas apresentações e textos sobre nossa vinosfera. Tem tudo a ver com minha percepção e sempre digo a meus clientes na Vino & Sapore que me pedem um bom vinho ” amigo, vinho ruim não entra aqui pois é barrado antes na minha taça já que provo tudo, agora, pode ser que você goste ou não”. Gosto e bolso são coisas muito pessoais que têm que ser respeitados. Estudemos, mas não compliquemos, estou com os moços e adoro os vinhos que me fazem querer tomar três!!

Recomendo a leitura do artigo completo mostrando essa verdadeira banda de enólogos, clique aqui. Kanimambo, saúde e desfrutem sem preconceitos!

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Processo de Elaboração – Espumantes

Uau, o tema de espumantes é meu campeão de visitas e me sinto à vontade para falar dele,pois não só o estudei tendo iniciado meus escritos falando deles lá nos idos de 2007, como sou um apreciador já tendo pesquisado (provado/bebido) muiiito! Um de meus primeiros posts mostra bem o que é espumante, deixa claro que lambrusco não o é, fala das diferenças entre brut, nature, demi sec, doce, fala dos vários nomes que um espumante pode ter (Champagne, Prosecco, Sekt, Sparkling, Mosseaux, Cava, Franciacorta ou bollettino, Cremant) e explica o que são os métodos de produção, Charmat, Tradicional (champenoise) e Asti, mas faltavam lá esses dois gráficos que torna a leitura mais clara e facilmente entendível. O Asti é na verdade um “Charmat” de uma única fermentação em tanque, então para todos os efeitos e do ponto de vista mais simplista, são apenas dois os processos a considerar. O Charmat com duas fermentações em tanque (exceção feita ao Asti) autoclave e o Tradicional que passa pela segunda fermentação em garrafa.

Método Charmat

Diagrama de vinificação espumantes pelo método charmat

 Método Tradicional (Champenoise)

Poster sobre elaboração de Espumantes II

 Por legislação, somente três DOCs exigem o método tradicional e tem mais uma a caminho (ainda por definir) que deverá ser em Pinto Bandeira no Rio Grande do Sul; Champagne, Franciacorta (Itália) e Cava (Espanha), sendo que este último é o único DOC não regional pois abrange sete diferentes regiões produtoras. Tem dúvidas, sugestões, correções, não deixe de me contatar que responderei na medida do possível.

Kanimambo  pela visita, saúde e e lembre-se que não há necessidade alguma de esperar uma data especial para abrir um espumante. A abertura de um torna qualquer momento especial então curta, pois espumante é vida, é festa, é alto astral!

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Mais um Paradoxo

Há cerca de dois anos falei aqui sobre um outro Paradoxo, o Merlot. Esta linha de produtos é da Salton e desta vez me foram enviados novos vinhos para um evento do Winebar que lamentavelmente chegaram tarde não possibilitando minha participação. Ontem então, decidi abrir este Paradoxo Cabernet Sauvignon para acompanhar um almoço simples mas bem gostoso temperado pela presença da família salvo um santista doente que está desculpado! rs Fettucine com linguiça e ovos, sabor de infância para meus filhos e que volta e meia curto fazer porque também gosto bastante e não dá muito trabalho.

Como estava com esta garrafa em casa, achei que seria uma boa companhia para o prato e deu certo, fiquei contente. O vinho tem passagem de seis meses por barricas americanas, mas acredito que sejam de segundo ou até, provavelmente, de terceiro uso pois a influência da madeira é pouco notada no conjunto que previlegia a fruta. Boa tipicidade num vinho que não busca complexidade, é franco, bem equilibrado, fresco, corpo leve mas não esquálido, fácil de agradar e que acho que vale os R$45/50,00 que encontrei por aí na internet.Um problema todavia, duvido que uma garrafa dê!! rs Por aqui fez falta a segunda.

salton paradoxo cabernet

Gostei, agora falta provar um Malbec que eles fizeram na terra dos hermanos e um Late Harvest, mas isso fica para uma outra oportunidade. Por enquanto é só, uma ótima semana para todos e seguimos nos vendo por aqui ou por aí, nessas esquinas de nossa vinosfera. kanimambo pela visita.

 

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Processos de Elaboração – Vinhos Rosé

Para elaboração de vinhos rosés existem basicamente três variáveis; Prensagem direta, Sangria e Blend de Tinto com Branco. As duas primeiras podem ser vistas no diagrama abaixo, porém o blend é algo proibido quase que no mundo inteiro com uma exceção oficial que é na elaboração de espumantes.

A cor e taninos do vinho está na película (casca) da uva então o que se busca é o menor contato desta com o mosto, obviamente dependendo do que o enólogo tem como objetivo. quanto mais tempo de contato, mais cor e mais taninos. Uma fila de diferentes rosés é um colírio para os olhos, uma infinita variação de tons de rosa!!

Tons de rosé - wine Folly

Prensagem direta como nos vinhos brancos. O vinho rosado de prensa é feito de uvas tintas esmagadas e a seguir prensadas com uma parcela dos pigmentos da casca sendo dissolvida no mosto. Neste caso, a intensidade da cor dependerá da intensidade da prensagem utilizada. O mosto rosado é então fermentado sob as mesmas condições do mosto de uvas brancas a baixas temperaturas e bem protegido de oxidação. Gera norlalmente vinhos de cor mais clara, maior acidez e aromas mais frescos.

Sangria – de maceração rápida ou curta, método em que se obtém vinhos de maior estrutura, de cor mais escura e eventualmente com alguma presença tânica, mesmo que leve. Neste caso, a maceração (contato do mosto com as cascas das uvas) é restrita a um curto período de tempo, de cerca de 10 a 18 horas podendo chegar até 24 horas, até atingir a extração de cor, corpo e sabores que o enólogo deseja. Após esse tempo, o tanque é “sangrado” para remover de um terço a um quarto de seu conteúdo para elaboração do rosé, e o restante segue para a produção de vinho tinto.

Produzindo Rosé - Vins de LoireVinhos rosés podem ser elaborados com uma infinidade de uvas tintas, tanto como varietais como em cortes, depende da criatividade de cada enólogo e região produtora. Lá se vão os tempos de vinhos fracos, desiquilibrados e mal feitos. Hoje os vinhos rosados estão na moda em função do grande aumento de qualidade havendo diversos ótimos vinhos no mercado seja para um aperitivo descompromissado com os amigos num happy hour, ou vinhos mais elaborados e requintados que acompanham muito bem uma refeição e são bastante gastronômicos. Harmonizam bem com saladas, frutos do mar, paella (obrigatório), carnes brancas (frango e peru), comida chinesa (especialmente com molhos agridoces), Ceviche, salmão grelhado, grande parceiro à culinária japonesa, lanches, etc.. Opte por buscar vinhos de menor teor alcoólico e boa acidez, tomando-os jovens (entre um a dois anos de garrafa), e bem refrescados entre 6 a 10º muito como você faria com um branco. Salute e kanimambo, explore todas as tonalidades, as opções são muitas!!

diversos 010

 

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Não Entendo, Só Gosto!

Tem hora para tudo, uma boa cerveja, um destilado, um drink o segredo é ser comedido pois tudo o que é exagero é condenável. Não sou xiita, curto meus fermentados, vinho e cerveja, porém volta e meia visito outras paradas e gosto de um bom scotch, uma certa queda por single malts e bourbons assim como um eventual gole ou dois (literalmente) de uma boa cachaça o que ocorre normalmente no final do dia e tradicionalmente quando estou mais tenso e o espírito pede algo mais potente para liberar o stress e garantir uma noite bem dormida (rs) . Hoje venho compartilhar, sem qualquer conhecimento mais profundo sobre a matéria a não ser “gosto/ não gosto”, dois destilados que ganhei de presente e curti demais, recomendo.
Sempre gostei de Kentucky Bourbon que é um pouco que nem Champagne, pois todo o Bourbon é Whiskey Angel´s envy porém nem todo Whiskey é Bourbon! Por um em especial sempre senti uma grande atração mesmo sem nunca o ter provado e por duas razões; a beleza da garrafa e o de ser finalizado em barricas velhas de Porto! Estou falando do Angel’s Envy que ganhei de presente de meus amigos Daniela e Sir Robert e que em breve virará garrafa de água para não esquecer nunca. Gente, que delicia, não perdi por esperar! É de uma cremosidade incrível, fino, um veludo na boca que se não nos segurarmos duas doses serão pouco e aqui há que se ser comedido porque o teor alcoólico é outro! O Bourbon obrigatoriamente não poderá ter menos de 40% (80 proof) de teor alcooólico e pode ir até 80% (160 proof), porém neste caso falo de 43% ou 86 Proof que é a medida usada por eles. Para este estilo de destilado, álcool baixo (rs), mas todo o cuidado é pouco. Como disse, só gosto, não dá para explicar nem descrever, mas quem quiser pode fuçar no link do site que é super legal e esta belezura ganhou 98 pontos da revista Wine Enthusiast que possui uma seção só de destilados. Ah, quem estiver por lá e  quiser me dar de presente não se acanhe não, como dá para ver pela foto a minha acabou!!

O outro foi uma oferenda dos amigos recentes Claudete & Gil, um destilado tupiniquim, a cachaça Capim Capim CheirosoCheiroso Topázio lá de Minas, mais precisamente de Santa Bárbara que passa 12 meses por tóneis de Jequitibá e Carvalho, chegando ao mercado em bonitas garrafas de 500ml . Boa demais essa cachaça sô e como diz o nome, muito aromática, cheirosinha memo! Uma garrafa dessas dura pelo menos um ano, mas como a ganhei há menos de três meses, até que esta está indo rapidin. Gostei tanto que, mesmo não trabalhando com destilados, penso e estou estudando a viabilidade de a incluir no portfolio da Vino & Sapore. Madeira muito bem usada, cor amarela tímida, saborosa, macia e elegante mesmo que potente (40%), coisa rara encontrar essa picância sem agressividade, classuda esta cachaça e você poderá conhecer um pouco mais dela clicando aqui para acessar o site do produtor. O que posso confidenciar é que aquelas duas pequenas doses, de que falei no inicio deste post, podem facilmente passar disso! rs Ontem fiz um teste, pequenos goles acompanhando um suculento prato de dobradinha, obra de meu amigo Claudio Lepera, não é que deu certo!!! Não pode se entusiasmar, mas ficou muito interessante.  Para ilustrar esta cachaça, afora a foto, me alembrei de uma Ode à Cachaça recitada pelo amigo Denis Marconi (versos de Reginaldo Clarindo Dutra) em uma já distante e saudosa viagem por terras argentinas com a qual finalizo este diferente post de hoje. Kanimambo pela visita e saúde!
Saracura vá te embora Tua terra já choveu
A mandioca de Janeiro Tatú Teba já comeu.
Se for por engano vá
Se for para abaixar a minha alta prosopopéia
Dar-lhe ei um chá de canela.
Cachaça é uma moça branca filha de um homem trigueiro
Quem encafifa com ela nunca junta dinheiro.
Desce desgraçada! 

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Processos de Elaboração – Vinhos Brancos

Numa imagem podemos encontrar um monte de respostas! Andei pesquisando para um curso que estou montando e me deparei com algumas imagens muito bacanas sobre o o processo de elaboração de diversos estilos de vinho, didáticas e auto explicativas, que decidi compartilhar com os amigos durante as próximas duas semanas intercalando com comentários sobre alguns vinhos provados e noticias do mundo do vinho. Afinal, o objetivo é sempre de simplificar e desmistificar nossa vinosfera, então espero que curtam e os diagramas vos ajudem com algumas respostas a dúvidas que possam ter.

Para quem tem curiosidade como é a elaboração de vinhos brancos, veja abaixo.

poster sobre elaboração de vinhos brancos

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Abreu Garcia Chardonnay e Fondue de Queijo

O inverno está aí e começou cedo, então a temporada de Fondue se alonga este ano! Eu gosto de curtir o friozinho me saciando com um gostoso fondue de queijo, um saboroso vinho e, para quem pode, o calor de uma lareira acesa e a companhia certa, poucas coisas são tão gostosas e tão fondue1românticas, é uma ótima pedida para os próximos dias. Fondue, originário da Suiça e outrora muito elitista em nossas terras tupiniquins, sempre foi algo muito corriqueiro em países europeus de inverno mais rigoroso e, aqui, começa a ganhar um status diferenciado até porque não exige grande conhecimento para elaborá-lo e tão pouco é caro. Com os pacotes prontos para uso e de custo bastante baixo, basta comprar um kit para fondue e começar a curtir sem grandes gastos e, ainda por cima, tem aquele tempero especial quando “harmonizado” a dois. Um pacotinho desses de fondue de queijo, os puristas vão se revoltar mas é bem mais prático e bom, serve duas pessoas numa boa e, se quiser algo mais, complete com um de chocolate e frutas, bom demais! Eu tenho sempre umas caixinha dessas na despensa, nunca se sabe quando dá vontade, então …..

Na hora do fondue sempre fica uma pergunta, que vinho tomar? No de carne é fácil; vai-se de tintos, macios, taninos sedosos e “amistosos” ausentes de adstringência mais acentuada (salvo se molhos muito fortes forem usados) e, na minha opinião, não tem conversa!fondue2 Quanto ao de queijo, há seguidores tanto do branco como do tinto e a “regra” diz que vinhos brancos são os melhores acompanhamentos para queijos, mas  como disse há dias, não esquente siga seu gosto. Eu aprecio os dois, depende do dia, do que está à mão e da vontade, desta feita achei por bem abrir um branco apesar de que muitas vezes abro um tinto. Como gosto de variar e estava querendo testar essa harmonização, como dizia o Jânio, fi-lo porque qui-lo! rs Minha sugestão quando harmonizando Fondue de Queijo com brancos, é evitar aqueles muito cítricos e florais que, tradicionalmente, são mais companheiros para frituras, preferindo aqueles um pouco mais untuosos e de maior estrutura devendo ser tomados frescos, mas não gelados.

Desta feita fui de um vinho nacional, de Santa Catarina obviamente (rs), que gostei muito e me empolguei tanto que acabei não tirando foto do conjunto da obra, mas ficou bão demais! Vem do Planalto Serrano Catarinense a cerca de 1000 metros de altitude em Campo Belo do Sul, próximo a Lages. Foi um Abreu Garcia Chardonnay 2015 sem passagem por madeira que não fez nenhuma falta por aqui. O vinho mostra complexidade, boa tipicidade e é untuoso o bastante para enfrentar o Fondue sem passar por cima, notas lácteas, fruta balanceada, acidez boa e bem integrada ao conjunto fazendo um contraponto harmonioso, tendo se ajustado bem ao Fondue (usei Tigre) gerando uma harmonização muito equilibrada. Na próxima mato a cobra e mostro o pau, prometo, e aí substituo a foto. A madeira pode matar tudo desbalanceando o conjunto, para meu gosto deixemos claro, então cuidado caso opte por um vinho com passagem por barrica, pois deve ser bem sutil. Enfim, me dei bem e minha loira aprovou, o que também é importante, se não o mais importante!!

Abreu Garcia Chardonnay

Como costumo frisar, não precisamos gastar rios de dinheiro para curtir momentos destes apesar de que, se alguém quiser fazer bonito e tiver bala na agulha, existem inúmeras opções muito saborosas com preços mais altos. Lareira, Vinho, Fondue, Pão, não deu 120 pratas, certamente repetirei em breve!! Saúde, kanimambo pela visita e apesar dos Dia dos namorados ter sido em Junho, agora é que está bom para namorar, então se esquentem!!

Vinho, Curtindo a Viagem Sem Frescuras!

Existem mitos criados sob o mundo do vinho que atrapalham mais do que ajudam os aficionados de nossa vinosfera, especialmente quando estes começam a trilhar um caminho de maior dedicação a Baco. Venho pensando em escrever sobre isto já faz um wine Snobtempinho, o assunto é polêmico e podes ser mal interpretado, “but what the hell”! Chega de esnobismo no mundo vinho, de o complicar, vamos curtir!

Acredito que muitas vezes por imposição de críticos e colunistas pelo mundo afora, até produtores, que ficam rebuscando suas descrições de determinados vinhos o consumidor tende a ficar inibido e até constrangido quando lê e, especialmente, quando escuta o detalhamento de aromas e sabores mil! Sentimos que jamais chegaremos nesse nível, que somos ignorantes no entendimento do vinho e não tem estudo que consiga nos fazer chegar lá, dá uma certa frustração, não dá? Daí eu me pergunto, importa??

Canso de ler da necessidade de democratizar o vinho, de desmistificar, de quebrar paradigmas, mas não é bem isso que vejo não! Acho salutar querer conhecer mais, sentir mais, entender mais para aproveitar mais! Agora, não deixemos que isso vire uma obsessão porque isso não é essencial, é somente um plus em nossas vidas de enófilo que requer sim, na minha opinião, outro tipo de conhecimento. O de conhecer as uvas, os países e regiões, até os enólogos para melhor poder comprar o que é de nosso gosto. Por necessidade da profissão, provo de tudo e gosto de conhecer tudo, mas o consumidor médio que não faz disso sua profissão precisa mesmo de saber tudo isso? Você compra um vinho porque tem sabor de fruta vermelha fresca ou de fruta madura? Porque possui aromas de flores brancas molhadas pelo orvalho da manhã? Será que se compra vinho pelo nariz ou pelo tipo de diálogo que ele tem consigo na boca? Como ele combina, eventualmente, com o que você vai servir de prato?

Sei que é um tema algo polêmico, porém sou um seguidor de um conceito exposto Aubert-de-Villaine-1-docpor Aubert de Villaine mesmo sem nunca ter tomado um de seus vinhos, exceção feita a um Aligoté há muitos anos atrás. Para quem não sabe, esse senhor é sócio diretor “apenas” de uma vinícola que produz alguns dos melhores e mais caros vinhos do mundo, o Domaine de Romanée Conti em Borgonha na França. Disse ele aqui no Brasil em uma entrevista à revista Veja alguns anos atrás: “Não fico surpreso que as pessoas não identifiquem estes aromas todos nos vinhos que compram. Eu mesmo não sou capaz de reconhecê-los. Aliás, acho muito aborrecido. Não estou interessado nisso, e sim na personalidade do vinho.” Tendo dito isso, não deixo de achar válido que uma pessoa queira explorar esse sentido e para tanto se dedique na busca do conhecimento para tal, só acho que não devemos extrapolar o valor que isso tem para se desfrutar de um vinho.

A meu ver, e tento ser um guia nesse sentido, devemos sim é entender o que são; taninos, amargor, doçura e acidez. O que é um vinho dito gastrônomico, o que são; intensidade, estrutura, peso, persistência, pois de nada adianta, por mais que haja a necessidade de também possuir aromas convidativos, o vinho “cheirar” bem porém negar na boca enquanto o inverso é perfeitamente aceitável. Existem vinhos, por outro lado, que um não sabe se bebe ou se funga e já me peguei com uma taça vazia na mão curtindo os aromas de um vinho por horas após o mesmo ter terminado, normalmente vinhos divinos, de reflexão. Não tentei decifrar seus aromas, mas simplesmente curti as sensações que despertavam em mim, creio que falta um pouco disso na vida de muito enófilos, simplesmente curtir o momento, a taça, sem frescura sem nos tornarmos obcecados em dissecar o vinho! Afinal, como já disse o poeta, “Navegar é Preciso”.

Aliás, essa obsessão pode também se tornar um martírio (rs) e uma tremenda frustração quando um não consegue sentir os aromas e sabores (outro paradigma a se repensar) descritos pelo produtor, apresentador, colunista ou especialista que descreve tão vividamente o vinho. Gente, o vinho é algo pessoal, tratamos aqui de gosto! Como profissional podemos e muitas vezes temos que analisar um vinho e avaliá-lo tecnicamente, porém a degustação geral dos enófilos parte essencialmente de seu gosto pessoal. Eu tenho que, pelo menos tento, ser o mais imparcial possível em minhas análise e avaliações pois o oficio assim o requer, agora o enófilo tem é que curtir o que gosta e explorar sabores e aromas que ele curta, ponto! Nesse sentido, razão que motivou este post, me deliciei com um postAlejandro recentemente publicado pelo conceituado enólogo argentino (um dos top 30 do mundo) Alejandro Vigil; “Los vinos para cada persona significan algo distinto (diferente), siente algo distinto, ven cosas distinta. Cada quien (qual) sentirá la mineralidad , verticalidad , frutas rojas o negras, para otros simplemente le gustara o no. Pero nadie (ninguém) puede decirte a vos que sentís o que piensas. El vino por definición es plural y diverso, nadie tiene la última palabra es tus gustos y sensaciones, solo vos !” Tudo a ver, disse tudo o que há anos não canso de falar, mas quando os mestres falam são mais ouvidos, então…

Minha mensagem nesta fria manhã de inverno aqui em São Paulo, é de compartilhar com os amigos a necessidade de curtir a viagem! Estude, conheça, busque, mas sem obsessões que atrapalhem essa viagem. Afinal, como já dizia o saudoso Saul Galvão saul 11(adoro esta citação dele), um dos meus mentores que faz uma falta danada nesta pequena vinosfera tupiniquim repleta de grandes entendedores andando de salto XV, “Quando se fala em vinhos, NUNCA há uma palavra final, mas sim opiniões, que podem ou não ser bem sustentadas. Só uma opinião importa, a sua. O vinho só existe para dar prazer. Se ele deu prazer, cumpriu sua função, independentemente de regras cânones e opiniões alheias. Costumo dizer que o vinho precisa descer do pedestal no qual foi colocado por alguns esnobes e pretensos entendedores e ser colocado em seu lugar, que é o copo. Nada mais chato que um esnobe do vinho, que fala pomposamente, como se ele fosse o único ungido a entender termos herméticos.” Agora, muitos deles têm mesmo é que valorizar seus cachés então o complicar tem lá sua razões, mas creio que nos finalmente acabam prestando mesmo é um desserviço ao enófilo, ao simpatizante da causa, ao consumidor. No vinho, como em muitas outras coisas e situações, acabo seguindo o preceito de menos é mais!

Pessoalmente, acredito que a democratização do vinho vem com a quebra de um monte de paradigmas, a eliminação da frescura e derrubada do esnobismo, assim como melhores preços, que se fazem necessários para que possamos facilitar seu entendimento e tirá-lo do pedestal onde alguns insistem em colocá-lo. Como repito à exaustão, o mundo regido por Baco não é binário, não pretende ser uma ciência exata já que é pleno de subjetividades e nele não existem verdades absolutas, há que se desmistificar nossa vinosfera e viver o momento, curtir a viagem. Não se sinta por fora, afinal compartilhar idéias com gente do porte de Saul Galvão, Aubert de Villaine e Alejandro Vigil não é para qualquer um! Uma ótima semana de belas “viagens”, kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui, na Vino & Sapore ou qualquer outro lugar de nossa vinosfera.

Mistral Wine Show!

Eles chamam de Encontro de Vinhos Mistral, mas eu acho que é show mesmo, então como o campo e a bola são minhas, chamo do que quero! rs Gente, brincadeiras à parte, chorei no segundo dia porque o compromisso que eu tinha à noite (me tirando do Encontro) acabou não Encontro mistral 2016vingando, porém já eram 18:30 e não rolava mais ir até Sampa naquele horário. Uma pena, porque o segundo dia seria dedicado aos tintos e alguns vinhos de sobremesa aos quais não tive tempo de me dedicar no primeiro e único dia de garimpo por essas águas tão férteis do rico portfolio da empresa. Quatro horas é nada para conseguir desvendar e conhecer a tão diversa flora que a empresa expôs nesse dia. Pena que é só a cada dois anos e ainda por cima perdemos um dia do que era usual.

Desta forma acabei me concentrando nos vinhos brancos, um estilo extremamente versátil de vinhos que me encanta por suas sutilezas e diversidade tanto que há tempos cunhei a frase de que os “brancos são a pós-graduação em vinhos”! rs No face adiantei alguma coisa para quem estava ainda por ir, com algumas dicas, porém hoje compartilho aqui um poucos dessa experiência com os meus destaques. Como tenho muitos leitores no exterior e especialmente em Portugal, vou mencionar aqui os preços em USD (política comercial da Mistral) só para verem como sofremos por estas bandas, especialmente após o aumento insano do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) que chega a porcentuais estratosféricos de 1000, 2000, 3000% sobre o que era cobrado! Coisa de loucos o que faz tomar grandes vinhos ser um privilégio para poucos em terras brasilis!

Soalheiro (Minho/Portugal) – Logo na entrada fui mui gentilmente recebido por este que é um dos meus produtores preferidos do Minho, região dos vinhos verdes. Nada mal para começar a tarde!

Soalheiro Alvarinho clássico, um vinho que dispensa apresentações e se pudesse teria às caixas aqui em casa! Inebriante, para dizer o mínimo,vivo, fresco, vibrante, um exemplo do que essa uva pode gerar nas mãos certas. Um ícone português e da região, um vinho que me deixa feliz! USD46,90

Soalheiro Reserva, este eu não conhecia e gostei demais do encontro, quero repetir só que desta vez sem provar, quero tomar mesmo! Vinhaço, deixou de ser inebriante para se tornar num vinho de meditação, para tomar nas calmas . As uvas são de produção orgânica (Biológica como eles dizem por lá), fermentado em barrica e mais um ano de afinamento em barricas usadas. A madeira é muito sútil estando lá para realmente dar suporte ao vinho, não para se sobrepor até porque aí não há nada a esconder. belo inicio e ainda preciso visitar o produtor, um caso antigo de amor (!), show na minha modesta opinião! USD92,50

Wilhelm Bründelmayer (Áustria), a Gruner Veldliner é a uva da região, mas os Rieslings também são muito bons e um em especial me surpreendeu.

Gruner Veltliner Kamptaler Terrasen – apesar de ter provado L. Berg Vogelsang que é superior em preço e muito bom, o que mais me entusiasmou foi este. Seco (trocken), fresco, saboroso, leve porém sem ser esquálido o que não é incomum nos vinhos elaborados com esta uva. Muito bom vinho. USD56,90

Riesling Kamptaler Terrasen – Belo exemplar de riesling, bem seco e complexo, mineral padrão muita tipicidade da uva e estilo mais puxado para Alsácia do que para Mosel e certamente um vinho que gostaria de acompanhar com Eisbein, eh, eh! USD56,90

Alois Kracher (Áustria) – o rei dos vinhos doces mas o foco aqui foi em seus outros vinhos. ia voltar para os doces que dizem rivalizar com os Sautern, mas não deu tempo! Aqui gostei muito de dois vinhos, um rosé e um branco que me chamaram a atenção.

Illmitz Pinot Gris – enorme surpresa, me seduziu este vinho. Ótima paleta aromática, bem seco de boca, rico e complexo, boa tipicidade da casta, longo, um vinho que deixa lembranças e pede bis. Mais um que precisarei tomar, fiquei com água na boca! USD39,50

Ilmitz Rosé – elaborado com uma uva que pouco conhecemos, Zweigelt (dois dinheiros?! rs). Provei o tinto com esta uva e não fez minha cabeça, porém vinificado em rosé me satisfez muito. Sua mais marcante característica é ser um vinho ao mesmo tempo leve e fresco, porém bem seco, com toques de grapefruit no final de boca. USD34,90

Alvaro de Castro, vulgo Quinta da Pellada (rs) (Dão/Portugal)

Encruzado 2012 – Gordo, equilibrado, fresco, complexo, um notável exemplar dessa grande casta do Dão! USD47,90

Primus 2013 – grande e nobre vinho branco português, um field blend em que despontam a encruzado e bical porém é composto de diversas outras castas. Encorpado, seco, untuoso, fino, muito boa acidez, estilo algo borgonhês Meursault (?), intenso, baita vinho para tomar nas calmas, curtindo cada gole! Vinho para guardar, um branco que precisa de tempo. USD139

Tasca d’Almerita (Sicilia/Itália)

Inzolia Sallier de la Tour – uma casta autóctone como várias desta vinícola ilha! Muito fresco, floral nos aromas, saboroso de boca, fácil de gostar, bom vinho. USD32,90

Regaleali Bianco – um blend de três uvas autóctones da ilha, Inzolia, Catarrato e Grecanico, esta última uma variação da Garganega da região de Soave (norte da Itália),marcante e delicioso, já me dei soltando um uau assim sem querer! Belo vinho, um que preciso rever e tomar com calma, gostei demais. USD33,5

Chardonnay – embarquei numa outra dimensão, vinhaço! Gordo, rico, complexo fermentado em barrica mais 8 meses de maturação nelas, chega tomando conta da boca e nariz com uma madeira extremamente bem colocada sem passar em nenhum momento pela fruta abundante. Na minha wish list, um chardonnay de primeira!! USD99,90

Lungarotti (Umbria/Itália) –

Pinot Grigio – a Trebiano e a Grechetto fazem a festa por aqui, mas este vinho me surpreendeu com ótima acidez e um forte mineral que marca presença em boca. Muito bom. USD31,90

Grechetto – um vinho bem seco, sério (pode?), persistente, boa estrutura, pensei num prato mais robusto para acompanhar, bom. USD33,50

Torre di Giano – delicioso blend de Trebbiano com Gechetto e, pelo que me falaram por lá porém não aparece na ficha técnica, um tico de vermentino. Ótima textura de boca, aromático, fresco, boa persistência, muito bom! USD35,50

Torre di Giano Vigna il Pino – o mesmo blend acima porém fermentado em barrica (30%) e com passagem de seis meses em barricas de vários usos. Um vinho complexo e atraente com grande capacidade de envelhecimento. Este 2011 estava ainda muito vivo! USD75,90

Viña Garces Silva -Amayna (Chile)

Boya – é a nova linha da bodega e mais em conta. Mais importante na minha opinião, sem madeira e mais equilibrados. Provei o bom Sauvignon Blanc, mas me empolguei mesmo foi com o Chardonnay que passa 12 meses sur lie em tanques de inox, delicia!! USD31,90

Ernesto Catena – Alma Negra e Animal (Argentina)

Alma Negra Misterio branco – um blend de Viognier com Chardonnay que já apontei aqui no blog como um dos mais marcantes brancos argentinos e que só agora a Mistral decidiu trazer. Mudaram o blend pois o chardonnay tomou conta e o que tomei por lá a Viognier ditava o ritmo. Gosto mais quando a Viognier está mais presente, porém segue sendo um belo vinho! USD36,50

El Enemigo – Argentina

Chardonnay – um grande vinho sem dúvida alguma! repito o que já falei aqui quando postei sobre vinhos brancos argentinos, “O vinhedo está em Gualtallary o que já é um plus em função da altitude que lhe aporta excelente acidez e boa dose de mineralidade. Doze meses em barricas francesas só 35% novas, sem battonage deixando as leveduras criar “flor” (um tipo de véu sobre o mosto) resultando em complexidade de aromas, bom corpo, um chardonnay diferenciado e cativante”. Maravilha! USD35,90

São “apenas” 18 vinhos brancos em destaque. Para quem gosta do estilo, muita coisa boa para curtir e descobrir com vinhos para os mais diversos bolsos e gostos. Viaje, não se acanhe, explore novos sabores pois isso é que faz o verdadeiro enófilo! rs Kanimambo e um ótimo fim de semana para todos. Semana que vem tem mais e assim que der dou uns pitacos sobre alguns dos poucos tintos provados.