João Filipe Clemente

Conheça as Castas do Douro.

Impossível para nós pobres mortais amantes de Baco conhecê-las todas porque o Douro é a região DOC do mundo, com mais variedades de uvas homologadas. São, mais de cem variedades de uvas , todas autorizadas pelo Instituto do Vinho do Douro e Porto. Uma enormidade de uvas a escolher não sendo, portanto, à toa que volta e meia nos deparemos com um vinho de uva totalmente desconhecida para a maioria de nós.

Hoje em dia, a tendência para as recentes plantações está voltada principalmente para cinco castas tintas (Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Tinto Cão e Tinta Roriz) e cinco variedades de uvas brancas (Malvasia Fina, Gouveio, Viosinho, Códega e Malvasia Rei), ambos utilizados para a vinificação de vinho do Porto e vinhos tranquilos. Existem 29 variedades de castas recomendadas na legislação, estas 29 variedades são divididas em dois grupos, o primeiro deve ser usado em pelo menos 60% do vinho (blend de castas diferentes). A composição dessas uvas no blend elaborado, a maioria dos vinhos, compõem o famoso corte duriense tão importante quanto o tal do bordalês, só que mais complexo por unirem mais castas! rs Brincadeiras à parte, lembro que o Douro é a primeira DOC do mundo datada de 1756 criada pelo Marquês de Pombal para assegurar a qualidade dos Vinhos do Porto.

As uvas do segundo grupo devem ser usadas em um máximo de 40% do blend. Finalmente, um terceiro grupo, cuja castas podem ser adicionadas aos grupos anteriores, ” castas autorizadas ”  … algumas dezenas, no final podem facilmente atingir as 100. 

As características das principais castas tintas utilizadas: 

Touriga Nacional – No passado, foi uma casta bastante evitada por causa do baixo rendimento e muito frágil em relação a doenças das videiras.Atualmente, representa apenas 2,5% da área plantada, mas é a única que está sendo usada como mono-varietal na produção de vinhos tranquilos, devido à sua complexidade e elegância, os aromas característicos são: ameixas, cassis e violetas. Taninos doces e extremamente concentrados, grande capacidade de envelhecimento, é portanto, uma casta obrigatória no blend dos Vintage.

 Touriga Franca – É a mais plantada na região do Douro Superior, por causa da resistência a diferentes condições climatéricas, esta casta origina vinhos vigorosos, com frutas negras notas e notas florais, como rosas. Apresenta uma boa capacidade de estágio dos vinhos. É comum estabelecer-se uma associação entre o seu bom desenvolvimento durante o ano e uma boa declaração de Vintage . 

Tinta Roriz – também conhecida como Aragonêz no Alentejo e Tempranillo em Espanha, esta casta é caracterizada pela alta qualidade e rendimento. Esta variedade oferece uma mistura de geleia de frutas negras e especiarias, oferece alto teor alcoólico . 

Tinta Barroca – datada do século XVII, é caracterizada pelo bom rendimento, média intensidade, taninos sedosos, aromas doces e frutados de cerejas e ameixas, alto teor alcoólico . É normalmente a primeira casta tinta a ser vindimada, adquirindo mais cedo do que todos as outras, o pico de maturação. É plantada nas regiões do Baixo e Cima Corgo, uma vez que em áreas mais quentes, como no Douro Superior, irá certamente desidratar.

Tinto Cão – Tradicionalmente, origina vinhos mais leves, de baixa intensidade em cor, com aromas elegantes a frutos vermelhos, especiarias e perfil floral, embora para vinhos envelhecidos, esta casta se revele bastante importante, mostrando uma enorme resistência à oxidação. 

Tinta Amarela – Facilmente encontrada no Baixo Corgo, é de difícil plantação, devido à sua fragilidade em resistir às doenças das videiras, no entanto, oferece bastante intensidade em cor e aromas, muitos aromas frutados, com notas vegetais e uma boa capacidade para vinhos de guarda. Esta casta é amplamente plantada no Alentejo, onde é conhecida como Trincadeira. Em outras regiões vitivinícolas portuguesas é ainda conhecida como: Espadeiro (presente nos rosés do Minho), Crato Preto, Mortágua, Murteira ou Rabo de Ovelha Tinto. 

 Normalmente, as castas brancas são plantadas em áreas mais frescas e com alto relevo. As características das principais castas brancas utilizadas:

Malvasia Fina – Esta variedade de uva produz vinhos muito refinados, frutados e encorpados. É cultivada em algumas regiões vitivinícolas portuguesas, como a ilha da Madeira. É praticamente considerada como obrigatória no que toca á produção de vinhos do Porto e Douro brancos

Gouveio – É cultivada em algumas regiões vitivinícolas portuguesas, como a ilha da Madeira, onde ele é conhecida como Verdelho. Produz vinhos aromáticos (aromas de maçã), textura suave, boa acidez e concentração de açúcar.

Viosinho – É uma casta com baixa produtividade, mas muita qualidade, oferece estrutura e intensidade aromática, é habitualmente misturada com Malvasia Fina no blend dos vinhos do Porto brancos . 

Códega – Uma casta muito antiga, hoje em dia é a casta branca com mais área plantada na região duriense, altamente produtiva, origina vinhos com alto teor alcoólico e baixa acidez. 

Malvasia Rei – Casta altamente produtiva, embora resulte em vinhos com falta de riqueza aromática e complexidade, geralmente é utilizada em associação com outras variedades de uvas brancas 

Kanimamambo pela visita, saúde e boa semana

Cheers, Santé, Prosit, Salud

Fonte: C. da Silva produtor duriense http://www.cdasilva.pt/quemsomos

Vivendo e Aprendendo!

Por mais que tenhamos litragem e anos nas costas, a vida é um eterno aprendizado e este encontro com o Jean Claude Cara e os vinhos da Cavisteria , hora disponíveis on-line na Vinho Clic e fisicamente (alguns) na Vino & Sapore, foi um desses momentos.

Tenho que confessar que não sou um expert em Borgonha, região que sempre achei muito complicada e onde já tomei os maiores tombos, já que nem tudo que brilha é ouro, devido aos preços tradicionalmente na estratosfera e o que cabe no bolso da maioria de nós pobres mortais na maior parte das vezes deixa a desejar. Não existe, pelo menos nunca passou por minha taça, Borgonha bom e barato, especialmente por aqui com nossa dolorosa realidade de preços. Se falarmos de premier Cru e Grand Cru então, aí haja bolso!! Entre outras coisas fiquei feliz porque provei, em minha humilde opinião, alguns muito bons vinhos com preços, dentro da realidade borgonhesa tupiniquim, bem razoáveis apesar de ainda seguirem não sendo para todos os bolsos, mas já dá para eventuais escapadas ao orçamento! rs Dica para quem não tem o bolso tão gordo assim, divida uma meia dúzia de rótulos com confrades, eu vou nessa.

O Jean Claude é um especialista em vinhos antigos, especialmente nos da Borgonha onde vive a maior parte do tempo. Como um bom Caviste, busca vinhos tradicionais, de pequenos produtores fora do main stream e possui uma vasta coleção de vinhos centenários e raros em sua cave em Beaune. Neste projeto, trouxe alguns dos vinhos mais acessíveis, uns para guardar outros prontos a tomar de alguns desses pequenos produtores. De R$140 a 1900,00 e algo mais, uma seleção de vinhos dos quais tive o privilégio, junto com alguns poucos amigos convidados, de provar numa agradável noite no Loma Casa & Café lá em Moema. Por sinal, lindo o lugar, um misto de; antiquário, objetos de decoração,acessórios e obviamente café e quitutes!

Na prova;  um Aligoté mais jovem, dois Borgonhas tintos e finalizamos com um Mersault que mexeu comigo, tinha que ser branco!! rs Para encerrar uma noite muito educativa, foi servido um delicioso Bouef-Bourguignon acompanhado de outra de suas criações, um Elephant Rouge sobre o qual já comentei aqui e é um projeto local com a Villaggio Grando em Santa Catarina. Antes de falar dos vinhos, bem resumidamente porque há coisas difíceis de descrever, deixa eu compartilhar um pouco desta experiência e aula dada pelo Jean Claude

> Vinhos elaborados pelo método ancestral, velha guarda, tradicionalista, vinhos de longa guarda. Colheita manual, longa maceração (4 a 5 semanas) , fermentação malolática em barricas novas com estágio de 18 a 24 meses com battonage, engarrafados sem filtrar. Os mais velhos, tomar a 18ºC, nada de refrescar. Na prática fez todo o sentido.

> Brancos encorpados, longevos, prensagem mecânica e não pneumática, para tomar a 12ºC e os mais encorpados e antigos a 16º. Os vinhos mais tecnológicos, modernos, “mexidos” para agradar se degradam com 8 a 10 anos, já estes tradicionais seguem evoluindo por muitos mais anos. Provamos um 2001 divino!

> Leveduras indígenas são de uso padrão.

> Borgonha é ano, não rótulo. O mesmo produtor, com as mesmas uvas, com o mesmo processo de produção, elaborará vinhos diferentes ano após devido às mudanças climáticas entre os anos que alteram sobremaneira os vinhos e que, por sua vez, evoluirão de forma diferente ao longo de suas longas vidas. Não deixa de ser uma verdade genérica para regiões onde as mudanças climáticas podem mudar radicalmente de ano para ano, algo menos comum por aqui na Argentina e Chile, porém é algo a se pensar. O método tradicional, ou ancestral como o Jean Claude gosta de o chamar, intensifica essas diferenças pois não possuem “maquiagem”.

Domaine Remoriquet Gilles Aligoté 2016, este foi o primeiro vinho provado, uva branca pouco conhecida entre nós e que sempre que provo me surpreendo muito positivamente. Imperceptíveis 12 meses de barrica, boa estrutura de boca, notas sutis herbáceas, bom volume e de uma persistência incrível. Para beber já e guardar, porque vai evoluir.

Jayer-Gilles Cotes de Nuit Village 2011, cereja nos aromas, acidez bem presente, complexo meio de boca, taninos finos e um longo final. Vinho que deverá evoluir muito nos próximos três a quatro anos, já extremamente sedutor.

Vincent Bouzerau Beaune 1er Cru les Pertuzoits 1999, um jovem adulto de 20 anos vendendo saúde! Envolvente, sua entrada é arrebatadora toma conta da boca e de nossos sentidos, framboesa, sous bois, algo de couro, vinho para mais 10, 20 anos e de acordo com o Jean Claude, muito mais. Como tenho 65 anos, tomo agora e em 5!! rs

Guy Boucard Meursault Charmes 1er Cru 2001, soberbo para terminar a prova e comprovar a fama de grandes Chardonnays da AOC e eu, para variar, gamei. “Só” um adolescente atingindo a maioridade e com uma vida pela frente com seus 24 messes de barrica francesa nova, servido a 16ºC, foi exuberante. Algo salino, alguma untuosidade, parece doce (mel/caramelo) mas não é (pode isso Arnaldo?), nutty, cítrico mostrando notas de limão siciliano bem presente, ótima textura, final de boca algo mineral que não termina nunca, um vinho literalmente egoístico, daqueles para tomar solo (máximo mais um! rs) e com calma, apreciando cada gota do néctar e descobrindo sensações no “decorrer” da garrafa enquanto pensamos em quanto a vida pode ser bela!

Esses e outros vinhos, uma bela seleção imagino só pela mostra provada, já estão disponíveis na Vinho Clic e eu já armei uma degustação de cinco deles na Confraria Saca Rolha com os vinhos que estão na Vino & Sapore, uma boa forma de descobrir esse mundo “novo” de uma Borgonha ancestral, que são vinhos diferenciados, pelo menos do que estou habituado a tomar da região, disso não me restam duvidas. Gostei do que vi e provei, faça você seu próprio juízo de valor provando e comparando alguns desses rótulos, eu vou fazer isso! rs Melhor ainda, coloque junto um vinho similar de marca mais conhecida de grande produtor (tecnológico?), prove tudo ás cegas e sinta, ou não, as diferenças entre eles.

Kanimambo pela visita, saúde e aproveitem o fim de semana tomando bons vinhos em boa companhia. Se faltar bom vinho posso ajudar, já a companhia, bem essa você terá que se virar ou me chama!! rs

Cheers, prosit, salud, salute

Balthasar Ress Riesling Trocken, Gostei!

Dificuldade danada de encontrar um Riesling minimamente com qualidade a um preço razoável, já nem falo barato porque os vinhos alemães não primam por preços acessíveis, especialmente em terras brasilis. Este gostei bastante, numa faixa de gama de entrada o vinho satisfaz tanto em qualidade como em preço, eureca!

É um vinho da gama de entrada dos vinhos alemães (vinhos de mesa) que têm uma classificação algo diferente e bastante desconhecida da maioria dos seguidores de Baco, então aproveito para colocar aqui o gráfico para uma melhor apreciação e clicando neste link você acessa um artigo da Wine Folly (em inglês!), explicando o que é o quê, mas desde já dando um toque, Trocken quer dizer seco.

Bem, voltando ao vinho, não se deixe levar pelo fato de ele ser um “vinho de mesa”, porque queria eu tomar um vinho de mesa assim todo o dia! A Riesling, em função de sua grande acidez, envelhece muito bem e este exemplar jovem, segue muito jovem mesmo com três anos de sua colheita. Leve, mas sem perder sabor, nectarina, notas petrolatas (existe essa palavra? rs) sutis demonstram sua vibrante mineralidade, um vinho que dá enorme prazer tomar. Deve ser um grande companheiro para frutos do mar grelhados, vieiras, pratos da culinária japonesa e peruana, mas eu me diverti mesmo foi com umas torradinhas e queijo Lua Cheia da Serra das Antas, uma iguaria que casou à perfeição.

Com preço variando entre 113 a 130 reais, vale cada centavo em nossa realidade tupiniquim e certamente visitará minha taça mais vezes especialmente agora que a primavera se aproxima com um calor intenso. Tempo para desfrutar de pratos leves e vinhos idem, sem perder qualidade nem sabor, gostei e recomendo!

Kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui ou por aí em qualquer lugar desta nossa imensa vinosfera. Aliás, aproveito para pedir aqueles que receberam um questionário de pesquisa meu, que por favor o respondam. Sei que é um pé, mas me ajudariam sobremaneira e fico desde já muito agradecido se o fizerem. Se não receberem e quiserem me ajudar com seu voluntariado, rs, me avisem nos comentários abaixo que darei um jeito de vos enviar. Saúde

Cha-Cha-Cha e Intacto.

Mensalmente me dedico a fuçar bons vinhos e preços idem para compartilhar com meus confrades e confreiras da Frutos do Garimpo. Em Agosto, escolhi dois vinhos argentinos da Cara Sucia, que já comentei aqui, porém tinham ficado mais dois por comentar que agora compartilho com os amigos aqui de Falando de Vinhos.

Cha-Cha-Cha, um corte de GarnaCHA Blanca, de MurCHAnte com CHArdonnay. Um vinho de verão, porém com uma pegada de boca mais presente, mais corpo uma característica aportada pela Garnacha blanca, e a chardonnay lhe traz uma paleta olfativa mais complexa, notas cítricas e frutos brancos, muito bom com um arroz de frutos do mar e azafrão, Bifum de Camarão ao Curry, a diversidade é grande. Um vinho vibrante com ótima acidez e final de boca longo para ser tomado ao redor de 8º C que é quando melhor se expressa. Marcante, é um vinho bastante gastronômico e sedutor, que tende a nos surpreender desde a primeira fungada. No nariz algumas notas mais doces que não se confirmam em boca, muito bom e o preço idem, abaixo dos 90 Reais.

Intacto Gran Reserva Petit Verdot, do Vale do Rapel no Chile, um varietal com passagem de 10 meses por barrica francesas de 500 litros usada de terceiro uso. Tipicamente de boa estrutura, porém de taninos surpreendentemente sedosos, frutos negros, notas de especiarias e algo floral, rico meio de boca, final algo mineral de boa persistência. Apenas 700 garrafas produzidas, uma barrica, por uma minúscula bodega chamada “3 Mosqueteros” que nem no mapa aparece! rs A Petit Verdot 100% costuma ser algo mais potente e também vem com uma etiqueta de preços algo mais alto, este consegue se mostrar diferente sem perder a tipicidade. Para um vinho com esta uva e com a pequena produção, o preço na casa dos 110 Reais surpreende muito favoravelmente.

Kanimambo, saúde e uma ótima semana ficando a dica:

Tenha seus portos seguros, mas volta e meia solte suas amarras e navegue por outros mares porque existe coisa demais em nossa vinosfera por descobrir!

Cara Sucia, Gostei!

Gostei, ponto! Aliás, gostei muito porque me deram enorme prazer tomar e me deixaram feliz. Afinal, o que é esse tal de Cara Sucia? Cara Sucia é um projeto dos irmãos Durigutti que dispensam apresentações, produtores de vinho em Lujan de Cuyo (Las Compuertas), Mendoza numa bodega inicialmente criada em 1959 e comprada pelos irmão em 2008. Na época essa bodega tinha uma capacidade para algo ao redor de 700 mil litros, mas a família já elevou essa capacidade para mais de 2 milhões. Seus vinhos “tradicionais” são altamente premiados por gente como Robert Parker, Wine Spectator, Wine & Spirits, Wine Magazine, Stephen Tanzer, Jim Atkins, James Suckling e outros ban-ban-bans da critica mundial. Aqui eles se dão ao luxo de voltar às origens com vinhos de uvas pouco conhecidas e valorizadas, em pequenas produções buscando vinhedos no leste de Mendoza, em Rivadavia, região menos midiática. Eu gostei muito do que provei e tomei, por isso estar aqui compartilhando com vocês estes dois rótulos.

Cara Sucia Cereza – mal sabia eu que esta uva existia! É uma uva criolla, dos tempos coloniais, cruzamento da Moscatel de Alejandria com a Listan Prieto. Vinhedos antigos (1940) e orgânicos, engarrafado sem filtrar nem clarear, somente 3 mil garrafas produzidas. Sem passagem por madeira, somente ovos de cimento, é um vinho que a maioria das pessoas, que como eu provou, o definiu como vibrante e divertido. Seus 13,5% de álcool são imperceptíveis, fresco que nem um branco, taninos quase inexistentes, cor brilhante cereja claro, seco, é vinho que surpreende, encanta e nos seduz. Não é Rosé, não é tinto, é um Claret! Uma experiência diferente para tomar de golão e que deixa em seu final um persistente sorriso no rosto. Já comprei algumas garrafas para minha adega pessoal.

Cara Sucia Cepas Tradicionales – mais uma viagem dos irmãos!  Bonarda, Syrah, Sangiovese, Cardinale, Beiquiñol, Barebera, Buonamico cofermentados. Vinhedos orgânicos antigos, também de 1940, leveduras autóctones, ovos de cimento, engarrafado (só 5 mil garrafas) sem filtrar nem clarificar. O conceito é o de menor interferência enólogica possível o que costuma me assustar um pouco, mas ao abrir a garrafa todos os possíveis preconceitos caem por terra. Nariz que pede para levar a taça à boca, fruta fresca, ervas, taninos sedosos e amáveis, muito boa acidez, absolutamente delicioso na boca, um vinho guloso que pede a próxima taça e acaba rapidinho. Sem protocolos, nem grandes harmonizações, é um vinho acima de tudo muito prazeroso de se tomar.

Os vinhos acabaram fazendo parte da seleção de Agosto da Frutos do Garimpo, espero que os amigos que levaram kits os curtam como eu. É isso por hoje, kanimambo pela visita e vem comigo a Santa Catarina? Saúde e nos vemos par aí nas curvas sedutoras de nossa sempre surpreendente vinosfera.

Os Vinhos de Altitude de Santa Catarina Te Esperam.

Nova programação num tour de descobertas pelo que há de melhor no mundo da vinicultura Catarinense no mês de Novembro. Seis dias, cinco noites, cinco almoços, transporte terrestre em micro ônibus, vem comigo vai? Reserve já, serão somente 12 (tops 14) vagas para poder dar a atenção exclusiva que o passeio e o grupo merecem.

O futuro dos vinhos finos de qualidade no Brasil, a meu ver, está na região da Campanha Gaúcha e nos vinhos de altitude de Santa Catarina. Apesar de jovem, produção iniciou-se no ano 2000, as vinícolas têm nos trazido vinhos de muita qualidade e inovação especialmente no desenvolvimento de castas italianas. A proposta deste roteiro é exatamente explorar esta nova fronteira vínica brasileira com um pequeno grupo de apreciadores e seguidores de Baco.

Cada uma das visitas, degustações e harmonizações foi cuidadosamente programada para que o melhor pudesse ser experimentado pelos presentes. Visitas exclusivas, vinhos top escolhidos por mim, experiências únicas e meu acompanhamento em tempo integral. Visitaremos seis vinícolas, almoçaremos com os vinhos de outra e ainda teremos uma degustação extra, em que conheceremos os vinhos de algumas das vinícola que não teremos oportunidade de visitar.

Eis o roteiro que programei em conjunto com a UGGI que será a agência centralizadora e responsável por toda a logística.

Dia 2 de Novembro, um Sábado, sairemos cedo de Guarulhos com destino a Florianópolis onde o Micro estará nos esperando. De lá, sairemos direto para nossa primeira parada, a linda Vinícola Thera onde faremos uma visita aos vinhedos e almoçaremos com harmonização de seus vinhos. Após o término da visita pegamos o caminho para São Joaquim Park Hotel, que será nossa base durante os próximos dias. Noite livre.

Dia 3 de Novembro, Domingo, Vila Francioni e Villaggio Conti onde almoçaremos. Final de tarde e noite livre em São Joaquim

Dia 4 de Novembro, Segunda-feira, dia pesado com Leone di Venezia, Monte Agudo com almoço harmonizado, Villaggio Bassetti, final de tarde e noite livre em São Joaquim.

Dia 5 de Novembro, Terça-feira, dia light com visita ao Canyon das Laranjeiras, retorno com degustação na Casa do Vinho conhecendo vinhos de vinícolas que não visitamos. Noite livre

Dia 6 de Novembro, Quarta-feira, descida pela serra do Rio do Rastro a caminho de Florianópolis com visita à queijaria Queijo com Sotaque e almoço na praia de Gamboa (Vivamo Enogastronomia) onde provaremos os vinhos da Abreu Garcia num menu harmonizado. Pernoite no Hotel Hola (Lagoa) e noite livre em Florianópolis com jantar sugerido no Barba Negra.

Dia 7 de Novembro, retorno cedo a São Paulo.

Quer mais detalhes, preços, etc., deixe seu comentário aqui e lhe enviarei mail ou contate a Paula na UGGI, tel. (11) 3733-4059 ou paula@uggi.com.br. Kanimambo pela visita e se puder ajude a divulgar, toda a ajuda é mais que bem vinda. Saúde e espero ter o prazer de ter um de vocês a bordo nesta viagem de descobrimento.

Prosit, Cheers, Salute, Salud

Prem1um Wines na Prova de Vinhos & Queijos.

No primeiro post sobre os vinhos que estarão em Prova no evento Vinhos & Queijos na Vino & Sapore no próximo dia 31, das 16 ás 19:30h, falei dos vinhos da Berkmann Wine Cellars, hoje falo e compartilho com vocês os vinhos da Prem1um, tradicional importador mineiro recheado de bons e diversos rótulos.  A PREM1UM iniciou suas atividades em 1999 e se tornou referência em vinhos da Nova Zelândia, seu foco inicial. Hoje, seu portfólio oferece uma ampla gama de vinhos finos, selecionados meticulosamente de nove países desde vinhos ícones até vinhos para o dia a dia, em todas as faixas de preço. É minha parceira faz tempo e juntos selecionamos alguns vinhos que demonstram essa versatilidade.

Arenile Pecorino – Não, não é queijo, é vinho mesmo! Uma uva branca autóctone da região de Abruzzo e também presente em Marche, resulta em vinhos frescos, cítricos, minerais e muito aromáticos. Um achado e de bom preço.

Arenile Montepulciano d’Abruzzo – A uva Montepulciano, não confundir com a região que fica na Toscana, pode gerar vinhos raEis a seleção de vinhos do segundo expositor (Premium) feita para o evento Vinhos & Queijos no próximo dia 31, lembrando que os convites estão acabando” rslinhos, baratos e de pouco atrativo para os apreciadores de vinhos. Este é o oposto de tudo isso, possui bom preço , porém também entrega conteúdo. Frutos silvestres, taninos macios, corpo médio, ótima companhia para pastas.

De Lucca Tannat/Merlot – célebre corte uruguaio em que a Merlot serve para amansar a tânica Tannat deixando o vinho mais palatável. De Lucca por outro lado, é um amante dos vinhos com o mínimo de interferência possível. Aroma de frutas vermelhas silvestres, como framboesa e notas de ameixa seca, mentol e café torrado. No paladar, é elegante, saboroso e equilibrado.

La Consulta Malbec Reserva – Da região do Vale do Uco em Mendoza, Argentina, Aromas intensos, frutados com toques florais sutis, combinados com as notas provenientes da passagem por madeira (4 meses). Os taninos são amáveis e conferem ao vinho um final delicado e persistente

Domaine de Petit Cassagne – Presença francesa nesta Prova, um vinho da região sul do Rhône, um blend de 50% Syrah, 30% Grenache, 10% Carignan e 10% Mourvèdre com 90 pontos de Robert Parker. Aroma de frutas negras e cerejas ácidas. Na boca é redondo, leve, equilibrado, fresco e muito agradável. Os taninos são sedosos, revelando intensos sabores de frutas vermelhas maduras.

Castillo de Eneriz – uma das mais gratas surpresas deste inicio de ano. Corte de 60% Graciano com Garnacha, vem da região de Navarra na Espanha. Apresenta grande intensidade aromática, com predominância de frutas vermelhas e negras com notas minerais e de especiarias. No paladar, é equilibrado, aveludado, fresco e elegante de médio corpo.

No total, doze vinhos diversos em Prova para você ampliar sua litragem sem gastar muito, afinal são apenas R$50 por pessoa e ainda recebe de volta um voucher de 15 Reais para usar na compra de qualquer um dos vinhos em Prova que tenha gostado. Depois, ainda tem os queijos da Trem Bom de Minas, Os Pães da Raquel Santos, as geléias da Pé de Geleia e o Pesto do Zé Roberto, todos produtos artesanais produzidos com carinho e ingredientes de primeira.

Kanimambo pela visita e se tiver interesse não espere muito para garantir seu convite, as vagas são limitadas. Se não tiver a possibilidade de vir, será uma pena, circule entre os amigos! Saúde e até o próximo vinho

1982, O Vinho!

Um dos destaques provados na Vinhos de Portugal deste ano no J.K. em São Paulo, um vinho surpreendente! Antes de falar sobre o vinho, deixa eu compartilhar o que a Revista Adega falou dessa safra; 1982 – Talvez a mais aclamada e unânime safra de todos os tempos para a França, Itália, Espanha e Portugal, que produziram vinhos espetaculares em diversas de suas regiões .

Ao sentir seus aromas e colocá-lo na boca as sensações eram de um Moscatel, mas ledo engano, este vem da região Lisboa! Aos poucos me dei conta que estava provando um vinho com história, um Fernão Pires (uva branca regional portuguesa conhecida no Norte de Portugal como Maria Gomes) fortificado que a Vidigal Wines descobriu num cantinho de uma vinícola que eles arrendaram vizinha da sua, coisa rara que não sei se um dia será repetida e, certamente, eu não verei. A herdeira (neta) não sabia ao certo o que aquelas barricas continham e, para surpresa de todos, o pessoal da Vidigal se deparou com esse vinho fortificado, lá conhecido como licoroso. Essas barricas geraram apenas sete mil garrafas, tendo algumas delas chegado até nós, ainda bem!

Casa do Cônego 1982 é o nome desta belezura e a garrafa de 375ml com lacre de cera é um charme à parte confirmando que grandes perfumes vêem em pequenas embalagens, umas gotinhas deste verdadeiro néctar atrás das orelhas deve garantir interessantes fungadas! rs Brincadeiras à parte, o vinho possui uma sedutora e complexa paleta olfativa onde se destaca um certo floral, notas de frutos secos e daquela casca de laranja confitada. Na boca os frutos secos estão bem presentes, figo, notas de mel de laranjeira, caramelo, uma acidez incrível equilibra a doçura tornando-o especialmente prazeroso de se beber e o álcoól de 16.5% some no conjunto harmonioso. Panetone de frutas, torta de amêndoas ou noz pecan, doces conventuais portugueses, queijos fortes, foie gras (para quem gosta e pode, rs), creme catalana, apfelstrudel, solito num final de refeição, bão demais da conta e quem fez esse vinho há 37 anos atrás está de parabéns!

Com preço no mercado entre 180 a 220,00 Reais, é um vinho cativante para quem, como eu, aprecia este estilo porém fica uma certa tristeza ao final pois não haverá outro tão cedo. Para mim uma grande surpresa que me agradou sobremaneira e portanto assino em baixo.

Uma boa semana, kanimambo pela visita e fica a pergunta, já se programou para a prova de Vinhos & Queijos que estou promovendo na Vino & Sapore? É, não esquece e se puder ajudar a promover junto aos amigos eu agradeço. Veja mais clicando aqui.

Prova de Vinhos

Ando relapso, sei, mas as prioridades neste momento são outras, sorry. Tenho um monte de experiências por compartilhar e em breve o farei, mas hoje quero falar deste evento que montei com vagas limitadas que pretende explorar novos sabores e espero que tenha a oportunidade de vos ver por aqui lembrando que a melhor escola de vinhos é a taça e uma garrafa! rs

No próximo dia 31, um Sábado, das 16 às 19:30 em parceria com as importadoras Berkmann Wine Cellars e a Prem1um, vamos dar à prova 12 vinhos que selecionei com carinho para apresentar aos amigos que estarão presentes. Eis a lista desses vinhos.

Berkmann Wine Cellars:

Mendraka Txacolina – Txacoli é o estilo, Bizkaico é região demarcada na área rural de Biscaia e as uvas Hondarrabi Zuri e Zerretua, simples assim! rs Na boca explode em sensações vibrantes e frescas, acidez lá em cima, limão, maçã verde. Um branco diferente que levanta o astral!

J. Bouchon Reserva Rosé de País – O primeiro vinho de País (uva regional também conhecida como Criolla Chica por aqui no Chile e Criolla Grande na Argentina) 100% de que realmente gosto. A uva País traz consigo uma certa rusticidade que aqui se completa com muito frescor num vinho seco e bem elaborado.

Casa Roja Tempranillo – da região de Navarra, uma tremenda surpresa nesta faixa de preço e quando olhamos o contra rótulo sacamos o porquê, o produtor; Bodegas Valdemar! Amplamente conhecida e respeitada em Rioja, ela mostra aqui o porquê de um bom produtor ser reconhecido como tal quando se prova seus vinhos de gama de entrada.

Terras do Pó Tinto – porque um vinho luso não pode faltar e este retorna depois de uma longa ausência. Blend de Castelão (majoritariamente) com Syrah e Touriga Nacional vem da região Setúbal. Concentrado, cerca de seis meses de barricas de carvalho bem integrada fazem aparecer notas de baunilha entremeadas com fruta madura, rico e complexo meio de boca com taninos bem presentes com final de boa persistência.

Visconti della Rocca Primitivo de Salento – menos valorizado que seus irmãos de Manduria, sub região vizinha, ambas na Puglia / Itália, é um vinho que costuma surpreender em função de sua relação PQP (Preço x Qualidade x Prazer). Intenso e frutado, de boa textura e corpo médio, taninos aveludados.

J. Bouchon Block Series Cabernet Sauvignon – acho que a Cabernet Sauvignon é, junto com a Syrah, a melhor uva do Chile. Um vinho de boa tipicidade sem aquela marca que me incomoda (coisas do Tuga! rs) de pimentão e goiaba que faz a cabeça de alguns. As notas vegetais são suaves, a fruta se mostra mais presente, notas tostadas um vinho de 2015 com ainda muitos anos pela frente de evolução.

No próximo post os vinhos da Prem1um, mas não esqueçamos que afora os vinhos há Queijos Artesanais da Trem Bom de Minas, Pães da Raquel Santos,  Geléias da Pé de Geléia e Pesto de meu amigo Zé Pedreira em prova e venda.

Apenas R$50,00 o convite individual e você ainda recebe de volta um voucher que vale R$15 para uso na compra de qualquer dos vinhos em prova, válido para uso no dia. Vagas limitadas, então não dá mole não que pode esgotar! rs Não pode vir, ok, mas então repassa para os amigos vai, o tuga aqui agradece a atenção.

Local: Vino & Sapore, Rua José Felix de Oliveira 875, Centrinho da Granja Viana, Km. 24 da Rodovia Raposo Tavares sentido Cotia,

Horário: das 16 às 19:30

Dia: 31 de Agosto, 2019

Contato/Reservas: vinoesapore@gmail.com. , por aqui nos comentários ou nos telefones (11) 4612-1433 ou 9.9600-7071.

Kanimambo desde já e um bom fim de semana. Saúde

Cheers, Prosit, Santé, Salud

Surpresa na Taça, Mistérios de Nossa Vinosfera

Minha amiga Paula Kerr foi durante anos proprietária de uma importadora de vinhos, a saudosa Vínica, e parceira tanto aqui no blog quanto na Vino & Sapore. Ficamos órfãos de um monte de bons rótulos e produtores com preços moderados, verdadeiras pepitas. Um desses vinhos foi o Roncier em duas versões e as duas deliciosas! Um era um branco realmente vibrante e o outro um tinto muito agradável, guloso, para tomar muitas garrafas e em ambos os casos era um vinho não safrado, de origem e uvas desconhecidas ou, pelos menos, não divulgados.

O produtor (L. Tramier & Fils) tinha diversos rótulos da Borgonha onde é sediado, então desconfiamos que algo de Pinot e Gamay certamente compunham o corte do tinto, mas tinha algo mais já que também possuíam rótulos do Rhône e a Granache e/ou Mouvédre poderiam eventualmente também andar por aqui, mas realmente isso não importa! rs  Vinho relativamente simples, bem feito, bastante frutado de taninos suaves, corpo médio e de bom preço, vinho para ser tomado jovem, um verdadeiro Vin de Bistro, sem compromissos mas cumpridor.

Cerca de 5 anos depois, arrumando a loja descobri uma garrafa misturada a outras, perdida! A essa altura de campeonato, pensei eu, já era, virou vinagre e vender jamais, então trouxe para casa. Por aqui ficou na adega mais uns seis meses até que Sábado passado a abri e ledo engano, eta vinho bão!! Incrível como o vinho prega essas peças na gente, um vinho simples sem grandes expectativas, que já deveria estar moribundo , envelheceu maravilhosamente bem. Esses mistérios sem explicação que o vinho volta e meia nos traz é que faz com que esse mundo seja tão cativante e intrigante.

A cor já mostrava a idade, os aromas terciários se mostraram de forma sutil, mas a boca, ah a boca! Fruta ainda bem presente, algumas notas mais terrosas, sous-bois, uma acidez ainda bem presente, taninos aveludados de boa persistência, puro prazer e a garrafa acabou rapidinho tendo sido companhia para um risoto de funghi. Curti demais, pena que não tenha “perdido” umas duas ou três garrafas dessas. rs

Agora, para quê falar de um vinho que não existe mais no mercado e, provavelmente, foi a última garrafa que tinha sobrado no mercado? Primeiro porque quem sabe alguém se habilita a voltar a trazer estes vinhos, entre outros do mesmo produtor, e segundo para demonstrar que mesmo com anos de litragem nas costas as surpresas se multiplicam, os vinhos nos demonstram que até os mais lógicos conceitos podem cair por terra a qualquer momento, que não existem verdades absolutas e que por tudo isto nossa vinosfera é tão sedutora. Por isso digo que há que desconfiar daquele que diz saber tudo em nossa vinosfera.

Quem gosta de sentir sempre os mesmos sabores, aromas e reproduzir as mesmas sensações não deve viajar por este planeta vínico, seu lugar, com todo o respeito, é no de destilados e mais não digo. Kanimambo pela visita e um toque, a degustação de Quinta-feira próxima, Destaques Chilenos do Guia Descorchados, teve um cancelamento e temos duas vagas a preencher! Uma ótima semana a todos, saúde

Cheers, Salud, Prosit, Sané