João Filipe Clemente

O Poder das Leveduras

O alquimista tentou transformar metais comuns em ouro. A levedura faz algo mais interessante: transforma o suco de uva em vinho. O enólogo pode usar a alquimia da levedura para desenvolver diretamente um estilo, ou pode ter a visão alternativa de que a variação natural da levedura indígena é parte essencial do caráter de seu vinho”. Esta introdução é só parte do excelente artigo escrito pelo  Master of Wine Benjamin Lewin traduzido e publicado no site do amigo Arthur Azevedo (Artwine) por um estudioso e profundo connoisseur do ramo, o professor Leveduras inoculacao na sograpeMarcello Borges.

Muitas vezes ficamos nos perguntando; afinal de onde veem os aromas dos vinhos, para que servem as leveduras, leveduras selecionadas ou indígenas? O artigo elucida muito sobre o tema porém ainda deixa algumas controvérsias no ar, adoro isto pois aprendi e acredito que em nossa vinosfera não existem verdades absolutas, que aguçam a curiosidade.

O efeito das leveduras perdura depois delas: durante o processo conhecido como autólise, quando o vinho está amadurecendo sobre as borras, os remanescentes da levedura liberam compostos no vinho que contribuem para a sensação de boca. Então, não há muito sobre o caráter de vinho que não seja influenciado pela levedura. Uma grande dúvida na produção de vinhos é se se deve deixar a fermentação acontecer naturalmente pelas leveduras indígenas da adega, ou se se deve adicionar leveduras cultivadas para controlar o processo.” Veja o artigo completo clicando aqui.

A esta altura você já deve estar se Levedurasperguntando, afinal que diabos são essas leveduras?! rs As leveduras são microorganismos vivos não visíveis a olho nu, havendo a necessidade de uso de microscópio para tal. Na ausência de oxigênio e em contato com açúcar, fermentam produzindo gás carbônico e álcool. Existem dois tipos, os cultivados e os indígenas (ou selvagens) presentes no próprio mosto e o uso de uma ou de outra é papo para mais de metro entre enófilos, enólogos e outros apaixonados pelo vinho. Eis dois pontos de vista de quem põe a mão na massa:

  • O francês Jean-Luc Thunevin > “Essa é uma questão difícil, que move paixões, muitas vezes irracionais. Mas sendo bem honesto, nas grandes safras, não precisamos de nada além das leveduras indígenas. Afinal de contas, a natureza fez a parte dela, no entanto, nas safras difíceis é preciso usar determinadas leveduras para manter a qualidade do vinho
  • Nicolas Jolly o guru da biodinâmica > “Você pode obter quase qualquer sabor com essas leveduras aromáticas. A ‘refermentação’, como ele chama, apaga o caráter local e a variação de safra. A refermentação é a consequência de uma série de erros”.

Para finalizar, sugiro que leiam também o excelente texto sobre o tema publicado pela revista Adega clicando aqui.  Dilemas à parte, as leveduras são essenciais ao vinho, sem elas você teria apenas suco na taça e na minha opinião nem tanto ao céu nem tanto à terra. Se leveduras indígenas forem usadas e gerarem um vinho bom, maravilha, creio que esse é o objetivo. Como, no entanto, já provei diversos vinhos elaborados com estas mesmas leveduras dentro de filosofias biodinâmicas que não me agradaram de forma alguma, creio que o foco é na qualidade, num caldo que seja acima de tudo palatável e de seu agrado. Enfim, pano para manga, leia, pesquise, prove e tire suas próprias conclusões, mas pelo menos agora você já sabe o que são leveduras e como estas podem ter influenciado o vinho que você tomou ontem!

Kanimambo pela visita, é ela o combustível que mantém este nosso ponto de encontro vivo, cheers!

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Bodega Vicentin na Taça

Recentemente tive a oportunidade de me juntar com uma série de ilustres colegas no Restaurante Piselli para conhecer os vinhos desta bodega que chegam ao Brasil pelas mãos da Galeria dos Vinhos do meu amigo Leandro Chicarelli com a assessoria de um profundo conhecedor desse mundo de Baco, o também amigo Breno Raigorodsky que um dia já foi colunista aqui do blog onde compartilhou um pouco de seu vasto conhecimento e experiência conosco.

Vicentin Rosado brutFomos recepcionados com um, a meu ver, belíssimo espumante de Malbec, o Vicentin Champenoise Rosé de Malbec, elaborado pelo método clássico, 12 meses de autólise, com um mix de uvas de cinco vinhedos diferentes em Lujan de Cuyo (Mendoza). Linda cor salmonada, fresco, ótima perlage, cítrico, acidez equilibrada que combinou ás mil maravilhas primeiramente com o bate papo entre os amigos e posteriormente com uma deliciosa Burrata sob uma cama de tartare de salmão. Para mim um dos destaques do almoço.

Combinando com a mesma entrada, foi servido um malbec branco, ou Vicentin Blanc de Malbecseja, um blanc de noir, o Vicentin Blanc de Malbec. Na verdade, não chega a ser branco e mais parece um rosado. Vinhedos de La Consulta e Vista Flores (Vale do Uco) com quase 15% de teor alcoólico, seis meses de barrica francesa aparentemente nova. Um vinho no mínimo diferente e marcante onde seu frescor equilibra bem a madeira que lhe aporta complexidade. Ficou bem com a entrada, mas explodiu mesmo quando no final da refeição foi servida uma incrível tábua de queijos do Capril do Bosque de Joanópolis (queijos de cabra) e deu tango! Para quem quer sair da mesmice e buscar algo bem diferente no mundos vinhos brancos, surpreenda-se!

Em seguida uma bateria de tintos onde dois vinhos roubaram a cena. Da linha de entrada o Dorado Blend com um corte majoritário de Bonarda com Malbec e um tico de Cabernet Franc com leve passagem de somente 15% do vinho por barricas de segundo uso, estava bem saboroso com taninos macios, fruta madura algo compotada, um vinho “cumplidor”, agradável e fácil de agradar o consumidor brasileiro em geral. Desta mesma linha o Malbec não fez muito minha cabeça tendo apostado Vicentin Malbec Blendminhas fichas no Cabernet Sauvignon.

O papo ficou sério mesmo quando chegou á mesa o Blend de Malbecs de La Consulta, Chacras de Coria, Tupungato e Las Compuertas com 9 meses em barricas francesas. Elegante, aromático, firme de boca, especiado, fruta, tudo muito equilibrado, sem arestas, tentador! Um belo vinho que seduziu a maioria dos presentes e a mim também.

Seu vinho top é o Colosso com 24 meses de passagem por barrica francesa. Vinho de boa estrutura, denso, porém sem excessos, mostrando potência mas de forma bastante elegante, longo, tendo acompanhado muito bem o Brasato di Vitello al Vino Rosso, uma feliz e muito bem trabalhada harmonização.

Na linha de seus produtos, eles possuem uma caixa de madeira Vicentin Backbonecomposta de algumas preciosidades da Bodega. A meu pedido, kanimambo, eles retiraram dessa caixa um exemplar do vinho Vicentin Backbone, um blend cofermentado de Cabernet Franc, Malbec e Petit Verdot, UAU! Uma pena que este vinho não vem solo (apesar de eles estarem estudando isso) e a quantidade produzida é ínfima, porque tomaria caixas caso tivesse o din-din para isso! Realmente a experiência só me comprova prova após prova que, colocou Petit Verdot no blend, pronto, garantia de um bom vinho e este não negou a regra. Grande vinho que já encanta no olfato e na boca é só prazer. Complexo, perfeita harmonia entre taninos finos, estrutura, acidez e riqueza de sabores, gostei demais, vinho para curtir sem pressa!

São cerca de 1400 Bodegas na Argentina, então sempre haverão novidades, umas boas, outras nem tanto, porém desta eu gostei e recomendo aos amigos fuçarem por aí e se permitirem aventurar nesses caldos “Vicentinos” ! Kanimambo pela visita e em breve mais algumas notas sobre outros vinhos e bodegas provadas. Salud e uma ótima semana para todos.

Vicentin Collection

Outubro Rosa e Quente Pede um VSE Classic Rosé

Gente, este descobri faz cerca de um mês e me surpreendi. Mais um achado recente, já que vinhos na casa do 40 a 45 Reais com qualidade estão cada vez mais raros e este rosé do Vale de Aconcagua no Chile, VSE Classic Roséé realmente diferenciado, nada daquelas coisas docinhas e sem graça!
O vinho é fruto do assemblage de uvas Cabernet Sauvignon, Syrah e Carmenére que são vinificadas em separado, processo de prensagem direta (creio eu, pois não consta de ficha técnica) e não de sangria (nada a ver com aquela mistura de vinhos e frutas tipica espanhola – clique no link para saber mais) e fermentada em tanques de inox após atingir a cor desejada, sem passagem por barrica, para preservar fruta e frescor. Para quem não é chegado em brancos (uma lástima!) e para quem curte o estilo, uma ótima opção de verão para acompanhar pratos leves, carnes brancas, frutos do mar (como os camarõezinhos empanados da foto), sushis e sashimis.

Cor bonita (salmonada), brilhante, fresco, frutado característico, ótima acidez, vibrante, final de boca bem sequinho, gostoso, para tomar várias num dia de sol quente e uma ótima pedida para o fim de semana na praia ou na piscina. Os amigos Alfredo e Carlão tiraram esta bonita foto num Sábado recente lá na Vino & Sapore e me enviaram, tudo a ver! Um vinho descompromissado, feliz, que recomendo e assino embaixo.

Esta é minha dica para o final de semana, mais uma dentro de meus amigos Juan e Alexandre da Almeria, assim como visitar o evento enogastronomico promovido pela Vino & Sapore neste Sábado, “Harmonizando Espanha” com o food truck gourmet Perfil de Chef, sempre um acontecimento e quem já esteve no de Portugal e no da França não me deixa mentir! Kanimambo e bom fim de semana a todos.

Vigneau-Chevreau Cuvée Silex Vouvray Sec, Um Vinho de Arrepiar!

Como comentei no face, Domingo passado estava a fim de me tratar e abri esta belezura! Adoro vinhos brancos e não canso de repetir que é a pós graduação em vinhos, as nuances, sabores e frescor neles encontrados são melhor apreciados quando a litragem é de bom tamanho! rs

Por outro lado, há vinhos que classifico como “I” de Irretocável, Impressionante, Inesquecível e, especialmente, de Incuspível mesmo que numa enorme prova, este teve todos os I’s possíveis e imaginários, ish esse também!! Também há os que classifico como egoísticos! Todos sabemos que os vinhos melhoram com boa companhia, mas há uns que fazem o pior de nós aflorar e de repente nos vemos escondidos no armário traçando as últimas gotas do elixir, é, este é um desses. rs

Sabe aquela história que você conta de um momento de tua vida que te emocionou e quando você vê a pele de seu braço está toda arrepiada, pois bem ainda ontem à noite ao conversar com amigos na degustação dos Douros, me deparei com isso. Ah, tenho que falar do vinho né? Na verdade acho que já estava, mas … vamos lá. Difícil falar de algo que mexeu tanto contigo despertando tantas emoções num momento hedonístico não técnico, mas vou tentar.

Primeiramente Vouvray é uma região do Loire onde os vinhos brancos e a Chenin Blanc imperam. O produtor com mais de 150 anos de história, converteu seus vinhedos ao biodinamismo (total ausência de produtos químicos) há cerca de 30 anos, sendo este vinho elaborado com uvas de vinhedos com 30 a 40 anos de idade plantados sobre solo calcário (Silex) Vigneua chevreau Vouvrayque lhe aporta uma mineralidade excepcional e marcante.

Ao abrir esta garrafa de 2013 ele tomou conta de todos os meus sentidos; cor linda como espigas de milho brilhando ao sol e logo à primeira fungada > sutil, complexo, vibrante com notas florais (flores brancas), ervas frescas, maçã verde, lima, grape fruit, mel de laranjeira (?!), sei lá dá para viajar só ali, no nariz! rs Na boca explode de forma vibrante e intensa mostrando uma acidez acentuada, a mineralidade muito presente ditando sua personalidade, fruta fresca, inebriante e ficar aqui tentando encontrar adjetivos para tentar descrever o vinho no palato seria pura perda de tempo, quase uma heresia, até porque parei de tentar prestar atenção e decifrar o elixir para simplesmente me entregar nos braços de Baco e me deixar levar. Se o objetivo do vinho é te entregar prazer, como diria meu mestre Saul Galvão, então este transbordou e mais que cumpriu seu papel!

Já o tinha provado, mas tomar é sempre diferente do que degustar e sim, minha loira ajudou! Pouco, ufa, o que aumentou minha alegria pois estando em casa e não pretendendo sair para lugar nenhum, pude me esbaldar não restando gota. Não é barato, os Vouvrays assim como os bons Chablis ou Sancerres não o são, porém comparado com vinhos similares de outros produtores, está com um preço bem bacana, na casa dos R$180,00 e quem comprou ontem se deu bem!

Por hoje é só; viva o Vinho branco,viva o Loire, viva Vouvray, viva a Chenin Blanc, Viva a Vigneau-Chevreau (por sinal tem também um ótimo espumante), viva a Vida! Kanimambo e até Sábado harmonizando pratos e vinhos espanhóis no encontro do food truck gourmet Perfil de Chef com a Vino & Sapore.

Um Grato Reencontro Com o Villa Romanu

Começando a semana com uma dica lusa! Há anos que não provava este alentejano que andou passando de mão em mão por aí até cair nas de quem entende, meu amigo Juan da Almeria (não vende direto ao consumidor!), e fiquei feliz por isso pois pude voltar a ter acesso a ele. Já, já comento o vinho porém com a crise se tornando cada vez mais presente e o câmbio e governo (mais impostos) não ajudando, estamos todos tendo que apertar o cinto e está cada vez mais difícil de encontrar vinhos chamados BBB com um preços mais acessíveis, então encontrar um vinho desses abaixo das 60 pratas é sempre um motivo para sorrir.

Villa Romanu Tinto 2013 – sem passagem por madeira, é um corte das uvas Trincadeira, Aragonez e Cabernet Sauvignon que estagia em inox por cerca de seis meses e só por isso já agrada, pois vinhos nesta faixa com madeira normalmente são chipados o que distorce o vinho. Este já mencionei lá atrás, nos idos de 2007, sendo um Romanu Tinto 1vinho que sempre me agradou e chegou a fazer parte parte de uma seleção de vinhos portugueses até R$30 que preparei em 2007, já lá vão 8 anos!

Um vinho que mostra bem a diferença entre um vinho fácil e um vinho simples. De simples não tem nada, mostra-se muito bem em boca, mesmo sendo franco, direto, sem muita enrolação já diz a que veio sem muita lenga, te satisfazer tanto no palato quanto no bolso. Fácil porque é difícil não gostar, harmoniza com bate-papo entre amigos, alguns petiscos, um jantar com carnes grelhadas ou um penne com bacalhau e brócolis (meu caso), um vinho versátil que não complica e nem te promete mais do que pode integrar. Boa fruta, os taninos bem integrados marcantes sem rusticidade ou agressividade, bem balanceados por uma acidez no ponto, suculento, textura gostosa, boa entrada de boca, persistência média, final saboroso que pede a próxima taça. No mercado anda na faixa dos R$58 a 60,00, o que acho uma muito boa relação Custo x Qualidade x Prazer.

Também provei o branco que se mostrou no mesmo nível e com este calor será uma ótima pedida, mas desse eu falo num post que estou armando só com brancos BBB, não por sorte, a maioria Ibéricos! Por hoje é só, mas durante a semana mais algumas boas dicas e novidades. Ah, aproveitando! Amanhã se encerram as inscrições para a minha viagem aos Vinhos de Altitude de Santa Catarina e ainda temos duas vagas disponíveis, vai dar mole?! Clique no link e veja mais detalhes.

Uma ótima semana a todos, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui ou nas trilhas de nossa vinosfera.

Vino & Sapore 5 Anos, Ufa!

É, para um empreendedor passar dos cinco anos de vida no Brasil é sempre um marco importante já que cerca de 60% das empresas fecham as portas nesse período. Hoje estou celebrando a passagem de mais esse marco pois estou entre os TOP 40%, um sobrevivente, ufa! rs

5th-birthday-wineTudo começou com este blog nos idos de 2007 e uma oportunidade de colocar em prática tudo o que vinha falando por aqui. A busca por diversidade, por bons preços, saindo da mesmice e compartilhando experiências com meus clientes, amigos e confrades. Quase abortei ainda antes do nascimento pois abrir as portas foi um dolorido parto de 9 meses, mas sobrevivi, mesmo que a duras penas!

Sigo na labuta, de forma séria, muito trabalho, muita “invenção” porque navegar é preciso e criar é essencial a qualquer empreendimento. Este ano previa a abertura de algumas parcerias em Sampa onde os amigos leitores e seguidores pedem minha presença em eventos, não consegui, ainda! Espero que no primeiro trimestre de 2016 consiga concretizar esse projeto, mas por enquanto só na Granja Viana mesmo e agora no Trip Advisor, chique no urtimo.

Neste último ano fiquei muito preso na loja e isso tem inibido eventuais saídas a Sampa e outros locais, porém não tem afetado o blog que segue entre os principais do país neste segmento, mesmo com postagens algo mais espaçadas do que gostaria. Um malabarismo diário este mundo do vinho e bem que meu amigo Simon (Kylix) me avisou, bem mais fácil e confortável só Falar de Vinhos do que vende-los num país onde a concorrência fiscal e comercial é bastante desleal.

Tenho o enorme prazer de participar mensalmente da vida enófila de quatro confrarias, de compartilhar meus parcos conhecimentos com esses amigos e outros que me prestigiam, de desfrutar de sua confiança (tremenda responsa e privilégio) o que faz com que o peso de tocar este empreendimento se torne algo mais leve pois, como já dizia o poeta, tudo vale a pena quando a alma não é pequena!

Este singelo post hoje é de agradecimento por todo o carinho que tenho recebido dos amigos nesta empreitada, pelo apoio e confiança, que me fazem seguir adiante. Um Kanimambo enorme a todos e que venham mais alguns!

 

Desafio de Blends – Velho x Novo Mundo

Degustando, Comparando e Aprendendo de forma lúdica, esta é a melhor forma de conhecer um pouco mais sobre vinhos, provando! Brincadeira para gente grande, pelo menos com mais de dezoito, viu crianças! rs Adoro criar temas de degustação de forma a tornar os encontros das confrarias algo mais interessantes, especialmente quando realizadas ás cegas. É um exercício muito interessante já que sem a influência de preço e rótulo a percepção sensorial de cada um muda drasticamente, especialmente quando a comparação é mais direta como, por exemplo, uma só uva.

Numa das Confrarias que administro, montamos um Desafio de Blends muito interessante envolvendo velho e novo mundo,se é que isso existe, uma verdadeira Copa das Nações. Numa primeira etapa provamos seis vinhos do Velho Mundo classificando três. Depois repetimos a dose com os vinhos do Novo Mundo classificando seis vinhos para a grande final que foi muito interessante, vejam só:

Classificatória Velho Mundo – Tinto da Talha Grande escolha 2009 (Alentejo), Grandes Quintas Reserva 2010 (Douro), Villa Antinori Toscana2010*, Clos de Bellane Valreàs Cotes du Rhône 2009*, Peyremorin de Villegeorge 2010 Bordeaux, Señorio de Sarría Viñedo Sotés 2005*

Classificatória do Novo Mundo – Hawequas (África do Sul), Casa Silva 5 Cepas 2013 (Chile), Benegas Finca Libertad 2009 (Argentina), Narbonna Blend 1 2013 (Uruguai) e St. Hallet Gamekeepers 2014 (Austrália) e Wild Rock 2011 (Nova Zelândia)

Classificados os vinhos marcados com asterisco e lògico que esta brincadeira sensorial só poderia acontecer num evento hedonístico como esse pois comparar “alhos com bugalhos” requer um know how e uma experiência além do que a maioria possui, porém o objetivo do vinho não é dar prazer? Pos bem, esse objetivo foi claramente alcançado e isso é o que vale e me deixou feliz. Na grande final seis belos vinhos sem duvida alguma e eu também tive meu ganhador da noite, mas eis os TOP3 que a turma da Confraria Brinde à Vida elegeu como ganhadores da noite:

1 – St. Hallett Gamekeeper´s 2010 – blend de Shiraz e Grenache, um vinho extremamente harmonioso e consistente onde a Grenache se sobrepõe no blend mostrando toda a sua fruta. Fruta madura, que agrada sobremaneira o consumidor brasileiro em geral. Equilibrado, taninos finos, cremoso, acidez dando equilíbrio ao conjunto, dos oito confrades presentes, seis lhe deram o voto de melhor vinho da noite e do Desafio, e olha que já tinha ganho sua classificatória! Barba e bigode como diziam antigamente!! Um vinho de gabarito este e recentemente provei o 2014 que teve a adição de um tico de Touriga Nacional que o deixou ainda melhor e sugiro essa nova safra.

2 – Narbonna Blend 1 2013 – um blend não especificado, mas que tem como protagonista a tannat. Obra de Michel Rolland, este vinhos é sempre uma grata surpresa e as pessoas costumam não acreditar quando digo que é uruguaio. Ótima paleta olfativa, que convida à boca onde ele se mostra denso, untuoso, complexo, unindo força a elegância de taninos, com um final longo muito prazeroso. Mais um vinhos de grande consistência que teve um primeiro lugar e quatro segundos, classificando-se em segundo lugar. Em minha opinião, esta garrafa estava especialmente boa e me seduziu tendo sido o meu primeiro lugar mostrando que os tannats de qualidade, ou seus blends, estão longe de assustar primando por taninos bem mais equilibrados e domados do que as pessoas esperam.

3 – Clos de Petite Bellane Valreás Cotes du Rhône 2010 – Com um primeiro lugar e quatro terceiros, foi o melhor classificado do Velho Mundo e acho que foi bem escolhido, um Cotes du Rhône de um Cru que faz a diferença. A Syrah aparece bem sobre a Grenache, inverso do australiano de mesmo blend, que neste caso é a coadjuvante no blend. Mostra-se bem especiado, corpo médio para encorpado, taninos ainda bem presentes porém de muita boa qualidade sem qualquer agressividade, escuro, deixando claro sua jovialidade, apesar dos seus 5 anos, abrindo-se gradativamente na taça comprovando que o tempo lhe fará muito bem. Um belo Rhône que comprovou o caráter dos vinhos de qualidade da região, anos luz daqueles “rônezinhos” esquálidos que encontramos por aí.

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Um exercício muito interessante e saboroso, inclusive para mostrar que garrafas do mesmo vinho podem gerar sensações diferentes entre si, lembrando que nesta final degustamos os vinhos pela segunda vez já que houve a classificatória. É isso por hoje, e ainda temos 4 vagas para nossa viagem a Santa Catarina e os Vinhos de Altitude, quem vem?!

Cheers, kanimambo e espero poder ter alguns de vocês a bordo dia 28!

Um Malbec Diferenciado na Taça!

Quem me segue sabe que minha queda é por vinhos mais elegantes com alguma idade, mais equilibrados que, pela própria maturidade, tendem a ser mais integrados e sutis. O Joffrée y Hijas Gran Malbec 2008 é um vinho com esse perfil e por isso, mais um ótimo preço, acabou fazendo parte dos vinhos da Confraria Frutos do Garimpo de Setembro.

Não me agradam os vinhos power super extraídos em tudo; cor, sabores, taninos, álcool que nunca se integram, Uma vez tomei um já com dez anos nas costas que parecia que tinha saído da barrica uma semana antes, me parecem exagerados e não fazem minha cabeça. Demorei para entender que é um estilo do produtor (deve se evitar a generalização) e por um determinado período, que graças a Deus está terminando, também uma demanda de parte do mercado. Nas minhas andanças pelo lindo país dos Hermanos, vi que a Argentina tem muito mais a oferecer tanto em diversidade de uvas quanto de estilos e este produtor é prova disso. Por sinal, gosto muito do Bonarda dele também!

2015 - Set - Joffré Gran Malbec 08Este Malbec é proveniente de uvas do Vale do Uco com passagem de 10 meses por barricas de carvalho francês e depois deixado para afinar em garrafa por um curto período de tempo. Um vinho, como seu rótulo, algo contido, comedido, sem alardes , clássico como seu conteúdo. Com sete anos nas costas já mostra um pouco de sua idade na cor e nas notas aromáticas mais evoluídas de frutos negros, tosta, frutos secos e algo de tabaco bem sutil formando uma paleta olfativa bastante agradável e complexa. Na boca é um gentleman, todo ele muito sutil comprovando os aromas, corpo médio, taninos muito finos, elegante e já plenamente integrados, macio, algo cremoso sem arestas ou exageros de extração, tudo no ponto certo. Harmonizei com um tagliatelle com bacalhau e brócolis, ficou muito bom, porém também pensei num strogonoff de filé mignon, filé á Wellington e coisas do gênero não muito pesadas ou untuosas. Cumpre seu papel,nos dar prazer,  e se o encontrar por aí não guarde, beba!
Saúde, Kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.

Vem à Serra Catarinense Comigo?

Amigos, seguimos na busca por enófilos com sede de conhecimento e, porquê não, bons vinhos! Dia 28 de Outubro zarparemos com destino a Florianópolis onde nossa odisseia se inicia numa viagem de descobrimentos hedonística juntando paisagens deslumbrantes com boa comida, cultura e vinhos surpreendentes. Sabe que também temos nossos vinhos de altitude com vinícolas localizadas a mais de 1300 metros de altitude o que é acima dos vinhedos de Mendoza na Argentina?

Terroir diferente gera vinhos diferentes mesmo que com as mesmas uvas e isso fica claro nos vinhos de grande elegância produzidos nesta região. Quero compartilhar com você essa experiência numa viagem onde visitaremos seis vinícolas, conheceremos os vinhos de mais duas em jantares exclusivos e numa degustação especial seremos apresentados os vinhos de mais três! Acompanharei os amigos pessoalmente durante seis dias, cinco noites, 1000 kms rodados em micro ônibus exclusivo fretado com ar condicionado, banheiro e bar abordo. Veja aqui abaixo o roteiro e ligue logo para o Murilo da Mais Viagens que é meu novo parceiro nestas viagens e quem estará encarregado da venda e gestão de toda a parte operacional da viagem, porém se tiverem alguma dificuldade ou dúvida que precisem de mim é só gritar! rs Contatos do Murilo Cassador; Tel. (11) 3255-5681/(11) 97113-1188/(11) 9475-1334 ou por E-mail: contato@maisviagens.net.br. Voos podem ser ajustados e amigos vindos de qualquer lugar do Brasil e do mundo são bem vindos, o Murilo certamente cuidará de encontrar a melhor forma de o incluir nesta jornada.

mapa da rota

Saída dia 28 de Outubro cedo de Congonhas (SP) para Florianópolis onde passaremos uma lindo dia livre e algumas sugestões de passeios como no mercado municipal e na Lagoa da Conceição. À noite seremos recebidos pelo presidente da ACAVITIS (Associação Catarinense dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude) Sr. Acari Amorim na Vinho e Arte Amorim onde jantaremos e receberemos informações sobre os projetos da ACAVITIS e os Vinhos de Altitude de Santa Catarina. Na oportunidade teremos nosso primeiro contato com os vinhos da região pois o jantar será harmonizado com os vinhos da Quinta da Neve. Quem não puder ir cedo e preferir chegar lá no final da tarde para nos encontrar para o jantar ou estiver em outra cidade que não São Paulo, o Murilo poderá ajudar a solucionar isso, liguem para ele.

Dia 29 de Outubro – Check out ás 8:00 para que possamos nos dirigir a São Joaquim Estrada do Rio do rastroatravés da primeira emoção do dia, subir a Serra do Rio do Rastro onde o almoço será livre no restaurante Mensageiro da Montanha no mirante da Serra. Depois, um pequeno passeio pela paisagem da região e chegada a São Joaquim no final da tarde. Às 20 horas, saímos do hotel para o restaurante Cristal de Gelo onde jantaremos acompanhado do enólogo da Quinta de Santa Maria que nos falará de seus vinhos, novidades e harmonizará os pratos.

Dia 30 de Outubro – Saímos ás 9:30 com destino à Villa Francioni nossa primeira VF Casaparada do dia. A vinícola é ícone na região e eu sou especialmente fã do VF que surpreendeu a todos numa degustação ás cegas com vinhos de Bordeaux (link), mas há muito mais. Um dos pioneiros e ícone da região, é uma visita obrigatória para quem por lá passa. Seremos recebidos pelo enólogo da casa, conheceremos o projeto e provaremos alguns de seus bons vinhos.
Vinícola Monte Agudo – conheceremos a vinícola e Monte agudo rest 1degustaremos os vinhos enquanto almoçamos em seu lindo restaurante onde seremos recebidos como merecemos (rs)! Este produtor iremos explorar juntos pois não conheço seus vinhos, ainda, porém as criticas são muito boas e de gente que respeito.
villaggio-bassetti 1Após o almoço, visitaremos a Villaggio Bassetti que me surpreendeu muitíssimo na Expovinis de 2014, em especial seu Sauvignon Blanc. Seremos recebidos pelo proprietário ou o enólogo da casa, caso ele não esteja, que nos levará a conhecer os vinhedos e provaremos seus vinhos. Retornamos ao hotel no final o dia e jantar livre

Dia 31 de Outubro – Check out às 9:30 pois ás dez precisaremos estar na Casa do Casa-do-Vinho DegustaçãoVinho do Sr. Vilson onde faremos uma prova de alguns vinhos especiais que escolhemos em conjunto. Entre duas preciosidade esgotadas no mercado, faremos uma visita aos vinhos da Pericó, Santo Emilio e Hiragami. Especializado em vinhos da região, possui uma incrível infraestrutura para receber grupos do porte do nosso e ainda tem preços (para quem quiser se esbaldar) imbatíveis!

Abreu CasaSaída para Treze Tilías (Dreizehnlinden), uma vila Austríaca encrustada na serra, ás 11:30 porém teremos uma parada em Campo Belo do Sul para conhecer, almoçar e provar os vinhos da Vinícola Abreu Garcia que conhecerei junto com todos, porém amigos foram unânimes em recomendar, não perca! Não perderemos!

Chegada em Treze Tilías no inicio da noite com check in no hotel. Jantar no hotel (incluso) ou saída para jantar (livre) no restaurante da Cervejaria Bierbaum, uma parada estratégica no vinho! rs

Dia 1 de Novenbro visita à Vinícola Kranz às 10 horas, com degustação e algunsKranz acepipes. Numa feira de vinhos brasileiros na Fecomercio, conheci seus vinhos e me surpreendi com, especialmente, um rosé muito diferenciado e complexo, mas tem mais!
Passeio e almoço livres e à noite jantar no hotel com show Tirolês. Jantar e show inclusos no preço do tour exceto por bebidas.

VG LagoDia 2 de Novembro, saída ás 9:00 com destino a Caçador e à belíssima Villaggio Grando, um dos principais players dos vinhos de altitude. Um portfolio de vinhos com muita diversidade e muita pesquisa. Visita, provas e um bate-papo com tira gosto para nos prepararmos para a viagem a Navegantes de onde embarcaremos de volta a São Paulo. No caminho, parada para um lanche (livre).

HOTEIS: Intercity Premium Florianópolis / São Joaquim Park Hotel / Treze Tilías Park Hotel todos 4 ****.

Bem, têm pela frente um longo fim de semana para pensarem no assunto e adequarem vossas agendas! Quanto a preço, quando falar com o Murilo ele vos passará tudo. Bom feriado, kanimambo e espero poder tê-lo a bordo!

Ps. Clique nas imagens para ampliá-las.

Party Time! Bueno Bellavista Desirée Brut Rosé na Taça.

Meu amigo Márcio Marson insistiu, João prova esse espumante que vai te surpreender, e como sou facinho para essas coisas…..não precisou de muito convencimento ! rs Não é de hoje que tenho uma queda por CAM02492espumantes e diversos foram os Desafios, provas e degustações temáticas sobre o tema ao longo de todos estes anos em que falo de vinhos aqui. Não inicio nenhuma degustação sem abrir um espumante e quase todo o fim de semana abro um em casa, gosto, gosto muito, então provar mais este lançamento da Bueno Wines foi um enorme prazer.

Blend de Merlot/Cabernet Sauvignon e Pinot Noir da Campanha Gaúcha, novo eldorado da vitivinicultura Rio Grandense, elaborado pelo método charmat, estava ansioso para abrir esta garrafa. As perspectivas eram as melhores e o vinho não me deixou na mão, de vez em quando acontece, confirmando na taça o lindo visual na garrafa. Garrafa de design limpo, simples mas eficiente, sexy, desnuda com aquela linda cor implorando para ser possuída, literalmente sensual! rs

Na taça mostrou ótima perlage, lindo e duradouro colar de espuma, aromas de frutos frescos pedindo para que a taça fosse levada à boca onde ele explode em goles de alegria CAM02494e festa! O frescor da fruta no olfato se repete em boca de forma vibrante com a acidez muito bem balanceada, puro prazer e uma garrafa foi muito pouco para a sede dos presentes. Na segunda e última taça, sniff, me lembrei de Ivan Lins que canta em Vitoriosa como “a vida pode ser maravilhosa”!Mesmo que só por instantes, este gostoso espumante tem a capacidade de despertar essa sensação.

Daqueles espumantes que transforma e faz o momento, não precisa esperar acontecer, muito bom! Se achar a bom preço, tem de tudo no mercado pelo que pude ver, compre de caixa que o verão vai pedir e você já estará prevenido!

Quando um produtor tem a consultoria de um enólogo que você goste e conheça bem seus produtos, fica bem mais fácil confiar nos vinhos na garrafa. Este espumante tem a mão e sensibilidade de um grande wine maker, Roberto Cipresso, responsável por, por exemplo, os vinhos da Achaval Ferrer e de seus próprios Brunellos que eu já citei aqui. Nunca provei nada dele que não tenha gostado, então saber que ele é “culpado” por esta belezura é motivo de grande satisfação. Cheers, kanimambo e aí, vem comigo a Santa Catarina!

Ps. Ivan Lins para quem não conhece e para os que querem relembrar. Se escutar abrindo uma garrafa, ou várias (!), de Desirée bem acompanhado, garanto que a Vida será Maravilhosa! rs