João Filipe Clemente

Harmonizando Food Truck Gourmet – Vinhos e Pratos de Espanha!

Depois do grande sucesso de nossos últimos dois eventos realizados com os amigos Gonçalo e Lili do food truck Perfil de Chef na Vino & Sapore quando harmonizamos IMG_5552primeiramente a cozinha lusa e depois a francesa, desta feita vamos de Espanha e acho que é o menu mais sofisticado criado até agora! Já me deixou com água na boca e ansioso para dia 24 de Outubro (Sábado) chegar logo.

No último melhoramos bastante o sistema de atendimento eliminando as longas filas nos pedidos de vinho e tornando toda a operação bem mais eficiente. No food truck não tem muito jeito mesmo, mas esperar um pouco faz parte do momento e do tipo de evento até porque tudo é feito na hora. Como sempre o serviço se inicia às 13 e vai até as 17h ou até que a comida acabe. Vejam só o que montamos para você em parceria com o food truck Perfil de Chef e Almeria Vinhos:

Clipboard Food truck Spain

Entradas – Bolinho de Paella à Valenciana (R$18 a porção de 5 unds) – Sugestão de Vinho Los Molinos Verdejo R$9,00 a taça / Gaspacho Andaluz R$15,00 – sugestão de Vinho Los Molinos Rosado de Tempranillo R$9,00 a taça.

Pratos principais – Arroz de Polvo à Espanhola R$29,00 – sugestão de Vinho Canforrales Clássico Tempranillo R$13 a taça / Paleta de Cordeiro com molho de hortelã e batatas assadas ao alecrim R$27,00 – sugestão de Vinho Punto Y Coma Garnacha R$16,00 a taç

Como sempre, vinhos à taça (100ml) com sugestões de harmonização e garrafas desses mesmos vinhos com desconto especial no dia. Aguardo por você e eu vou me garantir antes! Salud, gracias y nos vemos em Vino & Sapore a la brevedad.

ps. Fotos Meramente Ilustrativas

Grandes Vinhos do Douro

São inúmeras e muito diversas as regiões produtoras portuguesas. Umas mais tradicionais, outras mais abertas à modernidade e a novas castas, mas nenhuma tão famosa e tão premiada internacionalmente com o a região do Douro a primeira região demarcada do mundo em 1756. De lá vieram três entre os TOP 10 Vinhos da Wine Spectator (lista de 100) em 2014, inclusive o ganhador o DOW’S Porto Vintage 2011. Aliás, mesma safra dos outros dois vinhos; o Chryseia e o Quinta Vale do Meão, uma grande safra para tomar já e guardar por muitos anos a fio.

A região é mais conhecida por seus vinhos fortificados, os Vinhos do Porto, mas no inicio dos anos 90 a produção de vinhos de mesa brancos e tintos passa por uma incrível revolução de qualidade. Mesmo assim, ainda hoje a produção não passa de pouco mais de 500 mil garrafas ano, versus mais de 1 milhão e meio de vinhos fortificados. Pois bem, entre os grandes vinhos desta região eu costumo listar o CV de Cristiano Van Zeller, Batuta do Niepoort, Chryseia, Xisto, Quinta Vale do Meão, Quinta do Vesuvio, Barca Velha entre outros menos midiáticos porém de enorme qualidade. São Vinhos caros, bem caros!

Resolvi montar esta degustação em cima dos chamados segundos vinhos destes produtores, exceto o Quinta do Ataíde que é o topo de gama da casa Altano. São vinhos de enorme qualidade com preços mais palatáveis ao nosso bolso! Eis a lista dos vinhos que abriremos no próximo dia 20 de Outubro na Vino & Sapore, a partir das 20 horas após nosso já costumeiro espumante de boas vindas, com o preço atual de importadora. Enquanto formos provando os vinhos falaremos um pouco do Douro, sua história e assistiremos a alguns vídeos.

Vértice Gouveio Brut 2006 (R$150,00) – Um espumante de uma uva duriense, elaborado pelo método clássico e envelhecido em garrafa por 60 meses! Um vinho complexo que mostra que a região produz algo além de grandes vinhos fortificados ou de mesa.

Post Scriptum 2007 (R$240) – o segundo vinho da Prats & Symington (Chryseia), uma sociedade entre produtores de Bordeaux e Douro.

Roquette & Cazes 2008 (R$220) – os segundo vinho deste produtor, também uma sociedade entre produtores de Bordeaux e Douro, que tem como seu principal o Xisto.

Redoma 2009 (R$340) – o segundo vinho da Niepoort que tem no Batuta seu principal player, ou não!

Meandro 2012 (R$192) – o segundo vinho da Quinta Vale do Meão, um dos mais premiados vinhos de Portugal (junto com o Chryseia), mais conhecido nos bastidores como o “Nova Barca” já que boa parte seus vinhedos foram um dia a base do ícone Barca Velha.

Altano Quinta do Ataíde Reserva 2008 (R$230) – o vinho top desta Quinta que produz belos vinhos desde sua gama de entrada e pertence ao grupo Symington.

Deg Douro 1

Como sempre, tábua de queijos e chouriço, azeite, água, café, estacionamento gratuito. Fiz o pré-lançamento semana passada e das 12 vagas, seis já estão reservadas então se tiver a fins, não pense muito não, envie mensagem para Sorry sold Outcomercial@vinoesapore.com.br ou ligue para (11) 4612-6343 de Terça a Sábado das 14 às 19 horas! Somente R$165,00 por pessoa, pagos no ato da reserva. Espero os amigos e desse já vou avisando, dia 24 de Outubro novamente o food truck gourmet Perfil de Chef e a Vino & Sapore promovem mais um Sábado harmonizado e desta feita o tema será ESPANHA (sem paella – rs), programe-se!

Kanimambo, saúde e uma ótima semana para todos.

Vinhos de Altitude Uma Experiência Diferente em Santa Catarina no Feriado de Finados

Mendoza tem seus mais altos vinhedos a 1500 metros de altitude, a maioria entre 900 a 1100 metros. Na serra catarinense os vinhedos estão em média nos 1300 metros com alguns poucos a 900m e outros acima, 1400m o que gera um terroir totalmente diferente das regiões vinícolas gaúchas e, consequentemente, um estilo de vinhos também.

Me lembro que há uns dois anos promovi uma mini feira só de vinhos nacionais e entre eles um Cabernet Sauvignon da Villaggio Grando que meu amigo Olivier Bourse, sommelier francês criado em Bordeaux não só elogiou por seu estilo mais bordalês de ser, como ainda comprou duas garrafas! Creio que isso diz muito do patamar de qualidade dos vinhos.

O terroir da serra catarinense é diferenciado e tem seu epicentro em São Joaquim, porém se espalha devagarinho por toda a região. Ainda é uma região em fase de desenvolvimento longe da maturidade e que demonstra um potencial enorme. Se hoje já possui a qualidade, acho que precisa ainda investir mais na diversidade, eu fico imaginando no que esta região aliada a uma beleza única de canions e paisagens ímpares ainda poderá nos dar no quesito bons vinhos e férias inesquecíveis. A diversidade cultural (origem de emigrantes), as paisagens e os bons vinhos tornam o sucesso algo eminente e já está mostrando a sua cara.

Pois bem, eu convido os amigos enófilos que guardaram uns dólares para viajar ao exterior e que estão revendo seus projetos, a trocar um pouco dos dólares comprados e me acompanhar em cerca de 1.000 kms de viagem de descobrimentos por esta imensa região num roteiro muito especial aero rodoviário dentro de minha filosofia vínica, a busca por experiências fora da mesmice. Cinco noites, seis dias período em que conheceremos os vinhos de onze vinícolas, das quais visitaremos seis, micro ônibus com ar condicionado, banheiro e bar (água e sucos) a bordo que nos receberá em Floripa e nos deixará 6 dias depois em Navegantes para nosso retorno, vejam detalhe do mapa abaixo com nossa rota de descobrimentos clicando aqui.

mapa da rota

Tenho uma nova parceria com a Mais Viagens que será quem estará encarregado da venda e toda a parte operacional da viagem, porém se tiverem alguma dificuldade ou dúvida que precisem de mim é só gritar! rs Lá vocês poderão falar com o Murilo Cassador
Contatos: 11 3255-5681 / 11 97113-1188 / 11 9475-1334 ou por E-mail: contato@maisviagens.net.br . Seremos no máximo 14 pessoas, então não dê mole não!

Saída dia 28 de Outubro cedo de Congonhas (SP) para Florianópolis onde passaremos uma lindo dia livre e algumas sugestões de passeios como no mercado municipal e na Lagoa da Conceição. À noite seremos recebidos pelo presidente da ACAVITIS (Associação Catarinense dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude) Sr. Acari Amorim na Vinho e Arte Amorim onde jantaremos e receberemos informações sobre os projetos da ACAVITIS e os Vinhos de Altitude de Santa Catarina. Na oportunidade teremos nosso primeiro contato com os vinhos da região pois o jantar será harmonizado com os vinhos da Quinta da Neve. Quem não puder ir cedo e preferir chegar lá no final da tarde para nos encontrar para o jantar ou estiver em outra cidade que não São Paulo, o Murilo poderá ajudar a solucionar isso, liguem para ele.

Dia 29 de Outubro – Check out ás 8:00 para que possamos nos dirigir a São Joaquim através da primeira emoção do dia, subir a Serra do Rio do Rastro onde o almoço será livre no restaurante Mensageiro da Montanha no mirante da Serra. Depois, um pequeno passeio pela paisagem da região e chegada a São Joaquim no final da tarde. Às 20 horas, saímos do hotel para o restaurante Cristal de Gelo onde jantaremos acompanhado do enólogo da Quinta de Santa Maria que nos falará de seus vinhos, novidades e harmonizará os pratos.
Dia 30 de Outubro – Saímos ás 9:30 com destino à Villa Francioni nossa primeira parada do dia. A vinícola é ícone na região e eu sou especialmente fã do VF que surpreendeu a todos numa degustação ás cegas com vinhos de Bordeaux (link), mas há muito mais. Um dos pioneiros e ícone da região, é uma visita obrigatória para quem por lá passa. Seremos recebidos pelo enólogo da casa, conheceremos o projeto e provaremos alguns de seus bons vinhos.
Vinícola Monte Agudo – conheceremos a vinícola e degustaremos os vinhos enquanto almoçamos em seu lindo restaurante onde seremos recebidos como merecemos (rs)! Este produtor iremos explorar juntos pois não conheço seus vinhos, ainda, porém as criticas são muito boas e de gente que respeito.
Após o almoço, visitaremos a Villaggio Bassetti que me surpreendeu muitíssimo na Expovinis de 2014, em especial seu Sauvignon Blanc. Seremos recebidos pelo proprietário ou o enólogo da casa, caso ele não esteja, que nos levará a conhecer os vinhedos e provaremos seus vinhos. Retornamos ao hotel no final o dia e jantar livre

Dia 31 de Outubro – Check out às 9:30 pois ás dez precisaremos estar na Casa do Vinho do Sr. Vilson onde faremos uma prova de alguns vinhos especiais que escolhemos em conjunto. Entre duas preciosidade esgotadas no mercado, faremos uma visita aos vinhos da Pericó, Santo Emilio e Hiragami. Especializado em vinhos da região, possui uma incrível infraestrutura para receber grupos do porte do nosso e ainda tem preços (para quem quiser se esbaldar) imbatíveis!

Saída para Treze Tilías (Dreizehnlinden), uma vila Austríaca encrustada na serra, ás 11:30 porém teremos uma parada em Campo Belo do Sul para conhecer, almoçar e provar os vinhos da Vinícola Abreu Garcia que conhecerei junto com todos, porém amigos foram unânimes em recomendar, não perca! Não perderemos!

Chegada em Treze Tilías no inicio da noite com check in no hotel. Jantar no hotel (incluso) ou saída para jantar (livre) no restaurante da Cervejaria Bierbaum, uma parada estratégica no vinho! rs

Dia 1 de Novenbro visita à Vinícola Kranz às 10 horas, com degustação e alguns acepipes. Numa feira de vinhos brasileiros na Fecomercio, conheci seus vinhos e me surpreendi com, especialmente, um rosé muito diferenciado e complexo, mas tem mais!
Passeio e almoço livres e à noite jantar no hotel com show Tirolês. Jantar e show inclusos no preço do tour exceto por bebidas.

Dia 2 de Novembro, saída ás 9:00 com destino a Caçador e à belíssima Villaggio Grando, um dos principais players dos vinhos de altitude. Um portfolio de vinhos com muita diversidade e muita pesquisa. Visita, provas e um bate-papo com tira gosto para nos prepararmos para a viagem a Navegantes de onde embarcaremos de volta a São Paulo. No caminho, parada para almoço (livre).

HOTEIS: Intercity Premium Florianópolis / São Joaquim Park Hotel / Treze Tilías Park Hotel todos 4 ****.

Eu acompanharei o grupo do inicio ao fim, mas isso você já sabia, o que você quer mesmo saber é do preço né? Vamos ver; este tour cobre todas as degustações e visitas, almoços e lanches nas vinícolas, passagens aéreas, ônibus fretado pelos seis dias, quatro jantares ou seja, afora algumas poucas refeições livres que normalmente poderão ser pagas no cartão de crédito sem adicional de IOF (mais um beneficio da viagem local), o custo abrange quase tudo. Clicou nos links, já fez a viagem virtual, pois bem; se realmente estiver interessado contate o Murilo ou me envie um e-mail para wineandfoodtravelexperience@gmail.com e lhe passarei os preços e condições de imediato.

Kanimambo e espero ver você a bordo. Das cerca de 20 vínicolas na região, provaremos vinhos de mais da metade, uma experiência ímpar e um enorme aprendizado sobre os Vinhos de Altitude Brasileiros, não perca esta oportunidade.

Um Belo Syrah Argentino

Para mostrar, por mais uma vez, que nem só de Malbec vive a Argentina e quem for hoje na ATE, vai sacar isso ao vivo e na taça. Os melhores syrahs argentinos costumam vir de San Juan, porém de Mendoza encontramos algumas preciosidades também, como este Arriero Syrah Reserva 2007, Hacienda del Plata, apenas 4600 garrafas produzidas e o vinhedo não mais existe então, quem 2015 - Set - Arriero Syrah reservetomou, tomou quem não tomou não tomará mais a não ser que tenha guardado! rs Este fez parte de minha primeira seleção na Confraria Frutos do Garimpo, conheça um pouco mais dessa pepita garimpada.

A vinha data de 1993 e a colheita foi manual, a seleção das uvas já começa nesta etapa onde são verificadas a saúde e maturidade de cada fruto. Após a fermentação alcoólica realizada em tanques de aço inox por 21 dias, o vinho é colocado em barricas de carvalho francês e americano por 9 meses onde permanece em temperatura controlada entre 9º e 14º C. O vinho é então engarrafado e envelhecido por mais 8 meses antes de ser comercializado.

Já o conhecia de outros carnavais, e voltou a me seduzir. Apresentou um nariz de boa tipicidade, fruta algo caramelada, bom corpo, entrada de boca firme que arredonda no meio de boca e termina aveludado, madeira bem colocada, especiado, com final de média para boa persistência. Mostrou estar bem balanceado, apesar de seu alto teor de álcool em torno de 14.5º que refletiu num final de boca um pouco quente que não chega a incomodar e um tempo de Decanter faz o ajuste final. Um vinho muito saboroso, mostrando que a Argentina também possui bons exemplares de Syrah, que deve fazer um belo contraponto a pratos de boa estrutura como ragu de rabada sobre cama de polenta, boeuf bourguignon, um bife de chorizo com uma boa dose de gordura, quem sabe um steak a poivre?

Um vinho ainda muito vivo, porém já mais comportado e integrado que deve ainda evoluir por mais um par de anos, mas no ponto desde já! Por hoje é isso, amanhã detalhes e preços de minha viagem à Serra Catarinense e seus Vinhos de Altitude, ficou da hora essa viagem de dia 28 de Outubro a 2 de Novembro. Kanimambo, salud e nos vemos por aí, nos caminhos de nossa vinosfera.

Lagarde Primeras Vinas Malbec na ATE

Meus amigos, semana passada dei um toque para vocês sobre este incrível evento armado pela WofA (Wines of Argentina) no próximo dia 30 (Quarta), o Argentina Taste Experience onde afora alguns grandes vinhos em prova, os participantes poderão participar de diversas palestras de renomados enólogos entre eles o Alejandro Vigil que recentemente foi eleito epla revista Decanter como um dos 30 mais importantes enólogos do mês. Sei que alguns já garantiram suas entradas e estas não eram muitas, então se tiver a fins clique logo no link aqui do lado >>>>>.

Lagarde PV 2012Agora, provavelmente um dos vinhos que quem for terá a oportunidade de provar, será este, o Lagarde Primeras Vinas Malbec 2012 que mais uma vez veio dar uma passada por minha taça, gooosto quando ele me visita (rs) sempre um m prazer hedonístico! Um vinho complexo e sofisticado que também possui uma ótima versão em Cabernet Sauvignon, porém o Malbec ainda é o meu preferido entre os dois. Este ainda está bem jovem, porém desde cedo mostra todo o potencial advindo de uvas de vinhedos de 1906 e 1930, as primeiras vinhas do produtor. Um vinho que consegue unir com maestria a potência com complexidade e elegância num conjunto que literalmente empolga quem o toma e gosta de vinhos desta estirpe. Segue sendo um dos melhores Malbecs que tive o prazer de tomar, certamente entre meus top 10, e que sempre me deixa marcas de prazer bem profundas.

Escuro, violáceo lindo e brilhoso na taça, paleta olfativa intensa e sedutora (ameixa madura com nuances de chocolate ao final) que chama a taça à boca e é lá que ele dá olé! Me entusiasmei, sei, mas fazer o quê, não é esse o grande barato do vinho? Despertar emoções e nos trazer prazer? neste caso, missão cumprida com louvor pelos produtores e enólogos responsáveis! Voltemos ao vinho porque já me entusiasmei e comecei a devanear, porém quando me entusiasmo com algo os adjetivos rolam soltos e fáceis faltando objetividade, fazer o quê? Nessas horas a música é uma só; “deixa a vida me levar, vida leva eu, sou feliz e agradeço  por  tudo o que Deus me deu”! rs

Na boca o vinho é de uma riqueza e complexidade únicas, confirmando a fruta e um perfeito equilíbrio entre taninos, álcool e acidez mostrando que ainda há muita vida pela frente e guardar algumas garrafas deste vinho será certamente um investimento bem feito no prazer. Os taninos são muito finos, daqueles que se apresentam sedosos na ponta da boca, sem excessos, bom volume de boca, untuoso, para tomar só ou bem acompanhado, um vinho de primeiro nível na constelação de grandes vinhos da vinosfera mendocina.

Uma repassada neste belo vinho é certamente uma experiência muito agradável então conhecê-lo na ATE será certamente um bom investimento lembrando as sábias palavras do já falecido colunista, escritor e produtor Alexis Lichine; “No que se refere a vinho, sempre recomendo que se joguem fora tabelas de safras e manuais investindo num saca rolha. Vinho se conhece mesmo é bebendo!

Cheers, salud, kanimambo e uma ótima semana para todos.

Sacando Rolhas de Vinhos Naturebas

Se meter a fazer vinhos orgânicos e biodinâmicos acho que requer uma certa dose de loucura e não me entendam mal! Aquela loucura que todos os gênios que mudaram algo no mundo necessitaram ter, aquela loucura que faz arriscar o que não se deve para http://www.falandodevinhos.com/wp-content/uploads/2015/03/02105720/Uncorking-Old-Sherry-Gillray.jpg encontrar nunca se sabe exatamente o quê. De tomar riscos além do razoável, de ganhar muito ou se perder tudo, enfim algo além do que estamos acostumados a conviver. Junte-se a isso coragem, fé e uma boa dose de romantismo e temos aí um produtor “natureba”. Pessoalmente já provei vinhos orgânicos que não me adicionaram nada, biodinâmicos de que não gostei e nunca compraria assim como já tomei grandes vinhos elaborados da mesma forma. A essência para mim é o vinho ter qualidade e ser palatável. O ser natural, por si, não é nem nunca será, em minha opinião,sinônimo de qualidade.

Este preâmbulo para abrir espaço para a Raquel Santos, nossa porta voz, confreira e sommelier, compartilhar conosco sua opinião sobre alguns vinhos chilenos que são mostra deste estilo de vinhos, os naturais. Fala Raquel

“Quando surgiu a ideia de conhecermos um pouco mais de vinhos orgânicos, biodinâmicos e naturais, causou-nos uma certa estranheza e ao mesmo tempo muita curiosidade. A começar pelo nome de uma das vinícolas: “Cacique Maravilha”! Os piadistas de plantão já encontraram motivos suficientes para que a diversão rolasse à vera!!! Afinal, é para isso que nos encontramos todos os meses, entre outras coisas, é claro!

Íamos conhecer dois produtores chilenos: Manuel Moraga Gutierrez do Cacique Maravilha e Renan Cancino do El Viejo Almacén. Ambos produzem vinhos naturais, de cultivo orgânico e vinificação com a mínima interferência possível. Hoje em dia com toda a evolução tecnológica é considerado por muitos uma grande loucura depender apenas da natureza para se extrair vinho de vinhedos muito antigos, que praticamente já estavam quase extintos, e partir daí fazer um trabalho de risco, onde as vezes pode-se perder todo o ano de trabalho, caso a “natureza” não colabore adequadamente. Sim, é um grande risco que essas pessoas taxadas de loucas correm. Mas acima de tudo, vejo aí uma grande dose coragem.

Por acreditar na cultura ancestral de seus antepassados, eles arriscam para resgatar uma sabedoria que com o tempo foi se perdendo em troca de uma tecnologia mais segura, porém carente de identidade. A agricultura orgânica já é bem assimilada por nós sendo uma opção de alimentação mais saudável, onde não se usa adubação nem pesticidas químicas para afastar as pragas indesejáveis. No caso do vinho, essa prática já vem sendo usada, principalmente no Chile que possui uma situação geográfica privilegiada, onde a estreita porção de terra fica praticamente isolada de um lado pela cordilheira e do outro pelo oceano, impedindo a disseminação de pragas. Já no processo de vinificação, podem ser acrescentados elementos químicos como leveduras que aceleram a fermentação e outros ajustes que interferem no processo final e é justamente aí que entra o resgate de técnicas ancestrais no processo da vinificação e a opção por processos naturais. Se o vinho é o resultado do terroir, mais o tipo de uvas empregadas e a mão do enólogo, neste caso, a função do enólogo é interferir o mínimo possível, deixando a natureza agir de acordo com as intempéries daquele ano. Se foi um ano mais chuvoso ou com altas temperaturas, ou muito frio, isso aparecerá no resultado final do vinho. Nunca haverá uma safra igual a outra e as leveduras serão naturais.Eram vinhos destes que tínhamos pela frente neste encontro.

Naturebas

O resgate da casta País (que na Argentina é conhecida como Criolla) era usada apenas em cortes, e de coadjuvante tornou a principal. Para brindarmos o momento, foi escolhido um espumante chileno feito com essa uva:
Estelado Rosé – elaborado pela espanhola Miguel Torres, que também possui vinhedos no Chile. Muito delicado, refrescante, elegante e possui uma cor linda! Começamos bem e estávamos mais que preparados para as “loucuras” que estavam por vir.

1. Pipeño 2014 – Cacique Maravilha – 100% País – Já chamou a atenção pelo tamanho da garrafa! Um litro.o que, obviamente, todos acharam que seria o tamanho ideal da dose de vinho para 2 pessoas. O nome (Pipeño) significa garrafão e a garrafa de 1l, faz alusão a isso, ou seja, aquele vinho simples que deve ser tomado na companhia de muitas pessoas em momentos de descontração. A uva País é originária das Ilhas Canárias onde é chamada de Listán Prieto, e foi trazida pelos colonizadores espanhóis. De aspecto turvo mostrando que não passa por filtragem. Cor bem clarinha, lembrando um Pinot Noir. Aromas rústicos de terra molhada e notas animais. Com tempo evoluem para frutas vermelhas silvestres e xarope de romã. Um vinho que nem cabem essas descrições técnicas, pois a proposta é de simplicidade e cumpre bem esse papel. Muito agradável e refrescante.

2. Huaso Sauzal 2013 – El Viejo Almacén – 100% País – Como o próprio rótulo diz, vinificado de maneira tradicional, como seus ancestrais o faziam à séculos atrás. Com pouco mais de estrutura que o anterior, onde se percebe uma maior extração das características da casta. Ótima acidez, com as mesmas notas terrosas e selvagens num fundo de frutas silvestres (cerejas), e florais (lavanda).

3. “50/50” Pipeño 2013 – Cacique Maravilha – Um corte meio a meio de Cabernet Sauvignon e País. Com bom corpo, onde a “musculatura” da Cabernet Sauvignon se faz presente. Bem equilibrado, com taninos fininhos e boa acidez. De início o nariz mostra-se um pouco tímido, algo parecido com goma, herbáceo e pouco frutado. Mas com o tempo na taça vai se revelando aos poucos. Aparecem os florais, minerais e a madeira aparece, fazendo a ligação entre as camadas. Muito fresco e aromas de mentol ficam mais evidentes. Surpreendeu!

4. Cacique Maravilha 2013 Blend – Cot (Malbec),País, Cabernet Sauvignon – Aromático, com notas de couro, chocolate e herbáceo (azeite). Na boca os mesmos sabores se confirmam e evoluem para algo mineral. Tem bom corpo, boa acidez e taninos que secam a boca.

5. Huaso Sauzal Garnacha 2012 – El Viejo Almacén –  Floral exuberante, com notas de rosas, framboesas e ervas aromáticas. Leve, delicado e equilibrado. Muito fácil de beber e prazeroso.

6. Vigno Carignan 2011 – El Viejo Almacén – A primeira impressão no nariz não agradou muito. Parecia duro e selvagem, quase que inacabado, mas com tempo ele foi arredondando e mostrando aromas mais domesticados. Evolui tanto na boca como no nariz revelando características mais frutadas, defumados, couro e sous-bois.

Essa ânsia em resgatar um modo mais natural de viver, vem como contraponto ao alto nível de desenvolvimento que a história do homem alcançou até agora. Eu acredito que tudo tem seu lado bom e seu lado não tão bom assim… No caso dos vinhos, muitas vezes me perguntam quais são os melhores vinhos que existem. E para mim a resposta mais óbvia é : aquele que mais te encanta! Existem os que amam os mais famosos, os menos, os caros, aqueles nem tanto e aqueles que defendem com todas as garras os naturais e os que os acham uma porcaria! Mas o melhor de tudo é que as possibilidades são imensas e com disposição e vontade, podemos (yes, we can!) escolher o que é bom e eu gosto e vice versa.”

Bem pessoal é isso, semana que vem tem mais! Kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui ou por aí, em algum canto desta enorme e surpreendente vinosfera.

ARGENTINA TASTING EXPERIENCE 2015, VEEEENHA!

Esta dica é imperdível e uma bela noticia para os amantes de bons vinhos como você e eu! Hora de descobrir alguns grandes vinhos que os hermanos vêm elaborando e escutar o que seus principais enólogos têm a dizer sobre o atual estágio da vitivinicultura argentina. Nos últimos três anos conheci a fundo o que vem sendo feito nas diversas regiões produtoras e me surpreendi revendo opiniões, enterrando de vez Logo WofAalguns preconceitos e descobrindo sabores e emoções diferenciadas. Agora convido você a passar por uma experiência única ao, numa dose concentrada, ver um pouco disso na ATE que se realizará neste próximo dia 30 de Setembro a partir das 16:30.
São Paulo sediará o lançamento mundial desta nova iniciativa da Wines of Argentina (WofA) para apresentar alguns dos melhores vinhos daquele país. O evento contará com uma Mega Degustação às cegas, degustações sensoriais sobre diferentes temas e um espaço central com um bar que terá os vinhos premiados com medalhas de Ouro e Prata no último Argentina Wine Awards.

O Argentina Tasting Experience (ATE) se realizará aqui, na cidade de São Paulo, no Hotel 115 – Vila Madalena. O evento contará com uma Mega Degustação às cegas, degustações sensoriais sobre diferentes temas e um espaço central com um bar que terá os vinhos premiados com medalhas de Ouro e Prata no último Argentina Wine Awards. Clique ali >>>>>>>>>

O ATE será um evento dinâmico e interativo em que os participantes poderão participar de várias palestras com gente do porte dos renomados enólogos; Alejandro Vigil (Catena Zapata e El Enemigo), Sebastián Zuccardi (Familia Zuccardi), Bernardo Bossi (Casarena), Hervé Birnie Scott (Diretor da Chandon) entre outros.

SOMENTE, cerca de 150 pessoas terão a oportunidade de provar às cegas os 18 vinhosATE la Barra AWA premiados com troféu e com medalha de ouro na última edição dos Argentina Wine Awards. Outra atividade durante o dia incluirão o “BAR AWA” com 22 vencedores de medalhas de ouro e prata na AWA 2015. O evento começa às 16:30 e vai até às 23:00. Esta será uma forma inovadora de apresentar vinhos de forma descontraída e instrutiva.

Haverá também um espaço central e social, mais “lifestyle, para que os convidados possam aproveitar um cocktail exclusivo, com música e um um DJ convidado, além de um espaço de fotos cabine de fotos para aqueles que desejam ser fotografado. As entradas para o evento serão vendidas através do site https://semhora.com.br/parceiro/evento/ate-argentina-tasting-experience
Os valores são:
– Palestras (16:30 às 19:00): R$ 80,00.
– Degustação Principal (20:00 às 22:30): R$ 100,00.
– Pacote Palestras + Degustação: R$ 150,00.

Eis a lista das vinícolas participantes com a minha sugestão das imperdíveis (caso tenha que escolher apenas algumas) entre as muito boas listadas:
ANDELUNA CELLARS
BODEGA ARGENTO
BODEGA ATAMISQUE
BODEGA DEL FIN DEL MUNDO – PATAGONIA ARGENTINA
BODEGA RIGLOS
BODEGA SEPTIMA
Bodegas Salentein
CASA BIANCHI
CASARENA
DOÑA PAULA
EL ESTECO
FAMILIA ZUCCARDI
FINCA SOPHENIA
KAIKEN
LAGARDE
MASCOTA VINEYARDS
NIETO SENETINER
NORTON
PASCUAL TOSO
PROEMIO WINES
RICCITELLI WINES
TERRAZAS DE LOS ANDES
TRAPICHE
VINORUM

Sobre a WofA
Wines of Argentina é a entidade responsável pela “marca” vinho argentino no mundo. Desde 1993, a organização promove a imagem de vinhos locais no exterior, bem como ajudando a orientar a estratégia de exportação da Argentina, estudando e analisando as mudanças que ocorrem nos mercados de consumo. O seu objetivo é contribuir para a consolidação da Argentina entre os principais exportadores de vinho do mundo e contribuir para o sucesso global da indústria do vinho, procurando levantar a percepção positiva no comércio, formadores de opinião e consumidores.

Para maiores informações clique no link aqui do lado. Kanimambo e uma ótima semana a todos.

Montalcino Não é Só Brunellos

Para os amantes do vinho há regiões no mundo que são pura idolatria; Douro, Rioja, Bordeaux, Champagne, Mosel, Piemonte e Toscana, entre muitas outras. Na Toscana, Montalcino e seus Brunellos e Rossos de Montalcino (elaborados com 100% da casta Sangiovese Grosso) reinam absolutos, porém a Toscana tem outras regiões incríveis que pouco são divulgadas ao consumidor e o mesmo ocorre com Montalcino que não é feita só de Brunellos!

Afora esses ícones da vitivinicultura italiana toscana, Montalcino possui outros DOCs;

  1. Sant’Antimo DOC fundada em Janeiro de 1996 – Tanto Bianco como Rosso, elaborado com todas as uvas autorizadas na Toscana. Os tintos pode também ser elaborado em varietal, porém nesse caso deverá se especificar a uva no rótulo, mas restrito somente às castas; Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Nero. Nos brancos; Chardonnay, Sauvignon Blanc ou Pinot Grigio. Também se produzem Vin Santo branco e tinto nesta mesma DOC.
  2. Moscadello de Montalcino – apresentado tanta na forma de espumante como de vinhos doces de sobremesa.

Bem, depois dessa pequena introdução, deixa eu falar para vocês do vinho que provei no Winebar promovido pela Expand com um vinho DOC Sant’ Antimo, o IRRosso diIR Rosso Casanova di Neri 2013, não confundir com o Rosso di Montalcino que é outro vinho, deste conceituado produtor de Brunellos! Aqui a Sangiovese é complementada por uma parte de Colorino (muito usada em Chianti), com passagem de 15 meses por barrica e mais 6 meses em garrafa antes de sair para o mercado. O vinho mostrou bem a marca da casa produtora que, pelo menos do que já provei, possui um estilo mais austero, mas não duro!

Cor escura (muito jovem), aromas terrosos, frutos negros, boca densa, de ótima textura e volume de boca, concentrado, taninos presentes, firmes mas sem agressividade, longo, um belo vinho que pediu o que não lhe dei, um tempo de aeração, creio que se mostraria mais com 30 a 45 minutos no decanter. Vinho que promete muito com mais uns três anos de garrafa para quem puder guardar. Eu após complementar meus sessenta anos, não guardo mais nada a não ser meus Porto Vintage! rs

Passou por cima de meu Caldo Verde, é o que tinha no momento (rs), mas posteriormente preparei um sanduíche de chouriço português e aí o baile ficou legal, pena que a bateria do celular tenha ido para a glória! O sanduba talvez não tenha feito jus à nobreza do vinho (R$180), mas não é de hoje que alguns casamento entre realeza e plebe dão certo, este deu! rs

Salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui ou vem passear comigo pelos vinhos de altitude de Santa Catarina dia 28 de Outubro a 2 de Novembro. Detalhes em elaboração, mas como serão somente 12 vagas, me avise desde já de seu interesse e lhe enviarei roteiro completo em primeira mão tão logo esteja pronto.

Vinho é Prazer!

Hoje optei por falar de prazer, mais do que falar de vinho em si o que voltarei a fazer mais ao longo da semana. Acordei com vontade de filosofar, de falar de prazer no vinho, algo que há muito andava ensaiando depois que um amigo (não muito chegado nos caldos de Baco) me disse que para curtir um bom vinho, bastava despejar o caldo no copo e virá-lo! Pode? Sim, pode até ser num primeiro instante, mas na verdade é uma mera “rapidinha” de duração curta sem maiores impactos sensoriais deixando-se de aproveitar a grande maioria dos pequenos detalhes que completam o todo e fazem a diferença entre o mero gozo e o real prazer.

Apreciar um bom vinho é como lentamente nos desnudarmos perante nossos parceiros passando por toda a fase de nos perdermos nos olhos um do outro, sentindo seu perfume, descobrindo todas as suas nuances e curvas, se inebriando de paixão até se deixar levar ao infinito numa viagem que deixa marcas na memória e nos faz querer mais e mais! Um bom vinho possui uma certa dose de sensualidade, de fogo e paixão que na dose certa gera enorme prazer e pede compartilhamento, uma garrafa a dois é muito mais gostoso, ou não?! rs Complicado?Não, o segredo é querer aproveitar o momento e descobrir toda a complexidade e nuances do vinho num processo de entrega e de cumplicidade muito similar há que podemos usufruir num relacionamento entre duas pessoas, guardadas as devidas proporções obviamente!

Para o tomador de vinho, todos já fomos, qualquer coisa está bom já para o apreciador de vinho há a necessidade de “foreplay”, de prestar atenção, de um certo flerte que fará do processo da descoberta um verdadeiro elixir de prazer. O vinho não é, portanto, paixão de pouca dura e sim um processo continuo de aprendizado e conhecimento em que, como nos relacionamentos, existem momentos de grande euforia advindos da perfeita harmonia encontrada numa taça em um determinado momento e outros nem tanto. Tentar desassociar a técnica da emoção é, neste caso, um exercício em vão, pelo menos em minha opinião já que acredito que o vinhos e o amor nos fazem um pouco mais poetas!

Para tomadores de cerveja estupidamente gelada (ótima forma de esconder os defeitos de qualquer bebida) que juntam garrafas sobre a mesa numa Sexta-feira á noite como se troféus colecionassem ou os que bebem para meramente se embriagarem, tudo o que aqui escrevo hoje certamente se tratará de pura bobagem e devaneios mil (também não devem nem ler este blog), mas os que buscam na taça, e na vida, aquele algo mais, esses certamente entenderão o que estou tentando compartilhar hoje ou, pelo menos assim espero!

Muitas vezes escrevo sob enorme influência do prazer e emoções (as vezes em que mais prazer me dá escrever) e quanto maior a satisfação, maior são os adjetivos usados no intuito de repassar aos amigos leitores as sensações vividas. Aliás, como já mencionei aqui em outras oportunidades, um vinho sem adjetivos é um vinho sem alma, sem encantamento, como aquela transa fugaz que pode até resultar num relaxamento momentâneo, porém normalmente deixa para trás aquela sensação de que faltou algo!

Achar que as análises e comentários sobre vinhos são meramente técnicas, é de grande ingenuidade, pois apesar do treino, do estudo e da litragem do degustador eventualmente envolvido, não existe como não nos deixarmos levar pela paixão frente ao prazer e satisfação promovido por um grande vinho (Robert Parker e Bordeaux não me deixam mentir) ou grande momento enogastronomico. Não importa se é com um sanduba de mortadela e um lambrusco, um grande espumante num momento de celebração único ou um jantar de perfeita harmonização entre; o momento, as pessoas envolvidas, o local, o prato e o vinho.

Já dizia o saudoso amigo e mentor, Saul Galvão, num artigo escrito há cerca de dois anos; “quando se fala em vinhos, NUNCA há uma palavra final, mas sim opiniões, que podem ou não ser bem sustentadas. O vinho só existe para dar prazer. Se ele deu prazer, cumpriu sua função, independentemente de regras cânones e opiniões alheias”

Separar o doce néctar de seu viés emotivo é, nesse sentido, algo totalmente equivocado em minha opinião. Tudo na vida é um processo de evolução e depende de cada um determinar seus objetivos. Existe um inicio, nem sempre muito positivo, que vai ganhando qualidade conforme vamos obtendo maior experiência o que, em nossa vinosfera, conhecemos como litragem. Experimentar, buscar diversidade, variar saindo da mesmice, tudo contribui para que o nirvana que se busca seja alcançado. A diferença maior jaz no fato que enquanto num relacionamento a dois a fidelidade é essencial, em nossa vinosfera a infidelidade faz parte do processo de crescimento e aprendizado, prove muito, prove de tudo, aventure-se e deixa a taça te levar a lugares e culturas diferentes sem, no entanto, deixar de ter seu porto seguro!

Cá entre nós, só nota de vinho e os mesmos aromas de frutos de vermelhos e complexidade de boca, tem hora que enche, não?! Até eu volta e meia me vejo nessa! Enfim, por hoje chega, já viajei demais, rs. Cheers, saúde, kanimambo e parafraseando o poeta popular Zeca Pagodinho:

Eu já passei por quase tudo nessa vida
Em matéria de guarida
Espero ainda a minha vez
Confesso que sou de origem pobre
Mas meu coração é nobre
Foi assim que Deus me fez

E deixa o VINHO me levar….

Rolha ou Rosca?

MiguelMeu amigo Miguel Angelo de Almeida é um jovem e talentoso enólogo, luso que nem eu, que trabalha na Miolo onde vem desenvolvendo seu trabalho com competência há anos. Já tive a oportunidade de aqui publicar alguns de seus textos e este, que recente recebi dele, me pareceu especialmente interessante, razão pela qual pedi autorização para compartilhá-lo com os amigos aqui hoje. Kanimambo Miguel!

A meu ver existem algumas razões práticas e técnicas para uso de fechamento de rosca (screw-cap) e algumas estéticas e comerciais. Como enófilo e amante de bons vinhos, não me atenho a isso e sim ao conteúdo da garrafa. Aliás, uma prova da diferença entre enólogo e enófilo; o Enólogo (Miguel) diante do vinho toma decisões já o Enófilo (JFC), diante de decisões toma o vinho! rs O que tenho visto até agora, e obviamente provado, me diz que não existem alterações consideráveis no vinho e ultimamente provei vinhos com até 12 anos de idade com rosca e estavam ótimos, em perfeito estado de preservação e vida compatíveis com outros de igual idade e origem fechados com rolha de cortiça. Vejam o que o Miguel, com maior experiência e conhecimento de causa, tem a nos dizer sobre o tema.

“Sabemos que perante um vinho fechado com rolha natural, o consumidor tem uma grande expectativa em comparação com os outros tipos de fechamento. Mas o tempo é o grande modelador das nossas convicções, a história da rolha de cortiça natural com o vinho tem cerca de 400 anos e a história do screw-cap com o vinho tem cerca de 60 screw-vs-corkanos. Como disse a Baronesa Philippine de Rothschild: “Produzir vinho é relativamente simples, só os primeiros duzentos anos são difíceis.”.Aqui, no Grupo Miolo, a opção de vedar um vinho com rolha natural ou screw-cap é uma decisão técnica.

Hoje, para proceder o fechamento de uma garrafa de vinho, o enólogo possui várias soluções: rolha de cortiça natural, rolha sintética, rolha de vidro (vino-lok) e screw-cap de alumínio. Contudo, as duas principais soluções são a rolha de cortiça natural e o screw-cap de alumínio.

Se o objetivo for entregar ao consumidor um vinho próximo daquilo que o enólogo obteve na fermentação e/ou estágio de amadurecimento, o vedante mais indicado para este efeito é o screw-cap, que proporciona um fechamento hermético, bloqueando a evolução oxidativa do vinho. Por outro lado, se o objetivo for permitir evolução, a decisão será vedá-lo com uma rolha de cortiça natural que permite uma mudança positiva no tempo. O screw-cap é uma redoma, a rolha de cortiça natural representa transformação.

SobreiroA cortiça é composta por células de suberina com a forma de um minúsculo prisma pentagonai ou hexagonal, um ácido gordo complexo, e preenchida com um gás semelhante ao ar, que ocupa cerca de 90% do seu volume. Portanto, a cortiça contém oxigênio que migra para o vinho, ajudando este a se polimerizar, a se arredondar, mudando irremediavelmente a sua vida e as suas histórias. Estudos recentes demonstram que os diferentes tipos de vedantes diferem na sua permeabilidade ao oxigênio atmosférico. Os sintéticos são os que apresentam maiores taxas de entrada de ar, oxidação prematura, seguidos das rolhas de cortiça natural, evolução equilibrada, enquanto screw-cap é o que permite menores taxas de entrada de oxigênio, evolução lenta.

Num vedante sintético o ar migra, através de si, de fora da garrafa para dentro do vinho. Numa rolha de cortiça natural o oxigênio migra do interior da rolha para o vinho. Num screw-cap sarantin, o do disco interno prateado, não existe migração de oxigênio (screw-cap saranex é o do disco interno branco).

A rolha de cortiça é um elemento 100% natural, 100% biodegradável, proveniente diretamente da casca de uma árvore da família dos carvalhos, o sobreiro. A sua retirada é feita a cada nove anos, sem que nenhuma árvore seja cortada durante este processo. A cortiça dá origem a uma infinidade de produtos, e o principal é a rolha. Cada sobreiro demora 25 anos até poder ser descortiçado pela primeira vez e só, a partir do terceiro descortiçamento (aos 43 anos), a cortiça tem a qualidade exigida para a produção de rolhas. O sobreiro é a única árvore cuja casca se autorregenera, adquirindo uma textura mais lisa após cada extração. Pode ser descortiçado cerca de 17 vezes ao longo de uma longevidade que é, em média, de 200 anos, e não está em extinção, sendo a árvore símbolo de Portugal. Eu me curvo em deferência perante este elemento natural.

O primeiro screw-cap para vinho foi criado pela empresa Stelvin, em meados da década de 60, sob o comando do diretor de produção da vinícola australiana Yalumba, em parceria com uma empresa francesa. O screw-cap ganhou espaço no mundo dos vinhos à custa da imprudência dos corticeiros portugueses, os quais no final da década de 90 (boom mundial da produção de vinhos) inundaram o mercado com cortiça de má qualidade, cortiça com problemas de tricloroanisóis, vulgo TCA, composto químico com cheiro a mofo, cartão úmido. No inicio do novo milénio, os britânicos firmaram a sobrevivência do screw-cap no fechamento de garrafas de vinho. No Reino Unido, a aceitação dos vinhos vedados com screw-cap foi de 41% em 2003 e 85% em 2011.

No Grupo Miolo utilizamos ambos como vedantes de nossos vinhos:

  • O screw-cap para vinhos básicos de características jovens (Almadén, Miolo Seleção e Miolo Gamay) até vinhos de qualidade premium, a grande novidade da vindima 2015 (Miolo Reserva Chardonnay, Pinot Grigio, Sauvignon Blanc e Pinot Noir). Podem reparar que o Miolo Reserva Sauvignon Blanc 2015 está todo ele fechado com um screw-cap sarantin. Este tipo de screw-cap apresenta os menores valores de oxigénio total aquando do engarrafamento, de 0,0001 a 0,0007 ml O2/dia;
  • A rolha de cortiça natural para vinhos premium (Miolo Reserva Cabernet Sauvignon, Merlot, Tempranillo e Tannat) até vinhos de qualidade ícone, vinhos altamente estruturados (Miolo Cuvée Giuseppe, Quinta do Seival Cabernet Sauvignon, Quinta do Seival Castas P ortuguesas, Testardi Syrah, Vinhas Velhas Tannat, Miolo Merlot Terroir, Miolo Lote 43 e o Sesmarias).

Os produtores de vinho decidem o tipo de vedação com base em experiências passadas, na filosofia atual, em questões técnicas, custos e as exigências do mercado. Em suma; a rolha é vinha e o screw-cap é homem. Os quatro são complementares

Agora, nada como sua própria experiência, então vai aqui uma sugestão; monte uma degustação entre amigos e abra dois com rosca e dois com rolha, preferencialmente da mesma uva e região produtora, melhor ainda se puderem ser do mesmo produtor, e tire suas próprias conclusões. Aí vão me perguntar; e o charme?! Bem, aos sessenta a maturidade me faz prestar mais atenção no conteúdo que na aparência, não bebo charme e sim vinho, então….! rs Kanimambo amigos e espero ver alguns de vocês neste Sábado no meu evento de FOOD TRUCK GOURMET (clique para ver detalhes) harmonizando pratos e vinhos franceses. Cheers e até!