Anteontem meu dia começou assim, provando nove vinhos depois de 1:45hrs num trânsito impossível, quase desisti, mas fiz bem em persistir mesmo com o atraso na chegada. Picini é um produtor que viaja pelas regiões e uvas italianas na elaboração de seus vinhos com cortes diferentes e criativos na busca de algo diferente. Mistura Puglía com Sicília e Abruzzo, tem Toscana com Marche, uvas tintas com brancas e “até” os clássicos Chiantis e Brunellos. rs A Vinci convidou e aceitei de bom grado, foi bastante interessante. Destaque para seu Rosso di Montalcino [USD59,50] um vinho de boa tipicidade com uma perfil aromático de boa intensidade que convida à boca e boa persistência, um bom Chianti Riserva sem muita potência primando pelo frescor e de bom custo x benefício [USD27,90] mas o vinho que mais curti, vibrante e diferente foi o Mario Primo Toscana Rosso 2015.
Vinho tinto leve, para tomar a 10°C elaborado e com estágio somente em tanques de cimento, para tomar de golada acompanhado de amigos e bom papo. Blend de Sangiovese, Merlot, Canaiolo (tintas) com um toque de Trebbiano e Malvasia (brancas) muito frutado, fresco e vibrante, afora acompanhar, para quem prefere os tintos, aquele prato de queijos e embutidos e acho que se daria bem com Fondue de Queijo e Paella Marinara. O preço de USD23,69, a Vinci usa hoje taxa de 3,69 então 88 Reais, seria melhor se fosse 20 doletas (rs) e compraria de caixa, mas não chega a ser exorbitante vis-à-vis nosso mercado tupiniquim do vinho. Ah, ia-me esquecendo de mencionar, o rótulo e formato da garrafa são um charme à parte!
Kanimambo pela visita, saúde e nos vemos por aí em algum dos caminhos de nossa vinosfera!
A Vino & Sapore promove degustação com alguns dos Destaques Chilenos do Guia Descorchados 2018 e 2019no próximo dia 1 de Agosto.
A partir das 20h na Vino & Sapore, Granja Viana, degustação para explorar alguns dos rótulos que foram destaque no Guia Descorchados, o principal guia de vinhos da América Latina. Selecionei vinhos que pudessem representar um pouco da diversidade chilena sem que pesassem demasiado no bolso. Veja a seleção que fiz:
2 – Vinho Revelação Descorchados 2019, Las Veletas Cabernet Sauvignon – Cabernet Franc 95 Pontos safra 2016 e 93 pontos safra 2015 que é a safra disponível hoje no Brasil e portanto a que provaremos.
4 – Vinho Revelação Descorchados 2018 De Martino Single Vineyard La Cancha Cabernet Sauvignon 2015, 95 pontos
5 – Melhor Vinho de Pirque (Alto Maipo) Descorchados 2019, Andes Plateau 700 blend 2016, 96 pontos.
6 – Melhor Carignan Descorchados 2018, De Martino Vigno 2015, 96 pontos.
As vagas são limitadas a 12 pessoas sendo que metade delas já se encontram reservadas, então se quiser participar dessa experiência melhor correr logo. O valor é de R$158,00 e cobre a degustação mais “acepipes” (pão, antepasto, embutido, azeite e queijo), água, café e o estacionamento é gratuito no local. Pagamento deverá ser efetivado no ato da reserva in loco ou via depósito/transferência bancária. A Vino & Sapore fica na rua José Felix de Oliveira 875, centrinho da Granja Viana com acesso pelo Km 24 da Rod. Raposo Tavares sentido Cotia, aguardo você.
É, preconceito de monte com essa uva branca ícone dos hermanos argentino, parcialmente justificável pelo histórico, porém de uns dez anos para cá o perfil tem mudado muito. Por insistência da amiga Cristina Passos após ter provado, me deliciado e aprovado o vinho de Criolla elaborado pelo mesmo produtor, ontem provei este vinho. Vinho para quebrar qualquer preconceito para com esta uva e, para quem gosta, uma tremenda de uma viagem!
Vallisto Torrontés 2018, belo exemplar da uva Torrontés da altitude (1800 metros) de Cafayate (Salta) que ao sair da geladeira e às cegas nos leva a viajar por outras uvas como a Sauvignon Blanc e Chenin Blanc, porém após algum tempo em taça com aumento de temperatura se mostra de forma diferente ganhando estrutura e complexidade surgindo notas florais sutis tipicas da casta. Um vinho para ser tomado não a oito graus, mas a 10 ou 12, ganhando untuosidade + complexidade e a mineralidade aflora com tudo, uma viagem de descobrimentos que recomendo.
A Torrontés, de vinhedos antigos com cerca de 60 anos, é a protagonista com 90%, o que pela legislação vigente o classifica como um varietal, porém foi adicionado um tempero extra de 6% de Viognier que certamente ajuda no corpo e textura, assim como Chardonnay que lhe aporta um pouco mais de complexidade e elegância. Frutos tropicias, ótima acidez, médio corpo, sutil floral, notas cítricas no final de boca como fizeram falta umas empanadas, mas um ceviche também ia bem!! rs Sur lie de 6 meses, 40% do vinho estagia por seis meses em barricas de carvalho usadas e o restante permanece em tanque até que seja feito o blend final para engarrafamento.
Gostei muito, equilíbrio perfeito, sem arestas nem excessos, marcante, um vinho que certamente encontrará abrigo na minha adega e frequentará minha taça com uma certa assiduidade. Preço entre 115 a 130,00 Reais o que, no nosso contexto tupiniquim vale, porém seria ótimo se estivesse abaixo de 100! rs
Bom fim de semana com bons vinhos e não importa se brancos, rosés ou tintos o clima está bom para isso e se adicionar um fondue então, aí dá namoro! rs Kanimambo pela visita, saúde
Afinal, como já dizia meu mentor Saul Galvão, “o vinho nasceu para nos dar prazer” e a busca é incessante! rs Dar uma volta numa Ferrari ou numa bela BMW top de linha é (deve, porque nunca o fiz! rs) algo esfuziante mas para poucos assim como tomar um dos grandes vinhos do mundo. Na maior parte das vezes andamos mesmo é com nossos carros médios, alguns com boas SUV da vida e outros de transporte público mesmo e o grande barato de nossa vinosfera é fuçar por vinhos que se encaixem no tamanho de todos esses bolsos gerando prazer. Tem alguns que têm prazer com seus reservados e tudo bem, porém eu busco essa sensação em vinhos num patamar algo melhor a nível de qualidade. Aliás, uns amigos andaram me pedindo uma listinha de alguns desses achados e em breve montarei uma.
A maior parte dos vinhos que bebo não são grandes vinhos
salvo se com amigos rachando a conta, tenho que comprar vinhos com qualquer um,
então fico buscando vinhos que me satisfaçam entre as 50 e 150 pratas, esses
últimos para momentos já mais especiais e, volta e meia (raro) cai um mais
barato na minha rede. Hoje venho falar de um desses vinhos que me entusiasmou na
faixa intermediária dos preços citados, o Alto Las Hormigas Tinto,
argentino de Mendoza com alma italiana que não é um grande vinho, nem pretende
ser, porém é um vinho muito bem feito, versátil e que me deu imenso prazer de
tomar, cumpriu seu papel, tanto que lembrei da foto já com a taça vazia! rs
O vinho vem pelas mão do enólogo italiano Alberto Antonini (veja abaixo*) e nos traz um blend algo inusitado, Bonarda com Malbec e um tico de Semillon, uma uva branca para quem não conhece. Sem passagem por madeira é rico de boca e aromas, muito equilibrado, taninos macios, fruta abundante sem excessos de extração nem madurez, fresco com uma acidez e vivacidade que pede sempre mais uma taça. Vinho literalmente sem arestas, gostoso e mais não digo! Versátil de harmonizar de um bate papo informal, queijos – embutidos – antepastos, massas, carnes mais leves e tudo isso por um preço que varia no mercado entre 68 Reais (site da importadora) a 89,00 nas lojas especializadas. Para quem gosta de pontuação, um vinho de 90 e 91 pontos pela Revista Adega e Guia Descorchados, para mim um tico abaixo disso.
*Alberto Antonini é considerado pela revista Decanter um dos cinco mais influentes “flying-winemakers” (enólogos que dão assessoria a vinícolas) do mundo. Após trabalhar durante anos nas mais prestigiadas e importantes vinícolas da Toscana, como Antinori e Frescobaldi, ele se juntou a Pedro Parra, único especialista em terroir da América do Sul, e Antonio Morescalchi, responsável por apresentar a Malbec para o mundo há mais de 20 anos, e fundou a Altos de Las Hormigas, em 1995, na Argentina.
Uma ótima semana a todos. Dentro do possível, ando um bastante ocupado tentando fazer uns trocados (rs), em breve estarei de volta por aqui compartilhando um pouco mais de minhas experiências. Kanimambo pela visita, saúde!
é isso, não é Cepacol mas é bom de boca! rs Malbec Reserva 2015 da Domaine Bousquet de quem já falei aqui e que só trabalha com vinhos ôrganicos, sempre um plus em sendo vinho bom e este é. Este Malbec leva um tempero de 5% cada de Merlot, Cabernet Sauvignon e Syrah, passa 10 meses em barricas francesas, que aparece de forma muito sutil, e 4 meses de afinamento em garrafa antes de sair para o mercado.
Houve dia que só de escutar a palavra Malbec eu arrepiava, sério! Ainda arrepio com alguns, rs, aquelas bombas alcoólicas, super tânicas, fruta excessivamente madura por muitas vezes enjoativa, dava calafrios vinhos que apelidei de excessivos, vinhos over. Bom que isso ficou para trás porque ao longo dos últimos anos a filosofia de produção foi mudando por lá se adequando a um mercado que também mudou e eu tive a felicidade de conhecer mais a região e seus produtores podendo assim filtrar melhor o que bebo, vinhos que me deem prazer sem me derrubar. Este é um desses vinhos, onde a potência foi trocada pela elegância.
Um vinho sem excessos, fruta abundante, final de boa persistência levemente apimentado, taninos aveludados com acidez equilibrada, corpo médio, textura gostosa que formam um conjunto de boa qualidade tendo sido ótima companhia para este Risoto de Funghi com tiras de Bife Ancho na frigideira. Trivial de almoço nesta Segunda, rs, deu vontade uai! Precisa ter hora para essas coisas? Quer saber preço né, em São Paulo entre 95 a 100 Reais nas melhores casas do ramo, eh, eh!
Corte de meio a meio Syrah e Petit Verdot? Há muito que não provava desde os tempos em que descobri o Terras do Pó Syrah/Petit Verdot da região Setúbal, um corte que me surpreendeu desde o primeiro momento que o conheci há já alguns anos e pelo qual sempre tive uma quedinha. Que sou fã da Petit Verdot não preciso dizer, mas um varietal é sempre de preços bem altos o que os torna meio que inviáveis para a maioria, então o negócio é procurar cortes em que eles tenham uma participação, o resultado é, invariavelmente, muito bom, tem Petit compra! Em função das características da uva, um corte meio a meio nos leva a crer num vinho muito potente, mas esse vinho foi uma grande surpresa por sua harmonia e equilíbrio.
Pois bem, não resisti quando passou por mim mais um corte desses só que desta vez italiano, tinha que provar, ainda mais 2011! Ao pesquisar, deu que era 100% Petit Verdot, só que vi diversos comentários na net sobre como a Syrah aportava isso e aquilo, rs, interessante como até gente graúda pode ser influenciada por um rótulo ou informação equivocada. Enfim, não vem ao caso, não me fiz de rogado e deu nisto, aqui em Falando de Vinhos, no kit Frutos do Garimpo deste mês e, obviamente, na Vino & Sapore porque gostei muito e achei o preço bom para o que apresenta, ao redor de R$140,00 em São Paulo, especialmente em sendo um 100% Petit.
Timperose Mandrarossa 2011, um petit verdot siciliano muito bem feito e equilibrado, tinha que trazer isto para os amigos! Cor bonita já com halo de evolução mediano dando suas caras. Aromas tímidos de frutos negros com um toque defumado e algum floral, mas é na boca que ele mostra a que veio e eu gostei demais. O meio de boca me seduziu por sua complexidade, volume e riqueza de sabores, salumeria, frutos negros, mesmo sem syrah um toque de especiarias, taninos aveludados ainda bem presentes demonstrando que ainda há vida para um par de anos aqui, final de boca apresenta algumas notas terciárias, boa acidez ainda presente, clama por um prato igualmente rico.
Um vinho literalmente guloso e equilibrado, uma grande surpresa Siciliana que vai atender aos amantes da Petit Verdot e ser um tremendo exemplo para quem ainda não a conhece e prepare o cordeiro! rs Como não tinha cordeiro, peguei um resto de almoço do dia anterior de carne seca refogada com cebola, alho, pimenta biquinho, cebolinha, azeitona preta portuguesa fatiada e tomate cereja cortado em quatro, essa “gororoba” toda (rs) sobre uma cama de arroz. Cara, não é que deu um samba legal! rs O prato não é pesado, mas é bem condimentado e isso deu a liga, curti.
Bem amigos, hoje fico por aqui, aproveite a semana da melhor maneira possível. Kanimambo pela visita, saúde e nos vemos por aí em algum lugar desta vinosfera ou virtualmente por aqui mesmo, porque sempre há algo a compartilhar enquanto vocês seguir por aí. Abraço
Porquê a garrafa padrão é de 750ml e não um litro ou meio? Porquê tem fundo côncavo em vez de reto, isso implica em qualidade? Porquê da cor? Se pararmos para pensar são inúmeras as duvidas que podem pairar sobre o tema e na Vino & Sapore volta e meia essas perguntas pintam no pedaço.
1 – Porquê da garrafa ser de 750ml. A definição mais aceita é de que a Inglaterra, que por um longo tempo, sempre foi grande importador de vinhos de Bordeaux e de Portugal, sendo que esta sempre teve um sistema de medidas diferente da grande parte do mundo inclusive França, então os países produtores se adaptaram à demando de seu maior mercado. Na Inglaterra, se usava o “galão Imperial” que correspondia 4,54609 litros e 750ml facilitavam a conta, 6 garrafas! Na época os vinhos de Bordeaux eram transportados em barris de 225 litros ou cerca de 50 galões imperiais correspondente a 300 garrafas de 75 cl (750 ml). Só por curiosidade, preço médio de uma barrica nova de carvalho, média tem para menos e para mais dependendo de origem e qualidade, USD900 ou cerca de USD3 por garrafa.
2 – Fundo de garrafa determina qualidade do vinho? Quanto mais fundo melhor é o vinho? Nada a ver e ainda tem gente que acha fino enfiar no dedo no fundo para servir, argh! rs O fundo a principio tem esse formato concavo para lhe dar melhor estrutura, especialmente nos espumantes em função da pressão interna, e para facilitar a estocagem em caves pois dá melhor apoio e equilíbrio ao se colocar o gargalo encaixado no fundo de uma segunda ou terceira garrafa. Maior estabilidade no transporte.
3 – Cor da garrafa, o fato dela ser âmbar ou verde, tem a ver com proteger seu conteúdo da luz, como o azeite por sinal, seu maior inimigo especialmente nos vinhos de guarda. Por outro lado, há também uma razão de marketing porque em vinhos brancos mais jovens, de não guarda, as garrafas tendem a ser transparentes para se apresentarem “mais bonitas e coloridas” ao mercado. rs Quem não lembra das famosas garrafas azuis de vinhos baratos alemães? Puro marketing!
As cores empregadas tradicionalmente, de acordo com Elano Marques do blog Vino Divino Vinno no Jornal Tribuna do Norte, são:
Em Bordeaux : garrafas de verde escuro para os vinhos tintos; verde claro para os vinhos brancos e secos e translúcidos para os vinhos doces.
Na Borgonha e Rhône: garrafas verde escuro
Na Alsacia e na região de Mosel: garrafas verde claro e algumas de cor âmbar
No Novo Mundo: garrafas verde escuro para os vinhos tintos e garrafas translúcidas para os vinhos brancos.
4 – O peso da garrafa demonstra qualidade? Não, apesar de muitos fazerem essa relação e essa percepção acabou influenciando também o marketing de alguns produtores. Quer valorizar seu produto, aumente o peso da garrafa! rs Por outro lado, a principio, ninguém vai investir numa garrafa dessas, aumentando seus custos, para colocar qualquer zurrapa dentro pois pode queimar sua reputação, então é algo a se pensar.
Na verdade historicamente produtores de vinhos de longa guarda usavam garrafas mais resistentes em função desse tempo de maturação esperado em garrafa, porém nada comparado às armas (nas mãos erradas podem ser letais! rs) que são algumas garrafas hoje em dia. De acordo com a Revista Adega, “pesquisa feita em Oxford chegou à conclusão de que os consumidores acreditam que garrafas mais pesadas têm vinhos melhores e mais caros. O estudo realizado em um mercado, com cerca de 100 consumidores, também mostrou que os compradores se surpreendem quando esses vinhos têm preços mais baixos.
“A relação peso-qualidade é vista em diferentes categorias de produtos desde chaves de carros até controles remotos. Nos vinhos isso pode ser histórico, vinhos mais caros eram colocados em garrafas mais fortes para ficaram mais protegidos”, disse o chefe da pesquisa, Prof. Charles Spence.
Ele ainda lembra que garrafas mais pesadas são realmente mais caras, mas que isso tem relação com os custos extras da produção e não com a qualidade do produto. E que, por conta da associação do cérebro, a percepção pode deixar o vinho com um sabor melhor.” Hoje em dia, em função da onda de preservação ambiental e custos de transporte, há uma busca inversa por garrafas mais leves especialmente para os vinhos mais em conta.
Os resultados, publicados no Jornal Food Quality and Preference, mostraram que grande parte dos consumidores comuns é mais propensa a ser influenciada pelo peso da garrafa na hora de comprar vinhos. Perguntados, em uma escala de um a nove, se garrafas mais pesadas tinham vinhos mais caros (e de maior qualidade), os consumidores responderam com uma média de 7.1 para o primeiro quesito e 6.6 para o segundo.
Para quem viaja e compra vinho para trazer, uma dica, evite essas armas em função de peso e calcule 1,2 a 1,4 quilos por garrafa de 750ml em média. Afinal com a cobrança pesada sobre a bagagem há que se tomar cuidado dobrado com isso!
5 – Tamanhos de Garrafa. O que isso influência no vinho, o mesmo vinho numa garrafa de 375ml e numa de 3 litros será igual? Não existem estudos que cientificamente deem resposta a esta pergunta, porém o bom senso e experiência indicam que se abertos jovens, com seis meses de vida por exemplo, eles serão iguais. Com o tempo, todavia, isso muda em função do volume de vinho na garrafa que tende a evoluir mais lentamente e por isso as garrafas grandes serem tão valorizadas. Para quem não conhece, há garrafas que chegam a 30 litros eis a classificação toda, porém os formatos mais conhecidos são a Magnum e a Jeroboam mais conhecida como Double Magnum. Quanto maior a garrafa menos será a quantidade engarrafada sendo as de 30 litros verdadeiras raridades.
6 – Formatos da Garrafa. Na maioria das vezes não há uma obrigação da região demarcada (exceto por regiões mais antigas, clássicas e tradicionais do velho mundo) e tende a ser algo mais regional e cultural, porém em função da “supremacia” de mercado dos vinhos europeus (velho mundo) espalhados pelo mundo essa influência “pegou” e existem alguns conceitos técnico para isso também a considerar. No blog da Valduga; ” A garrafa mais tradicional é a Bordalesa, originária de Bordeaux, o formato dessa garrafa é desenhado para acumular melhor os resíduos sólidos ou borras, gerados pelo envelhecimento do vinho, pois no momento em que o vinho é servido na taça, estes resíduos ficaram presos nos “ombros” e os vinhos de Bordeaux possuem essa característica.
Os diferentes modelos de garrafas podem ter sido criados para preservar as características de cada bebida, mas eles também refletem especialmente as áreas em que essas uvas foram plantadas. Outras garrafas famosas no mundo são as de Barolo, da Itália, que possuem recomendações técnicas específicas para que o vinho possa receber a classificação regional.
As garrafas da Alsácia (França), Mosel e a maioria das outras regiões produtoras Alemãs são mais alongadas e longilíneas tendo influenciado o mundo inteiro quanto a garrafas de Riesling. Vale também para os Vinhos Verdes em Portugal,. Já as de Chianti, originárias da Itália, são chamadas de fiaschi e se caracterizam por serem bojudas e revestidas com palha, porém estão em desuso nos últimos anos tendo se optado (na maioria) pelo uso de garrafas bordalesas, as mais comuns no mundo..
Para vinhos de Pinot Noir, a garrafa escolhida é a borgonhesa de ombros mais suaves e corpo mais largo, pois nesta região em que se elaboram os mais famosos Pinots do mundo, isso porque os vinhos são menos tânicos e encorpados acumulando menos resíduos sólidos com o envelhecimento ” Apesar disso, nada impede que se encontre Vinhos Verdes ou Pinots de diversos outros lugares do mundo em outro formato de garrafa, salvo onde isso seja norma regional. Ah, antes que me esqueça porque já vi publicado por aí, o formato da taça de vinho não tem nada a ver com o formato da garrafa, ok?
Tem algo a adicionar, quer saber mais, tem mais dúvidas, então coloque aqui em comentários. O que souber respondo de bate pronto e o que não corro atrás e aprendo junto! Fui, ótimo final de semana acompanhado de qualquer uma dessas garrafas. Kanimambo pela visita e nos vemos por aí nas estradas de nossa vinosfera e, porquê não, na Vino & Sapore. Saúde!
Na verdade hoje quero falar de um vinho, mas me veio uma dúvida à mente, as pessoas conhecem a uva Morellino? Como é comum na Itália, ela vem acoplada a sua região, assim como a Brunello que vem de Montalcino e a Montepulciano é de Abruzzo, aqui temos a Morellino di Scansano, sendo a sub-região localizada em Maremma região costeira da Toscana. A Morellino é a denominação dada à sangiovese nesta região tendo a Morelino di Scansano se transformado em DOC em 1978 e elevada a DOCG em 2007.
Germile da Tenuta Pietramora foi o companheiro escolhido para escoltar meu nhoque ao sugo com direito ao molho da mamma (rs) e pernil de porco assado no forno. Um Morellino dei Scansano DOCG delicioso que se encaixou à perfeição. A DOCG exige um mínimo de 85% de Morellino, porém aqui temos 100%, sem passagem por madeira, só inox, e afinamento de 12 meses em garrafa. Bonita cor rubi não muito escura como manda o figurino, aromas típicos de frutos vermelhos frescos com sutis notas florais. Na boca a fruta abunda com bastante frescor, ótima textura, corpo médio um vinho que dá prazer tomar, possui boa persistência, taninos macios e aveludados tendo ornado muito bem com o molho de tomate, nada como harmonizar por origem (alimentos e vinhos) e peso dos pratos, dificilmente dá errado. Preço na casa dos R$110,00 em São Paulo.
Kanimambo pela visita, saúde e seguimos nos encontrando por aqui ou por aí em algum lugar de nossa vinosfera.
A Domaine Bousqueté um projeto francês na altitude de Gualtallery, Tupungato, Vale do Uco, Mendoza. O compromisso com a agricultura orgânica impulsiona o melhoramento da biodiversidade dos vinhedos. Quanto mais saudáveis os vinhedos, melhor a uva e consequentemente (na maioria das vezes) o vinho elaborado sendo esse o principal objetivo desta família francesa que chegou a Tupungato em 1997 depois de 4 gerações produzindo vinhos na terra natal, Carcassonne no sul da França. As raízes de vinhedos cultivados de forma orgânica tendem a ser mais profundas permitindo que as plantas absorvam e distribuam melhor os minerais e intensifiquem sabores já que o rendimento das vinhas tende a ser menor. O uso de leveduras selvagens, compactuam com o trabalho nos vinhedos de forma a trazer o melhor retrato do terroir. O resultado são vinhos menos industrializados, mais verdadeiros, mas que, obviamente, têm que ser bons antes de qualquer coisa e isso eu conferi, só assim para estar aqui!
A altitude de Gualtallary, 1200
metros de altitude, permite uma melhor e mais tardia maturação da uva e
uma acidez mais presente nos vinhos por lá produzidos devido à amplitude
térmica bem acentuada na região. Resultado; vinhos mais frescos, fruta madura
no ponto (sem sobremadurez), taninos mais finos e tudo isso se confirma neste
delicioso e equilibrado Pinot Noir.
Um misto de elegância e finesse francesa com a generosidade típica de fruta que esta região aporta aos vinhos. Sem excessos, sem aparas, um meio caminho entre os tânicos e excessivamente escuros super extraídos Pinots que abundam o Novo Mundo, um perfeito equilíbrio entre o velho e novo mundo. Dez meses de barrica francesa muito bem usada, penso que deve ser de segundo uso com talvez um pequeno porcentual de novas, já que se nota essa presença, porém de forma bem sutil com algumas notas tostadas. Seco, boa acidez, muita fruta fresca (cerejas, framboesa?), alguma especiaria, corpo médio, taninos sedosos, ótima textura, álcool muito bem integrado, um vinho que precisa de tempo em taça onde vai se abrindo com a taça seguinte sempre apresentando algo a mais e diferente da anterior, vinho que deve evoluir muito nos próximos dois anos já que tem pouco mais de ano de engarrafamento. Muito boa persistência, fresco, vivo e cativante, um tremendo prazer de tomar e uma grande surpresa que me encantou inclusive pelo preço.
Preço bom, característica da SYS Importadora do amigo Juan Rodrigues, abaixo das 100 pratas o que aporta em minha avaliação um ponto extra e o faz uma das melhores relações PQP (Preco, Qualidade, Prazer) que tive o prazer de provar este ano. Por falar em pontos e para quem aprecia o quesito, Wine Magazine 90 / Tim Atkins 90 / James Suckling 92 e eu fico entre eles! rs
Esse é o teaser da semana, pois há mais alguns posts programados compartilhando algumas de minhas mais recentes provas. Que seja uma bela semana para todos, kanimambo e saúde!
Estou de volta para falar um pouco mais e de forma suscinta
sobre alguns dos destaques deste Encontro Mistral 2019. Começo sempre pelos brancos
e por falta de tempo os tintos acabam passando para um segundo plano, mas algo
consegui provar e a maioria, rs, Lusos!
A Quinta da Pellada de Álvaro de Castro dispensa apresentações para a maioria dos aficionados pelos vinhos portugueses especialmente os do Dão, região ainda pouco conhecida e de reputação duvidosa em função do monte de zurrapa que andou chegando por aqui mas que faz alguns anos começa a mudar e o consumidor precisa baixar a guarda e explorar a região. Eu tenho uma queda especial pelos vinhos da região onde tem muita gente produzindo vinhos de altíssimo nível entre eles este que é de tirar o chapéu para todo o seu portfolio. Aqui foram 4 os vinhos de destaque num portfolio todo muiiito bom. Um branco excepcional elaborado de vinhas velhas, dizem que devem existir algo como umas 40 diferentes castas num verdadeiro field blend, que é de cair o queixo dos amantes de bons vinhos em especial dos brancos, soberbo é o menor dos adjetivos a ser usado aqui! Primus (USD149,50) é o nome da fera, um tremendo de um vinho com grande potencial de guarda, mas que já se mostra estupendo. Aromas frutados com toques cítricos nuance de pera, algum floral, dá para fungar um tempão aqui, mas a prova numa situação destas não propicia isso. Na boca é cremoso, rico meio de boca para deixar deslizar com calma e curtir cada segundo, mineral, acidez marcante sem agressividade, macio e muito longo, vinho para dar muito prazer de tomar e foi uma novidade para mim.
Três tintos divinos que foram uma revisita e estão certamente sempre entre os melhores do Dão sendo que um é um projeto que envolve o Douro também. Pape (USD127,90), Carrocel (USD225,00) e o DODA (USD135 o 2012) que é um projeto conjunto com o Dirk Niepoort e junta vinhas velhas do Douro e do Dão, vinho que consegue harmonizar a potência do Douro com a elegância e frescor dos vinhos do Dão, demais! Neste dia o que mais me agradou entre os três, mas certamente três grandes vinhos que todo o aficionado por vinhos portugueses deve conhecer e colocar em seu wish list. Se não der para pagar por aqui, compre na sua próxima viagem a Portugal, as não deixe de mergulhar nestes vinhos clássicos do Dão. Buscando um DODA 2011 para meu niver de 65 anos em Janeiro, presente antecipado será mais que bem vindo! rs
Quinta da Lagoalva – meu porto seguro no Tejo e o Diogo sempre nos trás uma surpresa, desta vez um vinho com Tannat e um surpreendente Sauvignon Blanc fermentado em Barrica. Não fotografei tudo, bobeei (!), mas quero ressaltar dois outros vinhos.Lagoalva Branco (USD18,90) – o vinho do Tejo mais parecido com um vinho verde que conheço. Muito fresco e frutado é um tremendo de um achado nessa faixa de preço, para tomar muitas. O Lagoalva de Cima Alfrocheiro Grande Escolha (USD55,50) é para mim um dos melhores se não o melhor Alfrocheiro vinificado como varietal que eu já tomei e este 2011 está soberbo. Complexo, denso, aromático com muita estrutura e corpo, mas de taninos aveludados e de muito boa persistência, literalmente bato ponto no estande sempre que lá vou só para revê-lo e aí me surpreendo com as outras coisas que ele traz. Outro vinho que é uma baita relação PQP (preço x Qualidade x Prazer) é Quinta da Lagoalva Castelão/Touriga Nacional (USD27,50) sempre um porto seguro. Agora vamos às surpresas:
Dona Isabel Juliana 2012 (USD135,00) – Uau, vinhaço! Ainda
fechado, precisando de tempo para mostrar todo seu potencial, mas já marcante
um vinho de grande personalidade proveniente de um blend de Alfrocheiro,
Alicante Bouchet, Tannat e Syrah, nascido para durar! rs Fermentado em barricas
francesas novas e de segundo uso onde estagia por 14 meses, estas castas
potentes se uniram para compor um conjunto de muita qualidade e equilíbrio,
carnudo, ótimo volume de boca, notas tostadas, frutos negros, taninos
aveludados, final interminável, vinho com grande potencial de guarda para voltar
a provar daqui a uns três ou quatro anos.
Lagoalva Barrel Selection Branco 2014 (USD69,90) a grande surpresa para mim, um Sauvignon Blanc fermentado em barricas francesas de primeiro uso onde estagia por quatro imperceptíveis meses. Cinco anos de idade e vendendo frescor para quem quiser comprar, grama, frutos tropicais, notas vegetais sutis, prazeroso para enganar muitos “especialistas” se colocado às cegas em degustações da casta. Portugal e seus incríveis terroirs e enólogos talentosos sempre nos trazendo uma surpresa a mais quando achamos que nada mais vai sair daquela cartola. Adorei o vinho, porém não sei quanto a guarda, mais um ou dois anos certamente, mas eu tomava é já!!
Bem, parece que afinal não fui tão sucinto assim (rs), mas vai faltar mais uma parte, sim mais lusos, mas não só! rs Kanimambo pela visita, saúde