João Filipe Clemente

Dia 3 em Mendoza – Mais Duas visitas para Terminarmos o dia.

Depois da bela degustação na Achaval, foi hora de subirmos a montanha a 1200 metros de altitude para nossa segunda escala do dia no Vale do Uco em Tupungato, a Bodega Atamisque. Mais vinhos, obviamente, e almoço no Rincon Atamisque onde mais uma vez vimos a diversidade em ação; Chardonnay, Viognier, Pinot, Blends e, já que estamos por aqui, Malbec! (clique nas imagens para ampliá-las)

Atamisque clipboard Bodega
John du Monceau é um francês que se apaixonou pelo lugar e decidiu montar sua bodega por aqui em companhia de sua esposa Chantal, ela neta de vinhateiro borgonhês. Lugar idílico , 1.000 hectares de matas, rios e campo de golf, é muito mais que uma vinícola, é um marco sem marco! Explico, a bodega fica a uns dois ou três quilômetros do Rincon (restaurante e da sede da empresa) numa entrada sem sinalização. Quem não conhece passa batido, assim como nosso motorista! rs Enfim, chegamos e nos deparamos com uma construção bem diferente do que tínhamos visto até o momento, toda em concreto aparente e com telhados de pedra. Em 2007 lançou seu primeiro vinho elaborado nas novas instalações com um projeto bastante avançado todo focado na movimentação por gravidade sem uso de bombas, onde possuem capacidade para elaboração de cerca de 1 milhão de litros anuais e quatro diferentes linhas de produtos muito bem conceituados pela critica internacional. Produzem, no entanto, algo ao redor de 450.000 litros anuais com vinhedos localizados a 1300 metros de altitude. Força argentina com a alma e sutileza francesa, a conferir almoçando as trutas do lugar, uma pena a chuva!

Atamisque Clipboard Bodega interior
Fomos muito bem recebidos pela Ana Laura para uma curta porém interessante visita à Bodega. Após algumas visitas, passar pelo interior das Bodegas vira repetitivo e cansa, a turma quer mais é conhecer os vinhos, mas a Ana tirou de letra, curto porém educativo! A Bodega é toda bem clean e funcional, um projeto bem moderno elaborado com o que de melhor a tecnologia tem disponível na atualidade e rapidamente chegamos à bela sala de degustação repleta de vidro, tanto para a sala de barricas quanto para a paisagem da região que nesse dia pouco se via, uma pena. Primeiro nos debruçamos sobre uma diversa linha de produtos e depois iriamos para o Rincon para almoçar. A Atamisque possui basicamente três linhas de vinhos tranquilos começando pela Serbal que matura seus vinhos entre 6 a 8 meses em tanques de inox ou barrica (esta só com os tintos), a Catalpa que é a linha intermediária com passagem de 10 a 12 meses de barrica de 2ºuso e inox e a Atamisque que tem 14 a 16 meses de barricas de 1º uso e os usa uvas dos vinhedos mais antigos. Possui também uma interessante gama de espumantes.

atamisque vinhos degustados
Iniciamos a degustação como gosto, com um espumante para preparar o palato para o que estava por vir. Cave Extreme é um corte majoritario de Chardonnay com Pinot Noir com 12 meses de contato com as leveduras, método champenoise e muito equilibrado, com notas de brioche e cítrico, boa perlage e persistente, uma bela forma de abrir a degustação.

Iniciamos os vinhos tranquilos pela linha Catalpa. O primeiro, o qual estava muito curioso de conhecer, foi o Catalpa Chardonnay e gostei demais! Um vinho que prima pelo equilíbrio, barrica muito sutil e bem integrada, muito fresco, um vinho que dá vontade de tomar a garrafa, não uma taça. A altitude mostra seu serviço ao vinho aportando uma boa acidez, aliás algo que se mostrou marca dos vinhos deste produtor.

Catalpa Pinot Noir foi nosso segundo vinho e mostrou boa tipicidade da uva com menos extração, num estilo mais europeu, mas sem perder as raízes do terroir. Um vinho mais difícil de agradar os amigos presentes, Pinot não é uma uva tão popular assim e a maioria estava com a boca mais pendente para os vinhos de maior potência. Um bom vinho que chama a atenção!

Catalpa Assemblage, um vinho que mescla muito bem a Cabernet Franc e a Merlot em partes iguais (35%) mais a Malbec e Cabernet Sauvignon (15% cada) perfazendo um conjunto muito saboroso, nariz algo floral, taninos macios, corpo médio, suculento, elegante e com um rótulo que nos atrai. Sim, esse fator também ajuda nossa percepção quanto ao conteúdo e o vinho na taça confirma a atração provocada pela garrafa, muito elegante.

Atamisque é a linha top do produtor quase que na sua totalidade composta de uvas de vinhedos velhos com mais de 90 anos, provamos dois rótulos e ambos algo novos ainda. Atamisque Malbec 2011, realmente mostrou na taça toda a sua juventude. Bastante concentrado na cor, aromas ainda fechado mostrando algo de frutos secos como figo e uva passa, madeira bem integrada com grande estrutura, mas sem exageros de extração, final longo com notas de mocha e frutos negros, um vinho que merece ser revisitado daqui a uns dois ou três anos.

Atamisque Assemblage, para mim o melhor vinho da degustação elaborado com 50% Malbec e complementado com partes iguais de Cabernet Sauvignon e Merlot. Algum floral de nariz que demora a evoluir na taça onde também nos traz algumas notas mais terrosas. Mesmo sendo um 2009, demora a abrir mostrando que ainda tem muitos anos de evolução pela frente. Longo, complexo, taninos aveludados, boa estrutura, denso, notas tostadas, alguma especiaria, mas tudo colocado com um toque de elegância que deixa o conjunto muito apetitoso pedindo comida, um vinho que certamente crescerá muito se bem acompanhado por um prato untuoso. Belo vinho!

Bem, degustação terminada era hora de agradecer a Ana e dizer adeus porque a fome apertava. Fomos ao Rincon, onde o almoço seria servido com duas opções; trutas de produção própria ou, obviamente, carne e os vinhos servidos foram os de gama de entrada, os Serbal. O Serbal Malbec não me entusiasmou não, mas o Serbal Viognier me surpreendeu e uma pena que a World Wine, que importa os produtos da vinícola, não o traga! (fotos dos vinhos não disponíveis, sorry!)

O nosso amigo Paulão, fiscal da natureza e colaborador com algumas das fotos de hoje, se animou e pediu um Espumante Extréme, o top da casa, que estava excelente e complexo sem perder o frescor. Passou 18 meses sob as leveduras e foi elaborado também pelo método champenoise. Essas caves acho que teria sido interessante visitar, fica para uma próxima oportunidade. Mais uma grata surpresa que gostaria de ver num Desafio ás Cegas com alguns de nossos bons espumantes nacionais. O local é simples e despojado, porém a comida é bem saborosa em especial a truta, eis nosso menu nas fotos abaixo.

Atamisque Lucnh Clipboard

Bem, hora de puxar o carro (digo van)  porque ainda falta mais um, o garagista e cult Carmelo Patti, mas isso fica para amanhã com o encerramento de mais um dia de descobertas e novas sensações! Até lá, salute e kanimambo pela visita.

Homenagem ao Vinho do Porto – O Básico que Você Precisa Saber Sobre Este Néctar.

Quem me conhece sabe que tenho uma paixão especial por Vinho do Porto tendo uma coleção em casa e escrevendo diversos posts sobre eles já que ainda há muita desinformação sobre estes vinhos no mercado brasileiro e não só. Hoje, em homenagem ao Dia do Vinho do Porto que se celebrou no último dia 10 de Setembro, vai aqui um resumo para os amigos que tenham interesse nesse que é mais que um vinho; é história, é cultura, é a tradição de um povo!

109090-Porto-Ponte Maria Pia e barco rabelo

Vinho do Porto é fortificado com aguardente vínica após ter sua fermentação interrompida quando atinge o grau de açúcar residual definido por seu enólogo o que gera um vinho com teor alcoólico entre 19 a 22%. Nem todo o Vinho do Porto é igual, então não adianta entrar numa loja e simplesmente pedir um Vinho do Porto, porque você pode levar para casa o que não quer caso o vendedor não lhe atenda da forma adequada. Afinal que Porto você quer? Branco, Tawny ou Ruby? Básico, Colheita, Reserva, Vintage, LBV ou com Indicação de Idade? O que são todas essas classificações?

1 > Branco, mais suave e menos comum por aqui. Este pode ser extra-seco,  seco, doce ou meio-doce (o Lacrima é muiiito doce) normalmente produzido com um corte das castas Malvasia Fina, Rabigato, Viosinho, Gouveio e Códega. È o de menor consumo e em Portugal na versão seco ou extra-seco, se tornou muito comum sendo preparado como um drink na forma de um Portônica. Uma dose de Porto branco seco, casquinha de limão, gelo e tônica a gosto. Super referescante e saboroso, ótimo para ser servido como aperitivo, um belo drink de verão. Existe também alguns raros exemplares de vinhos brancos de idade com safra declarada que são de tomar de joelhos e nos quais a Dalva se destaca assim como a Andressen. O Dalva 63 é a divindade em pessoa, depois de três anos da garrafa vazia, ainda exala aromas ao ser aberto!! Brancos de idade, 10 – 20 – 30 ou 40 anos são outras classificações a serem exploradas e são um espetáculo, provei um 40 anos da Dalva que é de ajoelhar!
2 > Tintos, dos quais existem basicamente dois estilos, o Tawny que é aloirado na cor, e o Ruby, de um vermelho mais intenso, cada um deles com algumas variáveis e características próprias conforme demonstrado abaixo. As uvas usadas na elaboração dos vinhos são a Touriga Nacional, Tinta Barroca, Tinta Roriz (tempranillo), Tinto Cão, Tinta Amarela e Touriga Franca ou Francesa.

  • Ruby – Os vinhos Ruby, por seu pouco contato com a madeira, são vinhos tradicionalmente mais encorpados, densos, cor vermelho escuro (daí o nome), levemente doces e com aromas de fruta bem presentes e, na minha opinião, vão melhor com sobremesas á base de chocolate e com queijos fortes.  O Vintage (safrado) envelhece, inicialmente, em balseiros de mais de 5000 litros (existem balseiros de 20 até 50.000 litros) por um mínimo de dois anos quando o produtor o engarrafa onde envelhece e evolui por 15 a 50 anos, quando não mais, sendo colocado no mercado de imediato e é considerado como o top da escala de qualidade dos Vinhos do Porto, mas há controvérsias, rs. Quando os vinhos nos balseiros, não atingem qualidade de Vintage, eles podem permanecer por mais uns três a quatro anos no balseiro para serem posteriormente engarrafados, com ou sem filtragem, já vindo para o mercado pronto; são os LBV (Late Bottled Vintage), vintages engarrafados tardiamente. Normalmente são engarrafados entre quatro a seis anos após a colheita, dependendo do produtor e do produto pretendido, e também evoluem na garrafa mesmo que sem a longevidde dos Vintage. O Character, ou Reserva, é uma mescla de vinhos de diversas safras que ficam em balseiros entre 4 a 6 anos quando é engarrafado e colocado no mercado pronto para beber. Finalmente o Ruby básico que é uma mescla de vinhos de diversas safras envelhecido em Balseiros por um período de cerca de 3 anos. Não melhora na garrafa e vem pronto para beber.
  • Tawny – Da mesma forma do Ruby existem diversas categorias de Tawny. Seu processo de envelhecimento é realizado em pipas 550 litros onde permanecem pelo tempo determinado pelo IVP conforme a categoria do produto que se quer elaborar. Apesar da oxidação que se busca neste estilo de vinho se dar de forma mais rápida nas pipas, alguma parte do vinho poderá ser envelhecida em balseiros. Pelo maior contato com a madeira e maior oxidação, o vinho adquire uma cor mais aloirada e com aromas diferenciados dos Ruby. Nos Tawny, se sentem mais aromas tostados, chocolate, café, frutas secas e amêndoas. Servido levemente refrescado, uma ótima companhia para doçes conventuais Portugueses à base de ovos e amêndoas e, agora no final de ano, ótimo com panetone de frutas! Os Colheitas são tawnies de uma única safra envelhecido em pipas por, no mínimo, sete anos apresentando na garrafa a safra da colheita, porém importante ver no verso a informação de quando foi engarrafado, pois podem ficar envelhecendo por décadas. Vinhos de grande complexidade no nariz e na boca. Depois de abertos, poderão se manter relativamente bem por um período de um a quatro meses. Quanto mais idade tenham, mais aguentam, mas se você demorar mais que uma semana ou duas para tomar a garrafa, se tanto, ou existe algo de errado com o vinho ou com você! Os de Indicação de Idade, Tawny 10, 20, 30 ou mais de 40 anos, são uma mescla de vinhos de diversas safras que estagiam em madeira durante períodos de tempo variáveis, nos quais a idade mencionada no rótulo corresponde à média aproximada das idades dos diferentes vinhos participantes do lote, apresentando características inerentes a um vinho dessa idade e aprovados pelo IDVP. Veja o vídeo abaixo, vale a pena! O Tawny Reserva, é uma mescla de vinhos de diversas safras que, obrigatoriamente, passem por um mínimo de 7 anos em pipas. Finalmente, o Tawny básico são elaborados com vinhos de diversas safras e envelhecimento em pipas por um período de dois a três anos, podendo eventualmente também passar um tempo em balseiros. Dependendo da casa produtora, o vinho envelhece por bem mais anos, caso do Quinta de Baldias que envelhece por oito anos antes de ser engarrafado e uma pena que não mais esteja no Brasil.

Amigos, quem nunca tomou um Vintage com Queijo da Serra ou um Colheita Antigo com uma torta de amêndoas ou solito não conhece realmente o prazer em sua real dimensão. Eu fui um privilegiado e tenho uma abundante coleção dessas experiências ( caso queira pesquisar e saber mais detalhes navegue aqui , no site do IDVP com link aqui do lado ou nos vídeos da Hora de Baco e lhe digo, desse ao menos uma chance de ser feliz, pois ao tomar um bom Porto se descobre o verdadeiro significado de poesia engarrafada.

Salute, kanimambo e na próxima volto à viagem da Argentina e meu diário de visitas.  Uma ótima semana para todos, eu já abri meu Niepoort LBV 2004 para brindar e você, vai abrir o quê?

 

Dia 3 em Mendoza– Começando Cedo Para Aproveitar o Dia Cheio

Olá amigos, hoje temos três vinícolas na parada e um tempinho de van em função das distâncias, então toca a começar cedo até porque as papilas gustativas, de acordo com o Professor Emile Peynaud, falecido professor de enologia na Universidade de Bordeaux e mestre nas minúcias de elaboração e prova de vinhos, estão em seu apogeu entre as 11 e as 13 horas. Existem, no entanto, vozes contrárias que alegam que esse espaço de tempo é algo maior começando ás dez! Tendo a concordar com esses últimos (rs), e se esse encontro for com os vinhos da Achaval-Ferrer, mais ainda!!

Achaval Ferrer é uma daquelas pequenas vinícolas que nasceram fadadas ao sucesso com poucos rótulos e uma incrível história de premiações e altas pontuações. Jovem, nascida em 1998 e a bodega concluída em 2006, é fruto de um projeto dedicado à elaboração de grandes vinhos e a efetivação de um sonho entre cinco amigos argentinos e italianos, um deles o Roberto Cipresso o enólogo do grupo com vasta experiência na elaboração de grandes vinhos de baixo volume de produção, especialmente em Brunello de Montalcino.

Achaval Clipboard

Com vinhedos datados de 1925, e cinco fincas com pouco mais de 40 hectares próprios plantados em pé franco mais 45 alugados, a produção não alcança as 250 mil garrafas ano apesar de capacidade para 2 milhóes! Há vinhos no portfolio em que se necessita de uvas de 4 plantas para se obter uma garrafa! Entre os 10 mais pontuados vinhos argentinos da Wine Spectator, cinco são Achaval Ferrer, um produtor a ser conhecido e apreciado. Para mim, um dos melhores produtores de Malbec na Argentina não sendo á toa que, mesmo eu não seguindo cartilha de pontos nem de critico algum, nenhum de seus vinhos jamais tira menos de 90 pontos ou equivalente, safra após safra. Não é de um critico, é de da grande maioria, então algo existe de mágico aí! Entre os meus top 5 Malbecs argentinos que já tive oportunidade de provar, certamente o Mirador 2006 marcou minha memória tendo feito parte da minha seleção anual de vinhos “meus deuses do Olimpo 2008”,  e tenho paixão por seu Quimera, o único blend por eles produzidos, de qualquer safra!

De 2010 para cá, vêm gradualmente trocando o tamanho padrão de suas barricas de 225lts por menores, de 160lts. Raleio de 50% de seus vinhedos, para os vinhos mais top (Mirador, Bela Vista e Altamira) chega 80%, colheita manual, fermentação só em tanques de cimento a temperaturas altas e mais rápidas de 4 a 10 dias máximo, sem filtração e barrica neles! O resultado pudemos sentir na pele ao degustar os seguintes vinhos.

Achaval Degustação Clipboard

Achaval-Ferrer Mendoza Malbec 2012 – O gama de entrada deles que já alcança níveis de qualidade muito altos. Ótima e intensa paleta olfativa com a fruta bem presente e leve toque amadeirado. Ainda novo, porém na boca já se apresenta muito elegante, especiarias, taninos finos e aveludados com um frescor que convida á próxima taça! Em Sampa na casa dos R$95 a 100,00.

Quimera 2011 – Para mim o meu vinho predileto da Achaval, que eu posso pagar de vez em quando, mostrando que o sonho virou realidade. Trouxe uma garrafa para a Degustação de Assemblages Argentinos que, mais uma vez, não negou fogo, um vinho que transpira equilíbrio por todos os poros e muito rico de boca. Leia mais nos links em anexo, não vou cansar vocês repetindo o que sempre falo desse vinho que tento, dentro das possibilidades, sempre ter uma garrafinha na adega! Por aqui anda na casa dos R$200 a 210,00.

Temporis Malbec 2012 – este vinho não conhecia sendo vendido somente na vinícola. É um blend dos três vinhos top da casa – Altamira, Mirador e Belavista – dos quais se separa uma barrica de cada o que resulta em meras 800 gfas produzidas. Na foto aparece a garrafa do 2009, porém provamos uma mostra de barrica do 2012 que ainda precisa de cerca de um a dois meses até ser engarrafado então ainda está muito “cru”, porém já se mostra muito perfumado e complexo mostrando que estaremos com um grande vinho na taça dentro de algum tempo de garrafa.

Achaval Ferrer Bella VistaBella Vista Malbec 2012 – o vinho que, não me lembro ao certo a safra, teve a proeza de ganhar 98 pontos da Wine Advocate (Parker) e para o qual se necessitam de 4 plantas para gerar uma única garrafa de uvas colhidas em vinhedos de mais de 110 anos, só isso já traz um empecilho para a maioria de nós pobres mortais, o preço. Afinal, é um vinho de pouca produção e alto custo de elaboração e não dá para vender uma Ferrari a preço de Honda Civic, certo?! Para quem pode, um tremendo vinho ainda muito fechado e com uma vida pela frente, um privilégio que entrou para o meu hall de grandes vinhos! Por aqui anda na casa dos R$450 a 500,00.

Achaval-Ferrer Dolce – a meu pedido e para encerrar uma bela manhã de degustação, este vinhoAchaval Passito que afora na Bodega você consegue achar tão somente em umas duas ou três lojas especializadas, entre elas a Lo de Joaquin Alberdi em Buenos Aires. Para quem gosta de vinhos de sobremesa, um vinho muito especial elaborado da forma tradicional italiana de passificação das uvas em esteiras, neste caso de uvas malbec. Adoro esse vinho que é uma experiência hedonística única especialmente quando bem harmonizado como por exemplo com chocolate ao leite com capa de amêndoas caramelizadas. Se produzem somente umas 1500 garrafas anualmente, então é para comprar logo algumas garrafas, como fiz, e tomar a conta gotas! Por lá custa em torno dos 300 pesos.

Ah, tem os azeites também, mas mais uma vez o correr atrás das coisas não permitiu prestar a atenção devida. Teve gente que provou e gostou bastante tendo levado algumas garrafas então, caso esteja por lá, vale experimentar. Tem também uma pequena coleção de preciosidades com mais idade que, para quem tem bala na agulha, é bastante interessante. Eu conheço seus vinhos desde 2007 e desde 2008 que volta e meio os comento por aqui então, digamos, sou algo suspeito para falar deles, mas…….

Chuva em Mendoza    Mais uma vez fomos muito bem recebidos e agradeço ao Santiago Achaval e ao Roberto Cipresso pela gentileza assim como ao Felipe  Sibilla que nos guiou pela visita à vinícola e pela degustação, bom de papo o garoto! rs Tudo muito profissional e exemplar, mas com um toque a mais, só que tínhamos que sair, ainda tínhamos mais duas bodegas visitar e um almoço, tudo com hora marcada! Só perdemos mesmo foi a bela vista, pois mesmo Agosto sendo o mês mais seco do ano e só chovendo na região algo como 250mms anuais, neste dia estávamos escoltados por São Pedro que abriu a torneira para que pudéssemos respirar algo melhor.

Gente, este terceiro dia de viagem virá também com mais posts porque se não ninguém aguenta ler até o fim! Espero que estejam curtindo este diário e lhes abrindo o apetite, por que recordar e escrever abre!!! Salute e até Segunda. Ótimo fim de semana e kanimambo pela visita.

Dia 2 em Mendoza – Finalizando o Dia em Grande Estilo

A Bodega Lagarde como é hoje, sob a batuta da família Pescarmona, existe desde 1969 porém sua origem data de 1897. A Bodega é capitaneada pelas irmãs Sofia e Lucila, terceira geração da família e produz alguns vinhos que me encantam e já comentei aqui mesmo no blog, como o Primeras Vinas Malbec e o Malbec Rosado que eles chamam de Blanc de Noir e que até agora não entendi do porquê! Rs A Bodega fica encostada no vinhedo mais antigo datado de 1906 mantém ainda sua estrutura externa como antes, bem antiga. É dentro que a modernidade e tecnologia tomam conta, misturando tradição e inovação num projeto produtivo com capacidade para 2 milhões de litros que se mantém, por razões de qualidade, restrita a 1.2 milhões. São quatro os vinhedos espalhados por diversas sub regiões de Lujan de Cuyo e Tupungato o que lhe dá uma diversidade de terroirs muito interessante para trabalhar. (clique nas imagens para ampliá-las)

Clipboard Lagarde

Para completar esta visita sensorial, uma experiência gastronômica nas mãos do Chef Lucas Bustos e sua equipe. Com atenção personalizada e um menu de quatro passos casados com uma seleção especial de vinhos, é uma excelente opção para aproveitar antes ou depois de uma visita à Bodega e seus vinhedos. O conceito do restaurante, localizado no casarão do século XIX, baseia-se na cozinha de fogos, na qual se combinam técnicas e ingredientes autóctones casados com os melhores vinhos de Lagarde. Todos os pratos são elaborados à vista dos visitantes, no pátio colonial da Bodega, com o objetivo de que a experiência Lagarde abrace aos cinco sentidos.

Lagarde entre fuegos Clipboard

A meu pedido, alguns rótulos adicionais seriam incluídos numa degustação á parte, porém com nosso atraso ficou tudo para o almoço o que bagunçou um pouco as harmonizações e o serviço. Mea culpa, porém creio que a excelência dos vinhos compensou e em vez dos quatro rótulos que estavam programados houve um up grade e três adições que nos levaram a “ter” que degustar sete rótulos! Rs

Lagarde vinhos bebidos
Lagarde Viognier – Uma uva pouco conhecida da maioria e que surpreendeu uma boa parte do grupo. Leve floral nos aromas com nuances citricos que se confirmam em boca. Ótima textura, corpo médio, ótima acidez, alguma coisa deLagarde almoço Paso 1 nectarina e um final com um toque mineral e de muito boa acidez. Acompanhou um creme de cenouras com cítricos e azeite. Numa harmonização bastante interessante.
Lagarde Blanc de Noir – veio como vinho adicional e não tinha o objetivo de harmonizar com nada a não ser alegria e prazer. Esse é um vinho que atrai muito e que cresce com comida. Já o comentei aqui  e nesse post o harmonizei com uma salsa cubana (a música), porém com comida tenho-o recomendado com camarão empanado, à grega, ou camarão na moranga, dá um samba legal e gosto muito!

Lagarde almoço Paso 2Lagarde Cabernet Franc 2011 – uma uva que começa a alçar voos solo, conforme já mencionei aqui no blog, ganhando cada vez mais espaço e importância na vinosfera mendocina com quase todas as principais bodegas produzindo o seu varietal afora os usarem nos excelentes blends. Este mostrou algumas notas terrosas e algo de violeta porém a fruta madura se sobrepõe ao final. Alguma especiaria, médio corpo e boa acidez, mas me pareceu ainda algo jovem necessitando de um pouco mais de tempo para integrar o conjunto, porém se moldou bem ao muito interessante Queijo de Cabra caramelizado (textura muito interessante) com Grão de Bico.

 

Lagarde Cabernet Sauvinon Primeras Viñas 2011 – elaborado com uvas Lagarde almoço Paso 3dos vinhedos mais antigos da bodega, 1906 e 1930, é um vinho potente e encorpado recém lançado no mercado argentino em sua primeira edição com uma produção limitada a 4.000 garrafas e que chega ao Brasil agora em Setembro! Como o Cabernet Franc, o achei muito novo, mas é um vinho que promete muito e com longa vida pela frente. Bastante fruta (cerejas maduras?), ervas e especiarias, na boca é encorpado porém de taninos finos, denso, muito boa textura, um belo vinho mas que na harmonização penou e passou por cima do porco braseado. É um garboso jovem que necessita de tempo!

Lagarde Malbec Primeras Viñas 2011 (extra) – menos potência e estrutura do que o Cabernet e absolutamente divino, porém tenho que reconhecer que sou suspeito para falar pois tenho uma queda por este vinho que confirmou tudo o que já falei aqui tendo sido melhor parceiro, a meu ver, com o prato servido.

Lagarde almoço Paso 4Henry Gran Guarda 1 2009 – um vinhaço na taça! Já o comentei aqui na degustação de Assemblages Argentinos então não vou cansá-los com mais detalhes que podem ser lidos clicando no link. Deste ano foram produzidas somente 12.900 garrafas e o interessante é que a cada ano o corte é diferente, pois o objetivo principal é obter o melhor vinho que eles consigam fazer nessa safra independente do corte! Este está muito frutado, rico, com ótima acidez e, apesar de ter estrutura para muitos anos, já está super gostoso de se tomar. Fiquei com uma vontade danada de contratar uma vertical deste vinho numa próxima visita! O medalhão de filé assado acabou sendo coadjuvante, porém se portou bem com o prato criando uma saborosa maridage.

Lagarde Extra Brut – um bom espumante elaborado pelo método champenoise, blend mezzo a mezzo de ChardonnayLagarde almoço Paso 5 sobremesa com Pinot com um mínimo de 18 meses sur lie antes do degorgement. Gostei bastante, curto espumantes como sabem, porém a sobremesa é tradicionalmente harmonizada com o Moscatel deles, então ficou meio estranho, mas ao mesmo tempo interessante porque a maçã quebrava um pouco a diçura da obremesa que estava divina. Os Argentinos vendem quase toda a sua produção de espumantes localmente e não têm preço para competir com os nossos, porém tenho provado alguns exemplares que dariam um belo Desafio de Espumantes ás cegas contra alguns dos nossos premiados exemplares, a começar por este!

 

DSC04406Os azeites acabei não prestando muita atenção, porém o de Arauco, a azeitona regional deles, me pareceu bem melhor que o blend. Não chegaram a me encantar, mas na próxima viagem quero ter um tempinho só para eles. Com isso, mais uma parte do roteiro estava completa e era hora de deixar a Lagarde para trás, o que é sempre difícil depois de tanta gentileza dos anfitriões.

Hoje foi um dia especial, mais um, com ótimos vinhos e dois grandes vinhaços (Henry e Meritage) um privilégio “inolvidable” . Não deu para jantar não, depois de um passeio pela Peatonal Samiento (lindo e limpo calçadão onde até degustação ao ar livre tinha) agora só umas tábuas de queijos e frios e mais alguns vinhos para arrematar o dia lá mesmo no bistrozinho do hotel, isso nós não perdoamos não, teve até El Grand Enemigo na taça! Salute e, tudo dando certo,  Sexta tem mais, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui!

Ps.  Fotos dos pratos são contribuição do amigo Paulão, fiscal da natureza! Saúde amigo.

Degustação Tempranillo Com …………..?

tempranillo 2          Amigos, eis uma bela forma de se começar a semana! Dia 15/09  (próxima Segunda) na Vino & Sapore a partir das 20 horas Falar de Tempranillo é falar de Espanha e da região da Rioja onde a maioria dos vinhos tintos são elaborados com esta cepa tanto em forma varietal como em cortes tradicionais com Garnacha, Graciano, Mazuelo, Cabernet e outras cepas. A origem de seu nome vem da palavra espanhola temprano, que significa cedo, devido á precocidade de seu ciclo vegetativo em relação às outras variedades tintas da região. É uma uva de muitos nomes porém de um mesmo perfil independentemente de onde seja cultivada; Ull de Llebre (Catalunha); Cencibel (La Mancha); Tinto Fino ou Tinta del Pais (Ribera del Duero ), Tinta de Toro (Toro) todas na Espanha e ainda Tinta Roriz (Douro e Dão) e Aragonez (Alentejo) ambas em Portugal. Há, no entanto, outros países onde podemos encontrar a Tempranillo como a Argentina, Brasil e Austrália assim como pelo menos um vinhedo perdido na Toscana!
A uva, aparentemente, se dá muito bem na companhia de outras e a idéia desta degustação é exatamente descobrir alguns desses assemblages e provar esses sabores menos costumeiros comprovando, ou não, se essa premissa é verdadeira. Como fica a Tempranillo com outras uvas?! Serão sete vinhos em prova. Seis vinhos de Espanha e um penetra de outro país numa degustação às cegas para vermos onde a Tempranillo se deu melhor, em casa ou fora? Vai perder? Perde não! Somente 12 lugares e os vinhos espanhóis já selecionados  são:

  • Rejadorada – blend com Garnacha da Região de Toro
  • Gran Sello – blend com Syrah da região de Tierra de Castilla
  • Abadia Retuerta Rívola – blend com Cabernet Sauvignon da região de Sardon del Duero
  • Martué – blend com Cabernet Sauvignon, Petit Verdot e Syrah do Pago de La Guardia
  • Lan Reserva – blend com Mazuelo e Garnacha da região de Rioja
  • Intruso – ?????????

Para começar serviremos um Tempranillo 100%  de Ribera del Duero – Pago de Capellanes – só para vocês terem um comparativo e também poderem tirar uma outra conclusão, a cepa vai melhor só ou acompanhada?! ! Custo desta brincadeira que será acompanhada de frios e queijos espanhóis será de apenas R$80,00 por pessoa (valor a ser pago no ato da reserva) e as vagas estão limitadas a meras 12 cadeiras! Te aguardo?  Lancei ontem para alguns amigos e já temos quatro reservas então só faltam 8 lugares. Já sabe, se deixar para perto do dia a probabilidade é não existirem mais vagas, vai dar mole?

Salute, kanimambo e nos vemos com um um tempranillo na taça?

2º Dia em Mendoza – Deus Escreve Certo por Linhas Tortas

Pelo menos esse é o dito popular e constatamos isso na pele nesta saborosa viajem! Depois de um primeiro dia maravilhoso em que a sinergia integrou o grupo vindo de Minas, Rio, Bahia, Sampa e Granja Viana fomos informados que por falta de água na Dominio del Plata nossa visita agendada para as 10:30 não poderia ser realizada, e agora José, ou melhor, e agora João!! Foi aí que o anjo que nos acompanhou, (seria a Inês?), e protegeu nessa viagem deu suas caras. Telefone na mão e em 15 minutos estávamos a caminho da Benegas, bodega que não estava no programa inicial e agora não sai mais, onde a Susana em tempo recorde nos preparou uma recepção maravilhosa e “inolvidabile”, ao ponto de alguns dos amigos presentes a terem apontado como a melhor visita, e olha que o roteiro foi muito bom! Eta frase longa!!! rs Bem, falemos da Benegas.

A Benegas-Lynch é um verdadeiro mergulho na história do vinho em Mendoza e em belíssimos rótulos que faz com que essa visita seja um “must” numa passagem por esta linda região produtora. Começa em 1883 com o bisavô de Federico Benegas-Lych (atual proprietário), o Don Tiburcio Benegas que há época fundou a Trapiche que em 1970 foi vendida. Em 1998 Federico compra um vinhedo plantado por seu bisavô (Finca Libertad) e compra uma antiga bodega em Lujan de Cuyo que reforma inteira mantendo as características da mesma datada do século XIX, porém incorporando a mais moderna tecnologia na produção de vinho no sentido de produzir vinhos de excelência . Em 2000, lança seu primeiro vinho.

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O prédio de entrada é lindíssimo e as caves subterrâneas (8 metros de profundidade) onde descansam cerca de 400 barricas de carvalho francês são de tirar o fôlego, tendo sido lá embaixo, numa antiga “pileta” de concreto para fermentação dos vinhos (hoje desativadas), que a Susana nos recebeu para uma deliciosa e inês-quecível degustação de alguns de seus rótulos, entre eles seu top de gama Meritage! Em outras “piletas” (tanques) desativadas repousam cerca de 120.000 garrafas a temperaturas que variam ente 13 e 17ºC mantendo uma humidade entre 60 a 70% e uma penumbra que são fatores de grande valia para que possamos, na hora certa, provar os bons vinhos que aqui amadurecem aguardando seu momento de nos fazerem felizes. Lugar sedutor!!

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Numa seleção feita a quatro mãos, a Susana nos trouxe á taça quatro vinhos um branco de gama de entrada e três tintos cativantes entre eles seu vinho ícone, com produção limitada a apenas 3.000 garrafas das quais já tive o prazer de provar duas vezes, o Meritage! Como sempre falo demais, então chega de lero e vamos aos vinhos degustados:

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Clara Benegas Chardonnay com Sauvignon Blanc 2012 – um dos mais surpreendentes rótulos provados nesta viagem, até porque ninguém esperava muito dos vinhos brancos e este surpreendeu a grande maioria dos presentes. Sem madeira, o Sauvignon Blanc aporta um frescor gostoso ao já bom chardonnay compondo um conjunto de grande balanço e harmonia que agrada sobremaneira. Em tono dos R$55 por terras paulistas, é uma pedida para esta primavera / verão que se aproxima.
Benegas Estate Sangiovese 2008 – para quem queria exatamente trabalhar a diversidade nesta viagem, este vinho foi um prato, digo, taça cheia! Leve floral, folha de tabaco, na boca mostrou-se todo muito elegante com taninos sedosos e muito marcante pedindo um belo risoto para acompanhar. Acidez marcante típica da cepa. Por ser algo estranho ao ninho e de baixa produção, o preço é algo mais elevado o que não o faz tão comercial, mas é uma experiência no mínimo interessante e gostei bastante do vinho. Por aqui anda na casa dos R$135,00.

Benegas Estate Finca Libertad 2009 – um belo e fino assemblage sem Malbec na terra do malbecs! Partes iguais de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot formam um conjunto de fina estirpe em perfeita harmonia. Cada varietal passa por separadamente por barrica francesa por cerca de 8 a 10 meses quando se faz o blend final que passa mais 6 a 8 meses em barricas de primeiro uso. Um vinho sedoso que no nariz traz uma certa complexidade e notas herbáceas que me fizeram lembrar tapenade de azeitona, viajei?! Bom volume de boca, taninos bem integrados, algo especiado e notas terrosas de final de boca com boa persistência. O estilo de vinho de que gosto. Preço em São Paulo na casa dos R$135,00.
Benegas-Lynch Meritage 2007 – esta linha abrange também um Cabernet Franc de vinhedos com cerca de 120 anos (uma garrafa na adega para abrir nos meus 60º aniversário no ano que vem!), Um Malbec e este divino assemblage com somente 3.000 garrafas produzidas. O Meritage é fruto de um blend majoritariamente composto de Cabernet Franc de vinhedos de 120 anos, com Cabernet Sauvignon, Merlot e um toque de Petit Verdot para arredondar. Como no Finca libertad, os varietais são elaborados em separado e amadurecem em barrica francesa de 1º uso por cerca de 12 meses quando é feito o blend voltando para a barrica por mais 6 meses. O afinamento do vinho após engarrafamento se faz por 5 anos nas caves subterrâneas ou seja, este exemplar acabou de sair para o mercado e tem pelo menos mais dez belos anos de evolução pela frente. Estamos diante de um exemplar de fina estirpe para ser aberto em datas especiais até porque com um preço, justo em função do todo, em torno de R$270 a 300,00 não é para qualquer momento. Voltei a degustá-lo recentemente na degustação de Blends Argentinos (veja lá meus comentários sobre o vinho) que trouxe de viagem e quem esteve presente confirmou como este vinho é marcante, vinhaço!

Caímos na Benegas por mero acaso, mas não poderíamos ter melhor inicio do dia que esse. Uma visita marcante que encantou a todos e, se há bens que vêm por mal, esta visita foi uma benção só que tínhamos que seguir em frente! Já estávamos atrasados, como de praxe, para nossa próxima visita com almoço na Lagarde, outra bodega que aguardávamos, pelo menos eu, ansiosamente já que seus vinhos são excelentes e seu restaurante também bastante premiado servindo uma comida típica da região com elaboração sob brasas num fogo de chão. Curioso estava, também, para provar seus azeites outra de minhas paixões. Só que o dia foi cheio e este post, que já está longo, ficaria enorme então deixo a Lagarde para Quarta-feira e fico por aqui. Uma ótima semana para todos, salute e kanimambo. Para a Susana um “muchas gracias muy especial”!

1º Dia em Mendoza – Day One In Mendoza

Ao escrever este texto me deu saudades e certamente voltarei em breve pois tem gente já querendo agendar uma nova viagem para lá comigo. Tudo dando certo, terceira semana de Janeiro, me aguarde Mendoza! Bem, mas vamos ao que interessa, hoje primeiro post de quatro no formato de um diário da viagem, espero que curtam”

Chegamos de madrugada e logo fizemos check in no hotel para um breve descanso e café da manhã. Após algumas horas e um pouco mais descansados, saímos para o inicio de nossas atividades do dia; visita com almoço harmonizado na Melipal, uma Bodega que em breve espero ver por aqui em Sampa, porém já anda pelos lados de Curitiba e Minas Gerais onde possui importador/distribuidor regional. Desde os idos de 2009 que conheço e aprecio os vinhos deste produtor de pequeno para médio porte considerando-se o tamanho de algumas vinícolas na região e que sempre teve uma politica de preços bem ponderada. Ainda busca importador para São Paulo então por enquanto por aqui vai ser difícil achar e espero que isto se solucione logo (mantendo os preços camaradas) para poder curtir seus vinhos mais amiúde.

Clipboard Melipal
Localizada na zona de Agrelo, Lujan de Cuyo, a vinícola se estende entre as vinhas e rende culto à paisagem que a rodeia as “acequias” (pequenos canais), salgueiros e a Cordilheira dos Andes, uma fusão de solidão, espaço e tempo. A produção beira os 550.000 litros anuais, distribuídos em tanques de aço inoxidável com capacidade de 5.000lts. a 25.000lts. assim como uma sala de barricas concebida para a maturação dos vinhos premium da casa. Os vinhedos têm idades variadas, desde os mais jovens com 11 anos de idade, passando por vinhedos de 30 até chegar aos mais antigos jáExtras Melipal Rosé passando dos 90 anos do qual se elabora o Las Nazarenas Single Vineyard que tivemos o prazer de degustar.
O restaurante é premiado e muito bem avaliado, sendo um belo começo para nossas atividades pois mostrou que toda essa fama não veio á toa, não! Antes, no entanto, uma passagem pela bodega para conhecer um pouco sobre a elaboração do vinho com um delicioso Melipal Rosé de Malbec o qual há tempos não andava por minha taça e comprovou todos os seus predicados.

De volta ao Restaurante, um menu criativo sendo que a entrada foi uma das gratas surpresas gastronômicas desta viagem, a sopa de cogumelo muito peculiar e criativa…que foi muito bem harmonizado com o Ikella Merlot. O vinho em Melipal Menu 1si é bem feito e muito agradável, ainda prefiro seu cabernet, porém com a sopa a maridage foi perfeita e ambos, vinho e prato cresceram maravilhosamente bem provando que neste mundo da harmonização a aritmética fica por terra quando tal perfeição é encontrada. Na foto não parece grande coisa, mas na boca!!!!!!  Um belo começo para o que estava por vir.

  Ikella Merlot
Sopa de hongos y puerros asados, crema de vainilla y gotas de oliva perfumados con tomillo.
Wild mushrooms and leeks cream, perfumed with vanilla and olive oil.

 

Melipal Malbec – não adianta, sei que o reserva é o mais pontuado e preferido dos críticos, porém é com este vinho que me delicio. Um belo malbec de gama média com muita fruta e especiarias em perfeito balanço, um vinho como, a meu ver, todo o Malbec deveria ser. Sem excessos, rico, com taninos finos e aveludados, carnoso, médio corpo, boa textura, muito equilibrado e um longo e saboroso final de boca com alguma mineralidade presente. Se chegar aqui em Sampa na casa dos R$70 a 80,00 certamente irá valer muito a pena!

Melipal Malbec
100% Malbec 12 meses en barricas de roble francés. 12 months in French oak barrels.
Cerdo confitado en malbec y maíz cremoso – Malbec marinated pork tenderloin over sweet corn cream.

 

Melipal  Nazarenas Malbec – O vinho Top da vinícola elaborado com uvas de seu vinhedo mais antigo, com mais deMelipal Menu 2 90 anos, vinho que não conhecia e mostrou ser um vinho de grande intensidade aromática e concentração. Vinho potente mostrando bom corpo e acidez balanceada que mostram que estamos com um vinho de guarda na taça, ainda muito novo mas que já mostra a que veio. Um belo companheiro para uma boa e suculenta carne

Melipal Nazarenas Vineyard Malbec
100% Malbec de la finca Las Nazarenas (plantada en 1923).18 meses en barricas de roble francés.

100% Malbec from Las Nazarenas vineyard (planted in 1923) 18 months in French oak barrels.
Medallón de filet a la plancha, pesto rojo y risotto de hierbas – Grilled beef tenderloin, sun dry tomatoes pesto, and green risotto

Melipal blend – já falei dele quando da degustação de Blends e foi mais uma grata surpresa nesta visita que juntou a saudade de alguns rótulos com a descoberta de novos. Um vinho muito fino e equilibrado, taninos sedosos e um longo final que não cansa. Espero vê-lo nas minha taça mais vezes, um vinho sedutor!

Melipal Menu 3Melipal Malbec Late Harvest – Descobri que tem muita gente explorando este segmento de vinhos de sobremesa e este vinho deles se mostrou muito interessante com bom equilíbrio e doçura controlada.

 

 

  Melipal Malbec Late Harvest
100% Malbec. Dulce natural / 100% Malbec. Sweet wine
Cremoso de chocolate amargo sobre panna cotta de naranjas y salsa toffee.
Creamy bitter chocolate, orange panna cotta and toffee sauce.

Melipal Vinhos

Difícil ir embora depois de tudo isso e da forma como fomos recebidos, uma rede teria sido uma boa pedida (rs), mas depois de um cafezinho e algumas compras, era hora de voltar para a van e nos pormos a caminho de mais uma bodega, desta feita a pirâmide de Catena Wines.

 

Clipboard Catena

Há pouco mais de 110 anos, Nicolás Catena (o bisavô) plantou sua primeira videira e deu o pontapé de partida para o que hoje é um dos maiores, se não o maior, grupo vitivinícola argentino. Nos últimos 20 anos, boa parte da revolução pelo qual passou a vinosfera mendocina tem raízes na personalidade desafiante e tenaz desse que é hoje o comandante em chefe do grupo, Nicolás Catena, o neto! O que mais aprecio nele é a busca por limites e por apostar na Cabernet e nos blends em vez dos single vineyards como caminho para ganhar complexidade nos vinhos. Hoje seus filhos (Laura, Adrianna e Ernesto) tocam projetos satélites e outros independentes seguindo o trajeto inicialmente pavimentados por seus antecessores. Um dos maiores conglomerados produtores de vinho na Argentina, não se sabe ao certo o quão grande é devido à falta de dados disponíveis, com seus vinhos espalhados pelo mundo e sempre muito bem avaliado pelos crítica internacional em geral, faz com que seja uma das bodegas mais visitadas em Mendoza. Aqui provamos três vinhos da linha Angelica Zapata que é, salvo engano, somente vendida na Argentina e no Brasil:

Angelica Zapata Chardonnay – um dos bons chardonnays argentinos que precisa de um tempinho em garrafa para se mostrar e deve ser tomado com dois ou três anos de garrafa para se tirar dele tudo o que ele tem a oferecer. Bom em jovem, mas melhor mais maduro como este que tomamos (2011), já com três aninhos nas costas. Fermenta em barricas de 225 ltrs e depois repousa em garrafa por cerca de um ano e meio antes de sair ao mercado. Madeira muito bem colocada, nuances de baunilha e frutos tropicais no nariz, boa entrada de boca mostrando um frescor típico dos brancos de maior altitude, algum mineral num final de boca de muita expressão e persistência, um belo vinho.

Angelica Zapata Malbec 2010 – um clássico que faz a cabeça da maioria dos brasileiros. Frutos vermelhos, algumas notas de cânfora no nariz, álcool e madeira ainda por integrar mostrando que o vinho ainda está novo para ser apreciado em toda a sua plenitude, porém há quem goste de seus vinhos mais novos e este é um bom exemplar de malbec elaborado com uvas de três diferentes vinhedos; Pirâmide, Adriana e Nicasia.

Angelica Zapata Cabernet Franc 2009 – para mim o que mais se destacou em conjunto com o Chardonnay. A Cabernet Franc mostra aqui a qualidade que está fazendo com que ela comece a deixar de ser coadjuvante na maioria dos bons assemblages argentinos (como comentado na degustação que fiz recentemente), partindo para assumir um papel de protagonista em diversos bons exemplares varietais. Fruta muito presente, algo de violeta no ar e na boca muita especiaria, taninos sedosos, madeira bem integrada e absolutamente pronto a beber com muito prazer.

 

Final do Day One? Nããão! Rs terminamos com as visitas ás bodegas, mas ainda tinha o Jantar que, na falta do Azafrán que estava em reforma, acabamos no La Barra Carnes & Vino  que foi divino. Ambiente rustico, descompromissado e aconchegante, belas carnes, um presunto cru local cortado em fatias grossas e muito saboroso, gostosas saladas e uma boa seleção de vinhos para acompanhar. Um lugar muito aprazível que recomendo, só precisa relaxar quanto ao serviço, é algo lento porém simpático.

Clipboard La Barra

Semana que vem tem mais! Bom fim de semana, salute e kanimambo

Dicas, Notas e Noticias da Semana

Para quem esteja em Belo Horizonte neste fim de semana, o programa é um só; visitar o Encontro de Vinhos dos amigos Beto e Daniel e degustar uma série de bons rótulos que mais de 15 expositores estarão disponibilizando, mas tem mais!
  

Encontro BeloHorizonte_2014_01%20(2)Encontro de Vinhos BH – dia 04 de Setembro no Hotel Mercure Lourdes em Belo Horizonte/MG, das 14 às 22h.
A maior feira itinerante de vinhos do Brasil retorna à capital mineira trazendo na mala 20 expositores e centenas de vinhos diferentes para serem apreciados. Entre os expositores, produtores, importadoras, escola e fabricante de malas compõem o time deste ano. São eles: Cantu, Ideal Drinks Gourmet, Domno, Casa Rio Verde, Chez France, Decanter, Interfood, Vinci, La Botte, M&C, Miolo, Casa Valduga, Casa Madeira, Chozas Carrascal, Villa Francioni, Bodega Vizard, Enocultura, e Winefit.
O produtor espanhol Chozas Carrascal apresentará o premiado vinho “Las Ocho” e concederá descontos àqueles que desejarem levá-lo para casa. A loja virtual de vinhos franceses, Chez France, mostrará em primeira mão o Champagne Vollereaux Brut Edição Limitada com 92 pontos pela respeitada Revista Wine Spectator. O bordalês Domaine de la Solitude Branco 2009, vinho produzido pelo Domaine de Chevalier, 90 pontos WS também estará no evento para ser degustado. Todos os produtos terão 10% de desconto durante a feira.

A Ideal Drinks Gourmet disponibilizará ao visitante a degustação do Castelo D’Alba Grande Reserva Vinhas Velhas 2011, considerado pela Revista Decanter o melhor vinho da região do Douro. A Casa Rio Verde apresentará ao público o seu mais recente portfólio, importado exclusivamente de Portugal, Itália e França. A importadora La Botte divulgará seu portfólio formado por vinícolas boutique argentinas e italianas com rótulos inéditos no mercado.

Já o Brasil será muito bem representado pelos vinhos e espumantes da Casa Valduga. Destaque para o Valduga 130, tiragem limitada que comemora os 130 anos da chegada da família ao Brasil. A fabricante de malas e valises Winefit lançará sua nova coleção, com design assinado pela estilista de renome internacional Felícia Bierkark. A escola de formação de profissionais e enófilos, Enocultura, também estará presente no evento para apresentar seus novos cursos customizados e os credenciados pela Wine and Spirit Trust.

Essas e outras novidades o aguardam no Encontro de Vinhos Belo Horizonte. Valor dos ingressos: R$ 70,00 se vendidos no local. Nas compras pelo site www.encontrodevinhos.com.br o cliente paga somente R$ 60,00 e sócios ABS-Belo Horizonte têm 50% de desconto.

 

Napa earthquakeDesastre em Napa – Industria vinícola do vale de Napa fala em USD13 Bilhões de prejuízo em função do terremoto da madrugada de 24 de Agosto.  De magnitude 6 na escala Richter, o maior da região desde 1989, o terremoto devastou imensas áreas da região do Napa Valley e do condado de Sonoma, na Califórnia, Estados Unidos. O tremor ocorreu às 3h20 da manhã, hora local, causando diversos estragos em regiões urbanas e rurais.

Napa e Sonoma são duas das principais regiões vitivinícolas norte-americanas e os produtores ainda estão calculando os prejuízos. As informações chegam lentamente, pois o terremoto causou severas avarias nas redes elétricas e de gás, deixando muitos sem energia e causando incêndios.

Muitos produtores da região estão em plena colheita e viram seus tanques romperem, deixando escapar milhares de litros de vinhos, como reportou a vinícola Sebastiani, de Sonoma, que perdeu 14 tanques. A vinícola Hess, por sua, vez, disse que, além de dois grandes tanques, perdeu cerca de 15 mil caixas de vinhos cujas garrafas se quebraram. Um representante da Domaine Carneros, que atestou que sua safra já estava 90% terminada, afirmou que a empresa teve muita sorte por seus tanques não terem rompido.

Apesar de ter ocorrido na madrugada, horário em que geralmente há poucos trabalhadores nas vinícolas, dois enólogos, Carole Meredith e Steve Lagier, quase se tornaram mais duas vítimas do tremor que ceifou a vida de cerca de 90 pessoas. Eles estavam na sala de barricas da vinícola quando ocorreu o terremoto e os barris começaram a deslizar em sua direção. “Estamos bem fisicamente, mas emocionalmente abalados”, disse Meredith. Representantes do setor vinícola californiano dizem que os danos só serão totalizados depois de 72 horas, mas alguns já citam cifras astronômicas de prejuízo, como US$ 13 bilhões, por exemplo. (Fonte – Revista ADEGA – 25/08/2014).

 

O que é Terroir ? (Marcelo Copello em 13/08/2014) – Terroir é uma palavra francesa que designa o conjunto de ????????????????????????fatores ambientais que influem em um vinho, como solo (composição, profundidade, subsolo, nutrientes, retenção de calor, aeração/compactação, vida microbiológica, drenagem), relevo (altitude, inclinação, erosão), exposição ao sol (orientação, horas de sol), vento, regime de chuvas, temperaturas, amplitude térmica diária e anual, proximidade de florestas etc. São muitos fatores e infinitas possibilidades de interação entre eles.

O Terroir é invisível, sua influência em um vinho não pode ser cientificamente provada, explicada ou mensurada, mas é real e pode ser percebida pelos sentidos na hora que degustamos um grande vinho. Não é possível também dizer qual o Terroir perfeito, já que grandes vinhos são feitos em ambientes totalmente diferentes. Mas em muitos casos já se sabe quais os melhores Terroir, pois deles vêm os melhores vinhos. Terroir existe em qualquer lugar, alguns melhores outros piores para elaboração de vinhos. É bom lembrar que um Terroir superior depende da mão do homem para gerar um grande vinho. Senão, como explicar que hajam vinhos tão distintos, às vezes da mesma uva e de um mesmo vinhedo? É o homem que o entende e desenvolve o potencial da natureza e o expressa no vinho.
 

Concha y Toro logoCONCHA Y TORO é considerada a marca de vinhos mais poderosa do mundo  – Gallo e Robert Mondavi aparecem logo atrás em lista feita por consultoria internacional. Concha y Toro está no posto 21 na lista geral. Um relatório anual da consultoria “Intangible Business” apontou a Viña Concha y Toro como a “marca de vinho mais poderosa do mundo”, no que é considerado o mais influente ranking da indústria de bebidas do mundo.
Na lista geral (que soma todos os tipos de bebidas alcoólicas), aliás, a vinícola chilena aparece em 21o lugar, subindo oito lugares em relação ao ano passado. “O reconhecimento internacional reforça a visibilidade global e a imagem que a marca Concha y Toro alcançou. É algo pelo qual temos trabalhado há anos. É uma grande conquista, não somente para a empresa, mas para o vinho chileno que cresce em importância na indústria do vinho mundial”, disse o CEO da vinícola, Eduardo Guilisasti.
A lista das empresas de vinho mais poderosas segue com a Gallo em segundo lugar, seguida por Robert Mondavi, Hardys e Barefoot, entre as cinco primeiras.
Confira abaixo a lista dos 12 primeiros lugares: 1- Concha y Toro / 2- Gallo / 3- Robert Mondavi / 4- Hardys / 5- Barefoot / 6- Yellowtail / 7- Sutter Home / 8- Beringer / 9- Jacobs Creek / 10- Lindeman’s / 11- Blossom Hill /12- Wolf Blass (Fonte – Revista ADEGA – 29/07/2014).

 

Cave Geisse é nomeada para o Wine Star Award 2014, da Wine Enthusiast – A Cave Geisse está entre as Cave Geisseindicadas pelos editores da revista americana Wine Enthusiast que, a cada ano, nomeia personalidades e empresas que fizeram realizações notáveis no mundo do vinho e bebidas. Neste feito inédito, Cave Geisse aparece na categoria New World Winery (vinícolas do novo mundo), o que posiciona o Brasil como referência entre os produtores de espumantes Tops do novo mundo, com destaque para o importante trabalho da Família Geisse, pela qualidade e variedade dos espumantes de sua Vinícola Geisse.

Os vencedores serão homenageados com o troféu Wine Star Award em um jantar de gala black-tie, em Nova York, em 26 de janeiro de 2015. E, segundo Mario Geisse, essa importante nomeação representa o reconhecimento pela seriedade, foco e dedicação do nosso trabalho e pioneirismo em Pinto Bandeira.

Parabéns para a Cave Geisse, um exemplo de qualidade e capacidade de nossa vitinicultura nesta área de espumantes onde estamos muito bem obrigado e conseguimos ser competitivos.
Salute, kanimambo e na Sexta o Day 1 de nosso tour por Mendoza. Até lá!

Assemblages Argentinos – Sedução na Taça

Ontem conversando com a esposa de um amigo que também milita no setor, veio o comentário de que o vinho argentino está mudando e para melhor, algo em que acredito piamente. Perdendo um pouco dos excessos, seja de álcool ou extração, com fruta excessivamente madura, acidez pouco presente e taninos doces, por vezes enjoativos após umas duas ou três taças. Ish, já falei, mas que isso era a realidade lá isso era independentemente de ter um monte de gente que gosta do estilo, afinal o vinho é democrático! É o mundo produtor de Mendoza abrindo o olho para o mercado já que a malbec não ficará em alta ad eternum e a sobrevivência do setor certamente passará pela exploração de todo o potencial do terroir mendoncino através de outras castas e bons blends que produzem, tradicionalmente, vinhos mais complexos e mais equilibrados.

Nesta recente viagem creio que vimos um pouco dessa mudança inclusive uma maior diversidade e a prática de blends mais presentes mesmo que somente com duas uvas o que os Hermanos gostam de chamar de bivarietais. Esse conceito amplamente usado pelos produtores europeus, visa mesclar uvas de forma a extrair o que cada uma tem de melhor mostrando um resultado superior à mera soma aritmética dos fatores. A enologia argentina chega assim em sua maturidade produzindo alguns belos vinhos aos quais tiro o chapéu. Seja no blends da mesma uva de diversos vinhedos em variadas altitudes com cada uma aportando algo diferente, seja na mescla de diversas cepas onde a Cabernet Franc e a Petit Verdot invariavelmente se mostram presente tanto juntas como em separado, conforme pode ser conferido nos rótulos e contra rótulos abaixo. (clique na imagem para ampliar) Os porcentuais, esses variam ano a ano em função de como cada casta se comportou na safra e, consequentemente, são de pouca importância para nós consumidores sendo mero modismo.

Blends argentinos 001
Na última semana reunimos alguns privilegiados, na minha opinião porque o painel estava excelente, para provar seis vinhos (foto acima) que trouxe da viagem para compartilhar essa experiência que vivi e que me seduziu, a Degustação da Mala! Quem perdeu, realmente dançou e não sabe o que perdeu! O único senão, a meu ver, são os preços praticados pois me parecem altos demais e poderiam se estabilizar em cerca de 20% abaixo dos patamares hoje praticados. Por outro lado, do preço de prateleira os impostos são responsáveis por cerca de 58% do valor então já sabemos para onde apontar o dedo né?! Bem, muita “charla” e pouco vinho, já sei, então vamos falar dessas belezuras!
Desta feita não fiz desafio entre eles nem os servi ás cegas. Provamos os vinhos sabendo o que eles eram e os apreciando com a devida vênia! Fazia menos de uma semana que os tinha provado em Mendoza, porém vê-los e provando-os lado a lado prestando a devida atenção foi mais exultante ainda. Grande fase a dos Hermanos!

Melipal Front & BackMelipal Blend 2010 – Corte de Malbec com Cabernet Franc e Petit Verdot em plena harmonia, macio, redondo e já pronto a beber cumprindo o papel que o trouxe ao mundo, nos dar prazer e o fez muito bem! Belo vinho que agrada fácil, taninos macios já integrados,  notas de baunilha e alguma especiaria. As cepas são envelhecidas separadamente em barricas francesas por 12 meses e ao final é feita uma seleção das melhores barricas para se efetuar o assemblage. ) mais barato do plantel, lá em torno de 160 pesos e por aqui acho que vi em sites do sul em torno das 100 pratas.

Atamisque atamisque front & BackAssemblage 2009 – Estilo algo diferente e bem mais jovem na taça mesmo que na mesma faixa da maioria dos outros rótulos abertos. A região (Tupungato), a altitude (1200mtrs) e uma filosofia diferente nos apresentam um vinho com muita personalidade e muito gastronômico sendo prejudicado num comparativo em que comida não esteja presente. Grande estrutura de meio de boca, notas tostadas, uma vida inteira pela frente e certamente crescerá com um bom pedaço de ojo de bife. O único assemblage sem Cabernet Franc e/ou Petit Verdot no corte. Preço na casa dos R$160,00 por aqui

 

Brioso side by sideSusana Balbo Brioso 2010 – já o tinha comentado aqui. Provei-o novamente lá no almoço e agora por mais uma vez, não tendo muito mais a agregar de comentários a não ser que é um vinho que vale muito o preço que por aqui anda na casa dos R$160 a 170,00. Harmonioso, complexo, possui um frescor de final de boca que cativa e pede bis. Me gusta! Aliás, o que deste painel não me gustó?!

 

Achaval-Ferrer Quimera 2011 – Sou supeito para falar do Quimera aqui porque é chover no Quimera side by sidemolhado, basta digitar o nome do vinho em pesquisa e ver minha paixão pelo vinho. Recentemente tomei o último 2007 de minha adega e estava divino com seus sete anos de vida, então este 2011, que está divino com apenas quatro, promete ainda bem mais nos próximos dois a três anos. Um vinho sedutor que é um deleite para os sentidos e mostra que os bons vinhos argentinos não necessitam ser só força e potência, a elegância tem lugar nas mãos de quem sabe. Gosto de o manter em minha adega e custa em torno dos R$200.

 

Benegas Meritage side by sideBenegas Lynch Meritage 2007 – Adorei lá e confirmou aqui, estamos diante de um vinho de produção limitada a apenas 3.000 garrafas ano e produzido com esmero, um vinho que mexe com nossas emoções e nos faz lembrar os bons vinhos de Bordeaux. Café, notas terrosas, taninos integrados e aveludados, toque mineral no final de boca bem longo e prazeroso. Grande estrutura, um vinho com sete anos nas costas que dá prazer de tomar agora mas que seguirá evoluindo muito positivamente pelos próximos seis a sete anos. Vinhaço que aqui anda na casa do R$250,00.

Lagarde Henry Gran Guarda 1 2009 – mais um vinhaço na taça e também de produção limitada. Este não Henry side by sidemenciona as castas no rótulo ou contra rótulo, porém é um blend de Malbec (35%) e Cabernet Sauvignon (39%) e partes iguais de Cabernet Franc e Petit Verdot, para variar! Outro baby na taça e outra grande alegria de o poder desfrutar novamente. Ótimo volume de boca mas sem ser pesado, encorpado, complexo, grande equilíbrio, frutos negros, taninos finos e notas de especiarias num final interminável onde aparece algo de tostado e mocha. Mais um vinhaço que vem mostrar porquê é ícone da casa e que ficará ainda melhor dentro de alguns anos. Preço por aqui na casa dos R$270,00.

 

Terminou e fiquei triste, pois vai demorar um pouco para voltar a montar uma dessas. Por outro lado, vamos abrir o olho porque os vinhos argentinos vão muito além dos Malbecs e me surpreendem muito positivamente então minha dica para você é, baixe a guarda e deixe se levar por essa onda! Salute, kanimambo e uma ótima semana para todos. Ao longo desta e da próxima, minhas impressões da viagem a Mendoza, um lugar que cada vez mais me seduz!

Mendoza Um Oasis com Mais de 930 Vinícolas

Mendoza logo
Um deserto é uma zona geográfica com menos de 400ml de chuva ano e grande amplitude térmica entre dia e noite podendo ser áridos (até 250ml), semi-áridos (250 a 500ml) e gelados (desertos polares com menos de 5ml. O Sahara recebe algo como 250ml anuais / Atacama, o mais seco, algo ao redor de 1ml a cada 5 ou dez anos / Gobi recebe aproximadamente 180ml ano e Mendoza entre 200 a 250ml! A proximidade dos Andes e sua águas de degelo junto com as famosas acéquias (canais) inicialmente construídos pelos índios Huarpes, posteriormente desenvolvidos pelos espanhóis que por lá aportaram, complementam as necessidades hídricas e faz com que a água, mais do que a terra, seja o mais valioso bem da região.

Acéquias Clipboard
A partir de 1890, começa um trabalho de construção de diques que represam as águas de degelo possibilitando um maior crescimento e desenvolvimento de toda a região e da indústria do vinho. O Departamento de Irrigação é que controla a abertura das comportas que libera a água para as diversas vinícolas espalhadas pela região. Algumas terras também possuem poços o que faz com que sejam incrivelmente valorizadas, já que terra barata por estas bandas, quer dizer terra seca!

Clipboard Diques
Atrás deste terroir que produz aproximadamente 70% do vinho argentino, veio gente de todos os cantos do mundo; franceses, italianos, portugueses, americanos, espanhol e com eles uma rica gastronomia num complexo e diverso caleidoscópio de sabores e aromas que vale muito a pena ser conhecido, até porque toda essa riqueza está bem próxima da gente e possui preços bem acessíveis. Difícil é escolher entre essa imensidão de vinícolas e grandes vinhos, as que visitar em tão curto espaço de tempo. Fazer três ou quatro viagens destas com 6 a 9 vinicolas sem repetir nenhuma é algo não só viável como desejável! Ficaram de fora um monte de lugares a visitar e certamente outras viagens serão necessárias, até porque devemos ter provado uns 56 a 60 rótulos porém meu chute é que hajam disponíveis em Mendoza mais de 13.000 ou seja, mal raspamos a superfície desse mar de vinho abençoado por Baco.

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Eu estive por lá mais uma vez, desta feita com a WFTE (Wine  Food Travel Experience) um projeto que retomei depois de um longo hiato, levando um grupo de 13 amigos e leitores numa viajem de descobrimentos que durou quatro saborosos e intensos dias que já deixam saudades do lugar, dos vinhos, dos pratos e especialmente dos agradáveis momentos passados com um grupo de pessoas especiais. Aqui no blog vou relatar e compartilhar com os amigos que não puderam nos acompanhar e ficaram curiosos, nossas visitas e jantares o que não deixa, também, de ser uma forma de reviver esses  momentos e matar saudades. Acompanhe nossas atividades e meus comentários sobre os locais, vinhos e comida nos próximos dias. Salute e kanimambo