João Filipe Clemente

Os Catena; Seus Vinhos e Sua Gente

Recebi recentemente um press release sobre os grandes resultados dos vinhos da família Catena em 2018 que me serviu de inspiração para expandir um pouco seu conteúdo para aqueles que tão somente conhecem seus vinhos. Durante muito tempo carreguei comigo uma imagem diferente sobres estes vinhos, até que conheci em diversas visitas esse mundo incrível que leva a marca Catena direta e indiretamente. Tanto que no dia de hoje, meu aniversário, abrirei um La Piramide Cabernet Sauvignon 2012, que me encantou lá em minha última visita, para comemorar.

Nicolás Catena Zapata é o principal nome do vinho argentino e grande responsável por colocar seu país no mapa dos melhores rótulos do mundo. Na década de 70, impressionado com a produção vitivinícola do Napa Valley (Califórnia, EUA), percebeu que o terroir de Mendoza, na Argentina, também podia dar origem a vinhos excelentes. Com determinação, trabalhou por décadas nos vinhedos e na adega, pesquisando e implementando novas técnicas. O resultado são vinhos extraordinários e de grande personalidade, que surpreendem a imprensa especializada pelo mundo afora. Talvez uma de suas principais teorias hoje, seja de que a época para inovação através de tecnologia já era, hoje todo mundo tem acesso a ela. O segredo hoje para inovação é a descoberta e o entendimento dos mais diversos terroirs. Também acredito nisso, pois com tecnologia já se consegue tomar bons vinhos da Venezuela, do Peru e até Tahiti, mas os grandes vinhos, esses só de grandes terroirs!

Em meados dos anos 90, Laura Catena, sua filha, o ajudou a emplacar uma identidade argentina nos vinhos da Catena. Vinhedos foram plantados em diferentes altitudes para produzir uma ampla gama de vinhos, entre eles o Nicolás Catena Zapata onde a Cabernet Sauvignon e não a Malbec é a protagonista. A primeira safra vinificada feita pelo enólogo José Galante foi 1997. Depois do seu lançamento em 2000, ele entrou em degustações as cegas com outros da mesma safra, como Chateau Latour, Opus One, Caymus Special Selection e Solaia tendo o Nicolás com frequência levado o primeiro ou o segundo lugar.

Passados quase 20 anos desde sua estreia, este verdadeiro ícone sul-americano segue surpreendendo a todos e o último que tomei, um 2009, estava de lamber os beiços! rs Na edição de outubro, a revista inglesa Decanter elegeu este grande tinto como seu “vinho lendário”: vinhos que não apenas estão entre os melhores do mundo, mas que também têm uma importância histórica. É elaborado com um corte de Cabernet Sauvignon (predominante) e Malbec dos melhores vinhedos das zonas mais frias e elevadas da Catena Zapata. A Cabernet talvez tenha sido o maior ponto de divergência entre Nicolás e seu pai que preferia a e via a Malbec como protagonista. Nicolás valorizou a Malbec, porém ampliou seu espectro de castas e terroirs e mostrou ter uma “quedinha” pela Cabernet! rs

Laura Catena, bióloga e 4ª geração da família é a atual diretora da Catena Zapata e também proprietária das prestigiadas vinícolas Luca e La Posta, tendo sido homenageada pela revista Wine Spectator como “Wine Star”, durante evento anual Wine Experience. Sua rotina é entre a Califórnia e Mendoza onde cuida das vinícolas e do Catena Institute of Wine. Sou fã incondicional do Luca Syrah, apesar e toda a linha ser muito boa, e do Pinot Glorieta da la Posta, um pinot com jeito de Borgonha por um preço bem camarada.

Alejandro Vigil, foi uma grande aquisição feita pela família no inicio dos anos 2000 e que, com sua juventude, conhecimento e criatividade, ajudou a catapultar os vinhos da família a um patamar ainda mais alto num projeto de expansão e exploração de regiões de grande altitude. Na Catena, começou desenvolvendo o instituto de pesquisa. Na época, havia um consultor australiano, o grande John Duval criador do mítico Penfolds Grange, fazendo o corte de Nicolas Catena Zapata 2001. Como conta o próprio Alejandro numa entrevista à revista Adega, John Duval se virou para mim e me perguntou; “Vigil, anima-se a fazer um corte?” Eu, com toda a ignorância – pois, para mim, era uma brincadeira –, fiz. Estavam todos: Nicolas, Laura (sua filha), Pepe Galante (enólogo), e fui com minha garrafinha. Colocaram-na sobre a mesa, com outras cinco. Fizeram uma prova às cegas e todos votaram no meu corte. Eu, cara de pôquer. “O que você fez?” “Mesclei isso e isso”. “E quantas garrafas pode fazer disso?” “Nem faço ideia” [risos]” Alguns meses depois, Nicolás o encarregou de todos os vinhos premium da empresa. Os da safra 2004 foram seus primeiros como chefe e, em 2007, encarregava-se de todas as vinícolas da família. Não é à toa que é reconhecido pela critica internacional como um dos 30 principais enólogos do mundo!

Essa parceria foi além e Alejandro em sociedade com Adrianna Catena (a caçula da família) montou um novo projeto chamado Aleanna que hoje é mais conhecida como El Enemigo e Grande Enemigo, nomes dados a seus vinhos altamente premiados

Na família ainda há Ernesto Catena que tem uma pegada mais direcionada aos vinhos orgânicos e bio dinâmicos com diversos rótulos entre eles a linha Animal, gosto muito do Malbec, e do Siesta que tem seu Cabernet Franc Bio como um de meus vinhos favoritos elaborado com esta uva na Argentina.

Fritar dos ovos, tem mão dos Catena e de Alejandro Vigil, pode mergulhar de cabeça que dificilmente vai dar ruim. Em cada linha de produtos, bons rótulos de entrada e grandes vinhos que ganharam em 2018 os holofotes dos mais importantes críticos, mas não só, porque 2017 também trouxe grandes conquistas. Vejamos alguns dos mais pontuados:

Os tintos Adrianna Vineyard River Stones Malbec 2016 e Gran Enemigo Single Vineyard Gualtallary 2013 (Cabernet Franc c/Malbec) foram classificados com 100 pontos pelo crítico Robert Parker, a nota mais alta já concedida para vinhos argentinos, os colocando num patamar de excelência que poucos no mundo frequentam.

Uma outra grande e recente premiação foi o El Enemigo Chardonnay 2016 que obteve 98 pontos de James Suckling tendo sido selecionado entre os TOP 100 vinhos de 22.000 vinhos provados por ele em 2018

Já o Adrianna Fortuna Terrae 2014 recebeu 95 pontos do jornalista Kim Marcus e é o no.1 da lista de indicações da última edição da revista Wine Spectator (Dez18/Jan19). Também recebeu alta pontuação de Robert Parker (96 pts), James Suckling (98 pts)

Catena Zapata Malbec Argentino com novo rótulo, A grande ilustração reveste a garrafa em 360graus. Desenhos que contam o drama da vida, morte e ressurgimento da uva Malbec, ilustram o novo rótulo do Catena Zapata Malbec Argentino . Esta repaginada  safra 2015 obteve 95pts da publicação The Wine Advocate e 94pts de James Suckling e Tim Atkin.

Talvez um dos maiores feitos dos vinhos Catena Zapata tenha sido a eleição por James Suckling do Melhor Vinho Argentino de 2017, não um Malbec ou um Cabernet Sauvignon, mas sim um vinho branco, o Adrianna White Stone Chardonnay 2014. Eu há muito venho falando dos brancos argentinos, este é só mais um atestado que confirma o estágio desses vinhos por lá e o quanto devemos estar abertos a eles.

Pessoalmente, sou um fã do Adrianna Single Vineyard Malbec e na ultima visita lá me encantei com o Cabernet Sauvignon La Piramide 2012  assim como o melhor Bonarda que já tomei, o Parcela Nicolás Catena 2014 sem contar seu estupendo Semillon botrytizado que poucos conhecem, o Catena Semillon Doux . Ah, não podia deixar de mencionar e indicar aos amigos um vinho da linha Gran Enemigo que fez minha cabeça e me fez suspirar quando o conheci há uns dois anos e naquele dia disse que poderia ser ainda melhor que o Gualtallary, ao menos parelho com ele, o El Cepillo!!! Para minha satisfação o 2014 recebeu 98 pontos na safra 2014 (acho que Parker), acima do Gualtallary. Posso até não entender nada de vinhos, mas sei reconhecer um grande vinho na taça! rs

Hoje falei de Catena Zapata, e como falei (rs), porém a verdade é que apesar do que esta casa produtora significa para a vitivinicultura argentina, o nível geral dos vinhos dos hermanos cresceu excepcionalmente com novos e criativos enólogos sem medo de explorar novas técnicas, rever velhas receitas  assim como a descoberta e exploração de novos terroirs. Eu mudei muito os conceitos que tinha quanto aos vinhos argentinos depois de mais de 2000kms rodados pelas diversas regiões produtoras e prova de inúmeros rótulos e visitas a produtores que me mostrou que essa revolução promovida pelos Catena desde 1970 não cessou, segue em plena evolução, explorem, desfrutem!

Kanimambo, saúde e uma ótima semana para todos

 

La Carrasca 2010, Um Grande Reserva Espanhol

Este vem de La Mancha (região central vermelha no mapa ao lado), a maior região produtora de vinhos na Espanha, e por isso bem diferente dos vinhos de Rioja e Ribera regiões que muitos de nós estamos mais acostumados a ver com denominação Grande Reserva. De La Mancha, a grande maioria dos vinhos são Jovens (sem madeira) ou Roble (permanência mínima em barrica de carvalho de 60 dias) ou Crianza (período mínimo de envelhecimento de 24 meses, dos quais pelo menos 6 em barricas de carvalho), de preços mais acessíveis e que nos últimos anos têm melhorado e muito o nível de qualidade.

Vemos poucos Gran Reservas (período mínimo de envelhecimiento é de 60 meses, dos quais ao menos 18 deverão ter sido de barricas de carvalho e em garrafa o restante do período) por aí e portanto fiquei curioso para conhecer mais e provar óbviamente! rs Afora uma exigência menor de tempo em barrica que Rioja e Ribera, aqui também a diversidade de uvas homologadas é bem maior > Bobal, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Cencibel (Tempranillo), Garnacha, Graciano, Malbec, Mencía, Merlot, Monastrell, Moravía dulce o Crujidera, Petit Verdot, Pinot Noir y Syrah e aprodutividade maior. Consequentemente, nos deparamos com melhores preços e uma maior diversidade de estilos já que os produtores estão mais livres para criar.

Este Marqués de La Carrasca Gran Reserva 2010 é elaborado pela Bodega Lozano, uma empresa familiar (desde 1853) que está já na quarta geração em atividade. Um corte de 80% Tempranillo com Cabernet Sauvignon que passou por 24 meses de barrica, parte americana e parte francesa, e o restante dos 36 meses em garrafa nas adegas antes de sair ao mercado em 2015. Tomado em conjunto com amigos, a avaliação foi bastante positiva tendo sido ressaltado que para um Gran Reserva espanhol a madeira estava muito bem trabalhada e bem integrada ao conjunto o que me leva a crer que ao menos parte desse estágio em carvalho tenha sido em barricas de segundo uso.

O vinho se mostrou bastante frutado, com algumas notas mais químicas (acetona) tanto no nariz quanto em boca, taninos muito finos e bem integrados, macio, médio corpo, com uma gostosa acidez de final de boca e boa persistência. Fácil de agradar, teor alcoólico educado (rs) de 13.5% em perfeito equilíbrio, um vinho que em São Paulo está na casa dos 110 Reais o que, para um Grande Reserva espanhol, é uma tremenda barganha que vale bem o preço, mas longe dos vinhos de grande estrutura e potência, se você gosta desse estilo este não é seu vinho. Este é um vinho para quem valoriza elegância, se você gosta então vai se dar bem com ele.

Kanimambo pela visita, saúde

Há Momentos e “Momentos”!

Sou um profundo defensor de que vinho se deve tomar em boas taças para poder usufruir tudo aquilo que eles têm a nos oferecer, seja em aromas como em sabores. Como tudo na vida, no entanto, sem radicalismos e enochatisses inibidoras, há momentos em que não há como e um copo comum ou copo de plástico valem sim! O que não pode é alguém que trabalha no ramo promover uma degustação de champagnes, cobrar 120 pratas por cabeça e aí servir essas preciosidades numa taça de plástico grosso e da cor preta ou branca, tanto faz, isso é inadmissível!

Por outro lado, costumo sempre dar como exemplo um de meus melhores momentos vividos que foi um reencontro com um primo que há anos não via e que me recebeu numa tasquinha que frequentava num vilarejo em Portugal. Lá nos esbaldamos com pataniscas de bacalhau e um tinto no copo tirado direto da barrica que o cantineiro tinha atrás do balcão. O melhor vinho do mundo? Não e muito longe disso, porém o momento está gravado na minha memória quase dez anos depois, Vinho e Pataniscas com meu primo. A taça faria diferença? Certamente não e provavelmente até atrapalharia o momento.

Nestes primeiros dias de Janeiro fui passar três dias na praia com minhas filhas. Tomamos vinho na praia e em casa, aliás tomamos várias garrafas de brancos, rosés e espumantes. Esqueci de levar taças, o que fazer? Deixar de tomar? Jamais né, até porque não eram vinhos que exigissem “ferramentas” especiais apesar de todos serem muito bons, porque a vida é curta demais para tomar vinho ruim e sigo essa máxima á risca, mesmo que seja num copo de plástico! rs Na praia foi num copo de plástico mesmo e em casa num copo de requeijão, so what, curti demais! Sim, o momento por vezes é muito mais importante que o vinho em si e nessas horas devemos deixar nossas enochatisses de lado e nos deixar levar pela maré.

O post de hoje tem uma mensagem só, curtam o momento da forma que vier sem medo de serem felizes nem fiquem amarrados a demasiadas regras de etiqueta estabelecidas em nossa vinosfera. Nem sempre encontramos as situações ideais e daí, deixar de tomar seu vinho por isso, sério?? Há momentos e “momentos”, essencial é que saibamos discernir os dois sem frescuras nem radicalismos afinal, como já dizia o poeta, tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Saúde, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui, boa semana.

 

 

 

Alheira, a Criação Judia de Uma Iguaria Portuguesa.

Tudo começou na inquisição espanhola com a perseguição dos judeus que fugiram para Portugal nos idos de 1492. “Milhares de judeus fugiram de Espanha para Portugal, principalmente para Lisboa, mas a partir de 1496, os judeus portugueses também foram forçados a converter-se ou, alternativamente, sair do país. Durante os dez anos seguintes, cidadãos mais conservadores, normalmente marinheiros, matavam judeus diariamente. Em 1536, a Inquisição chegou formalmente a Portugal e tanto judeus como judeus convertidos eram capturados e queimados vivos na pira, diante de um mar de gente, no Rossio”. Duros e terríveis tempos aqueles!

“Os judeus começaram a esconder-se e a formar comunidades em que se faziam passar por cristãos: escreviam em hebreu e fingiam rituais católicos para não levantar suspeitas. Mas em Trás-os-Montes, o disfarce foi mais original. Uma das principais maneiras que os membros da Inquisição tinham para descobrir os fugitivos era perceber se estes comiam carne de porco ou não – porque a religião judaica proíbe o seu consumo. Para enganar os investigadores, os habitantes de Mirandela criaram uma salsicha feita com pão e frango, que se assemelhava aos tradicionais chouriços e farinheiras com carne suína: a alheira.

“Nos dias de hoje, a alheira é um dos elementos típicos da cozinha portuguesa e já é feita com carne de porco, carne de caça ou pode até ser vegetariana. Depois de salvar milhares de judeus, saltou das montanhas de Trás-os-Montes para o resto do país.” Leia o artigo completo clicando o link de “Descobrindo Portugal“. Acompanhe com um bom vinho tinto e estamos conversados!!

Bom fim de semana e se não tiver onde ir curtir esta iguaria, sugiro o restaurante “A Quinta do Bacalhau” de minha amiga Iva que prepara este prato com maestria. Kanimambo pela visita, saúde

Chenin Blanc com Risoto de Camarão, Brie e Limão Siciliano

Pouca gente conhece a Chenin Blanc o que é uma pena, é um vinho muito fresco e vibrante que acompanha maravilhosamente frutos do mar e peixes. Originária da região do Loire onde se produzem alguns néctares tanto secos como de sobremesa e espumantes, especialmente na AOC de Vouvray, se deu muito bem na África do Sul onde existe um pouco de tudo entre eles alguns ótimos vinhos como o deste produtor KWV o qual produz também um bom pinotage. A Chenin chegou na África do Sul com os Huguenots expulsos da França por motivos religiosos em 1580, tendo sido uma das primeiras cepas a florescer por lá onde também era conhecida como Steen.

Por muitos anos a superprodução e falta de controle nos vinhedos geraram vinhos de qualidade duvidosa, mas de uns 15 anos para cá novos investimentos, redução na produtividade dos vinhedos e tecnologia aplicada mudaram essa onda. Hoje há muitos grandes vinhos elaborados com Chenin Blanc na África do Sul e normalmente com preços mais acessíveis que os nobres do Loire. Entre eles gosto muito deste KWV Classic Collection que volta e meia habita minha taça.

Neste final de ano, noite de reveillon, preparei um jantar especial a dois, um delicioso (humildade sempre foi meu ponto forte! rs) Risoto de Camarão com Brie e Limão Siciliano que harmonizei com esse vinho de leve nuance floral, crocante, fresco, com notas cítricas bem presentes, maçã verde, ótimo meio de boca e persistente final com um toque mineral que ornou à perfeição. Está certo que a presença de minha loira, a luz de velas e mais uma passagem de ano juntos (a 42º), ajudam a tornar o momento especial, mas a harmonização atingiu seu objetivo com louvor porque, acima de qualquer coisa, ela gostou!

Explorem a Chenin Blanc sul africana, para quem gosta de vinhos brancos e desta casta, acredito que o resultado será muito positivo e eu recomendo muito esse que anda na casa dos R$129 aqui em São Paulo.

Dicas do risoto? Nada complicado. O caldo faço com os rabinhos do camarão, para acrescentar sabor, e um tablete daqueles prontos. Os camarões tempero antes com limão, tico de sal e um pouco de salsinha e deixo descansar por uma meia hora. Refogo cebola, alho e quase todo o camarão ( os maiores reservo para finalização) que ao ficar rosadinho retiro e guardo para acrescentar mais ao final para não cozinhar demais. Arroz, vinho branco e caldo, colher grande manteiga, aos poucos ir acrescentando as raspas do limão (eu também coloco um tico do suco para aumentar a acidez), quando o arroz começar a ficar no ponto acrescento os camarões e finalizo com queijo Brie para dar aquela cremosidade. Na frigideira coloco um tico de manteiga para grelhar os camarões maiores que vão na finalização do prato. É isso, facinho, facinho, mas não esqueça que pilotar o fogão esquenta, mantenha a taça do “chef” abastecida, porque taça vazia dá azar e cozinhar sem vinho não rola e aí o prato pode desandar!! rs

Saúde, kanimambo pela visita e até a próxima!

 

To Sabrage Or Not To Sabrage?

Você já ouviu falar de Sabrage? Sabrage, ou degola em nosso idioma pátrio, é o ato de “abrir” um espumante com um sabre! Sim, isso mesmo e o “folclore conta que, nos tempos de Napoleão, galantes oficiais da cavalaria comemoravam suas vitórias ainda nos campos de luta sem apear de seus cavalos. Por isso, quebravam os gargalos das garrafas com seus sabres. Há quem diga, também, que a prática nasceu com os hussardos do czar, quando os russos derrotaram as tropas de Napoleão e ocuparam a região (Revista Adega). Eu fico me perguntando se na época já existiam as gaiolas ou se as garrafas precisavam de saca rolhas, porque usar o sabre e depois levar a garrafa à boca me parece algo perigoso! rs

Pois bem, hoje em dia ainda tem gente fazendo isso e me pergunto porquê e para quê alguém quereria “sabrar” um espumante? Até entendo que Napoleão, um grande amante de champagnes, e seus generais estivesse desprovido de um saca rolha, sei lá vai ver não haviam gaiolas na época, mas hoje em dia? Passamos anos ensinando como abrir um espumante sem estourar a rolha, apenas com um leve suspiro, e daí vem esse mundaréu de gente (inclusive profissionais) estraçalhando garrafa. Dizem ser elegante “sabrar”, eu não vejo elegância nenhuma não! 😱 Pode ser feito com sabre, existem diversos à venda por aí com esse propósito assim como faca de cozinha, espumadeira, base de taça, etc., cada “expert” escolhe a “arma” que lhe der mais resultado, prazer e desperte mais uaus em sua platéia.

Pela diversão ainda vai que vai, não vamos ser radicais, mas de resto entendo que não, sorry e ainda há o perigo de acidentes que são inúmeros conforme pode ser visto nos mais diversos videos circulando por aí na internet que você poderá ver clicando aqui. Já vi até gente comentar que dá sorte (??), porém essa foi novidade para mim. Sabe aquela história que todos contam e poucos praticam, de querer desmistificar nossa vinosfera, um mundo com menos frescura, então! Para mim não faz sentido, nunca fiz e jamais farei, mas respeito quem acha que isso faz parte da educação enófila, só não concordo é um pseudo glamour às avessas.

Como já disse um dia Kimi Raikonnen ao ser perguntado porquê não dava um banho de Champagne nos colegas no pódio, “prefiro bebê-lo a desperdiçá-lo”! Pronto é isso por hoje, kanimambo por seguir andando por aqui, saúde!

 

Todas as Águas São Iguais?

A princípio, para mim, todas as águas minerais eram iguais. Sei que meu amigo Renato Frascino, técnico sensorial e um especialista em águas entre outras coisas como vinho e cachaças, discordaria desse preceito e lhe dou razão, é não!!

Tem águas minerais de que gosto e que não, águas que tomo com enorme prazer e outras só tomo mesmo por necessidade. Adoro a Pelegrino por exemplo e das nacionais a São Lourenço e a difícil de achar Cambuquira todas com gás e quanto mais finas as borbulhas melhor. Gosto das sem gás também, mas não me atraem tanto assim, mas água como todos sabemos é essencial, porém pouco ou nada sabemos sobre ela.

Em casa já faz mais de década que só usamos água mineral tanto para cozinhar quanto para beber e somente de uma marca. Ontem tive que comprar garrafões novos e pela primeira vez em muitos anos passei num lugar diferente com diversas opções de águas e fiquei surpreso com as diferenças de composição mineral que encontrei entre elas. Daí fui fuçar no santo Google e vi o quanto eu estava enganado e como a composição dessas águas pode variar e nos afetar de forma diferente, especialmente para quem toma muita água diariamente.

O artigo completo de Carla Leonel, de onde saiu a imagem acima, para o site Medicina Mitos e Verdades é bem recente e nos dá um insight muito interessante sobre o tema, mesmo que o foco não seja realmente saber qual a melhor água, mas sim qual a melhor composição dessas águas de forma a nos permitir uma escolha mais confiável e adequada. Eu aprendi bastante, então achei que deveria compartilhar com os amigos neste início de ano para lá de quente !

Foco no PH das águas e no conteúdo mineral destas, especialmente quanto a eventuais excessos de sódio na composição. Ficou curioso, então acessa o link clicando na imagem acima e leia o artigo, vale a pena! Lembrando, sempre tomar água acompanhando seu vinho pois hidratar o corpo é essencial afora diminuir o efeito do álcool garantindo um melhor despertar no dia seguinte. Veja o interessante artigo sobre o tema publicado no blog da família Valduga clicando aqui.

Saúde, kanimambo

Pote Cheio em 2019!

Meu primeiro post do ano tinha que, obviamente, tratar de desejar a todos um Feliz Ano Novo com uma mensagem que enviei a todos meus amigos e familiares, uma mensagem de reflexão e avaliação.

Todo Ano Novo um monte de novos objetivos são traçados, desejos perseguidos, metas definidas sendo a maioria pura utopia, apenas devaneios de uma noite de verão, mas bom que os tenhamos pois são nosso combustível!

Também é comum reclamarmos do ano anterior, dos resultados não alcançados, dos desejos não realizados, mas pouco lembramos das coisas boas que nos aconteceram ao longo do ano, tendemos a sobrevalorizar nossos infortúnios e a subvalorizar nossas conquistas e daí a necessidade deste pote. Arrume um pote, o meu é bem grande porque sou otimista, vazio e a cada coisa boa que te acontece um papelzinho no pote, não esquece porque tendemos a valorizar demais as coisas ruins em detrimento das boas.  Ao final do ano abra o pote e relembre as coisas boas que te aconteceram. Talvez se surpreenda ao abri-lo no final do ano, como eu fiz neste que passou. Mesmo que eu tivesse somente dois (duas netas que chegaram com saúde) já seria algo a comemorar, mas havia bem mais papeizinhos para me relembrar que, afinal, o ano não foi tão ruim assim, mesmo que as intempéries tenham sido muitas!

Meu mais sincero desejo para este novo ano é que ao abrirem vosso pote no dia 1 de Janeiro de 2020 este esteja abarrotado de papeizinhos! Que tenham um 2019 repleto de coisas boas, para contrapor aos acidentes e barreiras que certamente todos enfrentaremos! Kanimambo por perseverar por aqui, saúde, alegria e din-din!!!

Long Time No Post!!

É gente, faz mais de mês que não posto nada por aqui, mas não por falta do que dizer, é por pura falta de inspiração e foco. Ano muito difícil e não ganho dinheiro por aqui, então o foco tem estado mais no trabalho e como pagar as contas, literalmente matando um leão por dia. Espero que 2019 seja diferente, torço e trabalho para isso, e em breve possa retomar minhas postagens por aqui. Poderia postar qualquer coisa, poderia, mas não sei fazer coisas meia boca, quando escrevo penso, estudo, pesquiso e não tem dado para fazer isso. Falar por falar não é minha praia! De qualquer forma, não queria deixar passar este final de ano sem uma mensagem especial e desde já grato pela compreensão.

O sabor da vida depende de quem a tempera e eu tenho a sorte de ter convivido ao longo dos anos com gente que, na sua grande maioria, só fez agregar sabor. Lógico que eventualmente alguém pode ter salgado demais, mas afinal quem nunca errou?
Eu certamente já tive meus momentos de destempero, salgado demais ou apimentado demais, aprendi, ou espero ter aprendido! rs

Desculpem a ausência, eventuais falhas e obrigado por seguirem fazendo parte de minha vida, do blog e da Vino E Sapore, um Feliz Natal amigos, que sejam dias de paz, reflexão e festa na medida certa.

Grato por mais um ano de convívio que hora se finda, faltam poucos dias para deixar para trás um ano difícil e árduo para a maioria, o meu certamente foi. O novo certamente virá repleto de novos desafios e objetivos, será hora de renovar esperanças e forças para com sabedoria e persistência ultrapassarmos todos os obstáculos que se apresentarem pela frente.

Que ao final de 2019 possamos juntos comemorar um ano em que a saúde e alegria tenham reinado e novas conquistas alcançadas. Kanimambo pelo tempero a mais na minha vida
VALEU🙏!🎉🍷🎊

Wine Tasting II na Vino & Sapore

Meu último evento do ano se dará neste próximo dia 1 de Dezembro das 16 às 19:30h e, como sempre, será uma tremenda viagem de descobrimentos por nossa vinosfera e mundo gastronômico já que ainda teremos pães e geleias artesanais assim com contaremos com a presença, última antes dele partir para a Espanha, do amigo Bruno do Mestre Queijeiro que muitos devem já conhecer por sua loja em Pinheiros.

O legal desses eventos é que o aficionado pelo saboroso mundo regido por Baco tem a oportunidade de explorar novos sabores, uvas, origens e estilos sem ter que dispender uma fortuna, muito pelo contrário. Estarão à prova 12 rótulos entre vinhos da Argentina, Chile, Portugal, Brasil, Itália e Uruguai. Haverão espumantes, vinhos tintos tranquilos e um inusitado licor de Tannat. Veja só o que nossos parceiros vínicos trarão para este evento:

Dominio Cassis

Dominio Cassis Cabernet Franc Reserva – de La Paloma no sudeste uruguaio, produção de apenas 4.000 garrafas e passagem por barricas francesas e americanas por 12 meses

Dominio Cassis Tannat Reserva – Tannat de La Paloma no sudeste uruguaio, com 12 meses de barrica francesa e americana e apenas 4.000 garrafas produzidas.

Cota 500 Blend ou Merlot – produzido pela Andes Plateau a 700 metros de altitude, pequeno produtor, bodega de autor (Enólogo Felipe Uribe) todos seus vinhos possuem alta pontuação (mais de 90) no mais conceituado guia de vinhos sul americanos, o Guia Descorchados. Dependemos de liberação de carga em Santos, então ainda não sabemos qual dos rótulos estará presente, mas um pouco de mistério não faz mal a ninguém né?

Pasion 4 Bonarda – a Bonarda vem surpreendendo na Argentina e este produtor trabalha bem a uva. Leve passagem em barricas francesas e americanas por 6 meses para dar um aporte na ótima fruta.

Masseria Tragano Nero di Troia – Uma uva autóctone da região da Puglia na Itália. Quatro meses de barrica e quatro meses de afinamento na garrafa resultam num vinho de taninos suaves e fruta abundante.

Argilla Branco – ia ser o tinto, mas tivemos que mudar pois esse se esgotou. Mudamos para branco e este vou provar com os amigos, um corte pouco usual para o Alentejo; Alvarinho, Verdelho e Viosinho.

Licor de Tannat – Um delicioso acompanhamento a sobremesas de chocolate, especialmente as elaborados com frutos secos, figos, nozes, bolo inglês e queijos obviamente. Ameixas, uva passa, figos macerados em álcool vínico por um ano em garrafões grandes de vidro e ao sol. Após este período, se adiciona o vinho tannat e essa mistura se transforma em licor após 8 meses em barricas usadas. Doce natural!

Detetives do Vinho – Vinhos brasileiros fora do main stream.

Fabian Reserva Cabernet Sauvignon 2005 – mítica esta safra nacional e este vinho de Nova Pádua, RS, é a prova disso. Na Grande Prova de Vinhos do Brasil realizada no Rio de Janeiro em Setembro do corrente, foram provados 869 vinhos e somente 1% deles recebeu a premiação de duplo ouro, ou seja mais de 92 pontos, entre eles o Melhor Cabernet Sauvignon da prova o Fabian 2005! Restaram poucas garrafas, trouxemos para o evento.

Fabian Reserva Cabernet Sauvignon/Merlot 2005 – Pode não ter tirado a mesma premiação de seu irmão mais notável, porém não lhe faltam atributos que certamente seduzirão os amigos.

Hiragami Kampai Espumante Brut Rosé – um rosé fora dos padrões, frescor com estrutura pois é elaborado com uvas Cabernet Sauvignon dos vinhedos mais altos do Brasil a 1.470 metros de altitude em São Joaquim/SC.

Hiragami Torii Cabernet Sauvignon 2014 – a safra 2008 arrasou ganhando um monte de prêmios e levando algumas degustações às cegas com adversários de peso como a que fiz na Vino & Sapore com vinhos do Chile, Argentina, Uruguai, África do Sul e Nova Zelândia, veja mais clicando aqui . Essa safra esgotou recentemente, agora nos apresentam a 2014, a conferir.  PROMOÇÃO >> Algumas poucas Magnum (1,5 ltrs) da 2008 restaram e as traremos para venda exclusivamente no Wine Tasting por um preço muito especial!!

Zanella Villa de Vinhas Brut Rosé – este vem de Antonio Prado/RS a 800 metros de altitude, mas é elaborado pelo método champenoise  Blend de Merlot com Pinot Noir prima pelo frescor e surpreende. Doze meses de autólise e somente 2500 garrafas produzidas.

Zanella Percentual 2014 – um inusitando blend tinto de Merlot (50%), Cabernet Sauvignon, Alicante Bouschet e Tannat com 12 meses de barricas francesas e americanas dos quais foram engarrafados apenas 3.000 garrafas.

Para acompanhar teremos também prova de queijos do Mestre Queijeiro, dos Pães da Raquel e das geleias artesanais e diferenciadas da Pé de Geleia, tudo isso por meros R$45,00 por pessoa e ainda um crédito de 15,00 para usar na compra de qualquer um dos vinhos em prova. Queijos, Pães e Geleias compras diretas com os expositores.

Limitado a 40 pessoas e já temos diversas reservas, então se houver interesse garanta logo sua reserva e compre logo seus convites. A Vino & Sapore fica na Ruas José Felix de Oliveira 875, Centrinho da Granja Viana, km 24 da |Rodovia Raposo Tavares sentido interior. Contato através dos comentários abaixo, via mail para vinoesapore@gmail.com ou ainda pelo telefone (11) 4612-6343 ou 1433 de Quarta a Sexta das 14 às 20h ou Sábado das 10 às 19h.