Confraria Frutos do Garimpo

Os Vinhos da Confraria Frutos do Garimpo

Todos os meses, ou quase porque nem sempre as pepitas pintam, compartilho alguns confraria-frutos-do-garimpo-logo-para-e-mailkits de 4 garrafas com aqueles que se filiaram a essa confraria virtual que promovi aqui no blog. Sem obrigações mensais e poucos kits, compra quem quiser e quem tiver disponibilidade naquele mês, esta seleção com preços especiais, exclusiva aos confrades, em parceria com os importadores participantes, teve alguns rótulos muito interessantes que ainda não tinha compartilhado com vocês.

Vejam o que rolou em Agosto:

Da Toscana , Badia di Morrona Rosso dei Poggi – A protagonista é a Sangiovese, que aqui é complementadarosso-dei-poggi por Cabernet Sauvignon, Merlot e um tico de Syrah. Um vinho que desde a primeira fungada me seduziu e o produtor tem história pois se situa num outrora mosteiro beneditino do século XI. Sem passagem de madeira, mostra-se muito aromático e intenso no nariz com aromas de frutas vermelhas e ervas aromáticas. Médio corpo, rico, saboroso, macio e equilibrado é uma ótima companhia para massas e pratos de carne menos estruturados ou condimentados, um vinho que meu dá muito prazer tomar. No mercado o preço gira em torno dos R$90 a 95,00 e a distribuição é feita pela Lusitano Import.
 
De Mendoza, Vicentin Backbone, com o perdão da palavra, um vinhaço! Um inusitado corte de Cabernet Franc (30%), Petit Verdot (30%), Cabernet Sauvignon (30%) e 10% de Malbec. Grande volume de boca, vicentin-backbonepotente porém sem excessos de extração, taninos firmes mas aveludados e um final que parece não terminar nunca. Para tomar com calma e deixar evoluir enquanto o papo rola ou para acompanhar um prato mais untuoso e marcante. Há muito que falo que os blends são os vinhos do momento na Argentina e este só vem comprovar essa premissa. Ainda vai chegar ao mercado, por enquanto compunha parte de um kit (caixa) com seis vinhos diversos comercializada pelo produtor por um valor ao redor dos R$800,00. Quando chegar vai ficar na casa dos R$165 a 180,00 , uma importação da Galeria de Vinhos. Para tomar agora ou guardar por alguns anos, uma experiência marcante que deixa para trás muito rótulo famoso por aí.

Em Setembro por mais que eu tenha garimpado, não apareceu nada que conseguisse suprir as exigências básicas para compor o kit, Qualidade + Preço, então pulei e retomei em Outubro quando novas pepitas apareceram no meu garimpo, mas sobre elas eu falo na Segunda! Kanimambo pela visita e nos vemos por aí, nessas estradas de nossa vinosfera. Saúde e bom fim de semana.

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Vinhos que Podemos Pagar + Dois Bons e Baratos Europeus

Enquanto uns provam grandes e caros vinhos, utopia para a maioria, gosto mesmo é de garimpar, buscar vinhos que façam bonito na taça por um preço que a maioria de nós pobres mortais possam pagar. É aquela história de desmistificar o mundo do vinho na prática e não só na teoria! Nada contra provar e beber grandes vinhos, mas o que eu acrescentarei ao que tantos e mais classificados colunistas do vinho já não disseram Valor na Taça 2sobre esses vinhos para lá de exclusivos? Será que você está mesmo interessado em ler que o Sassicaia é um grande vinho, ou que um grande Barolo de Gaja ou Brunello da Poggio di Sotto é inesquecível e todos acima de R$1.500? Óbvio que tomá-los é, normalmente, uma experiência incrível e gosto tanto como qualquer um, mas hoje ando mais na fase de me perguntar; o que isso me acrescenta? Para tomá-los há que se fazer uma poupança com um cofrinho especial e tenho tanta coisa mais importante para fazer com essa grana! rs Agora, por outro lado fica a indagação, acrescento algo ao meu leitor ou meu cliente falando dele? Recomendo que que vão nesse tipo de eventos, é certamente uma bela experiência para qualquer um e é um belo capital investido, mas eu ficar aqui falando deles não sei se faz sentido e tenho cá minhas dúvidas, porém quem sabe você me diz algo?

Nesse sentido sou mais baixo clero, mais pé no chão e acredito numa outra vertente de nossa vinosfera, os achados e olha que os conseguimos em várias faixas de preço! Vinhos em que a percepção de valor é superior ao preço pago, a harmonização do bolso! rs Com esse foco, hoje compartilho com você mais dois bons e baratos (com toda a subjetividade da palavra “barato”) vinhos aqui no blog e os dois europeus de origem, inclusive um francês!!

Linteau cotes du rhoneMaison L.Tramier Linteau Côtes du Rhône. Quando os vinhos da região trazem o nome da comuna no nome, já falamos de um Côtes-du-Rhône diferenciado e qualidade um patamar acima da maioria e o que tem por aí beeeem baratinho não são vinhos de grande valia. Este está numa faixa de preço intermediária (entre R$75 a 80) e já nos traz um “papo” mais evoluído, um vinho que usa tão somente uvas da comuna e não de tudo o que é lugar do Rhône. Um blend de 70% de Grenache e 30% de Syrah, gosto, gera um vinho de médio corpo versátil e muito saboroso. Toques defumados, frutos vermelhos maduros, rico meio de boca, balanceado, toques terrosos, taninos aveludados e marcantes com boa persistência de final de boca. Leve passagem por madeira, cerca de seis meses, é uma grata surpresa de média complexidade podendo harmonizar de hambúrguer a costela de porco ou lingüiça de pernil com ervas, até bacalhau no forno ou lagareiro para quem gosta de sair da mesmice.

Canforrales Classico Tempranillo – La Mancha não é das regiões produtoras espanholasDSC03739 de maior destaque, apesar de ser a maior, porém é de lá que vêm alguns dos melhores custos benefícios do mercado nos dias de hoje. Muitos vinhos nesta faixa  tendem a ser algo esqueléticos, ligeiros e sem qualquer estrutura, porém este rótulo é uma prova viva de que se pode tomar bons vinhos sem deixar um rombo no bolso no processo. Nove meses de passagem por madeira (americana e francesa de segundo e terceiro usos), taninos sedosos, boa estrutura, fruta fresca abundante (cereja bem presente), acidez presente e bem balanceada um ótimo gama de entrada para esta uva, um vinho que diz a que veio! Para acompanhar carnes grelhadas, queijo manchego, chorizo (lingüiça) fatiado, até uma morcilla! Entre R$65 a 70,00, um bom achado que há tempos habita minha taça.

Finalizando o post de hoje, me lembrei de um vinho que tomei neste último Domingo e publiquei no face, que exemplifica bem o que falo sobre achados nas mais diversas faixas de preço. Vinhos que dão uma percepção de valor superior ao preço pago, o Diamandes de Uco 2008, um vinho soberbo por cerca de R$190 mas que parece custar bem mais. Depois falo dele, um grande vinho, mas hoje fico por aqui. Saúde, kanimambo pela visita e seguimos nos vendo por aí!

 

Vinhos Europeus Bons e Baratos

Como sempre, fuçando o mercado e garimpando bons vinhos com preço idem. Vinhos que não nos causem maiores rombos ao bolso e que nos gerem uma percepção de valor superior ao preço pago, é isto que busco desde o dia 1 deste blog há oito anos atrás e, mais que nunca, sigo firme nesse caminho do garimpo. Estes dois vinhos são, em minha opinião, dois bons exemplos de que, contrariamente à opinião de alguns e de um paradigma que se criou ao longo dos tempos, há sim vida em vinhos europeus de baixo preço, neste caso abaixo das 60 pratas. Na minha opinião, batem a maioria dos vinhos dos hermanos na mesma faixa e sugiro montar uma degustação ás cegas para quebrar esse preconceito.

Clos lagoruClos Lagoru – Da região de Jumilla (Espanha) – Um corte que tem como protagonista a Monastrel, principal uva da região, com Syrah e 20% de Petit Verdot. O mosto é fermentado separadamente com leveduras indígenas e o blend elaborado ao final com o afinamento sendo feito em barricas americanas por quatro meses. Boa parte dos vinhedos são de vinhas velhas e boa parte deles de cultivo orgânico.

A região bem quente favorece um melhor amadurecimento da Petit Verdot e o resultado é um vinho onde a Monastrel dita os rumos, porém a PV deixa sua marca que se sente bem no final de boca, no corpo e na cor do vinho. Cor violácea, boa intensidade aromática, chocolate escuro e frutos negros , algo herbáceo  com sutis notas de especiarias. Bom corpo, de médio para encorpado, rico e algo terroso, meio de boca denso com taninos presentes mostrando uma estrutura algo mais rústica, com ligeiro apimentado de final de boca, mostrando-se fresco e de média persistência.

Mandorla Syrah – Da Sicilia, Itália  – A Syrah se deu muito bem nestas terras maismandorla syrah quentes com forte clima mediterrâneo e este vinho vem mostrar, mais uma vez, que garimpar vale a pena! Tipicidade á flor da pele com fruta vermelha abundante e especiarias desde o olfato ao último gole. Na boca mostra boa textura, médio corpo, taninos macios, meio de boca muito rico, notas tostadas e um final levemente apimentado de boa persistência, tudo muito bem balanceado sem arestas, um syrah deveras apetecível e acessível! Parece ter alguma passagem por madeira, porém sem dados técnicos disponíveis fica difícil dizer o tipo, no entanto alavanca o produto sem o maquiar. Pastas ao funghi, queijos maturados, carnes ensopadas podem ser bons companheiros e cada vez que penso em comida para harmonizar me vem à cabeça coelho à caçadora! Será que é desejo?? rs

Mais dois vinhos que recentemente compuseram seleções disponibilizadas aos confrades e confreiras da Confraria Frutos do Garimpo com em parceria com o importador, a Galeria dos Vinhos. Lembre-se; saia da mesmice, trace novas rotas, explore o desconhecido, descubra novos sabores, pois essa é a parte mais enigmática e interessante de nossa vinosfera. Saúde e kanimambo pela visita. Na Sexta, mais um dia do Tour Pelos Vinhos de Altitude Santa Catarina, espero você por aqui!

Belos Brancos na Taça e na Frutos do Garimpo – Parte I

Na Confraria Frutos do Garimpo, link aqui do lado, normalmente seleciono dois rótulos de vinhos que garimpo por aí e me chamam a atenção. São normalmente vinhos que possuem uma relação especial de Qualidade x Preço x Prazer que costumo classificar como vinhos BBG (Bom, Barato e Gostoso) independente de sua faixa de preço. Na Confraria sempre com um preço melhor, porém o que quero compartilhar com você aqui hoje, são mesmo os vinhos que garimpei para Janeiro e que os confrades rapidamente esgotaram os kits disponíveis.

Duas surpresas, a primeira porque não esperava que em Janeiro o pessoal estivesse com tanta sede (rs) e a segunda que eram vinhos brancos! Adorei o resultado, pois parece que as pessoas estão mais abertas a estes vinhos de que gosto tanto. Enfim, este foi um dos que garimpei, já o segundo, esse você verá aqui na Quarta-feira, porque senão o post fica longo demais!

Paxis Arinto 2014 – este vinho já anda por aqui faz tempo, porém só agora começa a estar mais presente no mercado pelas mão da Lusitano Import uma pequena importadora que, junto com o produtor DFJ, tem como princípio produzir bons vinhos a bons preços. Já o tinha provado há uns dois anos na Expovinis, porém agora desfrutei dele com menos Foto - arinto-uvascerimônia. A Arinto é uma uva autóctone portuguesa, muito presente no Minho e Douro, onde também é conhecida como Pedernã, sendo também encontrada em diversas outras regiões, porém com maior destaque na Região Lisboa, especialmente no DOC Bucelas onde aparece como monocasta, assim como no Alentejo onde aporta acidez nos lotes com Antão Vaz.

Este branco vem da região Lisboa, mais precisamente de Alenquer. Alenquer não está muito longe de Bucelas, e posso dizer que poucos Arintos tomei com a pujança deste. É um vinho que já seduz no nariz mostrando notas de frutos tropicais, notas florais sutis, e um toque dePaxis arinto frescor que pede para ser levado à boca onde explodem os sabores mais cítricos como limão, algo de maçã verde, uma acidez e mineralidade que o deixam extremamente vibrante. Volume de boca médio, boa persistência, final seco, um vinho divertido para acompanhar peixes, cozinha japonesa, ceviches e iguarias do mar grelhadas, carne de porco e solo numa bela tarde de verão. Um vinho que me seduziu e que ainda por cima tem um preço bem bacana

Sem passagem por madeira, somente inox e direto para a garrafa onde permanece por um ou dois meses para estabilizar antes de sair ao mercado. Preço sugerido pela importadora é de R$56,00

Dois comentários de terceiros que achei interessante compartilhar aqui:

Revista de Vinhos (Portugal) – “Tem a casta Arinto num perfil mais floral que o habitual, juntamente com algum vegetal verde. Corpo médio, com sabor, boa acidez a cortar a doçura da fruta. Muito limpo, descomplicado, boa qualidade para este preço”

Manitoba Wine Review (Canada) – “A fruity wine with notes of tropical fruits and citrus. In the tasting we feel also mineral notes adding more youth freshness to this powerful, intense and persistent white wine. It is an excellent aperitif and an exquisite complement to shrimps, seafood, soups, salads, fish dishes, sushi and all type of cheeses”.

Bem gente, é isso na Quarta vos apresento o segundo vinho da Confraria Frutos do Garimpo de Janeiro, a uva Kerner! Saúde, boa semana e kanimambo pela visita.

Um Malbec Diferenciado na Taça!

Quem me segue sabe que minha queda é por vinhos mais elegantes com alguma idade, mais equilibrados que, pela própria maturidade, tendem a ser mais integrados e sutis. O Joffrée y Hijas Gran Malbec 2008 é um vinho com esse perfil e por isso, mais um ótimo preço, acabou fazendo parte dos vinhos da Confraria Frutos do Garimpo de Setembro.

Não me agradam os vinhos power super extraídos em tudo; cor, sabores, taninos, álcool que nunca se integram, Uma vez tomei um já com dez anos nas costas que parecia que tinha saído da barrica uma semana antes, me parecem exagerados e não fazem minha cabeça. Demorei para entender que é um estilo do produtor (deve se evitar a generalização) e por um determinado período, que graças a Deus está terminando, também uma demanda de parte do mercado. Nas minhas andanças pelo lindo país dos Hermanos, vi que a Argentina tem muito mais a oferecer tanto em diversidade de uvas quanto de estilos e este produtor é prova disso. Por sinal, gosto muito do Bonarda dele também!

2015 - Set - Joffré Gran Malbec 08Este Malbec é proveniente de uvas do Vale do Uco com passagem de 10 meses por barricas de carvalho francês e depois deixado para afinar em garrafa por um curto período de tempo. Um vinho, como seu rótulo, algo contido, comedido, sem alardes , clássico como seu conteúdo. Com sete anos nas costas já mostra um pouco de sua idade na cor e nas notas aromáticas mais evoluídas de frutos negros, tosta, frutos secos e algo de tabaco bem sutil formando uma paleta olfativa bastante agradável e complexa. Na boca é um gentleman, todo ele muito sutil comprovando os aromas, corpo médio, taninos muito finos, elegante e já plenamente integrados, macio, algo cremoso sem arestas ou exageros de extração, tudo no ponto certo. Harmonizei com um tagliatelle com bacalhau e brócolis, ficou muito bom, porém também pensei num strogonoff de filé mignon, filé á Wellington e coisas do gênero não muito pesadas ou untuosas. Cumpre seu papel,nos dar prazer,  e se o encontrar por aí não guarde, beba!
Saúde, Kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.

Um Belo Syrah Argentino

Para mostrar, por mais uma vez, que nem só de Malbec vive a Argentina e quem for hoje na ATE, vai sacar isso ao vivo e na taça. Os melhores syrahs argentinos costumam vir de San Juan, porém de Mendoza encontramos algumas preciosidades também, como este Arriero Syrah Reserva 2007, Hacienda del Plata, apenas 4600 garrafas produzidas e o vinhedo não mais existe então, quem 2015 - Set - Arriero Syrah reservetomou, tomou quem não tomou não tomará mais a não ser que tenha guardado! rs Este fez parte de minha primeira seleção na Confraria Frutos do Garimpo, conheça um pouco mais dessa pepita garimpada.

A vinha data de 1993 e a colheita foi manual, a seleção das uvas já começa nesta etapa onde são verificadas a saúde e maturidade de cada fruto. Após a fermentação alcoólica realizada em tanques de aço inox por 21 dias, o vinho é colocado em barricas de carvalho francês e americano por 9 meses onde permanece em temperatura controlada entre 9º e 14º C. O vinho é então engarrafado e envelhecido por mais 8 meses antes de ser comercializado.

Já o conhecia de outros carnavais, e voltou a me seduzir. Apresentou um nariz de boa tipicidade, fruta algo caramelada, bom corpo, entrada de boca firme que arredonda no meio de boca e termina aveludado, madeira bem colocada, especiado, com final de média para boa persistência. Mostrou estar bem balanceado, apesar de seu alto teor de álcool em torno de 14.5º que refletiu num final de boca um pouco quente que não chega a incomodar e um tempo de Decanter faz o ajuste final. Um vinho muito saboroso, mostrando que a Argentina também possui bons exemplares de Syrah, que deve fazer um belo contraponto a pratos de boa estrutura como ragu de rabada sobre cama de polenta, boeuf bourguignon, um bife de chorizo com uma boa dose de gordura, quem sabe um steak a poivre?

Um vinho ainda muito vivo, porém já mais comportado e integrado que deve ainda evoluir por mais um par de anos, mas no ponto desde já! Por hoje é isso, amanhã detalhes e preços de minha viagem à Serra Catarinense e seus Vinhos de Altitude, ficou da hora essa viagem de dia 28 de Outubro a 2 de Novembro. Kanimambo, salud e nos vemos por aí, nos caminhos de nossa vinosfera.