Óbviamente que os custos têm uma grande influência, mas a demanda, marketing e outros fatores também têm papel importante nesse quesito. Eis alguns (poucos) desses fatores para que comecemos a entender do porquê dos preços que pagamos, mas me parece óbvio que não dá para comprar uma Mercedes a preço de Gol a não ser que esteja bichada! rs No vinho não é diferente.
Valor da Terra: Um hectare em Bordeaux pode custar 2.5 milhões de Euros, na Borgonha 9,5 milhões. Em Napa algo ao redor de 600 a 750 mil dólares, no Chile e Argentina por volta dos 100 mil. No Brasil, em São Joaquim por volta de 30 mil Reais e no vale dos vinhedos pode ir de 100 mil a mais de 300 mil Reais.
Rendimento do Vinhedo: Vinhedos que colhem 20 toneladas de uva por hectare vão produzir uvas mais fracas, com menor intensidade de aromas, cor e sabor. Ao colher 5 toneladas, reduzindo a produtividade, ganha-se em qualidade porém o preço sobe. Com 1 kg de uva (+/- 3 cachos) se produz um vinho de maior qualidade, porém uma planta pode ter até 15 cachos e produzir 5 garrafas. Ao reduzir o rendimento, uma garrafa por planta ou pouco mais, melhora exponencialmente a qualidade e o preço acompanha.
Colheita Manual x Mecanizada: Colheita manual maior custo de mão de obra e processo mais lento.
Uso de Madeira: Se usa barricas, de primeiro ou de quarto uso, americanas ou francesas, tábuas ou chips.
Número de garrafas produzidas: Se reduzida e qualidade reconhecida e demanda extrapola a oferta e o preço dispara.
Aspectos mercadológicos: Pontuação, marca, demanda.
Carga Tributária e Custo Financeiro. No Brasil fator preponderante tanto para os vinhos produzidos localmente quanto nos importados. Vinho a grosso modo tem uma carga tributária que, em média, beira os 60%!!! Quanto ao custo financeiro de capital de giro no Brasil, aí pesam os mais de 60% ao ano cobrados em média país afora o que encarece sobremaneira o produto.
Ou seja, as variáveis são imensas, mas fica claro que qualidade traz embutida preço. Por outro lado, não é porque é caro que é bom e que você vá gostar. Para podermos apreciar uma volta num Porshe a 200kms por hora (que você pode até não gostar!) é de bom tom ter passado por um processo de maturação em outros veículos menos velozes, no vinho não é diferente, há que se galgar degraus, litragem (rs) é essencial, sempre lembrando que Qualidade e Gosto são duas coisas diferentes!
No entanto, não se pode excluir preço como uma indicação clara de qualidade e importante, especialmente no Brasil com seu custo de vida nas alturas, entender do porquê disso. Por hoje é só, o trabalho tem demandado muito e com isso a postagem cai, mas espero em breve retomar as publicações com mais assiduidade, por enquanto fica aqui meu abraço e Kanimambo pela visita.
Saúde!