O amigo Klyber me enviou um comentário e, posteriormente me fez uma consulta que não pude responder por absoluta falta de conhecimento. Não tanto com relação aos vinhos, mas especificamente “onde bebê-los”, vejam o que ele me pediu: “João, que vinho tinto, ou branco, de baixo teor de álcool,para tomar em Lisboa, vc. recomendaria, pra nós, numa 1a viagem à Portugal? Em Lisboa, qual o melhor local para uma degustação? Tipo um Solar ou algum Castelo”. O porquê deste post? Por duas razões sendo que a primeira é que essa duvida que o Klyber tem pode, e deve, ser a de muitos outros então compartilhar a resposta me pareceu apropriado. A segunda é que, a resposta ao meu chamado dado pelo amigo Pingus, experiente “mestre da pena” nos assuntos do vinho português, autor do blog Pingas no Copo foi tão completa que pouco pude adicionar e merecia que fosse publicada como o está sendo.
Todas as vezes em que perambulei pelas ruas de Lisboa, Vila Nova de Gaia, Cascais, Setubal ou Porto, o fiz com tempo escasso, a trabalho ou com família. Sempre tive pouco tempo para mim e minhas estripulias enogastronômicas, com algumas poucas exceções já aqui narradas, então da mesma forma que compartilho estas informações enviadas pelo Pingus, obviamente baseado nas experiência e gosto dele, também aprendo e deixo na memória para futuro uso. Por outro lado dizer ao Klyber e outros amigos que eventualmente estejam em visita a Portugal, que vinho ainda é um tema gastronômico então seu serviço está normalmente ligado a refeições havendo poucos locais para bebericar tão somente. Até pouco tempo atrás, vinho em taças, como por aqui, ainda eram raridade e somente agora começa a crescer a oferta de restaurantes com esse serviço. Em azul, alguns comentários e sugestões minhas baseado em experiências próprias e leitura. Eis o que Pingus nos disse;
“João algumas pistas sobre os vinhos:
Brancos
Quinta do Ameal Loureiro (assino embaixo e já o comentei aqui)
Quinta da Covela (se for o Chardonnay biodinâmico que tomei aqui, é uma delicia)
Soalheiro (um dos melhores Alvarinhos portugueses pelo qual tenho um apreço especial)
Muralhas de Monção (um dos vinhos verdes mais populares em Portugal)
Deu-la-Deu (Alvarinho mais básico e de bom preço, mas igualmente bom)
Casa dos Canhotos Alvarinho
Quinta da Lixa Alvarinho (tenho ouvido falar muito, mas não conheço. Pode trazer de presente, rsrs)
Tiara da Niepoort
Quinta das Maias Malvasia Fina
Quinta dos Roques Encruzado (grande vinho, também aqui comentado)
Quinta de Camarate branco
Tintos:
Periquita Reserva (não é o clássico), está modernaço.
Os varietais de Ermelinda Freitas e da Cooperativa de Pegões (Terras do Sado). Feitos pelo mesmo enólogo.
O Vinha Paz convém que lhe digas que os vinhos do Dão, são essencialmente gastronómicos, se bem que a nova geração está a ficar muito parecida com vinhos do Douro.
Quinta da Pellada e Saes
Quinta da Vegia, gosto muito deste produtor.
Quinta dos Roques, o Touriga Nacional 2005 está soberbo
Evel Grande Escolha, um vinho que mantêm constância de colheita para colheita e eu sempre que posso compro as novas colheitas.
Quinta do Crasto Colheita e Vallado Colheita
Poeira (Douro), um vinho fresco.
Redoma Niepoort
Já agora, que tente beber o Quinta do Crasto Old Vines que se pode encontrar a menos de 30€. (o 2005 foi 3º lugar no TOP 100 de 2008 na Wine Spectator e um vinho incrível de grande complexidade – esse eu compraria para trazer e guardar por mais uns dois anitos)
No Alentejo os vinhos de João Portugal Ramos, principalmente o Marquês de Borba (super fácil de beber, macio, frutado, taninos doces, dizem que o 2007 está especialmente bom).
Na Bairrada, experimentar os vinhos de Campolargo, com vinhos para todos os gostos. Calda Bordaleza 2005 está muito bom.
Para beber um copo, a coisa fica mais apertada, mas aconselhava o Nariz de Vinho Tinto. No que respeita a garrafeiras – wine shop, elas geralmente não servem vinho ao ser quando está ser feita a divulgação de um ou vários produtores. No entanto é sempre bom passar por umas quantas para ver se existe algum evento ou perguntar se têm alguma coisa para provar. Sempre com espírito latino.
Coisas do Arco do Vinho, da qual faço parte do painel de prova. Fica em Belém, no Centro Cultural de Belém. Dá para ir a um restaurante que é a Commenda que também fica no Centro Cultural de Belém. Pode até falar com os donos da garrafeira para ser aconselhado. Este restaurante tem uma bela vista para o rio. Garrafeira de Campo de Ourique, Wine O’Clok tem quase sempre provas abertas ao público, grátis. Geralmente são ao sábado.
Deli Delux, junto à estação de Santa Apolónia (comboios), também regularmente provas de vinho. (pela localização e vista do Tejo, está bem dentro do solicitado pelo Klyber. Sempre dá para escolher uma garrafa na prateleira e pedir para servir na esplanada, terraço, apesar de que nesta época do ano deve fazer frio)
Clube Gourmet do El Corte Inglés tem muitas coisas de interesse e também existem provas. Existe também sitio para comer, mas aqui estamos a falar de um centro comercial. Mas é um local incontornável em Lisboa.
Outro sítio que dá para comer e tem uma boa lista de vinhos a copo é a York House, a caminho do Museu de Arte Antiga. Se puder comer no jardim, vai ficar bastante agradado. O Director é bastante afável.
…
Um abração”
Em minhas pesquisas também descobri a Enoteca de Belém, o Néctar Wine Bar, Alfaia Garrafeira e um que me deixou bastante curioso, O Chafariz do Vinho. Se gostarem de um Vinho do Porto, não há como deixar de visitar o Solar do Vinho do Porto em Lisboa, instalado em um solar construído em 1747, e tomar um vinho do porto acompanhado de um queijo da serra. Para ver, quase, tudo isso, eis um site que acho pode ajudar a todos que queiram pesquisar, fuçar e planejar sua visita a Portugal , “Lifecooler, o Guia da Boa Vida”.
Com relação aos vinhos, o que posso acrescentar é que, em geral, os vinhos verdes feitos com Loureiro, Trajadura e, especialmente, Alvarinho são sempre boas pedidas sendo bastante frescos e de teor de álcool mais comedido, fáceis de tomar. Abra um e peça umas Ameijoas à Bulhão Pato, jamais esquecerá! Ainda nos brancos, um delicioso Grainha 06 da Quinta Nova (Douro), Loureiro Muros Antigos de Anselmo Mendes (Monção) ou Monte da Penha 07 (Alentejo) e nos tintos, vinhos fáceis, mas cheios de sabor, como Quinta do Camarate (Terras do Sado), um Vale da Clara 05 ou Vila Jusâ 03 (Douro) e Quinta de Cabriz 05 (Dão) também são boas pedidas. Sempre que possível, mesmo nos vinhos mais jovens, tome vinhos tintos com dois a três anos de garrafa, certamente estarão mais redondos e macios.
De resto meus caros, só espero que apreciem as dicas do Pingus e algo que eu tenha acrescido, quem sabe acertamos. A quantidade de bons rótulos, de todos os estilos e regiões, produzidos em Portugal é uma enormidade para o tamanho do país! Dizer o que você poderá encontrar em cada uma dessas lojas, garrafeiras, wine bars e restaurantes é impossível prever e, ainda mais, que bata com seu gosto, então a sorte está lançada. Se achar um Chryseia 2001 (Douro) ou Malhadinha 2003 (Alentejo), duas obras de arte em pleno apogeu, compre e traga para tomar sossegado num jantar especial em casa, quando ficar com saudades de Lisboa e sua gente. Para maiores dicas, pesquise em Categorias – Degustações, Tomei e Recomendo e Vinhos da Semana em que comento diversos vinhos portugueses, visite os blogs dos amigos de Portugal (links aqui do lado) e divirta-se. Por outro lado, passar em Lisboa e não trazer uma ou duas caixas de vinho na bagagem, não passar na Fábrica de Pastéis de Belém e não comer umas castanhas assadas quentinhas compradas na rua, agora é época, é crime de lesa pátria! Veja as boas dicas do que comprar e trazer, aqui. Boa escolha e bon voyage.
Salute !