Sigo na minha saga de sempre, intensificada pela atual conjuntura, da busca de de vinhos PQP, ou seja, de boa relação Preço x Qualidade x Prazer. Hoje em dia a busca é por vinhos que surpreendam num preço entre 50 a 150 Reais, melhor ainda se abaixo das 100 pratas, como este.
Gosto muito de vinhos brancos então não me fiz de rogado quando este me foi apresentado. Um branco de boa estrutura e fresco elaborado com as castas Grechetto e Trebbiano, um blend típico de Soave, não confundir com os nossos “suaves” (!), no Veneto porém este vem da Úmbria mais ao sul da Itália.
As uvas são cultivadas no município de Torrececcona, a 350 metros acima do nível do mar; o solo é de textura média e argiloso, vinhas de 12 anos gerando um vinho de cor amarelo palha com belos reflexos dourados sem passagem por madeira e sem maloláctica. No nariz é possível perceber notas de florais, frutas cítricas, pêssego, damasco e frutas tropicais como abacaxi, um nariz bastante interessante de média intensidade.
Na boca, onde mais aprecio os vinhos (rs), o Terre de la Custodia Desiata Duca Odoardo Bianco Umbria IGT, revela-se fresco, seco, frutado, equilibrado e de corpo médio, apresenta uma certa untuosidade e cremosidade, um final de boa persistência com notas amendoadas.
Experimentei o vinho acompanhando uma pasta (fetuccine) ao pesto de rúcula coberto por uma boa porção de parmesão ralado fresco e grosso, harmonizou bem demais e, obviamente, deverá acompanhar bem tudo o que é frutos do mar, peixe e até carnes brancas. A experiência foi boa e a safra 2018 está no ponto de sua complexidade não devendo evoluir muito mais, tops mais um ano. Vinho na casa dos 80 Reais, mais ou menos 5 o que acho bastante justo para a qualidade oferecida o que o torna um bom exemplo de vinho PQP.
É isso, Kanimambo pela visita e em breve tem mais coisa por aqui, começo a ter gosto por escrever novamente! rs Saúde
Para inicio de conversa, apesar de não ser respeitado no Brasil, Prosecco só tem um, o produzido nessa região do Veneto na itália assim como champagne só se produz na região do mesmo nome na França. A uva não é prosecco e sim Glera elaborada pelo processo Charmat de segunda fermentação em tanque. Tendo deixado isso claro vamos a essa prova que agradou bastante.
Os Proseccos são classificados como Brut, o mais seco e menos comum por aqui com até 12grs de açucar residual, Extra-dry mais comum por aqui e mais adocicado com açucar residual entre 12 a 17grs e o Dry entre 17 a 32grs e a OIV (Organização Internacional do Vinho) permite uma variação em até 3grs. Dependendo da posição na escala, estes espumantes podem apresentar substanciais diferenças no palato, por exemplo um Prosecco Extra Dry com 13 e outro com 19 (na tolerância).
Eu gosto dos meus espumantes mais secos, preferencialmente Nature (proseccos não possuem esta classificação) ou Brut, por isso este Prosecco DOC da Cabert me agradou tanto e foi tão grata surpresa. Muito boa e abundante perlage difusa tomamdo conta da taça, notas florais, frutado puxando para frutos brancos e algumas notas citricas, fresco, vibrante e surpreendentemente seco para um extra dry deixando um retrogosto de quero mais. Fiquei curioso para saber o residual de açucar deste vinho, mas ainda não consegui obter essa informação, assim que consiga coloco aqui.
Fica aí a dica, pode mergulhar nessa que vale a pena, pelo menos na minha avaliação. Kanimambo, saúde e aos poucos estou voltando!! rs
Administro quatro confrarias há muitos anos, a mais antiga tem 11 anos, e é algo que me dá enorme prazer porque são momentos de confraternização e de descobertas. Volta e meia fazemos estes desafios que são bastante estimulantes e costumo trazer à taça pelo menos uns cinco rótulos de diversos países para análise. Na “Brinde à Vida” deste mês de Março, lamentavelmente o quórum estava baixo, então nos limitamos a três garrafas apenas, mas valeu a pena, sempre vale!
A Cabernet Franc é originária de Bordeaux tendo sido levada pelo famoso Cardeal de Richelieu (alguém aqui lembra dos 3 mosqueteiros? rs) para a sua abadia de Saint Nicolas de Bourgueil onde ela se tornou uva ícone da região com um estilo diferenciado em função do terroir com grandes vinhos também na vizinha Chinon. È a mãe, ou pai tanto faz (rs), da Cabernet Sauvignon ao ser cruzada com a Sauvignon Blanc. Dependendo do terroir, tende a apresentar uma certa mineralidade, nuances florais, frutos silvestres, leve toque vegetal, ótima textura e taninos macios de acordo com Oz Clarke em seu livro Grapes & Wines.
Para este desafio selecionei um desafiante uruguaio, um argentino e um chileno, pena que faltou espaço para um brasileiro e um francês, o embate teria ficado ainda mais interessante, mas deixa eu te passar minhas impressões sobre os vinhos que possuíam preços entre 120 a 180 Reais. Todos bons vinhos, porém com personalidades bem diferentes e, aí, é uma questão de gosto
Dominio Cassis Cabernet Franc, uruguaio da região de Las Palomas próximo a Punta, safra 2017. O mais pronto e afável dos três vinhos da noite. Tímido no nariz, mostra-se bem na boca com uma certa mineralidade, frutado, leve toque vegetal, frutos silvestres e taninos macios muito bem equilibrado com seus educados 12.5% de teor alcoólico. Passagem por barricas de carvalho francesas e americanas por um período de 12 meses sem que esta se torne muito percepetiva, um vinho fresco e apetitoso que deixa um retrogosto de quero mais. O melhor para um dos confrades, para mim veio em segundo lugar.
Joffré y Hijas Gran Cabernet Franc, argentino do Vale do Uco em Mendoza, safra 2019, com 9 meses de barricas francesas e americanas, apenas 50% do vinho, e o maior teor alcoólico, 14,5%. Leve floral no nariz, bem frutado com notas de eucalipto e baunilha, aromas bastante interessantes de explorar com calma, mesmo para mim que não sou assim tão chegado em coisas olfativas, sou mais palato! rs Na boca demonstra seu equilíbrio com o álcool muito bem integrado, bom volume de boca, ótima textura e meio de boca complexo, taninos finos ainda bem presentes e boa acidez mostrando que que tem predicados para o levar bem mais longe com boa evolução. O primeiro no meu ranking, no dos outros confrades estava em segundo porém com o decorrer do tempo em taça acabou dividindo opiniões.
LFE 360º Series Cabernet Franc 2019, chileno do vale de Colchagua, inicialmente o preferido da maioria, algo que mudou um pouco com o tempo em taça. Afinamento em barricas de segundo y terceiro uso americanas e francesas por um período entre 11 a 12 meses. Veio potente, cor escura, rubi intenso, aromaticamente intenso com menta, frutos negros, algo de pimentão (suave) a famosa piracina, marca de boa parte dos vinhos chilenos. Seus 14% de álcool se notam bem presentes e ainda por integrar, grande estrutura e volume de boca, especiarias, notas tostadas, vinho resinoso e algo pesado que, no meu conceito de Cabernet Franc, destoa um pouco quanto à tipicidade da casta. Para mim, minha terceira escolha e algo over para meu gosto. Para quem gosta de vinhos power, uma boa opção porém acho que abrimos o vinho cedo demais, precisa de mais tempo de garrafa.
Bem, por hoje é só, porém já tenho agendada mais uma degustação às cegas de Cabernet Franc com outros rótulos e outra confraria agora em Abril, depois conto mais, será o Embate II. rs Kanimambo, saúde
Este poderia certamente ser um post de autoria do amigo Didu, mas tomei emprestado o tema porque nos dias de hoje isso é um garimpo com parcos resultados, especialmente se exigirmos um mínimo de qualidade na taça. Há muito tempo que falo para o Didu que esse patamar já era, rs, com o passar dos anos os impostos aumentaram, o real se desvalorizou e os custos aumentaram, tanto que minha prateleira de vinhos até 50 Reais, poucos mas bons na faixa, teve que ser aumentado e hoje já está, a duras penas, em até 65!
Todavia, volta e meia algumas pepitas acabam aparecendo, mesmo que raramente. Recentemente dois vinhos me chamaram a atenção, ambos abaixo das 50 pratas e não são nem argentinos nem chilenos, muito menos uruguaios ou brasileiros, um é um branco português e o outro um rosé, pasmem, italiano! Falamos de vinhos de entrada, descompromissados e que surpreendem exatamente pela qualidade entregue versus um precinho muito camarada onde abundam coisas ruins.
Udaca, união de cooperativas do Dão, produz este vinho com o rótulo Rua Direita, um vinho de mesa com uvas da região, não sei quais e, sinceramente, pouco me importa! rs. Seco, frutado, boa acidez e bom de papo! sim, sabia que vinho também conversa com você? Uns não dizem nada, outros são papo cabeça e outros são pura diversão e este é um deles. Bem equilibrado, leve sem ser ralo, foi bem com uma tapioca de queijo branco, tomate e peito de peru no lanche da noite e no almoço escoltou um prato de bavete com molho de curry e frango.
O Rosé é outro daqueles vinhos que é pura diversão, piscina sem frescuras, tem uns por aí que custam um absurdo e não valem nem metade do preço, porém viraram fashion. Vinhos para se mostrar, não para beber! A melhor forma, na verdade, de você se mostrar é servir um vinho desses e depois dos comentários falar quanto custou! rs Muito fresco e frutado, não se sente doçura apesar de possuir um pouco mais de residual de açucar (por isso meio seco) porque a boa acidez controla isso. Vinho descompromissado para acompanhar frango agridoce, como eu fiz, sushis, sashimis, temakis, urumakis (especialmente os de salmão), camarão fritinho na beira da praia e sozinho num dia quente com boa companhia porque vinho sempre fica melhor quando bem acompanhado.
Enfim, é isso, curtam e se encontrarem por aí sirvam-se sem cerimônia, são vinhos para tomar de golão e ser feliz, tem momento para tudo, para os de precinho e de preção dependendo da ocasião. Saúde, kanimambo e que tal vir comigo no meu Tour de Vinhos de Altitude de Santa Catarina no próximo dia 28 e Abril? Abraço
Já conhecia essa uva? Eu não! rs Sempre aprendendo, esta nossa vinosfera não pára de nos apresentar novidades, mesmo que de origem antiga. Novidades, antigas? Que contra senso é esse?? rs De tão esquecidas pelos produtores, passam a novidade por meio das mãos de jovens buscando na história e tradição novos sabores para nos surpreenderem, este foi mais uma grata surpresa, “Aqui Estamos Todos Locos Bequignol”.
A Bequignol é uma uva de origem francesa usada em Bordeaux até o ano de 1777. Hoje em dia existe pouco mais de um hectare de vinhedos na França e um pouco mais de 900 na Argentina, normalmente de vinhedos antigos como neste caso, de 1940. De corpo ligeiro, dá cor e aporta acidez aos blends e quando elaborado como varietal tende a dar vinhos ligeiros, de poucos taninos, para serem tomados jovens. Também é conhecida como Red Chenin e possui uma relação parental com a Savignin da região francesa do Jura. Leva uma parcela de Buonamico (também conhecida como Sangioveto de origem italiana) que é cofermentada com a Bequignol.
A Bodega é Viñedos Niven em Mendoza, produtor que trabalha com conceito de vinhos orgânicos. Este “Estamos Todos Locos” tem fermentação semi carbônica em ovos de cimento e uma leve passagem por barricas usadas, sendo produzidas somente cerca de 1700 garrafas ano. E o vinho, que tal?
Na minha opinião um típico vinho de verão que ao ser refrescado fez com que seus taninos quase inexistentes aparecessem equilibrando o conjunto. Fruta vermelha, fresca, um vinho jovial, fresco e vibrante com ótima acidez e alguma especiaria de final de boca. Para acompanhar pratos leves, carpaccio, quibe cru, salmão, gostei bastante. Não é um blockbuster, mas é uma experiência super agradável que certamente se dará bem como companheiro da Primavera e do Verão, lembrando de o servir por volta dos 12 graus quando creio que ele mostra toda a sua vivacidade.
Apesar de ser bastante usado em blends, creio que só tem mais um produtor elaborando varietal de Bequignol, vale pesquisar outros produtores caso não encontre este e espero que tenha uma experiência tão gostosa quanto a minha, puro prazer e é para isso que o vinho existe! Saúde e Kanimambo!
O Brasil é mais conhecido por seus espumantes e nos vinhos brancos tranquilos a chardonnay reina, já na serra catarinense e seus vinhos de altitude, a Sauvignon Blanc dá suas caras com maior assiduidade e diversidade com diversos estilos.
Pessoalmente, sou fã dos Sauvignon Blanc da Villaggio Bassetti que possuem características muito próprias. Seja pelo terroir como pela mão do produtor, a verdade é que os três Sauvignon Blanc deles são de tirar o chapéu. Tem o de “entrada” que abri hoje, tem o Donna Enny que é fermentado em madeira, uma verdadeira ousadia que deu muito certo, e o último a entrar para esse rol que é o Selvaggio D’Manny que é macerado com suas cascas e usa leveduras naturais, mas não é um laranja, um tremendo trio que faz com que a vinícola se destaque como um dos melhores produtores nacionais desta uva, se não o melhor, em minha humilde opinião logicamente. rs Controvérsias certamente haverão e isso faz parte, mas deixa eu falar deste vinho que tomei.
A safra 2020 já está disponível, mas hoje abri uma garrafa que estava em minha adega, safra 2017, quatro anos de vida. O vinho que, já por característica, não possui aquela acidez marcante e corpo leve, é um vinho que preza pelo equilíbrio, por um melhor volume de boca e maior complexidade que apenas aquela pegada unicamente cítrica com toques herbáceos de menor ou maior intendidade. Muito diferente do 2020, que possui esses predicados todos, este 2017 apresentou uma cor mais amarela mostrando sinais de sua idade, maior volume de boca, uma cremosidade incrível e notas de frutos amarelos como damasco e pêssego, notas de maracujá, acidez presente e equilibrada, complexo, algumas notas de evolução que não afetaram o todo, difícil de descrever mas um enorme prazer de o tomar e ainda tenho um na loja que acho que vou “roubar”. rs
Um Sauvignon Blanc que evoluiu muito bem, mas que virou um outro vinho e eu gostei dos dois. Pensando bem, legal seria abrir o 2020 junto com o 2017 e comparar, acho que vou colocar é numa confraria. Duas dicas, se tiverem oportunidade comprem de duas safras diferente, preferencialmente com dois ou três anos entre elas, para fazer essa comparação e avaliação e a outra dica é de harmonização sobre a qual não vou falar! rs Afinal a foto fala por si só!
Faz pelo menos uns 15 anos que iniciei minha viagem por nossa vinosfera, mas incrível como sigo me surpreendendo e me deparando com uvas desconhecidas gerando vinhos gulosos, vibrantes, marcantes cada um à sua maneira. Desta feita a uva foi a Tardana, o vinho Sol e a vinícola a Bodegas Gratia.
Da Bodega Gratias já falei aqui quando do vinho “Y Tu de Quién Eres”, porém não falei do projeto da família que é exatamente a de trabalhar tão somente com uvas autóctones da região, muitas delas em risco de extinção. Elaboram um ótimo encorpado e negro vinho chamado GOT, um varietal 100% de Bobal e agora me deparei com este belíssimo Sol, um vinho vibrante que me seduziu. Antes de falar do vinho, no entanto, deixa eu antes falar desta uva.
A Tardana, uma cepa branca de pele grossa, é natural da região de Manchuela e Utiel-Requena próximo a Valência na Espanha, tendo esse nome pois amadurece muito tardiamente, depois dos tintos. Também é conhecida por Planta Nova. Apesar de ser uma vinífera, boa parte dela era colhida antecipadamente e vendida no mercado como uva de mesa comestível, algo que caiu em desuso devido ao aparecimento de uvas sem semente que tomou conta do mercado. Devido a não atingir níveis de álcool altos, demorar muito a amadurecer ficando propensa a sofrer com chuvas de granizo e apresentar relativa baixa produtividade, os grandes produtores a abandonaram e hoje a produção é mínima, beirando a extinção. O conceito por trás da “família” Gratias é exatamente esse, o de recuperar vinhedos e uvas da região e em extinção com o mínimo de intervenção, pequenas produções e vinhos únicos. Estão inclusive produzindo já um vinho laranja com a Tardana, mas esse só me deixou curioso, ainda não provei.
Sol de Tardana é levemente prensada e 1/3 termina de fermentar em talhas de barro passando posteriormente por um período de três meses sur lie. Aromas de boa intensidade apresentando um leve floral no nariz, notas de pêssego e damasco, fresco, talvez algo de maçã verde 🤔, na boca um toque mineral em função do solo calcário, boa textura, leve para médio corpo com equilibrados 12,5 de álcool, meio de boca marcante e vibrante com boa acidez e ótimo equilíbrio, um vinho sedutor que deixa um retrogosto de quero mais! rs Falam de frutos brancos melão e pera, não achei não, mas isso vai de cada um. 😊 Gostei muito e tomaria várias! Do ponto de vista de harmonização, acho que é uma grande opção para pratos asiáticos bem condimentados. Tomei acompanhando um Bifum de Camarão ao Curry e foi divina a harmonização, mas quaisquer pratos de frutos do mar certamente serão boa escolta ao vino. Produção limitada, não chega cinco mil garrafas anuais, algo a se colocar numa wish list e vale a pena porque o preço é bem razoável, na casa das 130 pratas.
Enfim, mais um post, quem sabe na base de um por semana eu consiga criar novamente um ritmo de publicações. É isso, abraço e kanimambo pelos gentis comentários que venho recebendo, saúde e cuidem-se!
Gratas surpresas, mesmo que não necessariamente para meu bolso, mas encontrei rótulos fora da curva que me seduziram, então, me realizei! rs
Na ausência do evento anual físico ao qual tradicionalmente não vou por achar muito difícil produzir algum resultado numa aglomeração tremenda de gente e vinhos, desta feita a organização optou por um outro formato. Pequenos grupos provando in loco com distanciamento e participação virtual do Tapias e dos produtores. Formato que gostei bastante, pena que só pude participar da primeira parte que era pela manhã quando provamos 14 vinhos com foco no Chile e Uruguai.
Dos 14 vinhos, os quais comentarei de forma suscinta abaixo, com o preço sempre que possível, dois me encantaram e gostaria de eventualmente colocar no portfolio da Vino & Sapore caso haja condições comerciais para isso. Óbvio que muito depende de preços, mas esses dois me encantaram.
Bodega Océanica José Ignacio Albariño (uruguaio) – sou luso, meu parâmetro de Alvarinho é Minho e Galicia, então tenho uma certa dificuldade em encontrar tipicidade desta uva nos vinhos desta uva produzidos na América do Sul. É um bom vinho, mas falta tipicidade na minha opinião. GD 95 pontos e sem importador no Brasil, pelo menos que eu saiba.
Dagaz Itatino Cinsault (Chile) – gosto deste estilo
de vinho e a Cinsault reina lá pelos lados de Itata. Passagem por ovos de
cimento e ânforas de cerâmica preservam a fruta gulosa, taninos suaves, fresco,
leve um vinho para tomar refrescado nesta primavera verão que está por chegar. Preço
na casa dos 120 a 130 Reais. GD 92 pontos
Bisquertt La Joya Single Vineyard Merlot 2016 (Chile)
– não fez minha cabeça. Às cegas diria que era um carmenére com toques verdes
bem pronunciados, algo químico, me pareceu um pouco desiquilibrado com muitas
arestas. Preço na casa dos 200 Reais e GD 91 pontos. Estou achando que não
entendi o vinho.
Baron Philippe de Rothschild Escudo Rojo Reserva Carmenére 2018 (Chile) – muito boa safra no Chile e este vinho mostra isto me surpreendendo já que não é das uvas que mais me atraem. Poucas notas verdes, taninos finos, boa fruta, equilibrado e final aveludado. Preço na casa das 150 pratas, dólar não está ajudando! GD 90 pontos
Korta Barrel Selection Reserva Carmenére 2016 (Chile)
– da região de Curicó, notas verdes bem presentes, final especiado, num estilo
que não me seduz e um que, a meu ver, destoou, dos demais. GD 88 pontos
Montes Alpha Carmenére 2018 (Chile) – mais um vinho
de 2018 com boa tipicidade, cor densa, bom volume de boca, 12 meses de barricas
mix de novas e usadas, algo quente na boca, vinho que não nega nem a uva nem
seu produtor. Preço no importador, 220 pratas. GD 92 pontos
Viu Manent Secreto Carmenére 2019 (Chile) – de
Colchagua, 15% de outras uvas não divulgadas (secreto), cor rubi escura, nariz
mais frutado, colheita parcialmente antecipada para obter maior acidez, barricas
para somente 30% do lote, final herbáceo de taninos finos. Interessante, preço
na casa das 140 pratas. GD 92 pontos
Esse foi o último do flight
de carmenéres. Como disse, não é uma uva que me encanta, porém gosto e
qualidade não são necessariamente a mesma coisa e a qualidade estava lá. Em
minha humilde opinião, a maior surpresa inclusive com relação a custo foi o
Escudo Rojo e o meu escolhido como melhor Carmenére entre os provados.
Los Boldos
Vieilles Vignes Cabernet Sauvignon 2018 (Chile) – Mudamos de uva, mas ficamos na safra!
De Cachapoal Alto (Andes), leva um tico de Syrah, que pode variar entre safras
de 5 a 10%, que se mostra numa certa picancia de final de boca. Fruto maduro
sem excesso, elegante, sem aquela presença por vezes irritante de piracina
(pimentão), equilibrado, taninos aveludados, uma grata surpresa, mas na casa das
290 pratas tinha que performar e o fez. GD 92 pontos
Perez Cruz
Pircas 2015 (Chile) –
de Maipo Alto (Andes), mostrou uma cor rubi vibrante, é um clássico Cabernet
Chileno com a piracina aparecendo de forma sutil sem “queimar” o conjunto.
Notas mentoladas, frutos frescos, taninos finos e muito boa estrutura. A Perez
Cruz é famosa por seus Cabernets, mesmo não sendo num estilo que me agrada, é
um belo vinho na casa dos 220 Reais. GD 94 Pontos
Miguel Torres Manso de Velasco 2014 (Chile) – do gigante espanhol que produz na Espanha um dos melhores Cabernets Sauvignon que já tive a oportunidade de provar (Mas La Plana), possui um forte braço no Chile onde já atua há mais de 40 anos e também nos EUA. É um clássico Cabernet Sauvignon chileno muito cultuado e advindo de vinhedo centenário em Curicó, notas tostadas, especiarias, fruta abundante, ainda jovem, taninos ainda bem presente mostrando grande estrutura, herbáceo bem presente, é um vinho para guardar e tomar lá para 2024, mas não chega a seduzir apesar de ter uma legião de fãs dele e do estilo. Não é para muitos, produção pequena, ícone, preço acompanha, algo acima dos 400 Reais.
Errazuriz Max Reserva Cabernet Sauvignon 2018 (Chile) – Mais um clássico da uva e da região. De Aconcagua, um tremendo de um Cabernet Sauvignon que mesmo tão jovem já mostra toda sua grandeza. Muito rico meio de boca, nariz sedutor de boa intensidade, ótima textura, muito equilibrado com bom volume de boca e taninos muito finos com final de grande persistência. Tremenda elegância, estilo e vinho que me conquista o coração, então, para mim, melhor Cabernet Sauvignon entre os provados que está no mercado por algo como 200 pratas o que acho ser uma baita relação PQP (Preço x Qualidade x Prazer), a melhor entre os vinhos provados. GD 92 pontos
Familia
Traversa Noble Alianza 2018 (Uruguai) – o primeiro dos blends provados (foram 3) é uruguaio e
um curioso corte de Tannat com Cabernet franc e Marselan de uma safra que,
também por lá, foi muito boa. A ideia por trás da escolha das uvas foi; Tannat
pela cor e estrutura, Cabernet Franc pelo frescor e a Marselan pela fruta e capacidade
de arredondar o corte. No nariz a Marselan se mostra mais presente, mas
sinceramente não acho que funcionou pois mostrou-se algo desiquilibrado, um
certo amargor de final de boca, não rolou, mas … Enfim, em torno das 50
pratas, vale testar, vai ver o Tuga aqui está sendo crica demais! rs GD 92
pontos, acho que este também não entendi! rs
El Capricho Winery Aguará Tannat Blend 2018(Uruguai) – pequena e jovem bodega de meros 7 hectares de vinhedos situados a 250km ao norte de Montevideo. Capacidade instalada para apenas 80 mil garrafas mas ainda longe desse volume, a bodega nasce de um “capricho” de dois amigos querendo fazer vinhos de autor de alta qualidade, com baixa intervenção e práticas de sustentabilidade nos vinhedos e cantina. Se for pelo exemplo deste vinho, objetivo alcançado, gamei! rs Meras 1100 garrafas produzidas e o blend com Cabernet Sauvignon e passagem de 18 meses por barricas novas francesas. Power com tremenda elegância, entrada de boca marcante e muito rica, bom volume, frutos negros abundantes com notas abaunilhadas muito bem trabalhadas, vinho que costumo classificar como egoístico, não dá para dividir a garrafa com muitos não! O preço acompanha, não tem jeito, e não é para o meu bico, mas as 400 pratas que pedem por ele no mercado valem dentro do que é nossa realidade tupiniquim de preços. GD 93 pontos.
Bodega de
Aguirre Pater Familiae Heredium 2015 (Chile) – este chileno foi mais um que mexeu com minhas emoções,
tremendo vinho. Um corte de Cabernet Sauvignon de Colchagua com Carmenére de
Peumo (melhor região para esta casta) que mais uma vez me fez cair o queixo.
Aromas sedutores, muito boa e rica entrada de boca, ótima textura de meio de
boca, fino, elegante, taninos aveludados e final longo mostrando-se um conjunto
sem arestas e muito equilibrado. Um vinho sofisticado que me deixou curioso
para explorar o restante de sua linha de produtos e mais um vinho egoístico nessa
prova, os dois que mais me seduziram entre diversos bons exemplares
apresentados. O preço é em linha com este nível de vinho e ainda por cima com o
câmbio desfavorável o que não ajuda em nada, anda na casa das 400 pratas mais
ou menos 20. GD 94 pontos.
Tenho que confessar que minhas pontuações (não divulgadas salvo quando participo de alguma bancada de degustação em que isso seja necessário) ficam tradicionalmente bem aquém das avaliações do GD, todavia no caso do Aguará e do Heredium, periga eu dar até um ponto extra! rs É isso, o que era para ser curtinho se estendeu bastante, me entusiasmei, faz tempo que não escrevo e ando represando artigos devido à falta de tempo. Kanimambo, saúde sempre!!
Senta que lá vem história, meu primeiro vinho glu-glu, termo muito usado pelos amantes dos vinhos naturebas para descrever um vinho fácil de tomar, de golão! Vinho para tomar refrescado, até em copo de requeijão (heresia? rs) num bar qualquer de beira de estrada ou num Pueblo qualquer sem enochatisses, porque cada um é cada um. Por lá, um vinho de mesa, de “Pueblo”, mas deixa eu contar essa história vai?
O nome nasce de uma indagação dos anciões antigos de pequenos pueblos espanhóis quando um jovem que não conheciam aparecia, “Y tu de quien eres?”, e tu a que família pertences? Neste caso, do vinho, a resposta é, a um Pueblo! O local, Casas Ibañez, Albacete, a cerca de 100kms de Valencia, o produtor Bodega Gratias que trabalha com foco na elaboração de vinhos com uvas autóctones locais, mínima intervenção, adoção de processos artesanais e ancestrais, produzindo vinhos como antigamente. Jovens, resgatando a história local de fazer vinho e preservando castas autóctones.
Este vinho tinto, possuem um branco também de produção ainda
menor e que ainda não provei, foi viabilizado através de um sistema de “crowdfunding”
pois o projeto é muito pouco rentável em função da baixa produtividade dos
vinhedos antigos com castas plantadas todas misturadas, neste caso todas
autóctones e boa parte delas em risco de extinção. Entre as muitas castas que
compõem este multivarietal ou field blend como gosto de chamar (no Douro as
Vinhas Velhas costumam ser plantadas assim) castas como bobal, marisancho, teta
devaca, pedro juan, morávia agra, morávia dulce, pintaillo, cegivera, rojal,
valencín, albillo, etc..
A seleção de cachos é feita no vinhedo e os cachos colocados
inteiros em tanques de 5 hectolitros onde fermentam de forma natural.
Posteriormente, passam por um processo de “crianza”, tempo de afinamento, parte
em inox, parte em barricas e parte em ânforas de barro. Com apenas 5300
garrafas produzidas, é um vinho para tomar de golão, o tal do glu-glu como
mencionei no inicio deste post. Se você ficou interessado, sugiro entrar no
site deles (www.bodegasgratias.com)
e pesquisar um pouco mais.
Bem, ainda não falei do vinho! rs Esse estilo de vinhos pode e a maioria possui, aromas algo diferenciados que nos fazem remeter mais a cantina, taberna (estou viajando mas me permitam isso!) e alguns chegam ao exagero, este não, essa marca está lá, mas de forma sutil e sedutora. Tem uma bela cor vermelho cereja, com aromas de cantina, de frutas vermelhas e algo de mirtilos, especiarias, notas herbáceas de temperos verdes, e leve lembrança de kirch. Corpo médio, a adstringência na entrada da boca lhe confere um ar rústico que não tira seu charme, algo de salumeria, boa sensação frutada que lembra frutos negros e mostra um frescor muito interessante de final de boca que deixa uma sensação de quero mais na boca e um sorriso no rosto. Eu curti demais, melhor se levemente refrescado a 14/15ºC, e me deixou curioso de conhecer esta bodega in loco!
Eu que não sou exatamente um apoiador dos vinhos naturais,
tenho que me render ao fato de que há sim vinhos bem feitos que merecem ser
conhecidos e este é um deles. Minha posição sobre isso é muito clara, o vinho
tem primeiramente ser bom e palatável, depois se for orgânico melhor e bio
ainda mais, questão que me parece lógica. Aceitar vinhos pouco palatáveis, de
aromas esquisitos e pouco convidativos porque são naturais, não faz minha
praia, mas cada um é cada um.
Como disse, gostei e recomendo. Para acompanhar, boa companhia para começar!! rs Depois, se estiver a fins, uns tapas, salames, queijo manchego e uma boa prosa. Ufa, falei um monte hoje, fazia tempo que um texto não fluía assim. Kanimambo pela visita, saúde, cheers, salute, salud, prosit, …
Quem faz o dia é você, basta querer. Não, não é um post de auto ajuda, apesar de que se pensar bem tem um algo de! rs Uma garrafa de vinho e um pouco de boa vontade na cozinha opera milagres, melhor que muita terapia. Ontem, Segunda-feira, quebrei a rotina, fui para a cozinha preparar um agradável jantar com minha loira e não, não foi dia da mulher, aniversário de casamento ou coisa que o valha. Deu vontade!!
Enfim, voltando de uma reunião em São Paulo e depois de mais de hora numa Raposo Tavares travada por um veículo quebrado na pista da esquerda, passei no hortifruti para comprar uma cartela de camarões e lá me fui para casa. Primeira coisa, antes de limpar o camarão e depois de um beijo na loira (rs), abrir um vinho e este tinha tudo a ver com o dia quente e o risoto que me meti a preparar, um Rosé novo que precisava provar. Trabalho, sempre trabalho!!
Loma Negra, já provei o Sauvignon Blanc que gostei demais e postei Sábado no Face, este está um pouco abaixo, mas ótimo em sua faixa de preços, abaixo das 50 pratas. Eu gosto e recomendo, a maioria das vezes dá certo, de harmonizar por cor (um dia falo disso), mesmo que não haja razões técnicas para isso e o tema não seja alvo dos grandes criticos, neste caso a “maridage” de rosé e camarão é sempre um tiro certeiro como foi nesta agradável noite com o risoto de camarão com um toque de limão siciliano e do próprio vinho.
Vinho fresco, frutado lembrando frutos vermelhos frescos, sem doçura, seco, notas cítricas, toque sutil herbáceo, refrescante que não pretende ser grande e sim te dar prazer, coisa que fez com galhardia, pelo menos para nós. Do Vale Central, Chile, blend de Cabernet Sauvignon e Merlot sem passagem por madeira porque preservar frescor é essencial, um achado e um tremendo de um best buy. As fotos, como sempre, não fazem jus à bonita cor do vinho que está melhor na primeira foto. Mais uma dica, harmonize com salmão (cor de novo! rs), mais uma dose de prazer na veia!
É isso por hoje, be happy! Bom vinho (não precisa ser caro), boa companhia e um bom prato, esse trio faz de qualquer momento um evento e ainda por cima sem gastar muito que o mar não está para peixe e muito menos para camarão (rs), por menos de 90 Reais jantamos os dois e com vinho! Kanimambo pela visita, tenham um ótimo dia e saúde!