É estranho a enorme resistência aos vinhos brancos. Não, não é só por estas bandas, é no mundo inteiro onde a grande preferência recai sobre os tintos. No Brasil, país com uma cultura mais tradicional, de maior conservadorismo e uma boa dose de machismo, creio que é ainda pior. Por aqui, vinho branco é coisa para mulher. Preconceito dos bravos e, me parece, uma certa falta de conhecimento do sexo oposto, já que conheço um monte de mulheres que não abrem mão de um tinto!
Não vou dizer que já não fiz parte dessa trupe, pois seria muita hipocrisia, mas a vida nos ensina muitas lições e, nada como uma taça depois da outra para nos fazer rever posições. Não gostava de vinhos Italianos, de vinhos de sobremesa, de vinhos rosés, de vinhos brancos, e por aí vai. Só que, como costumo dizer, não é que não gostamos, é que nunca tivemos oportunidade de provar vinhos de real qualidade, ou seja há que esperar a taça certa para nos virar a cabeça. Isto aconteceu comigo diversas vezes, o bastante para me fazer parar de fazer este tipo de colocações. Posso ter preferências, sim e todos as temos, mas dizer que não gosto, é um pouco, a meu ver, xiita demais e devemos estar abertos para seguir provando. Eu, decididamente, me encantei por estes vinhos maravilhosos, só me incomodando o alto preço da maioria. De qualquer forma, é um caminho sem retorno e ainda vou preparar matéria com os mais saborosos brancos do mercado, aguarde!
Muitos dos vinhos que me têm agradado mais nestas ultimas degustações de que tenho participado, têm sido exatamente os brancos. Só para citar o Decanter Wine Sow, em que me encantei com diversos vinhos, mas dois em especial me conquistaram o paladar, o olfato e me despertaram sensações muito especiais. Ambos brancos; o Tiara da Viña Alicia (Argentina) e o Puligny-Montrachet 1er Cru Champs Gain do Chateau de La Tour (Borgonha – França). Um outro que provei recentemente é o Grainha, um Douro Português da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo (Vinea Store), um delicioso e complexo vinho! Dos mais simples a estes mais complexos, venho sendo positivamente surpreendido por diversos vinhos brancos de tudo o que é preço e origem. Não que não tenha provado incríveis tintos, provei, mas talvez a falta de expectativa e vivência com os vinhos brancos, nos torna mais suscetíveis às grandes surpresas e a gratas experiências, especialmente quando subimos um degrau.
Para cada momento existe a palavra certa, a musica certa e, também, o vinho certo! Talvez a nossa maior dificuldade seja a de saber harmonizar estes vinhos adequadamente, de uma forma que possamos aproveitar ao máximo suas características peculiares e bem distintas dos tintos a que estamos acostumados. Por outro lado, poucos vinhos são tão interessantes para tomar solo, do que os brancos. Meu conselho, sim já sei, se fosse bom vendia-se, mas sou teimoso, oops, perseverante por natureza, é de que baixe a guarda e reveja essa posição. Permita-se experimentar, eu tenho tido ótimas surpresas das quais, a maior parte, tenho compartilhado em diversos posts aqui no blog.
Para quem quer se aventurar por estes caminhos, eis algumas dicas que elaborei assim como algumas dadas pelo Nuno Guedes Vaz Pires, Diretor Executivo da revista Blue Wine em seu editorial de Março último:
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Comece pelos vinhos mais descompromissados, conseqüentemente de valores mais baixos, para serem tomados jovens como aperitivo ou com uma entrada da refeição. Prove diversos varietais; Chardonnay, Riesling, Torrontés, Sauvignon Blanc, Viognier, Verdechio, Pinot Grigio, Alvarinho, Loureiro, etc. e diversas origens. Encontre o que mais lhe agrada e explore! Lembrando, estes vinhos de bom preço, quanto mais jovens melhor, evite vinhos com mais de dois anos se você não o conhece bem. Este ano, opte por vinhos de 2007, preferencialmente, ou no máximo 2006.
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Sirva fresco, mas não gelado. Para o meu gosto, estes vinhos devem ser tomados por volta de 8 graus e se um pouco mais complexos podemos chegar a 10 ou 12. Se gelados demais perdem os aromas e se quente demais perdem o frescor e vivacidade inerentes e essenciais ao vinho branco. Este tema de températura é fundamental, mais ainda que nos tintos, aos vinhos brancos e sua positiva apreciação. Muita atenção ao servir, devendo-se manter a sua temperatura num balde com água e gelo ou uma luva de garrafa própria para isso.
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Se optar por vinhos de maior qualidade, nada como levá-los à mesa. Siga a regra básica; se o prato for delicado, opte por um vinho mais suave, se for mais vigoroso com molhos fortes, vá de um vinho mais evoluído com alguma passagem por madeira.
Na seção Brancos & Rosés, um tópico especifico, existem uma série de sugestões, mas também menciono algumas boas opções em Tomei e Recomendo, Boas Compras e Degustações, basta fuçar para encontrar. Comece por vinhos “aperitivo” e termine provando os bons vinhos de sobremesa, mais fáceis de harmonizar, duvido que você siga sendo um cético e continue desprezando um bom branco! Dentro do possível, estarei dando uma ênfase a esses vinhos, inclusive nos destaques de Boas Compras. Salute e Kanimambo