Brancos & Rosés

Outubro Rosa e Quente Pede um VSE Classic Rosé

Gente, este descobri faz cerca de um mês e me surpreendi. Mais um achado recente, já que vinhos na casa do 40 a 45 Reais com qualidade estão cada vez mais raros e este rosé do Vale de Aconcagua no Chile, VSE Classic Roséé realmente diferenciado, nada daquelas coisas docinhas e sem graça!
O vinho é fruto do assemblage de uvas Cabernet Sauvignon, Syrah e Carmenére que são vinificadas em separado, processo de prensagem direta (creio eu, pois não consta de ficha técnica) e não de sangria (nada a ver com aquela mistura de vinhos e frutas tipica espanhola – clique no link para saber mais) e fermentada em tanques de inox após atingir a cor desejada, sem passagem por barrica, para preservar fruta e frescor. Para quem não é chegado em brancos (uma lástima!) e para quem curte o estilo, uma ótima opção de verão para acompanhar pratos leves, carnes brancas, frutos do mar (como os camarõezinhos empanados da foto), sushis e sashimis.

Cor bonita (salmonada), brilhante, fresco, frutado característico, ótima acidez, vibrante, final de boca bem sequinho, gostoso, para tomar várias num dia de sol quente e uma ótima pedida para o fim de semana na praia ou na piscina. Os amigos Alfredo e Carlão tiraram esta bonita foto num Sábado recente lá na Vino & Sapore e me enviaram, tudo a ver! Um vinho descompromissado, feliz, que recomendo e assino embaixo.

Esta é minha dica para o final de semana, mais uma dentro de meus amigos Juan e Alexandre da Almeria, assim como visitar o evento enogastronomico promovido pela Vino & Sapore neste Sábado, “Harmonizando Espanha” com o food truck gourmet Perfil de Chef, sempre um acontecimento e quem já esteve no de Portugal e no da França não me deixa mentir! Kanimambo e bom fim de semana a todos.

Vigneau-Chevreau Cuvée Silex Vouvray Sec, Um Vinho de Arrepiar!

Como comentei no face, Domingo passado estava a fim de me tratar e abri esta belezura! Adoro vinhos brancos e não canso de repetir que é a pós graduação em vinhos, as nuances, sabores e frescor neles encontrados são melhor apreciados quando a litragem é de bom tamanho! rs

Por outro lado, há vinhos que classifico como “I” de Irretocável, Impressionante, Inesquecível e, especialmente, de Incuspível mesmo que numa enorme prova, este teve todos os I’s possíveis e imaginários, ish esse também!! Também há os que classifico como egoísticos! Todos sabemos que os vinhos melhoram com boa companhia, mas há uns que fazem o pior de nós aflorar e de repente nos vemos escondidos no armário traçando as últimas gotas do elixir, é, este é um desses. rs

Sabe aquela história que você conta de um momento de tua vida que te emocionou e quando você vê a pele de seu braço está toda arrepiada, pois bem ainda ontem à noite ao conversar com amigos na degustação dos Douros, me deparei com isso. Ah, tenho que falar do vinho né? Na verdade acho que já estava, mas … vamos lá. Difícil falar de algo que mexeu tanto contigo despertando tantas emoções num momento hedonístico não técnico, mas vou tentar.

Primeiramente Vouvray é uma região do Loire onde os vinhos brancos e a Chenin Blanc imperam. O produtor com mais de 150 anos de história, converteu seus vinhedos ao biodinamismo (total ausência de produtos químicos) há cerca de 30 anos, sendo este vinho elaborado com uvas de vinhedos com 30 a 40 anos de idade plantados sobre solo calcário (Silex) Vigneua chevreau Vouvrayque lhe aporta uma mineralidade excepcional e marcante.

Ao abrir esta garrafa de 2013 ele tomou conta de todos os meus sentidos; cor linda como espigas de milho brilhando ao sol e logo à primeira fungada > sutil, complexo, vibrante com notas florais (flores brancas), ervas frescas, maçã verde, lima, grape fruit, mel de laranjeira (?!), sei lá dá para viajar só ali, no nariz! rs Na boca explode de forma vibrante e intensa mostrando uma acidez acentuada, a mineralidade muito presente ditando sua personalidade, fruta fresca, inebriante e ficar aqui tentando encontrar adjetivos para tentar descrever o vinho no palato seria pura perda de tempo, quase uma heresia, até porque parei de tentar prestar atenção e decifrar o elixir para simplesmente me entregar nos braços de Baco e me deixar levar. Se o objetivo do vinho é te entregar prazer, como diria meu mestre Saul Galvão, então este transbordou e mais que cumpriu seu papel!

Já o tinha provado, mas tomar é sempre diferente do que degustar e sim, minha loira ajudou! Pouco, ufa, o que aumentou minha alegria pois estando em casa e não pretendendo sair para lugar nenhum, pude me esbaldar não restando gota. Não é barato, os Vouvrays assim como os bons Chablis ou Sancerres não o são, porém comparado com vinhos similares de outros produtores, está com um preço bem bacana, na casa dos R$180,00 e quem comprou ontem se deu bem!

Por hoje é só; viva o Vinho branco,viva o Loire, viva Vouvray, viva a Chenin Blanc, Viva a Vigneau-Chevreau (por sinal tem também um ótimo espumante), viva a Vida! Kanimambo e até Sábado harmonizando pratos e vinhos espanhóis no encontro do food truck gourmet Perfil de Chef com a Vino & Sapore.

Quinta do Ameal Loureiro, um Feliz Reencontro

Há tempos que chamo a atenção para os vinhos brancos portugueses e este vinho é um claro exemplo disso. A primeira vez que tive contato com ele foi num delicioso restaurante em Almada chamado Amarra Ó Tejo que possui uma das mais lindas vistas noturnas de Lisboa. Depois, já andou por mais umas vezes em minha taça e sempre despertando as mesmas sensações de puro prazer! Daqueles vinhos para abrir de duas (rs), porque uma garrafa some rapidamente devido à sua leveza e capacidade de sedução.

Para mim, este vinho já se tornou um clássico regional e a casta possui atributos que me encantam. Menos acídula que a Alvarinho, gera vinhos muito Foto - loureira_loureiro1equilibrados de muito boa intensidade aromática onde predominam as notas cítricas e florais. Na boca mostra-se tradicionalmente muito harmoniosa com nuances de casca de laranja, nectarina e algo de maçã verde. Apesar de ser vinificado, mais recentemente, como varietal, é comum a vermos associada com as castas Trajadura, Arinto e Alvarinho nos vinhos de corte simplesmente denominados Vinhos Verdes. Da mesma forma que Melgaço e Monção estão para a Alvarinho, Ponte de Lima (Vale do Lima) está para esta casta que reina nesta sub-região.

Era para ter participado de mais um Winebar, desta feita com este produtor, porém há última hora tive problemas profissionais que não me permitiram, no entanto você pode ver a apresentação completa vendo o vídeo aqui abaixo

Acabei abrindo essa garrafa de Quinta do Ameal Loureiro, posteriormente e acabei harmonizando o vinho com um prato de Camaráo à Piri-Piri com Risoto de Limão Siciliano e Cream Cheese. ABSOLUTAMENTE DIVINA harmonização e enquanto escrevo enxugo o teclado (rs) pois só de pensar Ameal Loureiro 2começo a aguar! O vinho prima por sua leveza, baixo teor alcoólico, apenas 11% e sedução, na linha dos bons e finos rieslings do Mosel, já nos arrebatando nos aromas sutis, mas muito marcantes! Puxando por notas cítricas (limão siciliano), traz também um leve floral e alguma grama molhada, delicado pede para encher a taça! Na boca, um vinho fresco de acidez bem presente, mas muito equilibrado, franco, com uma certa mineralidade de final de boca, um vinho radiante, de alto astral! Um vinho para nos deixar essencialmente felizes, com vontade de quero mais!rs

Por outro lado um produtor de uma casta só, algo não muito comum, o que faz com que exista aqui uma especialização maior, um conhecimento mais profundo gerando realmente vinhos diferenciados e marcantes.

Um vinho que tem tudo a ver com nossa costa, nossos mares acompanhando frutos do mar grelhados, lulas, suchis, peixes leves grelhados ou sozinho como entrada com queijo de cabra, presunto cru e outros petiscos! Já andou por terras brasilis mas volta agora pelas mãos da importadora Qualimpor e deverá estar no mercado por volta dos R$100 creio eu, mas a conferir. Como se diria na minha terra, um vinhos bestial ó pá, para se ir aos copos numa marisqueira com a malta! kanimambo e dia 12 (sábado) já sabem, Food Truck Gourmet (Perfil de Chef) com o tema França. Pratos e vinhos harmonizados, aguardo os amigos e torçam para essa chuva parar!!!

Belos Vinhos Brancos na Revista Gula

O inverno está quente, gente indo para a praia de fim de semana, então pensei; porquê não começar a semana com  algumas dicas de bons brancos! Estes eu destaquei no Especial de Vinhos da Revisa Gula em Janeiro de 2010 que deu foco em 200 grandes vinhos. São vinhos que me marcaram e seguem me seduzindo depois de tantos anos e muitas outras taças. Pode procurar, valem a pena!

Clipboard Uvas Brancas

Lindemann’s Chardonnay/Semillon – Australiano da hora, com nuances aromáticas delicadas e de grande frescor que tomam conta do nariz. Mais um desses vinhos encantadores, diferenciado, rico, mostrando uma certa complexidade ao palato, harmônico, corpo médio, certamente uma ótima companhia para um Fondue de Queijo.

Protos Verdejo – Rueda, Espanha, uma uva marcante! Amarelo palha com laivos esverdeados, brilhante em todos os sentidos. Aromas de frutas tropicais de muito boa intensidade com algo de grama molhada e nuances florais. Na boca é vibrante, muito saboroso, fresco com uma acidez cortante porém balanceado, sem arestas com um final de boca longo em que mostra uma certa mineralidade e algo cítrico. Nunca encontrei Verdejo igual com preço tão camarada.

Soalheiro Alvarinho – Sou suspeito para falar, eu sei, mas é um dos melhores bancos portugueses ano após ano. Vinho de muita classe, grande intensidade aromática em que sobressaem damascos e flor de laranjeira com espectro floral e frutado que encanta. Na boca é exuberante e algo cítrico com deliciosa textura e riqueza de sabores, sedutor e um final mineral que nos deixa pedindo mais.

Cheverny Le Vieux Clos – do Loire, na França, saborosíssimo corte de Sauvignon Blanc com um tempero de 15% de Chardonnay, que faz toda a diferença. Médio corpo, harmônico, complexidade de aromas e na boca é uma cativante “mistura” de sabores e sensações com o frescor da Sauvignon Blanc e a cremosidade e riqueza do Chardonnay, belo e encantador vinho.

Quinta dos Roques Encruzado – uva da região do Dão, Portugal, onde gera grandes vinhos brancos. Este belo exemplar da casta passa sete meses em barrica e mostra enorme complexidade. Muito balanceado, cremosos com madeira muito bem equacionada. Se decantado por uns dez a quinze minutos minutos, abre-se em deliciosos aromas frutados com nuances de baunilha e algo de amêndoas tostadas. Na boca, explode em riqueza de sabores, com frutos tropicais e alguma maçã verde mostrando-se bastante complexo e imensamente apetecível com um final mineral e muito fresco de grande equilíbrio.

Chateau de Tracy Mademoiselle T – mais um vinho do Loire que coloca a Sauvignon Blanc num outro patamar! Paleta aromática de grande intensidade e complexidade, absolutamente sedutora que nos faz abrir um enorme sorriso. Na boca é de um enorme frescor, intenso, frutos cítricos, uma boa dose de mineralidade em perfeita harmonia e elegância. Um vinho inesquecível e apaixonante para repetir diversas vezes.

Cheers, uma ótima semana e kanimambo pela visitaBrinde

Surpreendente Sauvignon Blanc Chileno

Costumo dizer que vinho sem adjetivo é um vinho mudo e sem alma, porém este é tagarela e já no olfato diz ao que vem. Me aguardem, cheguei, disse-me ele meio fanfarrão e olha que não perdi por esperar!

hamb_salmaoEste encontro se deu neste último Sábado quando promovi um evento enogastronomico luso com o Food Truck Perfil de Chef do Gonçalo e Liliane em que harmonizamos pratos e vinhos da terrinha. Aí você me pergunta, que diabos faz um chileno nesse meio e eu explico! É que uma das marcas registradas do Perfil de Chef é um Hamburguer delicioso de Salmão com dill e creme de wassabi que optamos por levar ao evento como uma opção fora da curva e aí a ideia de colocar esse Sauvignon Blanc. Decisão para lá de perfeita, soberbos o prato e o vinho que juntos foram show!!

William Févre Little Quino Sauvignon Blanc 2012 da nova fronteira mais ao sul do Chile, o Valle del Malleco, ótimo para uvas que gostam do frio como Chardonnay, Pinot Noir e Sauvignon blanc como este vinho mostra. Aromas de grande expressão; frutos brancos, Little Quino Sauvignon Blancgrama molhada, notas cítricas e um tanto de maracujá, para fungar por um tempão! Na boca explode cheio de energia e frescor, muito balanceado e cítrico bem presente, boa mineralidade, com um final de boca que não acaba nunca e nos deixa com um sorriso nos lábios, eta sensação gostosa.

Sobrou uma meia garrafa do evento e trouxe para casa já pensando no almoço de Domingo a dois. Lula grelhada com um molho de azeite, limão e alho, purê de batata e arroz porque já estava prontos e eu tava com uma preguiça danada. Mais uma harmonização da hora e um belo vinho na taça que já deixou saudades. Na casa das 80 pratas, antes do aumento (mais um!!) da ST, uma bela escolha um vinho para lá de porreta!

Saúde, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui ou em qualquer esquina de nossa vinosfera. Uma ótima semana para todos

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Encontro com o Alvarinho Pouco Comum e …..

CAM02030Domingo a dois, o que não é muito comum, e o cozinheiro de Domingo lá se meteu a mestre cuca. Como já disse por diversas vezes, me esforço mas sou limitado me falta conhecimento e o talento, no entanto algumas coisa invento e desta vez precisava bolar algo, para variar, porém fácil e dentro de minha limitada capacidade. Trouxe um Alvarinho Pouco Comum, gosto deste vinho e de seu custo, e apesar de poder harmonizar com um monte de pratos, de costelinha na brasa a feijoada, fui mesmo foi no tradicional!

Trouxe da loja um novo produto da Marithimus, peixe e frutos do mar de Santa Catarina, um bacalhau no azeite com azeitona pois já pensei na entrada e deu muito certo, simples bruschettas de bacalhau. Eis a receita para os amigos, fácil e rápido!Marithimus Bacalhoada
Pão italiano, põe no forno para dar uma tostada, tira e esfrega nele (bem delicado para não ficar forte) um dente de alho. Tomate fresco descascado e cortados em pequenos pedaços, um frasquinho de 100grs de Bacalhau Marithimus. Depois da esfregadinha do alho, jogar sobre as fatias de pão, um pouco do azeite do bacalhau e volta para o forno para dar mais uma tostadinha. Retira, coloca o tomate e o bacalhau voltando para o forno para terminar. Não deu 15 minutos para fazer tudo isso e eu fiz tudo no forno elétrico.

CAM02033Enquanto isso, tinha um filé de corvina me aguardando marinando por cerca de uma hora com um pouco de sal, pimenta do reino, um pouquinho de limão e um leve toque de vinho branco. Preparei um refogado de cebola (1/2), alho (1/2 dente grande), dois tomates frescos sem casca cortadinho (parte usei na bruschetta) e azeitona preta portuguesa picada, gosto da Maçarico que é mais saborosa, mas qualquer uma dá. Coloque um fio de azeite na frigideira e dê uma selada no peixe, reserve numa forma. Enquanto isso ligue o forno prepare o refogado. Refogado pronto, coloque em cima do peixe e leve ao forno por cerca de 15 minutos e tá pronto. Sirva com arroz branco, adoro minha panela japonesa que faz tudo solo!

Bruschettas de bacalhau, peixinho no forno, minha loira (rs) e uma garrafa de Alvarinho, nada mau para um Domingo preguiçoso sem computador! Ah, o Alvarinho Pouco Comum, é o nome mesmo, é um dos bons Alvarinhos disponíveis no mercado com preço mais em conta, em torno dos 70/75 reais, e vale muito a pena. O nome Pouco Comum não sei de onde veio não, mas a meu ver ele possui uma acidez mais moderada e maior corpo que a maioria, com bom volume de boca sem perder a tipicidade da casa, então pode ser daí. O produtor é a Quinta da Lixa o que já é, por si só, uma boa indicação de qualidade e eu gosto, não é um Soalheiro, mas é justo e cumpridor! rs

Tá aí gente, dá para qualquer um se divertir e até fazer bonito com quem interessa, basta boa vontade porque o resto é facim, facim! Ah, bagunçou tem que limpar né, essa é a parte mais chata da cozinha, ou não? Kanimambo e no próximo post falarei um pouco da surpreendente Decero e a incrível O. Fournier em Mendoza, um grande Domingo passado lá em Mendoza com os amigos que me acompanharam na viagem de Abril.

Um Branco Com 24 Anos, Pode!

É, sempre falaram para você que vinho branco tem que ser tomado jovem, gelado e ser bem clarinho né? Pois é, não se for um Viña Tondonia Reserva Branco! Existem diversos brancos que envelhecem bem, mesmo sendo a minoria, porém este vinho é para lá de especial e, como me falaram há dias numa degustação, “é um branco que é tinto”!! Lógico que não na cor e tão pouco nos seus aromas e sabores, mas em sua complexidade e conceito. Chega a ser um vinho cult, objeto de devoção de muitos, inclusive eu que o acho bem superior à sua versão tinta.

Este ano já o coloquei em duas degustações Best of 2014 e em ambas ele roubou as atenções o que não é coisa fácil já que vem à mesa com outros grandes vinhos e, tenho que reconhecer, só é batido na hora em que sirvo o fantástico Henrique e Henriques 15 Anos Bual, um madeira excepcional que obteve minha indicação como melhor harmonização do ano em 2014, com uma torta de figos, maçã e nozes obra do amigo Ney Laux.

Best of 2014 - Saca Rolha Abril 2015

Quem não conhece pode estranhar a cor, os aromas e, até, os sabores. É um branco com alma de tinto e quem o experimenta tem que estar preparado para algo muito diferente para que, como já aconteceu com um amigo, não o descartar no ralo pensando estar estragado devido à cor e ao forte aroma de oxidação que são sua marca registrada. Notas salgadas, uma complexidade aromática e de boca ímpares, untuoso, acidez ainda bem presente formando um conjunto de muito equilíbrio, sensações difíceis de serem transformadas em palavras! Meu sonho ainda é abrir um Grande Reserva, será que consegue ser melhor?! Quem sabe um dia quando o bolso o permitir ou conseguir um portador da Espanha? De resto, é puro gozo, uma experiência hedonística que precisa ser vivida, mais do que lida.

Tondonia branco com jamon serrano

O produtor desde 1877, R. López de Heredia, cidade de Haro em Rioja, a tradição como fonte de inspiração e filosofia enológica. Ali, 12900 barricas guardam preciosidades em cave subterrânea cavada num bloco de pedra de arenito a mais de 10 metros de profundidade. Fermentação em tonéis de madeira de 60.000 litros, leveduras naturais, seis anos de barricas de carvalho americano de 225ltrs e mais alguns anos de garrafa até que algumas dessas poucas garrafas, cerca de 10.000 anuais, deem o privilégio de aparecer em nossas taças permitindo que passemos por esses verdadeiros momentos de deslumbramento ao tomar uma verdadeira obra de arte engarrafada!

Acho que matamos este ano duas das últimas garrafas da safra de 1991 disponíveis no mercado. Em alguns lugares a de 1993 poderá ainda ser encontrada, porém não sei que safra a Vinci (importadora desta preciosidade) tem em estoque. Como sempre, servi o vinho com tiras de Jamon Serrano e uns canapés de brie com o mesmo jamon e acho que fica perfeito, em linha com o que faria com um Jerez Manzanilla. Quanto ao restante dos rótulos, todos de grande qualidade e personalidade, a confreira e amiga Raquel Santos falará desse momento em breve aqui no site, ela que é a porta voz da Confraria Saca Rolha.

Kanimambo, salud e não esqueça; dia 18 embarco para Mendoza para mais 5 dias de puro êxtase enófilo e só temos 4 vagas sobrando, vem comigo?

Gulfi Valcanzjria, Não Parece Mas É!

Poderia ser o nome de uma cidade ou algum bicho estranho, mas é vinho mesmo e dos bons! Gulfi é um produtor localizado na planície de Chiaramonte Gulfi na Sicília Oriental e mais do que uma vinícola é um resort onde a enogastronomia é protagonista. Produtor orgânico, trabalha com uma vasta coleção de cepas autóctones, apostando na tradição porém sem perder de vista o que a modernidade lhe pode oferecer inclusive no uso parcimonioso de uvas internacionais como neste caso.

Estava atrás de alguns vinhos brancos sicilianos para compor meu portfolio na loja, já tinha achado um gostoso Catarratto, e a Decanter me enviou este vinho para prova, uau! Como teste, para não ficar só com minhas impressões, o coloquei numa degustação de confraria em que o tema eram vinhos de uvas brancas autóctones da Itália. Provamos saborosos vinhos elaborados com Pinot Grigio, Rebolla Giallia, Verdichio dei Castelli de Jeisi Classico e Kerner (há controvérsias quanto à origem) culminando com este vinho que, mesmo com os bons rótulos apresentados até então, fez com que fisionomias se transformassem, vinhaço!

È branco, adoro vinhos brancos e há muito digo que é a pós-graduação no mundo do vinho, um blend de duas uvas autóctones que me eram totalmente desconhecidas, Caricanti e Albanello, com Chardonnay. As uvas brancas sicilianas mais conhecidas são as: Gracanico, Inzolia, Grillo e a Catarratto, então foi mais uma viagem de aprendizado e mais uma descoberta, adoro nossa vinosfera! Agora preciso provar as outras coisas desta vinícola, fiquei com água na boca.

Gulfi ValcanzjriaBem, mas falemos do vinho, mais sobre a vinícola e seus conceitos vocês podem fazer que nem eu que fiquei seduzido pelo que provei, visitem o site do produtor clicando aqui. Disse que fisionomias se transformaram e é vero, houve um uau generalizado ao levar a taça ao nariz e depois á boca, um vinho de muita personalidade em que o conjunto fala mais alto que as partes envolvidas. Um vinho marcante e muito equilibrado, boa intensidade aromática puxando para o cítrico porém com nuances de amêndoas tostadas e sutis notas florais. A ficha técnica fala só de inox e estágio sobre lias, porém acho que deve ter uma leve passagem por barricas usadas, sei lá, feeling! Na boca boa acidez, porém com uma certa untuosidade que creio vir da Chardonnay, seco, ótima textura, rico e complexo, um vinho que, em sendo 2010, creio estar no seu auge , nos traz muito mais do que só frescor e energia, traz muito boa persistência e maturidade, um vinho que nos deixa feliz! Uma grande surpresa que me agradou sobremaneira e fez a cabeça de todos presentes, mesmo com um preço estimado entre R$ 130 a 140,00.

Aliás, preciso montar um Desafio de Vinhos às cegas só de vinhos brancos nesta faixa de preços, um embate entre diversas uvas e países, acho que daria um encontro hedonístico da hora!! Enfim, queria compartilhar esta belezura com os amigos, bom proveito! Cheers, kanimambo e nos vemos por aqui ou por aí nas estradas abençoadas por Baco. Ah, na última hora achei esse vídeo com uma degustação do vinho por um sommelier italiano, interessante! Vejam e comentem, gostaria de vossa opinião.

Sacando a Rolha de Mais Brancos!

Uncorking-Old-Sherry-GillrayNas confrarias estamos sempre na busca de novas experiências e sabores, sendo que desta feita, nossa reunião de Janeiro da Confraria Saca Rolha, decidimos explorar a diversidade dos vinhos brancos e finalizando com um clássico que surpreende pelo ótimo preço. Adoro vinhos brancos e a diversidade de uvas é imensa para só ficarmos provando sempre as mesmas cepas, “navegar é preciso” então lá vamos nós em mais uma viagem e a nossa porta voz, confrade sommelier e acima de tudo amiga Raquel Santos, nos relata sua visão de mais esse gostoso encontro de confrades amantes de vinho e seguidores de Baco!

“Muito se tem falado de vinhos brancos, que são perfeitos para o nosso clima tropical, já que são refrescantes e leves, certo? Pois bem, eu sou daquelas que defendem o vinho branco até no inverno. Alguns deles, além dessas características refrescantes, são densos, alcoólicos e nem tão leves assim como sempre imaginamos.
Mas como praxe é praxe, tenho acompanhado muitas degustações nesta época calorenta que estamos passando, de muitos vinhos brancos. A nossa confraria não foi diferente. No mês de Janeiro foi a chance de experimentarmos vinhos ainda desconhecidos por nós e constatarmos que apesar de tantas experimentações nesses anos todos, sempre terá alguma uva, alguma região ou produtor inédito para serem decifrados.Ferrari Perle

Para iniciarmos o ano, nada como um belo espumante italiano, da região do Trento: O Ferrari Perlé 2007, elaborado pelo método clássico é daqueles que enche a boca ( e a alma ). Muito cremoso, com aromas de fermento e acidez na medida. Uma alegria!

Foram escolhidos seis exemplares de uvas e regiões diferentes:

Beade Treixadura1. Bodegas A Portela – Beade Primaccia – Treixadura 2012.
No noroeste da Espanha, a Galícia ( D.O. Ribeiro )faz fronteira com Portugal na região do Minho. O clima tem grande influência do Atlântico onde os ventos marítimos criam um ambiente fresco e úmido e a vegetação é abundante. Isso é reconhecível nos seus vinhos brancos onde o frescor e a exuberância aromática aparece quase sempre. Esse, elaborado com a variedade Treixadura mostra bem essa característica, com aromas de frutas tropicais que se fundem com uma mineralidade (gasóleo). Com bom corpo, acidez que sustenta o seu frescor, porém no final, talvez por conta da temperatura, sobra um pouco de açúcar residual.

2. Quinta de Linhares – Branco Avesso 2012.Linhares Avesso
Da região do Minho, com as características climáticas semelhantes às da Galícia só que do lado de Portugal. A variedade Avesso é típica dessa região e compõe os vinhos verdes juntamente com a Alvarinho, Loureiro, Trajadura, entre outras. Esse, elaborado com 100% Avesso o que não é comum, tem ótima estrutura, bom corpo e uma acidez tendendo para o metálico. Muito delicado no nariz com aromas florais e cítricos.

Tunella Rjgialla3. La Tunella – Rjgialla 2012.
O nome do vinho faz um trocadilho com o nome da casta ( Ribola Gialla ), nativa do Colli italiano, que são as colinas localizadas no nordeste da Itália, na fronteira com a Eslovênia. Os vinhedos produzem na sua maioria, vinhos brancos secos e límpidos, com muito frescor e acidez acentuada devido ao clima de altitude, nos pés dos Alpes. Esse vinho não foge à regra: Muito fresco no nariz, com notas florais, baunilha e frutas cítricas. Ataque cremoso na boca sem perder a crocância. Sensação de morder uma maçã verde suculenta!

4. Valdesil – Godello – sobre lias 2009.Godello
Também da região da Galícia ( D.O. Valdeorras ), produzido com uvas Godello provenientes do mais antigo vinhedo plantado nas encostas de xisto. Depois da fermentação em inox, passa 5 meses em contato com as borras. Isso agrega nuances de aromas e sabores muito complexos a ele. À primeira vista mostra-se bem seco e duro. Mas dando-lhe tempo para evoluir na taça, aparecem todas as camadas de aromas florais de verão, sabores de frutas brancas e delicadas como pera, marmelo e um leve toque amendoado. Na boca tudo isso se confirma com muito equilíbrio e estrutura entre os pilares da acidez e corpo.

Kerner5. Abbazia di Novacella – Kerner 2012.
Esse vinho já havíamos provado numa outra ocasião, junto com Riesling. Este Kerner é uma uva plantada na Itália/Alto Adige, produto do cruzamento da Trollinger (Schiava ) e Riesling, e que se encontra mais presente na Alemanha de onde ela é originária. O resultado é como um Riesling mais encorpado, frutado , sem perder a típica mineralidade e frescor da casta. É sempre interessante comparar o mesmo vinho em contextos diferentes. Aqui neste caso estávamos buscando vinhos frescos que fossem agradáveis no verão. Já na outra degustação em que ele esteve presente, queríamos harmonizar vinhos Riesling com comida alemã (eisbein com chucrute). Ou seja, aquela comida pesada, com muita gordura, típica dos países frios. Em ambos os casos ele deu conta do recado com galhardia.

6. Domaine Servin – Vaillons Chablis Premier Cru 2011.Servin Chablis 1er cru
E para terminar não podíamos ficar sem aquele que é considerado o maior representante dos vinhos brancos mais secos, frescos e elegantes da nossa vinosfera. Notem que é o único deles que não mostra o nome da uva no rótulo. Os vinho da região demarcada de Chablis, fica à noroeste da Bourgogne onde todos os vinhos brancos são elaborados com a Chardonnay. O que os diferenciam é exatamente o terroir. O solo de Chablis é extremamente calcário e os vinhos ganham uma tipicidade única. Esse não fugiu à regra e mostrou-se seco, com uma acidez incrível, que deixou escapar apenas uma fruta tropical madura ( abacaxi ) que não é muito comum aparecer nestes vinhos.

Se queríamos conhecer coisas novas para o verão, essa seleção foi só uma amostra. Penso que uma bebida refrescante, que acompanhe bem um aperitivo num dia ensolarado, uma refeição leve ou mesmo sozinho, deve ter uma graduação alcoólica baixa. A sensação de calor que sentimos quando ingerimos o álcool depende da sua graduação. Portanto quanto mais baixa ela for, menos nos aquece e vice versa. Infelizmente essa informação nem sempre está explicitada no rótulo. Esses seis vinhos que provamos, apesar de serem bem refrescantes, apresentaram uma complexidade a mais, seja pela personalidade do seu terroir ou pelas características da própria uva. Neste caso, mais uma vez fomos surpreendidos.

O que fica claro é que o velho padrão conhecido: vinho branco que combina com climas quentes e vinho tinto que combina com o frio, foi por água abaixo! Vinho é vinho e ainda bem que são muitos! Quem sabe possamos fazer um dia, uma degustação de tintos para o verão? Quem viver, verá!”

Três Brancos na minha Taça

O calorzão mais forte já se foi, mas os brancos seguem fazendo bonito na minha taça. Aliás, temos que parar com esse dogma de só tomarmos brancos no verão, nada a ver! Enfim, andei provando e tomando alguns brancos tanto nas confrarias que administro como nas degustações que promovo e ainda para escolher alguns novos rótulos para colocar na Vino & Sapore. Três desses bons vinhos provados compartilho agora com vocês, mas há outros ainda sobre os quais falarei mais tarde.
CAM01535Territorio Torrontés – de Salta, de onde vêm os melhores, exceção feita ao Benmarco de Susana Balbo, e de um produtor que consegue, como poucos, unir qualidade a bom preço. É da bodega Amalaya (Hess group) e não nega a raça, gostoso com bom preço. Nariz sutil, há controvérsias (rs), sem aquela intensidade típica de outros exemplares elaborados com esta uva, em que aparece um leve floral e frutos cítricos em especial a grape fruit. Na boca o frescor é vibrante, lima, um vinho muito saboroso que deve andar, os preços estão mudando, na casa dos R$45 a 48,00. Bom vinho na faixa de preço indicada, mas algo ligeiro na boca, para tomar a garrafa e eu o faria com comida japonesa.CAM01539

Ferreri Catarrato Terre Siciliane – a maioria nem sabe que esse é nome da uva, mas é. De origem siciliana, esta uva produz vinhos bastante interessantes e gostei bastante deste exemplar. Nariz sedutor, frutos tropicais, porém me veio algo de nectarina que me chamou a atenção. Na boca é fresco, seco, textura gostosa que pede a próxima taça e cativa, uma grande companhia para frutos do mar. Na casa do R$58,00, me parece bastante honesto para o prazer que produz, mas sempre podia ser algo mais barato se os governos ajudassem só um pouquinho, né?!

CAM01569Alvarinho Pouco Comum – eu falar de Alvarinho é algo um pouco, digamos, suspeito pois todos sabem o quanto eu gosto dela especialmente os de Portugal e do Minho, mas não só! O produtor é renomado, Quinta da Lixa, e o vinho mostra um meio de boca diferenciado mostrando uma personalidade própria. O nariz mostra boa tipicidade com notas limonadas, porém sua textura, volume de meio de boca, teor alcoólico algo mais alto (12,5%) e uma acidez mais equilibrada fazem a diferença e mostram porquê, talvez, tenham lhe dado esse nome. Não sou dos que recomendam Vinho Verde com bacalhau, mas com este eu iria numa boa especialmente de fosse um Bacalhau á Brás ou à Gomes de Sá, mas desta feita se deu muito bem com uma gorda tainha recheada com pirão! Na casa dos R$70,00 mais ou menos cinco, eis aqui um belo exemplar de Alvarinho a provar, eu gostei e acho que tem uma leve passagem por madeira, mas não consegui dados para corroborar essa afirmação.

Bem, por hoje é só. Cheers, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui ou, quem sabem, numa de minhas viagens com a W.F.T.E (Wine & Food Travel Experience). Em Abril tem mais uma, feriado de Tiradentes, aguarde semana que vem maiores informações.