Brancos & Rosés

Destaques de 2011 – Rosés e Brancos

              Antes de começar listando minhas seleções de Achados de 2011 por faixa de preços, decidi nesta semana postar alguns destaques por temas, independentemente de preços. Pretendo compartilhar alguns bons vinhos que foram destaque por “n” número de razões, inclusive a relação custo x beneficio, mas não só pois isso sozinho não categoriza o rótulo a estar aqui, acima de tudo ele tem que surpreender nossas emoções e sensibilidade deixando marcas. Compartilharei com vocês algumas seleções de seis vinhos; Velho Mundo a Preço de Argentina e Chile, Varietais da América do Sul incluindo Brasil, Vinhos do Chile, Argentina, França, Portugal e Espanha, Rosé e Brancos. Para começar, hoje comento os destaques em Rosés e Brancos, vinhos de verão.

Não sendo um grande apreciador de rosés, me curvei perante três rótulos muito interessantes.

Van Zeller´s Rosé – um vinho de muito frescor e a tipicidade dos rosés mais leves porém mais frutados e fáceis de beber com um precinho que vale a pena, ao redor dos R$35,00. Um português do Douro que vale cada centavo numa tarde de sol e petiscos abrindo caminho para o almoço.

Clos la  Neuve Cuvée Desiré o primeiro vinho da famosa Provence (França) que efetivamente me seduziu. Cor linda, fresco como tem que ser, mas seco com um residual de açúcar bastante baixo e um perfeito equilíbrio. Fino e elegante com nuances de pêssego e damasco se sobrepondo aos tradicionais morango e cereja mais costumeiros e que aqui aparecem de forma mais sutil numa segunda camada tanto aromática como palativa. Sedutor em seus R$69!

Costaripa Rosamara Chiaretto del Garda, uma grata surpresa italiana que tem como principal atração sua aptidão gastronômica. Delicioso, vinhoso, elaborado num estilo diferente e algo mais austero, intenso e vibrante com um certo toque de oxidação muito sutil, é uma ótima companhia para atum selado ou pratos similares, até paella. O mais caro deles, porém o mais marcante valendo bem os cerca de R$80 que ele custa.

       Bem, agora falemos de alguns brancos marcantes de diversas origens, estilos e preços. Separei seis rótulos a partir de 44 Reais até 100, porém tenho que dar um prémio especial de “Honra ao Mérito” para o Thomas Mitchel Chardonnay, um australiano delicioso, em falta na importadora, por apenas R$42,00 uma grande compra caso o encontrem por aí!

Tormentoso Chenin Blanc (África do Sul) – esta cepa que tem o Loire (França) como origem, també tem história na África do Sul onde gera vinhos muito interessantes. Este rótulo da Man Vintners é muito saboroso e marcante elaborado somente com vinhas velhas com mais de 30 anos,e uma leve passagem por madeira lhe aporta uma complexidade surpreendente. Muito pêssego, nariz sedutor que te convida a levar a taça à boca, muito boa acidez e um balanço impecável por apenas R$49.

Esmero Branco (Portugal) – um vinho português do Douro que só vem confirmar a grande fase que Portugal passa com seus incríveis vinhos brancos. Produziram somente 3300 garrafas de vinhas velhas de cerca de 30 anos, mas nem por isso o preço está na casa do chapéu, falamos de um vinho de cerca de R$80,00 e vale! Muito balanceado, álcool educado (13%) e muito bem integrado, complexo, boa estrutura de boca, final longo e muito agradável com nuances de frutos brancos, um belo vinho que me seduziu. Deverá ser boa companhia a um prato de bacalhau à portuguesa, cozido com batatas.

 Paco & Lola Albariño (Espanha) – esta cepa produz vinhos muito frescos e elegantes em ambos os lados da fronteira do norte de Portugal com a Espanha. Muito refrescante, sutil e sensual tanto no olfato quanto no palato, rico com uma forte personalidade cítrica, bem balanceado apesar da acidez marcante, boa persistência com um final de boca muito saboroso. Perfeito companheiro para frutos do mar e o verão. Preço na casa dos R$98,00.

Schloss Vollrads Riesling Kabinet Trocken (Alemanha) – uma delicia! Seco, mineral acentuado,muito bem equilibrado, pois o mineral aparece firme mas sutil e elegantemente  acompanhado de notas cítricas compondo uma paleta olfativa muito agradável. Na boca suas incríveis 11 gramas de açúcar residual são imperceptíveis equilibrados por uma acidez muito boa e essa mineralidade presente. Corpo um pouco acima da média dos vinhos deste estilo, 12% de álcool, frutado e harmonioso. Também na casa do R$98, é um belo vinho que casa á perfeição com joelho de porco assado.

Rayun Chardonnay Reserva (Chile) – um belo Chardonnay sem madeira que passa 8 meses sur lie deixando-o muito saboroso. Por não passar por madeira mantém um frescor não muito comum aos vinhos desta cepa chilenos que tendem a ganhar muito corpo e ser demasiado amadeirados. Por cerca de R$45,00 é um verdadeiro achado e um verdadeiro Best-Buy.

Alain Brumont Gros Manseng/Sauvignon Blanc (França) – De La Gascogne, próximo a Mandiran, um corte inusitado com uma uva local que poucos conhecem. Muito boa acidez com uma certa complexidade que lhe aporta a Gros Manseng, um vinho difícil de não gostar e que, pelos cerca de R$50,00 que custa, gera um prazer infimamente superior ao custo. Casa perfeitamente com salmão!

         Como curti muito todos eles, acabaram se encorporando ao portfolio da Vino & Sapore, porém busque-os na loja de sua confiança pois todos são vinhos especiais e foi dificil filtrar para chegar a somente esses. Por hoje é só e espero postar a maioria dos destaques ainda esta semana, então espero sua visita. Por agora, salute e kanimambo.

Brancos de Dar Água na Boca

           Semana passada estive em uma degustação bastante interessante em que comecei a cuspir já a partir das 9:30 de la matina! Por sinal, tem formas de fazer isso e o da imagem não é um deles!! rs Foram vinte e quatro vinhos na prova mais uma série de outros no almoço e jantar, dia longo porém muito proveitoso com a confirmação de alguns rótulos e algumas ótimas surpresas, especialmente nos vinhos brancos.  Com a apresentação do conceituado critico Jorge Lucki e da enóloga galega Suzana Esteban presentemente residindo em Portugal onde já atuou em algumas vinícolas de ponta como Quinta do Crasto e Côtto no Douro e agora na Solar dos Lobos/Alentejo, a importadora Mercovino apresentou seus vinhos a uma dúzia de privilegiados convidados. Muito didática e com alguns tópicos bastante interessantes, foi uma degustação em que provei vinhos de muita qualidade e na qual, como sempre, aprendi um pouco mais. Eis alguns dos destaques dos vinhos brancos, de diversas origens e estilos, que me marcaram e agora compartilho com vocês , numa outra oportunidade falarei dos tintos do novo e velho mundo.

Dios Ares Branco – Rioja/Espanha – 100% Viura > Da região de Alavesa de onde vêm os vinhos mais modernos desta importante e histórica denominação espanhola, é um vinho de boa tipicidade olfativa com algum floral que nos incentiva a levar a taça à boca onde se mostra muito equilibrado com acidez bem evidente, boa persistência, muito saboroso e apetecível. Preço por volta dos R$50.

Garcia Viadero – Ribera del Duero/Espanha – 100% Albilio >pelo fato desta uva não ser reconhecida pela DOC, o vinho não pode levar essa denominação no rótulo, mas isso não tem nada a ver porque o vinho é sedutor e muito agradável. A cepa é pouco conhecida e só me lembro de ter visto dois rótulos elaborados com 100%, tendo este me seduzido por sua complexidade. Se não soubesse que só passa por inox, juraria que tinha madeira pois aquele abacaxi e baunilha típicos estão bem presentes no nariz. Na boca é sedutor, mostra uma certa complexidade e versatilidade podendo acompanhar bem desde saladas, frutos de mar e, penso, até um bacalhau mais leve. Preço por volta dos R$50.

Solar dos Lobos branco – Alentejo/Portugal – corte de Chardonnay, Sauvignon Blanc, Arinto e antão Vaz > Sem passagem por madeira porém um vinho de muito bom corpo e textura, teor alcóolico algo alto (14% como no Dios Ares) porém bem balanceado requerendo um pouco mais de atenção com a temperatura. As uvas são vinificadas em separado e o blend é efetuado ao final do processo. Boa acidez, gastronômico, frutado,  um vinho que já enfrenta pratos mais estruturados e faz bonito. Preço ao redor dos R$65.

Esmero Branco – Douro/Portugal – corte de Gouveio/Fernão Pires e Viosinho uvas típicas da região > um dos meus preferidos que só vem confirmar que Portugal vem fazendo ótimos vinhos brancos. Produziram somente 3300 garrafas de vinhas velhas de cerca de 30 anos, mas nem por isso o preço está na casa do chapéu, falamos de um vinho de cerca de R$80,00 e vale! Muito balanceado, álcool educado (13%) e muito bem integrado, complexo, boa estrutura de boca, final longo e muito agradável com nuances de frutos brancos, um belo vinho que me seduziu.

Schloss Volrads Kabinett Trocken – Rheingau/Alemanha – 100% Riesling > uma delicia! Seco, mineral acentuado, típico da casta, muito bem equilibrado porque hà vinhos que extrapolam e enjoam! Este está no ponto, se é que se pode dizer isso de um vinho, pois o mineral aparece firme mas sutil e elegantemente  acompanhado de notas cítricas compondo uma paleta olfativa muito agradável. Na boca suas incríveis 11 gramas de açúcar residual são imperceptíveis equilibrados por uma acidez muito boa e essa mineralidade presente. Corpo um pouco acima da média dos vinhos deste estilo, 12% de álcool, frutado e harmonioso como sugerido pela importadora, foi mais um vinho que me entusiasmou e, pudesse, teria tomado a garrafa todinha, que cuspir que nada! Preço ao redor do R$100.

           Por hoje é isso e assim que der falo dos tintos provados. Algumas boas surpresas, a maioria do velho mundo, mas um chileno de bom preço me chamou a atenção, Lauca Reserva Cabernet Sauvignon de R$49, uma surpresa muito agradável que revi depois de alguns anos.

Salute, kanimambo e insisto, vem comigo a Portugal em Fevereiro?

Brancos Lusos I

        Portugal passa por um momento sublime em que todo o ano novos e muito bons rótulos brancos são lançados nas mais diversas regiões produtoras. Muitos são soberbos e com preços condizentes como o surpreendentes Cova da Ursa Chardonnay , Morgado de Sta. Catherina, Guru, C.V. , Primus ou Redoma Reserva Branco entre outros já mais conhecidos,  porém são novas estrelas que estão aparecendo nesta constelação de grandes vinhos elaborados em terras mais conhecidas por seus tintos. No entanto, minha chamada hoje, depois ainda publicarei mais algumas dicas de brancos e espumantes lusos acessíveis, é para vinhos que cabem no bolso da maioria e que certamente farão a alegria da maioria dos seguidores de Baco especialmente neste verão que está por chegar.  Uma dica importante, no entanto,  é prestar atenção na cor destes vinhos ao comprar  pois sua principal característica é a jovialidade e frescor. Cuidado com as ofertas deste estilo de vinhos brancosque já se encontrem bem amarelados e com preços lá embaixo, provavelmente o vinho já está passado e “moribundo” nem servindo para tempero! Melhor tomá-los com um ou dois anos de vida, três aceitável, mas cuidado com estes vinhos com idade superior a isso. Eis algumas sugestões de rótulos que andaram por minha taça recentemente numa revisão para uma matéria que preparo para uma revista, valem cada centavo!

Prova Régia – A uva Arinto produz vinhos de muito frescor e vem se dando muito bem na região Lisboa (ex-Estremadura). De aromas tropicais convidativos, na boca é refrescante, sedutor, rico e elegante mostrando-se algo crocante com notas citrinas refrescantes nos enchendo a  boca de puro prazer. Tem um estilo parecido com os Vinhos Verdes, dos quais também passarei algumas dicas mais adiante,  sendo assim, grande companhia para frutos do mar e comida japonesa, sushis e companhia, salmão. Um vinho delicioso, de média persistência que acaba de forma muito rápida na taça! Preço Médio: R$52,00

 Filipa Pato Ensaios Branco – mais um vinho da Filipa que faz vinhos realmente muito interessantes e saborosos dentro de uma faixa de preços bem camarada. Este é um blend (50/50) de duas uvas bem marcantes a Bical e a Arinto elaborado na região de Beiras que, para quem não conhece, fica ali próximo ao Dão e Bairrada. Passa um mês fermentando com leveduras indígenas, parte em tanques de inox e parte em madeira sendo o blend executado após este período. Aromas delicados e sedutores de boa intensidade, muito fresco, saboroso, cítrico e mineral, tem um final de boa persistência que convida á próxima taça. Por seu corpo médio e textura na boca, nos convida a alçar voos um pouco mais altos no quesito harmonização já fazendo par para pratos de peixe mais elaborados, até um bacalhau à Brás ou à Gomes de Sá. Mudaram o rótulo recentemente, preferia o antigo, mas importante é que o conteúdo continua igual! Preço Médio: R$50,00

        Na semana que vem tem mais dicas como esta e a coluna “Você Sabia?” retorna. Nesta semana faltou tempo, sorry. Salute, kanimambo e amanhã tem Dicas da Semana.

Branco na Minha Taça

       De repente, eis que os caldos da península Ibérica começam a ganhar espaço novamente por aqui! Incrível como esta região vem crescendo em qualidade e disponibilidade por aqui, com aumento de market share a preços convidativos sendo fortes concorrentes ao vinhos argentinos e chilenos. Só para citar dois rótulos importantes numa faixa de preços mais convidativa, o Boas Vinhas da região do Dão (Portugal) e o Ribereño que vem de Ribera del Duero (Espanha), demonstram que há vida interessante abaixo dos R$40,00 sim senhor. Enfim, mas esse papo é para uma outra hora e hoje falo de um rótulo, num outro patamar de preço e qualidade, que me agradou bastante. Um branco espanhol muito saboroso que recomendo aos amigos especialmente neste verão que se aproxima.

Paco & Lola um albariño fino e muito elegante produzido em Rias Baixas na Galícia, terra que, em conjunto com Rueda, produz os melhores brancos da Espanha, pelo menos dos que eu tenho provado e excetuando-se os Viña Tondonia que são hors concours! Muito refrescante, sutil e sensual tanto no olfato quanto no palato, rico com uma forte personalidade cítrica, mas pêssegos e damascos também abundam por aqui numa segunda análise, bem balanceado apesar da acidez marcante, boa persistência com um final de boca muito saboroso. Perfeito companheiro para frutos do mar, sugeri para os amigos Rejane & Helio harmonizar com polvo defumado da Marithimus e foi, pelas noticias recebidas, um “maridage” perfeito.  Um vinho alegre e cheio de vida que levanta o astral e nos deixa gratas lembranças com aquele gostinho de quero mais na boca. Quem importa é a Almeria, pequeno importador que agora tem a mão do amigo Juan Rodriguez, e custa ao redor dos R$98 . Meu I.S.P.   

 

Alvarinho Disfarçado de Riesling

      Me parece que há uma certa concordância de que a Alvarinho tem um “je ne se quois” (acordei cheio das frescuras hoje, rs) de Riesling e o Minho é o Mosel de Portugal ou, quem sabe, o Mosel é o Minho deles! Enfim, para os efeitos deste post isso não vem ao caso, pois corremos o risco do papo virar meio nacionalista, porém tenho que confessar que nunca pus na boca um Alvarinho tão Riesling apesar do corpo! Aliás, pelo corpo talvez mais Alsacia que Mosel, mas acho que já entenderam, certo?

Gloria, um vinho com a característica de acidez rasgante que faz o sucesso dos vinhos da região do Vinho Verde no Minho, norte de Portugal, porém com uma mineralidade muito presente que assume papel protagonista neste vinho. Aqueles aromas típicos dos vinhos bem minerais em que sobressaem o petróleo, e pedra de isqueiro surpreendendo á primeira fungada quem porventura esperasse aquela complexidade de aromas de frutas tropicais e cítricos da maioria destes vinhos. Sim, o mineral também é característica dos vinhos da sub-região de Monção, mas neste caso extrapola.

Já na boca essa mineralidade retoma um caminho mais equilibrado com a fruta cítrica aparecendo mais do meio de boca para o final com boa persistência e corpo, tendo também sentido agradáveis e sutis nuances de damascos frescos no retrogosto. No todo, um vinho bastante agradável que chega ao mercado numa faixa de preços em torno de R$60,00, bem razoável para um Alvarinho de boa qualidade que tem tudo a ver com nosso verão.   $

Aproveitando o ensejo, eis o que o site da Adega Alentejana nos diz sobre esta casta típica de Portugal que também produz belos vinhos na vizinha Rías Baixas, com o nome de Albariño, já do outro lado da fronteira na Galicia, Espanha:

          A casta Alvarinho é considerada uma das mais nobres castas brancas existentes em Portugal. Num país em que a grande maioria dos vinhos é de lote (vinhos elaborados com várias castas), os vinhos Alvarinhos foram os primeiros monocastas a se diferenciarem. O cacho de uvas Alvarinho é pequeno, pouco compacto e com uma forma peculiar, a “asa”. O bago é de tamanho médio, redondo, de cor amarela chegando a tons rosados quando bem maduro.

         A uva Alvarinho é cultivada sobretudo nos municípios de Melgaço e Monção, uma pequena subregião ao norte dos Vinhos Verdes. Nos últimos anos começou a ser plantada também em outras regiões mais ao sul. As videiras de Alvarinho produzem poucos cachos. O rendimento das uvas também é pequeno, sendo necessários 1,6 Kg de uva para fazer uma garrafa de 0,75 litro. Nas outras castas o normal é 1,0 Kg de uva para uma garrafa. Estas são as razões que justificam o preço mais alto deste vinho.

         Os vinhos Alvarinhos atingem facilmente a graduação alcoólica de 13%, os aromas são intensos a frutos citrinos (laranja e limão) e tropicais (manga e maracujá). São vinhos encorpados e com uma bela frescura ácida. Estas qualidades permitem que o Alvarinho possa ser consumido com até cinco anos de vida, o que não é comum nos outros Vinhos Verdes.

Salute, kanimambo e uma bela semana para todos

Soalheiro, melhor Vinho de 2010 para a Revista Wine.

            Soalheiro Primeiras Vinhas 2009 eleito o “MELHOR VINHO DO ANO” pela revista Wine – A Essência do Vinho em Portugal. De acordo com a revista, “Não raras vezes é apresentado como o “Riesling português”. A comparação é elogiosa, ainda que o Soalheiro seja um vinho bem português, do Alto Minho fronteiriço com a Galiza. Fruta, frescura e acidez são atributos que o fazem distinguir-se entre semelhantes e que também lhe permitem uma guarda por períodos mais longos que os habituais no caso dos brancos.” Eu tive a oportunidade de o tomar e comentar, tendo ainda há poucos dias falado dele para uns amigos. Realmente há Alvarinhos mais famosos em terras lusas, mas poucos são páreo para os vinhos deste produtor. Do mais simples rótulo aos mais complexos, sempre garantia de grande prazer e satisfação! ir a Portugal e não trazer umas garrafas na mala é crime inafiancável!! por aqui, quem o traz é a Mistral.

Um salute especial ao Soalheiro!

Rito de Passagem – Paella, Rosé de Navarra e Anna de Codorniu!

Gosto da passagem de ano. Me atrai esse sentimento de ter alcançado mais uma etapa da vida, de conseguir alcançar mais uma e de renovar esperanças. De rever erros e acertos aprendendo com eles, de reformular o que tem que ser, de traçar novas rotas e definir objetivos. É, tradicionalmente para mim, um momento de reflexão importante mas que antes tem que ser festejado com mesa farta e saborosa bem temperada por um vinho à altura e um bom espumante.

Desta feita minha festa foi algo prejudicada por uma visita ao hospital no dia 30 que acusou a presença, graças a Deus ainda leve, de uma diverticulite tratada á base de antibióticos por uma semana! Desnecessário dizer que a gula, companheira destes momentos, teve que ser controlada, porém não deixei de dar alguns poucos goles.

Na ceia, uma incrível Paella da Dona Sagrário, célebre aqui na região da Granja Viana, que estava absolutamente divina! Conheço a Dona Sagrário e sua paella há mais de 20 anos e incrível como a qualidade se mantém, sem um único deslize ao longo de todos estes anos. Só a chegada dela à mesa já é um motivo de festa e deleite para os olhos, esse você pode ver na foto, e olfato com seus aromas envolventes  anunciando o prazer que certamente sentiremos no palato à primeira garfada. Para acompanhar, certamente o melhor ainda é uma sangria (faço uma da hora e ainda publicarei minha receita) mas com todo o trabalho deste final de ano, abri a loja no dia 31 até as 16 horas, esqueci!Não seria por isso, no entanto, que passaríamos a seco, então escolhi três vinhos; um branco Verdejo, um Rioja tinto básico e um Rosé de Navarra. Aclamado por todos, foi com o Señorio de Sarría Rosé que a paella mostrou melhor harmonia. Uma bela pedida, mesmo que em doses homeopáticas no meu caso, tendo o vinho demonstrado ter corpo e perfil adequado para acompanhar muito bem este magnífico prato. Obviamente, rs, que repeti a dose no almoço de dia 1, mesmo que comedidamente!!

Para celebrar a entrada em mais um ano de nossas vidas, abrimos um cava que está entre meus favoritos desde há muito tempo e que, quando se encontra no Free Shop de chegada a cerca de USD17, é uma barganha irresistível, para comprar de caixa! Elaborada com Chardonnay, o Anna de Codorniu é um cava diferenciado que deixa marcas na memória.  Às cegas, certamente passaria por champagne e foi uma bela maneira de celebrar o Novo Ano, muito bom! Enfim, um rito de passagem hispânico  muito saboroso que espero seja um sinal de boa colheita neste novo ano.

Agora restam-me mais cinco dias de tratamento e no próximo Domingo um belo churrasco com Tannat ou Malbec, estou na dúvida se abro um Abraxas ou Cobos 2002,  me espera e aí tiro a barriga da miséria!

Amanhã, meus Deuses do Olimpo. A primeira de uma coletânea de listas com o que de melhor passou por minha taça em 2010. Salute e kanimambo!

Salvar

Salvar

Um Branco Vibrante e Um Tinto de Tirar o Fôlego

             Pelo menos foram essas as principais sensações percebidas ao tomar esses dois vinhos neste último fim de semana. O primeiro, o branco de Chablis, quando me dei conta tinha acabado e faltou garrafa! Já o tinto, bem, esse dosei com parcimônia e veio confirmar a boa fase pela qual passa este produtor uruguaio de região pouco conhecida.

            Um Petit Chablis como os chardonnays têem que ser, pelo menos a meu ver. Sou um apaixonado pelos vinhos da região de Chablis assim como pelos brancos do Loire. Me encanta essa ausência total, ou quase, do uso de madeira nos vinhos junto com a acidez e mineralidade preponderantes do terroir que nos fornece enorme prazer e frescor. Um Petit Chablis é a base da pirâmide dos vinhos da região e não é incomun encontrar produtos bastante ralos e ligeiros que, em minha opinião, não valem o que pedem por eles. Provar um bom Grand Cru e Premier Cru é uma experiência que deixa marcas e até hoje me lembro de um que comprei em Londres, um delicioso Chablis 1er Cru Beauregard do Domaine Jean-Claude Martin, safra 2000 que tomei há uns cinco anos atrás. É, é isso mesmo, cinco anos e quando penso nele ainda me dá água na boca. Vinho bom é assim mesmo, de longa persistência…….na memória! Bem, já estou devaneando então voltemos ao meu J. Moreau & Fils Petit Chablis 2008.

             Longe de querer esperar a complexidade e profundidade de um Primer Cru, porém este está alguns degraus acima de outros Petit Chablis já tomados e me deu enorme prazer de tomar. Tudo de forma mais leve e suave, porém está tudo lá. A maçã verde, aquela mineralidade acentuada, o frescor, frutado com toques de limonada suíça (viajei legal agora, eheh), vibrante e balanceado, daqueles vinhos que nos fazem querer mais e mais e mais, e ……..enfim, um vinho divertido que alegra o palato e o espírito. Falta-lhe corpo, profundidade e persistência, mas se tivesse tudo isso seria um Chablis, talvez um Primer Cru! Os Chablis, mesmo os Petit, são tradicionalmente caros, este é um pouco menos, por volta dos R$90,00. Um bom cartão de entrada para esse maravilhoso mundo de Chablis, pequena comuna localizada no topo da região de de borgonha, tome-o acompanhando frutos do mar grelhados, salmão, lulas á doré e divirta-se!

           O segundo vinho foi um tinto encorpado, complexo, ainda muito jovem. Um vinho mais sério e compenetrado, um caldo mais contemplativo. Um Tannat Premium de uma região pouco explorada e de um produtor menos mediático. Já comentei aqui o 2002 que gostei muito, agora tomei a versão 2007, mas esse comentarei daqui a uns dias.

Salute e  kanimambo.

Frei Gigante e Invisível, dois Brancos em Tempo de Tintos

          É, o tempo anda frio e pede um tinto, porém há muito que me deixei levar pelas sutilezas e sedução dos vinhos brancos e não vejo porquê não me aventurar por essas bandas especialmente se a comida assim o indicar. Desta feita dois vinhos lusos, que por aqui ainda não chegaram, bastante diferentes e curiosos.

Começemos pelo Frei Gigante, um vinhos dos Açores (ilha do Pico) que provei na Sisab, mas esta garrafa me foi oferecida pelo meu amigo e solicitador em Portugal, o Sérgio Pinto que esteve nos açores de férias e se lembrou de mim. Bem, os amigos daqui pouco ou nada devem conhecer dos açores, exceção feita aos de Santa Catarina e parte do litoral paranaense onde a colônia é grande. Assim que tenha tempo, se algum amigo leitor quiser contribuir sinta-se á vontade para me enviar matéria que a publicarei com os devidos créditos, farei uma pesquisa para falar um pouco mais dos açores e de seus vinhos. Uma outra coisa muito boa lá da ilha que vale a pena provar e carregar alguns exemplares, são os queijos, deliciosos!

           Este vinho branco é muito interessante, passando por fermentação em barricas americanas e inox, é muito agradável e diferenciado na boca, com uma bela cor palha com laivos dourados cor de mel que pouco aparecem na foto, mas estão lá! rs É untuoso, quase gordo, corpo médio, muito bem balanceado, cremoso no palato com bom volume de boca, frutado, acidez correta, sem excessos, final muito agradável e saboroso algo amendoado com toques de manteiga bem sutil. Um vinho que me surpreendeu muito positivamente, até porque sai fora dos padrões mostrando uma personalidade muito própria.

Já que falei de personalidade própria, eis um outro vinho que se mostra diferente, é um Blanc de noir, ou seja um vinho elaborado com uvas tintas, neste caso aragonês, porém vinificado em branco, no Alentejo! “Exquisite”, seria a melhor palavra para o descrever, mas não consegui traduzir isso para português. É o Quinta da Ervideira Invisível 2009, um vinho realmente diferenciado a começar pela cor que lhe dá o nome, quase transparente com laivos rosa que já nos deixa curiosos na análise visual. No nariz, algo floral e frutas brancas que nos levam a pensar em melão e pêra, algo que se repete no palato onde o equilíbrio predomina com bom volume e um resultado de final de boca levemente adocicado.  Quem sabe uma boa companhia para a bem condimentada comida asiática. Não é um blockbuster, diferentemente do Antão Vaz que produzem, mas é bastante agradável de tomar. Este trouxe da SISAB em Fevereiro, por sinal estou em divida com o pessoal de lá, e era lançamento, tanto que a garrafa nem rótulo tinha.

            Pelo que sei, lamentavelmente nenhum dos dois está disponível no mercado e a Quinta de Ervideira que trabalha o mercado brasileiro com, creio, três diferentes importadores, ainda não conseguiu convencer nenhum a trazer este rótulo. De qualquer forma, se estiver programando uma viagem a Portugal, eis aqui duas dicas interessantes e diferentes para você conferir.

Salute, kanimambo e um ótimo fim de semana para todos.

Polkadraai Branco

               O vinho do mês escolhido pelo Luis Sérgio (http://vitisvinifera.wordpress.com) . para a Confraria dos enoblogs foi um Sauvignon Blanc da África do Sul. Bem, eu tinha escolhido o Fairview, porém o amigo Jeriel já o tinha comentado no mês anterior e eu gosto de aproveitar estas oportunidades para trazer algo novo, então consultei o Gil e mudei. É sul africano, é branco, tem Sauvignon Blanc, porém a cepa protagonista é a Chenin Blanc, uva do Loire que se deu muito bem na região do Cabo. Este é o Polkadraai Branco, assemblage de 60% Chenin com Sauvignon Blanc que nos chegou recentemente pelas mãos da Mercovino e que comento agora.

Antes de falar do vinho, no entanto, falemos de Polkadraai Hills uma AOC nova na região e que por aqui se denomina W.O. (Wine of Origin). Polkadraai se refere a uma região de colinas acompanhando uma estrada sinuosa, porta de entrada para Stellenbosch. Draai, em Afrikaans, quer dizer curva e polka a dança que os carros faziam na antiga estrada repleta de curvas apertadas e perigosas. Hoje, uma estrada ainda sinuosa, porém menos perigosa, nos leva a vinhedos que em sua maioria se encontram na face sul e sudeste das colinas recebendo o efeito das brisas oceânicas que refrescam a região e dão ás uvas brancas uma característica muito própria. Polkadraai Hills comporta cerca de 12 produtores entre eles esta vinícola, Stellenbosch Hills que também produz um Pinotage/Merlot muito saboroso e possui uma linha de gama alta que me pareceu bastante interessante.

O Polkadraai Branco com 12.5% de teor alcoólico é um vinho suave, seco, que marca pela acidez muito presente sendo ótima companhia para pratos de comida oriental, especialmente os sushis e sashimis, saladas, frutos do mar grelhados, camarãozinho frito, lulas á dorê, etc. Possui uma paleta olfativa simples, direta, bem frutada com um toque floral e algo de grama molhada de intensidade média. Na boca é uma profusão de frutas tropicais, muito fresco, agradável e balanceado, final de boca seco com algum amargor final que deverá sumir se servido mais próximo dos 6º. Não é nenhum blockbuster, mas dá conta do recado e agrada fácil, tendo se dado bem com um queijinho de cabra e um bom e descompromissado papo entre familia antes do jogo Argentina e México. Custa em torno de R$37,00.

É isso aí, navegue pelos vinhos sul africanos e os blogs da confraria para conhecer um pouco mais dos rótulos de Sauvignon Blanc disponíveis no mercado. Por hoje é só, salute e kanimambo pela visita.