Na Minha taça

Mais um Paradoxo

Há cerca de dois anos falei aqui sobre um outro Paradoxo, o Merlot. Esta linha de produtos é da Salton e desta vez me foram enviados novos vinhos para um evento do Winebar que lamentavelmente chegaram tarde não possibilitando minha participação. Ontem então, decidi abrir este Paradoxo Cabernet Sauvignon para acompanhar um almoço simples mas bem gostoso temperado pela presença da família salvo um santista doente que está desculpado! rs Fettucine com linguiça e ovos, sabor de infância para meus filhos e que volta e meia curto fazer porque também gosto bastante e não dá muito trabalho.

Como estava com esta garrafa em casa, achei que seria uma boa companhia para o prato e deu certo, fiquei contente. O vinho tem passagem de seis meses por barricas americanas, mas acredito que sejam de segundo ou até, provavelmente, de terceiro uso pois a influência da madeira é pouco notada no conjunto que previlegia a fruta. Boa tipicidade num vinho que não busca complexidade, é franco, bem equilibrado, fresco, corpo leve mas não esquálido, fácil de agradar e que acho que vale os R$45/50,00 que encontrei por aí na internet.Um problema todavia, duvido que uma garrafa dê!! rs Por aqui fez falta a segunda.

salton paradoxo cabernet

Gostei, agora falta provar um Malbec que eles fizeram na terra dos hermanos e um Late Harvest, mas isso fica para uma outra oportunidade. Por enquanto é só, uma ótima semana para todos e seguimos nos vendo por aqui ou por aí, nessas esquinas de nossa vinosfera. kanimambo pela visita.

 

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Não Entendo, Só Gosto!

Tem hora para tudo, uma boa cerveja, um destilado, um drink o segredo é ser comedido pois tudo o que é exagero é condenável. Não sou xiita, curto meus fermentados, vinho e cerveja, porém volta e meia visito outras paradas e gosto de um bom scotch, uma certa queda por single malts e bourbons assim como um eventual gole ou dois (literalmente) de uma boa cachaça o que ocorre normalmente no final do dia e tradicionalmente quando estou mais tenso e o espírito pede algo mais potente para liberar o stress e garantir uma noite bem dormida (rs) . Hoje venho compartilhar, sem qualquer conhecimento mais profundo sobre a matéria a não ser “gosto/ não gosto”, dois destilados que ganhei de presente e curti demais, recomendo.
Sempre gostei de Kentucky Bourbon que é um pouco que nem Champagne, pois todo o Bourbon é Whiskey Angel´s envy porém nem todo Whiskey é Bourbon! Por um em especial sempre senti uma grande atração mesmo sem nunca o ter provado e por duas razões; a beleza da garrafa e o de ser finalizado em barricas velhas de Porto! Estou falando do Angel’s Envy que ganhei de presente de meus amigos Daniela e Sir Robert e que em breve virará garrafa de água para não esquecer nunca. Gente, que delicia, não perdi por esperar! É de uma cremosidade incrível, fino, um veludo na boca que se não nos segurarmos duas doses serão pouco e aqui há que se ser comedido porque o teor alcoólico é outro! O Bourbon obrigatoriamente não poderá ter menos de 40% (80 proof) de teor alcooólico e pode ir até 80% (160 proof), porém neste caso falo de 43% ou 86 Proof que é a medida usada por eles. Para este estilo de destilado, álcool baixo (rs), mas todo o cuidado é pouco. Como disse, só gosto, não dá para explicar nem descrever, mas quem quiser pode fuçar no link do site que é super legal e esta belezura ganhou 98 pontos da revista Wine Enthusiast que possui uma seção só de destilados. Ah, quem estiver por lá e  quiser me dar de presente não se acanhe não, como dá para ver pela foto a minha acabou!!

O outro foi uma oferenda dos amigos recentes Claudete & Gil, um destilado tupiniquim, a cachaça Capim Capim CheirosoCheiroso Topázio lá de Minas, mais precisamente de Santa Bárbara que passa 12 meses por tóneis de Jequitibá e Carvalho, chegando ao mercado em bonitas garrafas de 500ml . Boa demais essa cachaça sô e como diz o nome, muito aromática, cheirosinha memo! Uma garrafa dessas dura pelo menos um ano, mas como a ganhei há menos de três meses, até que esta está indo rapidin. Gostei tanto que, mesmo não trabalhando com destilados, penso e estou estudando a viabilidade de a incluir no portfolio da Vino & Sapore. Madeira muito bem usada, cor amarela tímida, saborosa, macia e elegante mesmo que potente (40%), coisa rara encontrar essa picância sem agressividade, classuda esta cachaça e você poderá conhecer um pouco mais dela clicando aqui para acessar o site do produtor. O que posso confidenciar é que aquelas duas pequenas doses, de que falei no inicio deste post, podem facilmente passar disso! rs Ontem fiz um teste, pequenos goles acompanhando um suculento prato de dobradinha, obra de meu amigo Claudio Lepera, não é que deu certo!!! Não pode se entusiasmar, mas ficou muito interessante.  Para ilustrar esta cachaça, afora a foto, me alembrei de uma Ode à Cachaça recitada pelo amigo Denis Marconi (versos de Reginaldo Clarindo Dutra) em uma já distante e saudosa viagem por terras argentinas com a qual finalizo este diferente post de hoje. Kanimambo pela visita e saúde!
Saracura vá te embora Tua terra já choveu
A mandioca de Janeiro Tatú Teba já comeu.
Se for por engano vá
Se for para abaixar a minha alta prosopopéia
Dar-lhe ei um chá de canela.
Cachaça é uma moça branca filha de um homem trigueiro
Quem encafifa com ela nunca junta dinheiro.
Desce desgraçada! 

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Mistral Wine Show!

Eles chamam de Encontro de Vinhos Mistral, mas eu acho que é show mesmo, então como o campo e a bola são minhas, chamo do que quero! rs Gente, brincadeiras à parte, chorei no segundo dia porque o compromisso que eu tinha à noite (me tirando do Encontro) acabou não Encontro mistral 2016vingando, porém já eram 18:30 e não rolava mais ir até Sampa naquele horário. Uma pena, porque o segundo dia seria dedicado aos tintos e alguns vinhos de sobremesa aos quais não tive tempo de me dedicar no primeiro e único dia de garimpo por essas águas tão férteis do rico portfolio da empresa. Quatro horas é nada para conseguir desvendar e conhecer a tão diversa flora que a empresa expôs nesse dia. Pena que é só a cada dois anos e ainda por cima perdemos um dia do que era usual.

Desta forma acabei me concentrando nos vinhos brancos, um estilo extremamente versátil de vinhos que me encanta por suas sutilezas e diversidade tanto que há tempos cunhei a frase de que os “brancos são a pós-graduação em vinhos”! rs No face adiantei alguma coisa para quem estava ainda por ir, com algumas dicas, porém hoje compartilho aqui um poucos dessa experiência com os meus destaques. Como tenho muitos leitores no exterior e especialmente em Portugal, vou mencionar aqui os preços em USD (política comercial da Mistral) só para verem como sofremos por estas bandas, especialmente após o aumento insano do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) que chega a porcentuais estratosféricos de 1000, 2000, 3000% sobre o que era cobrado! Coisa de loucos o que faz tomar grandes vinhos ser um privilégio para poucos em terras brasilis!

Soalheiro (Minho/Portugal) – Logo na entrada fui mui gentilmente recebido por este que é um dos meus produtores preferidos do Minho, região dos vinhos verdes. Nada mal para começar a tarde!

Soalheiro Alvarinho clássico, um vinho que dispensa apresentações e se pudesse teria às caixas aqui em casa! Inebriante, para dizer o mínimo,vivo, fresco, vibrante, um exemplo do que essa uva pode gerar nas mãos certas. Um ícone português e da região, um vinho que me deixa feliz! USD46,90

Soalheiro Reserva, este eu não conhecia e gostei demais do encontro, quero repetir só que desta vez sem provar, quero tomar mesmo! Vinhaço, deixou de ser inebriante para se tornar num vinho de meditação, para tomar nas calmas . As uvas são de produção orgânica (Biológica como eles dizem por lá), fermentado em barrica e mais um ano de afinamento em barricas usadas. A madeira é muito sútil estando lá para realmente dar suporte ao vinho, não para se sobrepor até porque aí não há nada a esconder. belo inicio e ainda preciso visitar o produtor, um caso antigo de amor (!), show na minha modesta opinião! USD92,50

Wilhelm Bründelmayer (Áustria), a Gruner Veldliner é a uva da região, mas os Rieslings também são muito bons e um em especial me surpreendeu.

Gruner Veltliner Kamptaler Terrasen – apesar de ter provado L. Berg Vogelsang que é superior em preço e muito bom, o que mais me entusiasmou foi este. Seco (trocken), fresco, saboroso, leve porém sem ser esquálido o que não é incomum nos vinhos elaborados com esta uva. Muito bom vinho. USD56,90

Riesling Kamptaler Terrasen – Belo exemplar de riesling, bem seco e complexo, mineral padrão muita tipicidade da uva e estilo mais puxado para Alsácia do que para Mosel e certamente um vinho que gostaria de acompanhar com Eisbein, eh, eh! USD56,90

Alois Kracher (Áustria) – o rei dos vinhos doces mas o foco aqui foi em seus outros vinhos. ia voltar para os doces que dizem rivalizar com os Sautern, mas não deu tempo! Aqui gostei muito de dois vinhos, um rosé e um branco que me chamaram a atenção.

Illmitz Pinot Gris – enorme surpresa, me seduziu este vinho. Ótima paleta aromática, bem seco de boca, rico e complexo, boa tipicidade da casta, longo, um vinho que deixa lembranças e pede bis. Mais um que precisarei tomar, fiquei com água na boca! USD39,50

Ilmitz Rosé – elaborado com uma uva que pouco conhecemos, Zweigelt (dois dinheiros?! rs). Provei o tinto com esta uva e não fez minha cabeça, porém vinificado em rosé me satisfez muito. Sua mais marcante característica é ser um vinho ao mesmo tempo leve e fresco, porém bem seco, com toques de grapefruit no final de boca. USD34,90

Alvaro de Castro, vulgo Quinta da Pellada (rs) (Dão/Portugal)

Encruzado 2012 – Gordo, equilibrado, fresco, complexo, um notável exemplar dessa grande casta do Dão! USD47,90

Primus 2013 – grande e nobre vinho branco português, um field blend em que despontam a encruzado e bical porém é composto de diversas outras castas. Encorpado, seco, untuoso, fino, muito boa acidez, estilo algo borgonhês Meursault (?), intenso, baita vinho para tomar nas calmas, curtindo cada gole! Vinho para guardar, um branco que precisa de tempo. USD139

Tasca d’Almerita (Sicilia/Itália)

Inzolia Sallier de la Tour – uma casta autóctone como várias desta vinícola ilha! Muito fresco, floral nos aromas, saboroso de boca, fácil de gostar, bom vinho. USD32,90

Regaleali Bianco – um blend de três uvas autóctones da ilha, Inzolia, Catarrato e Grecanico, esta última uma variação da Garganega da região de Soave (norte da Itália),marcante e delicioso, já me dei soltando um uau assim sem querer! Belo vinho, um que preciso rever e tomar com calma, gostei demais. USD33,5

Chardonnay – embarquei numa outra dimensão, vinhaço! Gordo, rico, complexo fermentado em barrica mais 8 meses de maturação nelas, chega tomando conta da boca e nariz com uma madeira extremamente bem colocada sem passar em nenhum momento pela fruta abundante. Na minha wish list, um chardonnay de primeira!! USD99,90

Lungarotti (Umbria/Itália) –

Pinot Grigio – a Trebiano e a Grechetto fazem a festa por aqui, mas este vinho me surpreendeu com ótima acidez e um forte mineral que marca presença em boca. Muito bom. USD31,90

Grechetto – um vinho bem seco, sério (pode?), persistente, boa estrutura, pensei num prato mais robusto para acompanhar, bom. USD33,50

Torre di Giano – delicioso blend de Trebbiano com Gechetto e, pelo que me falaram por lá porém não aparece na ficha técnica, um tico de vermentino. Ótima textura de boca, aromático, fresco, boa persistência, muito bom! USD35,50

Torre di Giano Vigna il Pino – o mesmo blend acima porém fermentado em barrica (30%) e com passagem de seis meses em barricas de vários usos. Um vinho complexo e atraente com grande capacidade de envelhecimento. Este 2011 estava ainda muito vivo! USD75,90

Viña Garces Silva -Amayna (Chile)

Boya – é a nova linha da bodega e mais em conta. Mais importante na minha opinião, sem madeira e mais equilibrados. Provei o bom Sauvignon Blanc, mas me empolguei mesmo foi com o Chardonnay que passa 12 meses sur lie em tanques de inox, delicia!! USD31,90

Ernesto Catena – Alma Negra e Animal (Argentina)

Alma Negra Misterio branco – um blend de Viognier com Chardonnay que já apontei aqui no blog como um dos mais marcantes brancos argentinos e que só agora a Mistral decidiu trazer. Mudaram o blend pois o chardonnay tomou conta e o que tomei por lá a Viognier ditava o ritmo. Gosto mais quando a Viognier está mais presente, porém segue sendo um belo vinho! USD36,50

El Enemigo – Argentina

Chardonnay – um grande vinho sem dúvida alguma! repito o que já falei aqui quando postei sobre vinhos brancos argentinos, “O vinhedo está em Gualtallary o que já é um plus em função da altitude que lhe aporta excelente acidez e boa dose de mineralidade. Doze meses em barricas francesas só 35% novas, sem battonage deixando as leveduras criar “flor” (um tipo de véu sobre o mosto) resultando em complexidade de aromas, bom corpo, um chardonnay diferenciado e cativante”. Maravilha! USD35,90

São “apenas” 18 vinhos brancos em destaque. Para quem gosta do estilo, muita coisa boa para curtir e descobrir com vinhos para os mais diversos bolsos e gostos. Viaje, não se acanhe, explore novos sabores pois isso é que faz o verdadeiro enófilo! rs Kanimambo e um ótimo fim de semana para todos. Semana que vem tem mais e assim que der dou uns pitacos sobre alguns dos poucos tintos provados.

Vinho Paulista é Show!

Pode? Eu não acreditava não!! Nelson Rodrigues já dizia que “toda a unanimidade é burra”, então quando o auê é demasiado e unânime eu tenho que conferir, sou discípulo de São Tomé, e foi o que fiz. Para não ser uma ação apenas pessoal, coloquei à prova duas garrafas de um vinho paulista para lá de celebrado pelos grandes nomes de nossa vinosfera tupiniquim com alguns de meus confrades e amigos, uma delas num desafio ás cegas e a outra aberta. O produtor, imagino que já saibam, Guaspari localizado em Espirito Santo do Pinhal e a uva, a Syrah!

No primeiro caso, do Desafio, coloquei ás cegas os seguintes vinhos Syrah: Loma Larga (Chile), Passionate Wines Diverso (Argentina), Las Moras Gran Syrah (Argentina), Hope Shiraz  (Austrália) e Guaspari Vinhedo Vista da Serra. Os confrades presentes foram os da Quinta Divina, grupo bastante experiente, e o eleito da noite foi ele, sim o Guaspari Vista da Serra Syrah! Para mim o segundo, mas com esse patamar de adversários um grande resultado.

Syrahs QD

Na segunda vez, na Confraria Saca Rolha, provamos dois syrahs mais básicos e dois mais top. No primeiro flight o australiano Richland Shiraz e o chileno El Milagro seguido do Passionate Wine Diverso e o Guaspari Vista do Chá. Melhor vinho da noite, novamente um Guaspari e, na minha opinião, o melhor dos dois provados.

Syrahs SR

Duvidas? Nenhuma mais! Negar? Não dá! rs Esses dois vinhos são de primeiro nível internacional e tire-se o chapéu ao empreendorismo e atrevimento de buscar realizar algo onde ninguém jamais pensou possível! A Colheita é inversa, no inverno, e vale fuçar o site deles (link em negrito acima) para conhecer um pouco mais da história da vinícola e de quem está por trás dessa “aventura” paulista. O ápice, até agora, dessa curta história está na Medalha de Platina e na de Bronze recentemente obtida por estes dois vinhos na respeitada Decanter Wine Show.

Óbvio que ainda é muito cedo para cantar vitória, afinal como já disse o barão Philippe de Rotschild; “fazer vinhos é fácil, difícil são os primeiros 100 anos”, mas a se confirmar a tendência ao longo dos próximos anos, espero que assim seja, estamos diante de algo muito especial que merece não só um brinde, mas acima de tudo nosso respeito. Falam muito bem dos outros vinhos deles, porém ainda não tive a oportunidade de os conhecer. Assim que prove compartilho com os amigos.

Entre os dois rótulos, tendo a compartilhar da mesma opinião da banca degustadora da Decanter Wine Show, o Vista do Chá possui um pouco mais de tipicidade da cepa e, especialmente, uma acidez mais presente (apesar de que por questões de terroir, granito, o Vista da Serra deveria mostrar melhor esse quesito) que deixa uma impressão melhor de boca, mais fresco, com taninos muito finos, elegante, com ótimo meio de boca, equilibrado e bem persistente. Dois belos vinhos que recomendo.

guaspari syrah 1

Me perguntaram sobre o preço e se não é caro? Essa é sempre uma questão quando falamos de vinhos bons nacionais, o preço tende a extrapolar. Quando premiado então, mais ainda pois a demanda aumenta e a oferta tende a se manter estável. Agora, o que é caro? Na minha opinião caro é aquilo que não vale o que um pagou pelo produto adquirido. Quando um vinho bate seus pares de valor igual ou mais alto e custa menos que eles, então penso que não, pois entrega mais valor. Tendo dito isso, por aqui em Sampa o vinho custa ao redor de R$160,00 mais ou menos 10 o que é uma boa grana, mas em minha opinião, não é caro sendo condizente com os vinhos de qualidade similar de outras origens. Tendo a grana, certamente estará bem aplicada numa garrafa dessas, recomendo.

É isso, hoje falei de vinho brasileiro, falo um monte porém tem gente que acha que sou contra (??!!), na Sexta volto a falar de brancos e minha experiência no Encontro Mistral. Saúde, kanimambo e seguimos nos encontrando por aí, inté!

 

Bodegas Valdemar, Constatações e Surpresas

Recentemente fui convidado pela Mistral, importador desta bodega espanhola, e participar de uma degustação com diversos rótulos por eles importados, oito no total. A Bodega riojana tem ampla reputação no mercado, porém nunca tinha tido a oportunidade de provar seus vinhos. Me recordo que ainda nos idos do inesquecível Saul Galvão, creio que foi ele, o Conde de Valdemar Crianza 09 (USD40,00) foi apontado como um ótimo acompanhante a pratos de bacalhau e realmente tenho que concordar pois seus taninos finos, riqueza de sabores,corpo médio, mostram muito equilíbrio e boa persistência que devem fazer frente a um gostoso bacalhau de forno, belo vinho e boa relação Custo x Beneficio.

Tínhamos, no entanto, mais sete vinhos a provar, então eis minhas anotações feitas ali, na hora. Quem sabe lhes possam ser úteis em algum momento.

Inspiración Valdemar Tempranillo Blanco 2013 – não, não é um blanc de noir não, é um vinho elaborado com uma mutação da uva tinta, coisa rara e muito apreciada pela maioria dos presentes. Gosto de provar coisas diferentes e gostei deste, porém não fez a minha cabeça como fez da maioria.Gordo, seco, bom corpo, me fez lembrar da Viognier. USD50,00

Conde Valdemar Viura  Fermentado em barricas 2012 – nunca tomei um Viura barricado como este, muito bom! Bom volume de boca, fresco, complexo e longo, um vinho que surpreende e seduz! USD45,00

Conde Valdemar Rosado 2014 – de Garnacha com Tempranillo, groselha, aromas doces que se repetem na boca, não me agradou, porém quem gosta de rosés mais docinhos vai se dar bem com ele. USD26,00

Fincas Valdemar Roble 2012 – huummm, esse me pegou! Uma experiência fora de Rioja, este Ribera del Duero me encantou por sua vivacidade e frescor sem perder  a característica regional. Taninos muito finos, guloso, fruta abundante, frescor muito presente, talvez até um leve toque mineral que me seduziu e tomaria muitas dele! USD40,00

Inspiración Valdemar 2010 – ótima paleta olfativa de boa intensidade, taninos finos, algo defumado, bom corpo, macio, firme sem ser austero, boa textura de meio de boca, um Rioja mais moderno, fácil de agradar e bastante saboroso. Gostei, bom vinho. USD50,00

Conde de Valdemar Reserva 2006 – vinho marcante, freco, notas mentoladas, salumeria, rico e complexo, vinho de outro patamar mostrando bem a tipicidade dos vinhos de Rioja com um final algo abaunilhado. USD56,00

Conde de Valdemar Gran Reserva 2005 – uau, vinhaço, daqueles com “V” maiúsculo mesmo! Escalamos um bom número de degraus o que também se confirma no preço (USD97,00), mas para quem pode e aprecia os vinhos da região, certamente satisfação garantida. De cara um vinho com 11 anos de vida, porém vendendo saúde sem grandes mostras visuais de sua idade ou evolução a não ser nas notas terciárias tanto nos aromas como na boca. Complexo, um nariz incrível, daqueles que dá gosto ficar fungando (rs),ótima entrada de boca, concentrado sem excessos, algo mais encorpado sem ser pesado, frutos negros, notas especiadas, com nuances terrosas e animais, grande vinho, gostei e muito, um clássico.

Tendo passado rapidamente por eles, complementaria minhas observações dizendo que, pensando na relação Preço x Qualidade x Prazer, certamente me esbaldaria com o Finca Valdemar Roble e em seguida com o Conde de Valdemar Viura fermentado em barrica que me encantou assim como o Inspiración tinto. Não são necessariamente os melhores vinhos, mas são os que eu compraria, os que se destacaram e me chamaram a atenção. Ótima linha de produtos, mas estes três me seduziram por completo e possuem preço algo mais condizente com o tamanho de meu bolso, ou quase! rs

Bodega Valdemar na Mistral

Ah, os preços arredondei, ok? É isso amigos, por enquanto é só e espero vos encontrar por aqui novamente em breve ou pelas esquinas desta nossa vinosfera. kanimambo, saúde e explorem, porque navegar é preciso!

 

 

Um Novo Pinot na Taça, Gostei.

No extremo sul do Chile, três regiões vêm num crescendo como fronteiras ainda a serem melhor exploradas e conhecidas. Bío-Bío a mais conhecida de que maioria já ouviu falar assim como Malleco, mas o Vale de Itata é um pouco mais recente. Apesar de produzir vinhos desde os idos de 1600, somente em 1994 foi oficialmente designada como uma D.O. (denominação de origem).

O Vale de Itata está pouco mais que 500kms ao sul de Santiago onde, de acordo com especialistas chilenos, se geravam os melhores vinhos do país durante a era colonial. Situadas em pitorescas colinas, as vinícolas tentam agora resgatar esse antigo legado de vinificação introduzindo novas castas, recuperando antigos vinhedos e focando na produção orgânica de mínima intervenção. Solo de rocha granítica, terra úmida descartando necessidade de rega, clima mais frio, variações térmicas grandes, trazem aos vinhos um caráter mineral, de boa acidez e taninos suaves.

Casa Diego PinotFoi desta região que me chegou às mãos este Casa Diego Reserva Pinot Noir, vinho que se situa aí na casa dos R$55 a 60,00 e que provei junto com uma amigo visando colocá-lo, ou não, no portfolio da Vino & Sapore. Ao abrir e no primeiro gole já me veio à cabeça um certo preconceito que tenho contra os Pinots do novo mundo que geram até vinhos de qualidade, porém escuros, bastante extração de taninos e cor, a meu ver sem qualquer tipicidade da cepa e, se às cegas, poucos a identificariam. Mais um pensei eu, lego engano!!

Com passagem de dez meses por barrica, que imagino sejam de segundo e terceiro uso,a presença da madeira não se sente tanto, estando algo sutil. Na primeira fungada o que me veio à mente foi fruta madura, na boca médio corpo, com essa fruta aparecendo de forma mais compotada o que, a meu ver, não combina muito com a Pinot. Com um tempo em taça,no entanto, essa sensação de fruta mais madura foi sumindo e a tipicidade da Pinot começou a aparecer de forma mais convincente e sedutora. Frutos mais frescos e delicados, algumas notas animais, taninos finos, boa acidez, e um final algo mineral. Pelo preço achei bem bacana então acabei por tomar um tempinho a mais pesquisando a região para poder compartilhar o vinho com os amigos.

Mais um que passou pelo meu crivo e aprovou e lhes digo, cada vez mais complicado encontrar bons vinhos nessa parte mais baixa da pirâmide de preços, então fico contente quando acho um. Espero que quem tiver a oportunidade de o conhecer acabe tendo a mesma impressão que tive, saúde! Kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aí! Uma ótima semana para todos.

Quatro Quimera, Um Sonho Alcançado!

Já falei aqui desse incrível vinho da Achaval Ferrer, na minha opinião a melhor relação custo x beneficio por eles elaborada, e por mais de uma vez pois é daqueles vinhos que para mim estão sempre na minha lista de vinhos argentinos a ter na adega. Agora, não é todo dia que aparece a oportunidade de num mesmo dia provar quatro dessas belezuras, quatro safras muito diferentes entre si, uma verdadeira esbórnia hedonista que somente foi possível pela amizade dos confrades e pela generosidade tão peculiar aos enófilos.

Como sempre digo, apesar de Quimera (um ser mitológico) querer dizer “o sonho inalcançável”, nestas garrafas o sonho foi amplamente realizado mostrando que a busca, a dedicação e a competência podem sim realizar sonhos. Todos estupendos, mas cada um apresentando sua própria personalidade, até porque existem algumas pequenas variações de castas na composição ano a ano e, obviamente, as condições climáticas de cada safra.

2006 – Divino néctar já mostrando notas terciárias, mas de cor ainda viva, boca incrívelmente apetitosa, rica e complexa, me esbaldei! Malbec, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot

2007 – Fruta bem mais presente, vibrante, grande equilíbrio, fresco,longo com a marca da Malbec algo mais presente, excelente vinho mostrando muita classe! Mesmo corte do 2006

2008 – Muito bom, mas talvez o mais errático deles. Já tomei outros que estavam melhores. Este mostrou que ainda necessitará de um par de anos em garrafa para terminar de se integrar encontrando seu melhor equilíbrio. Às uvas já usadas nas safras anteriores, foi acrescentada uma pitada (3%) de Petit Verdot.

2011 – Grande, um 2006 in the making! Um pouco mais de Petit Verdot no corte e faz uma tremenda diferença. Dei uma passada no magic decanter e uau, que complexidade, ótima paleta olfativa que convida à boca, novo porém mostrando uma pujança e elegância ímpares. Para tomar já e se divertir, mas quem tiver paciência vai se esbaldar daqui a uns três a quatro aninhos! Basicamente o mesmo corte que o 2008, porém creio que há um pouco mais de Petit Verdot por aqui.

quimera vertical

A busca da perfeição, por isso uma Quimera, é um deleite para nós enófilos, um vinho que creio mostra bem a evolução do vinho argentino no quesito blends. Muita coisa boa na terra dos hermanos e este é certamente um dos melhores que eu gostaria de ter sempre em minha adega, um baita vinho e um porto seguro para grandes prazeres enófilos! Que bom ter amigos assim, um baita privilégio, saúde, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui. Uma ótima semana, com poucas aporrinhações e belos vinhos na taça.

Argentina Rica em Vinhos Brancos, Sabia?

É gente, a maioria quando pensa na Argentina como produtora de vinhos de qualidade só vê tintos pela frente, mas em minhas andanças por aquelas bandas as descobertas têm sido muitas. Já falei aqui sobre a Argentina sem Malbec, sobre Malbecs com perfis diferentes sem excessos, mas não me lembro de ter louvado os brancos então estava na hora!

Que sou um amante de vinhos brancos não é segredo para a maioria que me lê chegando ao ponto de cunhar a frase de que os brancos são a pós graduação dos vinhos e acredito piamente nisso. Cheios de sutilezas, são vinhos que mostram grande diferenciação entre as uvas usadas, vinhos vibrantes e alguns extremamente complexos quebrando um monte de paradigmas como os conceitos de longevidade e até do uso de decanteres para aerar algumas preciosidades, é um outro mundo que, em minha opinião, deveria ser mais explorado por todos. Mais, não tem clima apropriado, tanto faz no inverno como no verão, depende muito mais do que você vai comer e com quem vai estar, o resto é o resto! rs

Tendo dito isso, vamos falar dos vinhos brancos argentinos com dez sugestões de rótulos que eu provei e recomendo como excepcionais em sua categoria, porém há um grande número de belos vinhos a explorar bastando baixar a guarda e sacar rolhas sem preconceitos pois pode-se viver grandes momentos e descobrir enormes surpresas tente! Entre as uvas brancas, a Torrontés segue liderando com cerca de 27% da produção total seguida da Chardonnay com aproximadamente 16%, Chenin Blanc e Sauvignon Blanc com cerca de 6% cada e depois a Semillon e Viognier com 2% cada e a Riesling com menos de 0,5%.

A Torrontés, que representa para os vinhos brancos o que a Malbec representa para os tintos, já produziu vinhos de pouca qualidade, algo enjoativos e de difícil aceitação por aqui, mas em recente viagem provei alguns vinhos incríveis, a maioria de Salta. Os Viticultores aprenderam a trabalhar melhor a uva nos vinhedos e os enólogos a extrair dessas uvas um vinho de qualidade superior, vinhos a serem explorados pelos mais céticos e preconceituosos seguidores de Baco.

Argentinian Wine Grapes Clipboard by JFC

Eis então, uma seleção de vinhos excecpionais que eu adoraria ter em casa sendo que alguns dos rótulos, lamentavelmente, só comprando por lá mesmo.

Susana Balbo Signature Torrontés Barrel Fermented (Mendoza)- apesar de eu destacar os vinhos de Salta, para mim este exemplar é o melhor Torrontés do país com uvas de Altamira no Vale do Uco e leve passagem por madeira. Sublime e, a meu ver, um dos melhores brancos argentinos!

Montesco Água de Roca Sauvignon Blanc, Passionate Wines, Matias Michelini – Uma mineralidade incrível e marcante, um vinho inesquecível e uma experiência única. Vem da região mais alta mendocina, Gualtallary em Tupungato. Bebendo da fonte nas montanhas, demais!

Mendel Semillon (Mendoza) – Este vem pelas mãos do lendário Roberto de la Mota, vinhedos do Vale do Uco em pé franco com mais de 70 anos de idade, vinte porcento passa em barrica por uns seis meses, que é o que lhe dá a untuosidade porém sem cobrir o frescor e a fruta muito presentes. Floral (frutos secos) nos aromas, boga rica e fresca de boa persistência, gostei muito! Vem de Mendoza

Humberto Canale La Morita Riesling Old Vineyard (Patagônia)- uma enorme surpresa esse vinho que é elaborado com uvas de vinhedos muito antigos (1937). Macio, fresco (particularidade dos vinhos desta zona), uma leve agulha, longo e muito elegante com notas sutis minerais e algo de limonada e maçã verde, gostei muito e me surpreendeu!

Alma Negra Viognier de Ernesto Catena (Mendoza) – predominantemente Viognier, leva um tempero de Chardonnay e Gewurztraminer que fazem diferença. Provei este vinho comendo em Puerto Madero num restaurante de culinária peruana, e foi dos deuses! Um vinho que surpreende e um dos melhores Viognier que já tomei. Fermentado em barricas francesas de 2º uso com posterior estágio de seis meses em barricas novas e usadas (2º e 3º uso) francesas e americanas, show!

Bressia Lagrima Canela (Mendoza) – Chardonnay com Semillon elaborado com uvas da região de Tupungato com vinificação e estágio em barricas novas americanas e francesas por 14 meses. Um branco de grande estrutura, complexo e longevo, pede tempo e é um crime tomá-lo jovem, melhor com uns quatro a cinco anos de vida, vinhaço!

Viña Alicia Tiara (Mendoza) – demais este vinho, em linha com o anterior, um vinhaço de grande complexidade. Vem de Luján de Cuyo, vinhedo em Lulunta, e é um blend de Riesling, Albariño e Savignin que prima pelo vigor e frescor, um vinho que há tempos me encanta,só inox, só fruta!

El Enemigo Chardonnay (Bodega Aleanna) – existem diversos ótimos Chardonnays argentinos, mas este sob a regência de Alejandro Vigil, está uns pontos acima em minha modesta opinião. O vinhedo está em Gualtallary o que já é um plus em função da altitude que lhe aporta excelente acidez e boa dose de mineralidade. Doze meses em barricas francesas só 35% novas, sem battonage deixando as leveduras criar “flor” (um tipo de véu sobre o mosto) resultando em complexidade de aromas, bom corpo, um chardonnay diferenciado e cativante.

Para finalizar esta curta lista de destaques, quero falar de dois vinhos brancos doces que acho muiiito especiais:

Tukma Torrontés Tardío (Salta) – me encantou e me arrependo amargamente de na hora da prova não ter dado um jeito de comprar umas garrafas! A Torrontés produz muito bons late harvests especialmente quando temperada com uvas tipo Riesling ou até Sauvignon Blanc aportando acidez, mas este está perfeito solo! Vinhedos com mais de 50 anos a 1900 metros de altitude, sutis notas florais típicas da casta, citrico, muito bem balanceado, me encantou.

Saint Felicien Semillon Doux (Mendoza) – Luján de Cuyo, colheita tardia com Botrytis, um “sautern” com um jeito argentino de ser! Somente 20% passam por barricas francesas novas por 12 meses e o restante do vinho fica em tanques de inox sobre borras (Sur Lie) para posterior blend e engarrafamento. Recomendo, uma delicia de notas amendoadas, baunilha, muito bem balanceado por uma acidez muito bem colocada, delicia! Mais um vinho com a mão do amigo Alejandro Vigil.

Enfim amigos, é isso e sei que muitos terão outras escolhas e sugestões, pode comentar e acrescentar, há muita coisa boa por aquelas bandas eu só listei alguns destaques entre os que eu tomei pois só falo de minhas próprias experiências. O post hoje foi mesmo para desmistificar o mundo vitivinícola argentino para alguns e para outros instigá-los a “viajar” por um mundo de cores e sabores diferentes. Se quiser, pode também entrar na seara dos vinhos laranjas, o que não é para todos os paladares, explorando mais um vinho do amigo Matias Michelini da Passionate Wines, o Inéditos Brutal Torrontés, uma experiência marcante! Salud, kanimambo, uma ótima semana e seguimos nos encontrando por aqui ou por aí, na diversidade dos caminhos de nossa vinosfera!

 

 

 

 

Cara Sur Criolla um Vinho Que me Seduz!

Não sou de falar de vinhos que não estejam disponíveis no Brasil, mas devido à proximidade da “fonte”, vou excepcionalmente abrir uma exceção para falar deste vinho diferenciado que me encanta a cada garrafa que abro. Lamentavelmente abri minha última garrafa hoje, porém fica aqui meu pedido a todos que forem a Buenos Aires ou cara sur Criolla 1Mendoza, podem trazer algumas que as receberei de braços abertos! rs Não tem em tudo o que é lugar, até porque a produção anda na casa das 1000 garrafas, mas na Vinoteca JÁ de meu amigo Joaquin Alberdi tem e também na Ozono Drinks, uma loja virtual. Acho até que talvez já possa ter escrito algo sobre ele antes, mas “so what”! Precisei compartilhar com os amigos minhas emoções hoje, eta vinho vibrante, pra lá de porreta!!! rs

A uva Criolla é “prima irmã” da País chilena também conhecida como criolla chica por lá e a uva do vinho até a chegada das uvas “europeias” em 1852. É a uva trazida pelos colonizadores que se propagou por toda a costa leste latino americana onde também é conhecida por Mision (Mexico). Cá entre nós, existe uma moda com esta uva no Chile mas não consegui provar nenhum vinho deles que chegue aos pés deste, puro deleite hedonistico! Este projeto tem como inspiração a escalada que Francisco Bugallo fazia à face sul do Cerro Mercenario (6700m) no valle de Calingasta na província de San Juan. São 10 hectares apenas dos quais 80% con uvas Criolla de vinedo com mais de 80 anos de idade. Em sociedade com Sebastian Zuccardi (não sei se ainda de pé?) nasce este vinho fermentado em ovos de cimento com uso de leveduras naturais que desce gostoso, alegrando e dando prazer à vida.

Quem me apresentou a este vinho foi um outro amigo mendoncino, o Chef Pablo del Rio, que em seu restaurante harmonizou este vinho com um dos pratos de seu ótimo e surpreendente menu degustação no restaurante Siete Cocinas, adoro as surpresas que elecara sur Criolla taça traz à mesa e à taça! Simplicidade é o segredo do vinho, um “Q” de Pinot com um jeito mais agreste, fruta fresca, toque de especiarias, leve nuance vegetal, gostoso frescor e um um final que persiste num prazer infindável. Brilhante, cor viva e convidativa, para tomar refrescado, 15 a 16 graus, e acompanhar a presença de amigos independentemente de comidas ou qualquer outra coisa. Hoje foi a dois, depois acompanhou uma deliciosa costela suína Lemmon & Pepper (Srs. da Carne) no forno e finalizei solo, um vinho para diversas ocasiões onde o prazer hedonístico seja o protagonista. Pena que foi minha última garrafa e preciso pedir mais, em terra dos hermanos custa entre 220 a 240 pesos e vale cada centavo!

Na próxima visita por aquelas bandas, vai por mim, pega algumas garrafas! Não é vinho para os amantes dos vinhos potentes, mas para quem gosta de vinhos sutis, que trazem experiências novas, sedutores e alegres, este eu garanto. Bom, Gostoso e Barato, tudo aquilo que eu gosto e quero mais!!!

Salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aí nas estradas de Baco!

Mais um Pinto Sobre a Mesa

De acordo com o site do produtor, Quinta do Pinto , “Reza a história que o vinho aqui produzido, há dois séculos atrás, se destacava de tal forma na região que valia mais Pintos, a moeda de ouro em circulação no reinado de D. João V. Este vinhoPinto - Moeda de Don João V - 1720 chegou a ser famoso nas cortes europeias há época. Acresce que o senhor Pinto foi, em tempos, um carismático feitor desta propriedade. Desde então que, na região, a quinta é referida como ‘o Pinto’. Feliz coincidência, Pinto é também o apelido dos actuais proprietários. A ‘Quinta do Pinto’ tornou-se, assim, o nome do nosso projecto vitivinícola e de um dos vinhos que produzimos com muito orgulho.” Pinto é também o sobrenome de meu padrasto e de muita gente boa como o amigo Bernardo. Brinco com isso, mas esses Pintos são coisa séria!

Já falei aqui sobre um Sauvignon Blanc deles, tenho um blend ainda na adega, mas hoje falo Pinto Tourigamesmo é deste incrível Touriga Nacional, um vinho inebriante elaborado em tanques de cimento com posterior passagem por barricas francesas de 2º e 3ª usos para lhe dar complexidade sem esconder seus predicados, que são muiitos! Ao sacar-lhe a rolha, só pelos aromas intensos e convidativos já percebi que estava frente a frente a frente a  um belo vinho, porém ao colocá-lo na taça vi que era mais que isso, era um vinho num patamar outro de qualidade, daqueles vinhos com os quais não nos deparamos de forma tão amiúde assim. Touriga Nacional muito bem trabalhada, primando pelo equilíbrio, riqueza de sabores, bom corpo, estrutura para alguns anos a mais de guarda, mas já absolutamente delicioso e de uma finesse que impressiona. Não foi uma degustação, estava comemorando meu aniversário de casamento e o Dia das Mães, família reunida uma alegria só e o vinho parou por minutos a algazarra! rs Não fiquei tomando notas, coisa de enochato parar para fazer isso num momento daqueles, mas posso dizer que nos seduziu a todos e vou querer mais!

Harmonizou maravilhosamente bem com uma picanha finalizada no réchaud com Pinto e Picanha inteiramanteiga, tudo bem light, tendo-nos deixado a todos bem mais felizes do que já estávamos. Uma verdadeira orgia hedonística esse Pinto! Mais um bom vinho português, desta feita vindo da região Lisboa que vem nos trazendo alguns ótimos exemplares tornando-se uma alternativa aos mais famosos Douro e Alentejo. A importadora é a Almeria de meu amigo Juan Rodrigues e o preço creio que anda na casa dos R$230,00 o que não é lá muito em conta, porém ao analisar a qualidade e comparar com o que há no mercado, de diversas origens, nessa faixa de preço acho que vale e bate a maioria. Para quem gosta de vinhos classudos, não deixe de colocar este em sua lista de desejos, esse eu assino embaixo.

Saúde, kanimambo pela visita e seguimos nos vendo por aqui ou algum outro local desta nossa diversa e sedutora vinosfera.

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