Na Minha taça

Melhores Vinhos de 2014

Todo ano publico algumas listas em cima dos vinhos provados no ano e não poderia deixar este ano em branco, mesmo porque foi especialmente rico. Em função das muitas provas de vinhos argentinos e algumas viagens a Mendoza com a Wine & Food Travel Experience, uma grande parte dos rótulos em destaque vieram de lá. A lista é em função do que provei no ano, posso repetir rótulos de outros anos, e a cada ano essa lista tem maior ou menor influência de determinado país ou região de origem (dependo das oportunidades de prova) e sempre levando em consideração o preço, porque acredito ser meu papel compartilhar com os amigos vinhos minimamente viáveis ao consumidor que dá um duro danado por seu din-din e sabemos que tudo, não só os vinhos, está pela hora da morte neste nosso Brasil sofrido e arroxado.

Pois bem, afora os meus 12 Deuses do Olimpo do ano, normalmente listo meus destaques por faixa de preço pois em cada uma delas existem vinhos que se sobressaem dos outros, mas este ano farei algumas outras mudanças dividindo-os também por tipos de vinho e começo por vinhos de sobremesa e espumantes.

Vinhos de Sobremesa:

Invariavelmente os bons têm preços algo altos, mas isso é muito relativo pois se falarmos de um elixir dos deuses datado de 1973 custa algo ao redor dos R$350,00 não me parece fora de propósito! Mas vamos a esta curta lista com, sempre, seus preços médios de referência São Paulo.

  • Nederburg Noble Late Harvest – África do Sul – R$89 a 95,00. Um achado e a melhor relação qualidade x https://falandodevinhos.files.wordpress.com/2014/08/nederburg-noble-late-harvest.jpgpreço x prazer neste quesito. Precioso com queijos azuis Leia mais clicando aqui, Amazing Grace!
  • Vinserus Cosecha de Otono – Argentina – R$55,00 colheita tardia de Malbec uma grande pedida com bolo de chocolate e frutas do bosque.
  • H&H Bual 15 anos – Portugal/Madeira – R$250,00 para tomar de joelhos harmonizando com uma torta de nozes, figos e maçãs.
  • Susana Balbo Signature Late Harvest – Argentina – R$110,00 também de Malbec, muita classe e complexidade que foi grande parceiro para um panetone de chocolate.
  • Quinta da Bacalhôa Moscatel Roxo 1998 – Portugal/Setúbal – R$200,00 envelhecido em barricas de whisky trazidas da Escócia, é marcante e inesquecível. Com panetone de frutas ficou divino, mas solo é também inebriante.
  • Taylor’s Porto Tawny 10 anos e Graham´s Porto Tawny 30 anos – Portugal/Douro – Dois grandes vinhos. Um provado em confraria direto da origem e o outro provado em evento, ambos sem preço, mas bons demais!

Espumantes:

Todas as reuniões de Confraria são abertas com um espumante que é uma bebida que me seduz. Dos mais simples aos mais complexos, cada ocasião tem o seu e eu me esbaldo! Quase todo o fim de semana abro uma garrafa, neste verão então!

  • Don Bonifácio Brut – Brasil/Caxias do Sul – um achado, pois não chega nas 40 pratas e é super fresco e vibrante. Ótimo em festas e eventos ( satisfaz a gregos e troianos), verão, em casa é coringa e tem sempre uma garrafa na geladeira!
  • Don Bonifácio Moscatel – Brasil/Caxias do Sul – a versão docinha do produtor, porém bem balanceada por uma acidez intensa que atenua o residual de açúcar típico deste estilo de espumante. Bom com queijos azuis, sobremesas ácidas (tortas de frutas como kiwi e framboesa ou cheese cake de frutos vermelhos) ou salada de frutas com sorvete de creme. Combina com beira de piscina de também!
  • Campos de Cima Extra-brut – na verdade da Campanha Oriental no extremo sul do Rio Grande do Sul, uma grata surpresa no ano passado (13) que comprovou e mostrou consistência ao longo de 2014. Bem seco sem perder o frescor, equilibrado com ótima perlage. Na casa dos 50 a 55 reais é uma tacada certeira.
  • Villaggio Grando Rosé Brut – para mim o melhor rosé nacional que conheço, excetuando o Orus que é de outra galáxia, e que costuma dar banho em seus concorrentes importados como o bom 3B da Filipe Pato (português). Creio que teve um leve aumento agora e ficou perto dos R$60,00 mas vale muito a pena, um espumante vibrante e muito bem feito por este importante produtor da Serra Catarinense.Borghel e camarão
  • Villaggio Grando Brut – o único com as três uvas de champagne ( Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meuniere) produzido no Brasil. Na mesma casa de preço do Rosé, mais uma vez muita qualidade presente, complexo, bom volume de boca e perlage persistente. Muito bom.
  • Valmarino & Churchill Nature NV – Também tem o Prestige que passa o dobro do tempo em barrica, mas este NV (não safrado) com o vinho base passando 3 meses em barrica americana, é um espumante diferenciado e possui uma relação de preço mais interessante. Uma experiência diferente que seduz facilmente quem tem uma queda por espumantes mais complexos e de personalidade própria. Anda na casa do R$70 a 75,00.
  • Collin Cremant de Limoux – Para quem quer um espumante francês mas não quer Champagne, eis aqui um belo exemplar de Cremant (espumante francês elaborado pelo método clássico Champenoise fora da AOC Champagne) por um preço bem mais camarada, na casa dos R$95,00. Gosto muito; sofisticação e equilíbrio com um preço bacana, difícil não gostar.
  • Contessa de Borghell Rosé – um espumante dry italiano da região do Friulli (norte do país, região de bons brancos e espumantes) com um residual de açúcar algo maior, porém com uma acidez marcante que gera um balanço muito agradável. Ótimo aperitivo e uma boa companhia para comida japonesa (sushis e sashimis da vida) ou até uns camarões empanados bem sequinhos numa tarde de verão! Preço ao redor de R$45,00, para ter em casa sempre.
  • Luis Pato Maria Gomes Brut – afora o nome inusitado da uva que no sul de Portugal atende pelo nome de Fernão Pires, é um espumante da Bairrada que surpreende a maioria que o prova. Tem umas notas sedutoras algo florais nos aromas e na boca mostra-se jovial porém maduro, fresco, equilibrado e muito rico. Mais um que me atrai por suas diferenças! Na casa dos R$95 a 98,00 é um belo espumante a ser servido para quem gosta de provar coisas menos comuns, recomendo.
  • Cave Geisse Terroir Nature – entra ano, sai ano sempre um grande espumante na taça fazendo muito champagne corar. Complexo, equilibrado, citrico com toques de brioche, seco, longo com ótima perlage é certamente um dos melhores se não o melhor espumante nacional da atualidade. preço na casa dos R$125,00.
  • Champagne Barnaut Grand Cru Grand Reserve Brut – França – R$250,00, um vinho para momentos especiais. Custa o mesmo dos champagnes genéricos que fazem a cabeça dos amantes de marca, porém dá de dez! As comunas Grand Cru são somente 17 das mais de 300 da AOC e premiam os melhores terroirs da região. Complexo, um grande champagne com o qual brindarei a meus 60 anos daqui a alguns dias, eu mereço!! Rs

Bem, por hoje é só e no fim de semana já dá para curtir alguns destes, o que acham? Semana que vem finalizo minhas listas de Melhores de 2014 que, como de costume, não sei quantos serão, porém aqui já compartilhei dezesseis rótulos! Cheers, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui ou em qualquer esquina de nossa vinosfera. Bom fim de semana.

Grandes Vinhos de Sobremesa Lusos

Nas últimas semanas encerramos as atividades do ano com quatro confrarias que administro e dou consultoria, só com grandes vinhos (falarei deles no ano que vem) pois os saldos de caixa estavam excelentes. O incrível foi que terminamos as festividades de cada um com um vinho de sobremesa e em todas o final se deu com um vinho português mostrando, também aqui, uma enorme diversidade e singularidade, uma marca lusa! Vinhos doces, de sobremesa, fortificados, podemos chamá-los de diversos nomes porém em todos reina a excelência e o fator de que eles, por si só, já são a sobremesa. Na duvida, no entanto, qualquer um deles vai muito bem com tortas de frutos secos, amêndoas, nozes, doces conventuais portugueses e, certamente, queijos azuis!

Quatro vinhos, três regiões, porém a mesma excelência e sedução a cada fungada, a cada gole uma nova sensação e emoção. São elixires como estes que nos levam ao nirvana e surpreendem a maioria dos que desconhece essas preciosidades. As garrafas vazias foram para meu altar de Bacco, onde ficam as lembranças dos grandes vinhos tomados!

Henrique e Henrique’ Madeira Bual 15 anos – Os Madeira também são vinhos fortificados que em sua elaboração passam por um processo único, o “cozimento” ou como eles denominam por lá, “estufagem” que consiste em uma passagem por no mínimo três meses em tanques especiais de inox com serpentinas de água quente circulando dentro do tanque. Posteriormente são colocados em cascos de madeira para envelhecimento. Magnifico exemplar de madeira elaborada com essa uva que poucos conhecem; a Bual ou Boal. Desta uva saem vinhos meio doces com notas de frutos secos e este mostrava claramente figos secos que harmonizou magistralmente com uma torta de nozes com figos e maçã que o amigo Ney Laux, cozinheiro de mão cheia, fez na Confraria Vino Paradiso. Maravilha engarrafada, notas de caramelo, complexo com notas oxidativas, deixou muita gente suspirando!

Casa de Sta. Eufêmia Special Reserve Porto branco 1973 – uma obra do acaso e da qual sobram alguns poucos mil litros por engarrafar. Um Porto Branco Envelhecido de tirar o fôlego. Nos aromas, algo de pêssego, frutos secos, damasco tudo muito sedutor e delicado. Na boca demonstra mais uma vez todo o seu equilíbrio de uma forma untuosa, gorda e macia num ótimo volume de boca lembrando um tawny envelhecido, final muito longo em que as amêndoas, mel e frutos secos se apresentam muito presentes e com enorme persistência. Surpreendente e arrebatador! Se deu muito bem com o Panetone Loison Tradicional com frutos secos, que aliás também serviu de harmonização para outros vinhos. Um grande vinho que embalou as Enoladies em mais um final de ano, o quarto!

Quinta da Bacalhôa Moscatel Roxo 98 – de Setúbal, um vinho que passa 9 anos em cascos de whisky usados trazidos da Escócia, mais uma obra prima lusa advinda de uma uva com cultivo limitado á região. Gosto dos vinhos moscatel lusos, sejam eles de Setúbal, tradicionalmente melhores, ou do Douro de onde já provei alguns grandes exemplares, mas a Moscatel Roxo é diferente. Extremamente sedutor, com notas florais que me fazem recordar laranjeira e rosas, com algo de frutos secos e mel, talvez até influenciado pela incrível cor amarelo dourado, quase topázio, uma verdadeira preciosidade. Tudo isso, no entanto, não convence se quando chega à boca esses aromas morrem e são substituídos por um liquido xaropento, enjoativo e sem vida. Este Moscatel Roxo da Quinta da Bacalhôa é o oposto de tudo isso, pois possuí uma acidez maravilhosa que lhe aporta uma personalidade muito vibrante, elegante, de grande leveza e maciez que convidam ao próximo gole. Também acompanhamos com Panetone Loison, mas nem precisava e os amigos confrades da Quinta Divina não me deixam mentir!

Taylor’s Tawny 20 anos – sempre preferi os 20 anos á maioria dos 30 anos e quase sempre dos de 40 anos, não sei porquê então não me peçam para explicar! Este tinha provado recentemente num evento do Douro, porém tomá-lo e ainda por cima na companhia dos amigos da Confraria Saca Rolha teve um gosto para lá de especial. Grande Tawny de Idade que certamente a porta voz da confraria saberá descrever quando escrever o relato de sua experiência que publicarei aqui, como sempre. Por agora, só digo que este tinha um toque de especiarias que não apareceu em nenhum dos outros três. Um vinho de incrível harmonia, obrigado Raquel, um encerramento à altura dos outros grandes vinhos da noite!

Vinhos de Sobremesa Portugueses FV

Mais um ano se foi e mais um montão de bons vinhos provados enriquecendo a vida enófila dos participantes das confrarias. Vinhos baratos, vinhos caros, vinhos complexos, vinhos francos, vinhos tintos, brancos e rosés, de todas as origens, de diversos estilos e uvas, o foco é sempre a diversidade! Cada confraria conheceu no mínimo dez diferentes espumantes (todos os encontros são abertos com eles) e provou 80 diferentes vinhos então, pelo menos enófilamente falando, foi um ano bastante proveitoso. Por sinal, tenho amigos perguntando quando abrirei confrarias em São Paulo, pois bem eis uma noticia em primeira mão para quem estiver interessado, 2015 está chegando e há planos para duas novas confrarias mensais na zona oeste de Sampa. Quem tiver interesse em receber um grupo de até 14 pessoas mensalmente ou queira participar de uma destas confrarias, deixe seu interesse registrado nos comentários que entrarei em contato.

Salute e kanimambo pela visita. Espero seguir sendo merecedor de sua visita em 2015 e caso precise, estarei de plantão na Vino & Sapore até dia 24 ás 18 horas e se quiser começar o Ano Novo em grande estilo, venha comigo a Mendoza!

Briego Crianza, mais um Belo Ribera na Minha Taça

Recentemente abri este vinho na loja com alguns amigos para ver se entrava ou não no portfolio junto com seu irmão mais novo o Briego Roble sobre o qual já teci meus comentários aqui. Mais um vinho que agradou em cheio (a Rejane não me deixará mentir) e nos faz refletir sobre a quantidade de produtores pouco conhecidos por aí que fazem alguns caldos muito especiais. Por isso bato tanto na tecla da diversidade e da infidelidade no mundo do vinho. Seja fiel à sua família, à empresa, aos seus negócios e fornecedores, à sua loja ou lojas preferidas, porém não seja fiel ao vinho, deixe-se levar por novos produtores e descubra novas sensações, é muiiiito bom! Tudo bem, tenha seus portos seguros, mas não deixe de viajar pois o sabor da descoberta faz valer a pena.

Briego crianzaBem, mas voltemos ao vinho e ao produtor. Briego significa luta, pelo vinho e pelas terras de uma região na Ribera del Duero que prima por vizinhos de primeiríssimo nível como Veja Sicilia, Pingus, Mauro, Protos, Carraovejas, Pesquera, Alión entre outros famosos, uma região algo mais distante do rio Duero conhecida como “Milla de Oro”,a parte mais nobre da D.O.. Escondido entre tantas estrelas, se esconde este produtor que agora conhecemos, Bodegas Briego, um produtor a ficar de olho!

Um Crianza na região de Ribera del Duero (como em Rioja) necessita passar um mínimo de 12 meses em barricas de carvalho e 12 repousando em garrafas onde afina, antes que possa ser lançado no mercado, porém este Briego Crianza tem um pouco mais. O vinho passa 14 meses (8 em barricas americanas e 6 em francesas) e mais 14 em bodega para só depois chegar em nossas taças. Elaborado com 100% de Tempranillo.

Como no Roble, sua paleta olfativa surpreende por sua riqueza e intensidade chamando-nos a atenção já na abertura da garrafa e se superando na taça quando mostra todo o seu potencial de aromas que nos convida a levar a taça á boca! Surpreende porque os Ribera costumam ser mais exuberantes em boca do que no nariz, mas este exemplar consegue nos despertar sensações em ambos. Fruta madura explode no nariz com suaves nuances mentoladas e algum caramelo. Entrada de boca sedutora ganhando volume no meio de boca onde a parece a tradicional estrutura dos vinhos região. A fruta aqui está mais fresca, acidez média, harmônico com taninos aveludados mais presentes no final de boca deixando um retrogosto de boa persistência onde aparecem nuances de tabaco, tostado e algo de especiarias.

Complexo, é um vinho que agrada sobremaneira e custa na praça algo ao redor das 140 pratas, em linha com vinhos similares disponíveis no Brasil. Importado pela Almeria do amigo Juan, um cara que conhece bem os vinhos de Espanha! Salute amigos e kanimambo pela visita. Uma ótima semana a todos.

Chile Annual Wine Awards – Estes Eu Provei!

CAM01256Estes eu provei e gostei! Como disse ontem, enquanto o pessoal discursava e divulgava os ganhadores, nós comíamos e sorvíamos alguns dos medalhistas deste concurso. Alguns desses rótulos chegaram a ser indicados entre os três classificados para a final dos troféus, só belezuras! rs As fotos ficaram horríveis, mas…… Eis um curto resumo dos que mais se destacaram na minha taça.

Coyan – sempre um porto seguro. Muito rico e equilibrado, guloso e ainda por cima ôrganico o que é um plus.

Tralca – da Bisquertt é um corte de Cabernet Sauvignon, Carmenére e Syrah, tendo estado entre os três finalistas na categoria Premium Red. Um vinho marcante com ótima entrada de boca, boa estrutura e volume de boca. Um belo vinho para tomar agora e guardar por mais uns anos.

Cousino Macul Finis Terrae tinto – é a segunda vez que o provo e a segunda vez que me delicio com ele. Entre os finalistas na categoria Blends Tintos, é um vinho muito elegante e fino, um corte de Cabernet Sauvignon e Merlot de dar água na boca. Desta feita também conheci o branco, um corte de Chardonnay, Riesling e Vignier muito bem balanceado e apetitoso que recomendo. Essas garrafas eu teria em minha adega fácil, dependendo do preço obviamente!

Millaman Reserve Zinfandel – uma grata surpresa com uma uva pouco comum fora dos Estados Unidos e Austrália. Muito agradável, com um toque mais chileno e final menos doce, uma garrafa para curtir e surpreender os amigos.

Odfjell Winemaker’s Travesy – gosto deste produtor e este blend foi desenvolvido com duas uvas que, em minha opinião, geram dois de seus melhores varietais; a Malbec e a Carignan que aqui ainda levou uma parte de Syrah. Concentrado, intenso e untuoso, belo vinho!

Casa Lapostolle Borobo – bem, para mim a grande surpresa. Tenho algum preconceito, confesso, para com este produtor pois sempre achei seus vinhos algo exagerados. Super extração, alto teor alcoólico, nunca fizeram minha cabeça com excecão do Cuvée Alexandre Merlot que reputo com um dos melhores do Chile junto com o Marques de Casa Concha. O Borobo é o oposto do conceito que eu tinha e tudo a ver com os vinhos que mais curto, daqueles que você não sabe se funga ou se bebe e, na dúvida, faz os dois com enorme prazer. Absolutamente sedutor, uma obra prima que me encantou e do qual sorvi vários goles recomendando a todos. Complexo blend de Cabernet Sauvignon, Carmenére, Syrah, Pinot Noir e Merlot extremamente elegante e fino sem perder a estrutura, meio de boca cativante, taninos aveludados, final longo, guloso, um vinho para curtir com calma como numa boa relação amorosa, nada de pressa! Gamei, ainda bem que é só vinho!!! Como não chegou na final de Premium Reds não sei, mas eu o indicaria com toda a certeza!

WC Clipboard gold medalists tasted

Bem gente, por hoje chega de “charla”. Ótima experiência essa promovida pela Wines of Chile e um privilégio ter podido estar presente nesse evento. Agora preciso arrumar tempo para finalizar minha reportagem sobre minha viagem à argentina em Outubro!! Aproveitando, não vai vir comigo no Tour Loucos por Vinho, olha que vai perder “big time”, heim?!  Salute, kanimambo e um ótimo fim de semana para todos!

Vinhos Abaixo de Quarenta Que Satisfazem

Díficil a tarefa de encontrar bons vinhos que satisfaçam tanto o palato como o bolso, especialmente abaixo das 40 pratas, mas os há por aí. Tem gente que não acredita, que tem preconceito para com vinhos mais em conta, porém num país de preços exorbitantes de tudo, há que se garimpar esses rótulos. Pessoalmente e não é de hoje, adoro pesquisar esses rótulos até porque sempre tive que pagar por meus vinhos e nem sempre a grana abundou. Estou sempre aberto a receber vinhos para prova nessa faixa de preços, porém é incrível como vem pouca coisa e desses, o tanto que rechaço!

Os vinhos chilenos nessa faixa não têm me agradado muito e mesmo os argentinos que conseguem fazer uns vinhos mais palatáveis estão perdendo para os vinhos Lusos e olha que existe aqui uma diferença alta de taxação, 27%, isso sem falar de custos de transporte! Para mim, a linha que separa o mediano do medíocre, indepentente de origem, é a traçada pelo preço de R$25,00 porém até aí existem exceções (sempre as há) mesmo que bem mais raras.

Portugal FixeJá me referi há um tempinho atrás, de que nessa faixa de preço não tem para ninguém, existe uma série maior de melhores vinhos portugueses nessa faixa de preço do que de qualquer outra origem e para todos os gostos; fruta madura, madeira, sem madeira, alto teor alcoólico, baixo, tintos, brancos, rosés e por aí vai. Hoje listo aqui três vinhos de três regiões diferentes que surpreendem os mais incautos e os esnobes de plantão. Tomados ás cegas, tradicionalmente transmitem uma percepção de valor bem maior, como se fossem vinhos entre os R$50 a 60,00 e desafio você a fazer esse teste. Para mim, uma seleção de bons vinhos para o dia-a-dia com preço para lá de convidativo e, muito mais que medianos, são muito bons vinhos nessa faixa mostrando uma qualidade acima da média.

Costumo dizer que os vinhos conversam com a gente, alguns mais que os outros, e estes já têm um papo bastante agradável, têm o que dizer e o dizem bem! Agora, só toma Carmenére, Cabernet Sauvignon e Malbec, bem nesse caso creio que está perdendo muiiiiito por não ousar e diversificar, mas respeito pois nem todos gostam de blends e esses são todos fruto de uma composição de uvas e muitas autóctones de Portugal. Como diz o ditado, o que seria do amarelo se todos só gostassem do vermelho?! Bem, eis os vinhos e minha rápida e sintetizada opinião sobre eles:

Vinhos lusos abaixo de 40 pratas

VilaFlor tinto – Produzido no Douro Superior pela Casa de Arrochela, é um vinho com blend típico da região; Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz e Tinta Barroca com educados 13% de teor alcoólico, acidez bem equilibrada, ótimo meio de boca (bom de papo), rico, fruta e especiarias bem presentes, taninos aveludados com um final de boca de boa intensidade. O branco é outro achado que ganhou como o melhor branco abaixo de R$50 na Expovinis deste ano e já mencionei aqui.

Confidencial Tinto – Este vem da região Lisboa e conhecemos numa apresentação que o Master of Wine Dirceu Viana Jr., brasileiro que mora em Londres e é o único Master of Wines da língua portuguesa, fez numa máster Class sobre vinhos portugueses e da escolha de seus TOP 50 vinhos lusos para terras tupiniquins. Elaborada pela Casa Santos Lima, é um vinho elaborado com cerca de seis a oito castas não divulgadas. Bem frutado, médio corpo, rico, frutas silvestres, taninos maduros e suculentos, taninos finos com frutos do bosque, notas de baunilha, algum moka de final de boca, um verdadeiro achado que agrada fácil demonstrando perfeito equilíbrio com seus 13% de álcool muito bem integrados e médio corpo.

Monte Perniz – Chegamos ao Alentejo onde a modernidade se une à tradição o que se confirma neste blend de 40% Aragonez, 30% Syrah, 20% Alicante Bouschet e 10% Cabernet Sauvignon sem passagem por madeira. Um vinho mais leve, porém não ligeiro. Taninos mais suaves, fruta mais presente, mas sem aquela sobremadurês com que muitas vezes nos deparamos nos vinhos da região. Todo ele é mais fresco, macio e fácil de agradar. Para acompanhar a pizza de fim de semana ou pratos mais leves, um vinho que não nega a raça!

O bom de todos estes vinhos é que são uma ótima opção para eventos, jantares, casamentos e festas de fim de ano pois são baratos (normalmente se compram caixas), são saborosos e agradam fácil os convivas tanto os mais dedicados aos vinhos como os iniciantes. Tá na duvida do que comprar neste final de ano então viaje um pouco, vá de vinhos portugueses! Aqui estão apenas algumas boas dicas, mas o mercado tem muita coisa boa a ser provada então aventure-se um pouco.

Salute, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui ou melhor, vem comigo para uma experiência única em Mendoza!

Bellini, Um Drink De Sucesso

Há algumas semanas tive a oportunidade de conhecer um drink que está fazendo sucesso no Brasil, o tal do Bellini. Eu conhecia o craque, o capitão que levantou a primeira taça do mundo para o Brasil em 58, mas agora a convite do Winebar e da Expand, provei o drink que tem origem em Veneza, mais Belliniprecisamente no famoso Harry´s Bar, tendo a vinícola Canella (sobrenome do fundador, nada a ver com a especiaria) o conseguido engarrafar em 1988 após diversos estudos e tentativas.

Tenho um profundo respeito pelo Otavio Piva (Expand) que tem história em nossa vinosfera tupiniquim sempre sacando um coelho da cartola quando menos se espera ou dando aquele drible de deixar o adversário sentado no chão num momento crucial do jogo e marcando o gol. Mais uma vez ele comprova essa aptidão, esse feeling que poucos têm e que faz a diferença, com as vendas demonstrando isso. Parece que trazer o Bellini foi mais uma certeira tacada dele já que e o mercado Brasileiro rapidamente se tornou o quarto maior mercado do mundo para o produtor.

Afinal, o que é um Bellini? Não, não é vinho, é um drink à base de Prosecco, o contra rótulo indica ser um frisante, com adição de suco de um pêssego branco especial da região e umas gotas de framboesa para lhe dar cor e com apenas 5% de conteúdo alcoólico. Cá entre nós, não fez a minha cabeça, mas o Champagne Ice também não faz o menor sentido para mim, então isso não quer dizer grande coisa porque o consumidor está comprando bem ambos! Colocar gelo num Champagne é que nem colocar guaraná num whisky 12 anos, acho que há opções mais baratas que darão o mesmo efeito, mas cada um escolhe e gasta como quer então há que respeitar o poder do marketing e o gosto do consumidor.

Achei doce demais e gelar a dois graus como recomendado me parece um paliativo meio sem propósito já que a essa temperatura nada perdura nem sabores nem aromas, porém tenho que confessar que ficou mais apetitoso quando adicionei duas pedras de gelo e também quando adicionei um pouco de espumante brut que tinha aberto. Harmonizá-lo com comida me parece uma aberração, porém umas frutas cítricas poderão até dar certo, mas eu o tomaria como simples aperitivo, descompromissadamente, gelado a uns 5 ou 6 graus sem acompanhamentos a não ser um bom papo ou piscina e, no meu caso, com gelo ou uma adição de uns 20% de um espumante brut bem cítrico e fresco.

Como o consumidor brasileiro tem uma certa queda pelos docinhos, me parece que o sucesso está garantido mesmo a cerca de 85 pratas a garrafa. O drink da moda e da high society que já gera algumas novidades com versões outras como o Rossini com polpa de morango.

Salue, kanimambo e até Segunda quando volto a falar de minha última viagem à Argentina, ainda na Patagônia. Enquanto isso, dê uma espiada no roteiro da Wine & Food Travel Experience para Mendoza dia 21 de Janeiro, IM-PER-DÍ-VEL!! Bom fim de semana

Riesling e Joelho de Porco (Eisbein)

Eisbein 2Uma dupla alemã de respeito em mais um encontro da Confraria Saca Rolhas na Vino & Sapore. Já testei essa mesma harmonização e o resultado foi igual, sozinho o alsaciano se destaca porém ao chegar o prato o alemão mostra suas garras e essa foi a sensação da maioria. O Eisbein pelas mãos do chef e cozinheiro de mão cheia Ney Laux estava perfeito e o chucrute divino, porém como temos uma porta voz, deixemos a amiga e confreira Raquel Santos dar sua visão e compartilhar conosco suas emoções de mais este experimento.

Assim como todo vinho tem uma história, as parcerias que ele faz com as comidas, incluído como parte das refeições, coloca-o lado a lado na história da alimentação.

Esta experiência, com um Riesling, tão comum aos povos germânicos, pode parecer estranho para nós que temos alguns parâmetros pré estabelecidos, como aquela máxima que diz que vinhos brancos devem combinar com peixes ou comidas mais leves, ou mesmo que são vinhos para dias quentes de verão. Curiosamente, podemos constatar que toda as regiões nos arredores do Alpes, produzem principalmente vinhos elaborados com uvas brancas.

No nordeste da Itália (Trentino-Alto Adige e Friuli-Veneza Giulia) reinam Chardonnay, Pinot Grigio, Pinot Bianco, Sauvignon Blanc, Riesling e Gewürztraminer. Assim como na França (Alsacia), onde faz fronteira com a Alemanha, o Riesling do Reno disputam a maestria na elaboração desse vinho, cada um à sua moda. Além da Suíça e Áustria, com suas variedades locais, também dividem sua situação geográfica e o clima alpino.
A harmonização desses vinhos com as comidas típicas de países frios podem parecer à primeira vista algo inusitado. Quando pensamos nos queijos curados, de massa cremosa, ou nas fondues, nos salsichões e joelhos de porco (Eisbein), chucrute, carnes defumadas e condimentadas, o mais óbvio seria pensar num vinho potente, que ampare a gordura e os sabores marcantes. Pois acreditem: Esse vinho pode ser um Riesling! Neste caso a comida entra com o ataque potente e o vinho vem para apaziguar os ânimos mais exaltados. São leves, refrescantes e limpam o paladar, sem deixarem de ser marcantes.

Começamos o encontro bem dentro dos nossos propósitos:
Um espumante italiano da região de Franciacorta. Próximo à cidade de Bressia, as pés dos Alpes, esse DOCG se notabilizou por produzir os melhores espumantes do pais feito pelo método clássico, com a uva Chardonnay:
1. Lo Sparviere Brut 2007 – Gussali Beretta – 100% Chardonnay
Aromas de pão e biscoito amanteigado. Boa persistência, acidez e corpo. Perlage contínua, que se perde um pouco no final. Tinha uma lembrança de outras provas, tratar-se de um espumante com muita pérlage. Daí pode-se perceber que os vinhos não se comportam igualmente em todas as ocasiões.
Na sequencia seria servido o jantar:

Um eisbein suculento que pareceu ter sido cozido na própria gordura, que foi totalmente retirada depois. Acompanhado de batatas cozidas, chucrute e mostarda.
Para acompanhar o prato, dois vinhos:

2. Eugen Müller – Forst – Kirchenstück – 2012
Riesling alemão, da região do palatinado (Pfalz). No início os aromas são tímidos, mas vão evoluindo com o tempo na taça. Percebe-se a mineralidade do solo argiloso, com ótima acidez, corpo persistente e longo. No final, aparecem nuances cítricas e borracha. Muito elegante. Ficou muito bom com a carne que tinha sabores sutis, defumados e da gordura do cozimento.

3. Gustave Lorentz – Vin d’Alsace – Reserve Riesling – 2010
Riesling francês, da região da Alsacia de cor mais dourada, demonstrando alguma evolução. Denso e perfumado. Aromas florais frutas brancas (peras, maçãs e melão). Na boca parecia bem complexo e equilibrado. A mineralidade típica estava presente, com bom corpo e boa acidez. O envelhecimento tirou-lhe um pouco de frescor, sem comprometer, mas dando-lhe mais seriedade. Final com uma doçura que casou muito bem com o chucrute, feito com cebolas caramelizadas e bacon.

Riesling e eisbein 1

Chegou a hora de partir para a sobremesa, mas o que está se tornando tradição nesses nossos encontros novamente aconteceu! A vontade de abrir uma garrafa extra para tirarmos a “prova dos nove”. E a sugestão foi irrecusável: Que tal mais um vinho branco, italiano do Alto Adige, elaborado por uma uva desconhecida por nós? Já ouviram falar em Kerner? A vontade de conhecer foi unânime e igual a qualquer viagem, que quando passamos pertinho de algum lugar interessante, pensamos: Já que estamos aqui tão perto, não custa nada dar uma passadinha lá, não é mesmo?

4. Kerner 2012 – Stiftskellerei Neustift – Abbazia di Novacella
De vinhedos proveniente do Valle Isarco (DOCG), bem ao norte da Itália, quase na divisa com a Áustria, essa uva foi batizada com o nome do médico e poeta Justino Kerner. Plantada principalmente na Alemanha é um cruzamento da Trollinger (ou Schiava) com a Riesling e adaptou-se bem nesse clima dos Alpes. Muito aromático, como pêssegos em calda, maçãs e cítricos. Na boca é muito encorpado, cheio de frutas tropicais(manga). Sua opulência é quebrada pela acidez bem colocada. É daqueles vinhos que quase dá para mastigar! Comparando com o Riesling, o Kerner tem mais fruta, sem perder o mineral, o floral e as notas cítricas típicas da Riesling.

E para encerrar nosso jantar tivemos uma belíssima Tarte Tatin que harmonizou muito bem com mais um Riesling alemão, da região do Mosel, só que com um grau de doçura maior que os anteriores. Um Spätlese, ou seja, de colheita tardia. As uvas atingem um nível de maturação maior antes da colheita e Tartin e rieslingconsequentemente serão mais doces, e mais alcoólicos. Esse me chamou a atenção pela dosagem alcoólica baixa. Apenas 8%.

5. Grans-Fassian 2007 – Piersporter Goldtröpfchen – Spätlese Riesling
Cor âmbar dourado com aromas frutados e minerais. Na boca mostrou certa untuosidade, com bom corpo e refrescância, devido à boa acidez. Sabores cítricos e muita maçã verde. Equilibrado e elegante.

Como podemos ver, nem sempre um vinho feito com uvas brancas significa falta de estrutura para acompanhar pratos mais consistentes ou mesmo, aquela bebida que “quase” poderia substituir a água nos dias de calor. As combinações que podemos fazer entre vinhos e comidas são infinitas e nunca será uma equação matemática. Por isso eu gosto de humanizar essa minha relação com eles. Imaginem uma conversa entre duas pessoas com pontos de vista diferentes. Quando um entende a questão do outro fica mais fácil chegar a uma conciliação. Isso é harmonização!

Ribera del Duero na Taça – Briego Vendimnia Seleccionada

Provei este vinho neste último Sábado. Estava meio down e achei que para levantar o astral só abrindo algo que me surpreendesse. Não conhecia o vinho, porém as indicações eram boas então, what the heck, porquê abri-lo, porquê não, fui lá e filo! Corria o risco de ficar com o saco (desculpem o linguajar) ainda mais na lua porém foi uma escolha para lá de acertada!!

Briego vendimnia seleccionadaAo “descorchar”, os aromas já invadiram o ambiente, antes mesmo de servir na taça, o que me fez abrir um sorriso, meu dia estava a minutos de melhorar pensei, oba! Na taça mostrou que meu sorriso tinha razão de ser, que aromas intensos e sedutores, algo não muito comum a um 100% tempranillo, com muita fruta vermelha no nariz, um passeio no bosque! Na boca essa fruta aparece de forma fresca muito bem integrada com a pouca madeira (cerca de 8 meses) usada em sua elaboração. Taninos macios e finos, meio de boca guloso e de médio corpo, final que pede bis, um vinho apetecível e fácil de gostar numa faixa de preço muito parelha com que o vinho entrega de prazer, em torno dos R$80,00. Mais um tiro certeiro de meu amigo Juan Rodriguez da importadora Almeria. Estou com o crianza deles para provar, e esta experiência com o Vendimnia me deixou curioso!

Fiquei feliz com minha decisão e rapidamente meu astral melhorou. Um pouco depois meu neto chegou e aí pronto, foi a cereja que faltava para completar minha mudança de humor. Mais um bom vinho espanhol provado mostrando que as dificuldades econômicas deles fizeram que nos déssemos bem. Precisaram produzir melhor, com melhores preços e abrir novos mercados e nós acabamos nos beneficiando disso.
Salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.

Montelena Chardonnay Extravaganza!

Quem sabe faz a hora! Ganhei no meu aniversário e o guardava para um momento especial então decidi neste Domingo transformar o dia num dia especial abrindo-o. Acredito que há vinhos que têm essa capacidade, o de transformar o momento, e este confirmou isso!

Montelena 2011Tá certo que o almoço a quatro mãos não ficou atrás, pescada cambuco com molho branco e espinafre (bom pra dedéu), parceiro ideal para as sutilezas e finesse deste vinho que em seus tempos áureos deu um pau nos grandes chardonnays franceses. Ainda há poucos dias conversava com alguns colegas amigos que diziam que o vinho tinha decaído bastante e não era mais o mesmo, mas quem sou eu para dizer algo. Eu o tinha provado há alguns anos e mais recentemente tomei o da safra 2010 que estava sublime e ainda não foi desta vez que ele me decepcionou.

Ok, não está tão bom quanto o 2010, talvez (pelo que me lembro) lhe falte a estrutura e volume desse, porém segue sendo, a meu ver e para meu gosto, um grande vinho que só sinto não ter bala na agulha para me deliciar com ele mais vezes, afinal o preço por estas bandas anda na casa dos R$400,00!! Para um frugal almoço de Domingo, convenhamos que foi uma tremenda extravagancia, mas que diabos eu mereço um carinho especial volta e meia! rs

Este vinho de origem americana se tornou famoso ao ter ganho o Desafio de Paris (quem ainda não viu o filme deve colocar isso na lista como “trabalho de casa”) entre os brancos o que deixou nossa vinosfera boquiaberta há época (1976) e lançou o vinho americano para o mundo. Eu não tenho esse gabarito e tão pouco a litragem de grandes vinhos brancos, especialmente dos franceses, para poder opinar, mas posso confirmar que é realmente um vinho de muita classe e melhor que ele só um Puligny-Montrachet 1ºer Cru que tomei há tempos e está ainda mais caro que isso. Cheio de sutilezas, madeira muito bem integrada e suave dando suporte à fruta abundante, sabores cítricos, lima, macã verde, acidez e mineralidade bem presentes, cremoso, ótimo meio de boca, complexo e longo, um vinho de muitas qualidades (vinho desse preço tem que obrigatoriamente ter, mas nem sempre mostram), que harmonizou muito bem com o prato e me deu muito prazer. Fez meu dia e vai deixar saudades! Valeu filhote, seu presente foi bem curtido, beijo.
Salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.

Francos Reserva 2009 – De Volta às Origens

Olá meus amigos, bom dia e uma ótima semana para todos. Depois de muito falar de vinhos argentinos em decorrência de minha viagem e constantes degustações, volto às origens, a Portugal. Quero compartilhar com vocês um vinho que GarimpeirosIIdescobri há uns seis meses atrás e que fez minha cabeça, Francos Reserva 2009, um vinho de alta gama por um preço surpreendente.

Quem me acompanha sabe que sou um garimpeiro de achados, aquelas pepitas de todos os tamanhos, cores e preços que se escondem nessa imensidão que é nossa vinosfera. Vinhos que me deem a percepção de valor superior ao preço que paguei, e este é um deles.

Bons vinhos portugueses se acham em tudo o que faixa de preços e desafio qualquer um a, ás cegas, fazer um prova de vinhos entre R$25 a 40,00 (os do dia a dia) com qualquer dos países hermanos para ver quem leva! Em todas as gamas de qualidade e faixas de preços, os vinhos da terrinha se dão muito bem, todavia os bons vinhos encareceram, aliás, como boa parte dos vinhos dos Hermanos, para além do razoável razão do porquê este vinho ter me surpreendido tanto. Falamos de um vinho entre os TOP 100 escolhidos pela Revista de Vinhos em Portugal, um vinho de pequena produção sendo esta a primeira safra produzida em homenagem aos 30 anos de atividade de seu enólogo José Neiva, galhardeado com o titulo de Senhor Vinho, pela mesma revista, em função do conjunto de sua obra.

Foi um vinho que, à primeira fungada e primeiro gole, vi que estava diante de um caldo diferenciado. Nós que estamos habituados a exaltar os exuberantes e modernos vinhos alentejanos ou os sérios e complexos durienses, temos aqui uma mescla desses dois estilos mostrando que esta região também pode, e produz,Francos reserva II grandes vinhos. O Francos Reserva vem da região Lisboa, mais precisamente DOC Alenquer, produzido somente em grandes safras (até agora 2009/2011 e 2012) em quantidade limitada, tendo como composição majoritária a Touriga Nacional que é muito bem coadjuvada por Touriga Franca (duas uvas típicas do norte de Portugal) e Alicante Boushet (mais presente no sul). Um vinho que por terras portuguesas custa algo entre 30 a 35 euros!

Este vinho, pelo menos para mim, mostrou-se exuberante na boca e por que não dizer, algo enigmático conforme o descreveu a amiga Raquel Santos em seus comentários aqui mesmo. Já chama a atenção na primeira fungada onde a Touriga aparece de forma bem marcante com suas notas florais, chá preto com uma fruta vermelha (ameixa?) aparecendo por baixo desse pano numa paleta olfativa bastante interessante. É na boca, no entanto, que o vinho mais me marcou com ótima textura, um meio de boca frutado, rico e muito expressivo, bom corpo, notas de especiarias, final de boca fresco e longo que nos deixa pensando….! Os taninos estão bem presentes, porém já integrados, finos e aveludados formando um conjunto harmônico e extremamente apetecível. Meia horinha de aeração e uma garrafa será pouco! Rs

Depois da agradável sensação hedonista, vem a surpreendente sensação no bolso! Sim, porque se você vive do fruto de seu trabalho e não tem cartão corporativo liberado, este também é um fator de extrema importância. Pensando no que este vinho custa por lá, seria razoável prever que teríamos que desembolsar algo ao redor dos 300 Reais, daí para cima, o que o faria ser apenas mais um bom vinho caro. Ocorre que ele custa em torno dos 130 Reais e é aí que o vinho ganha uns pontos a mais e vira destaque já que o preço é muito similar ao que se paga em Portugal. Não sei quem tem “culpa” disso, se o produtor (DFJ) ou o importador (Lusitano Import), quem sabe são “cúmplices”, rs, porém adorei o resultado.

Enfim, mais um bom vinho português por aqui em Falando de Vinhos para abrir bem esta semana esperando que seja ótima para todos. Salute, kanimambo e agora nos encontramos por aqui!