Tenho que confessar, entendo é patavina disso! rs Em minha vida, no entanto, tenho por filosofia estar aberto a novas experiências, conhecimentos, então não me nego a conhecer mais a respeito destes conceitos que fazem a felicidade de muitos, sejam eles consumidores ou produtores. Me parece óbvio que se algo for bom, bem feito e me agrade, melhor se ele for o mais natural possível, até porque certamente entregará um sabor mais autêntico refletindo seu terroir de forma mais verdadeira. Por outro lado, não acredito em xiitas (de qualquer origem ou viés), nem tanto ao céu nem tanto à terra, não basta ser natural para ser bom e já provei algumas coisas intragáveis ( para meu gosto) de ícones biodinâmicos! Há produtos naturais que matam, então “só” isso não basta e precisa também ser palatável e fazer sentido econômico para mim, caber no bolso também é importante, ainda mais num país onde o vinho já custa os olhos da cara normalmente. Aí talvez o maior senão para estes produtos e o maior desafio para os produtores, ter uma precificação que permita com que seus produtos e conceitos se popularizem e não se restrinjam a uma elite consumidora de alto poder aquisitivo.
Óbvio que este assunto é deveras polêmico, nada simplista, e traz no seu bojo uma boa dose de controvérsia. Apesar do aparente crescimento de demanda que faz com que alguns poucos focados no setor tenham conseguido sucesso, verdade seja dita que em meus 6 anos de comércio (Vino & Sapore), pouquíssimas foram as vezes que alguém entrou buscando vinhos orgânicos e na maioria das vezes por mera curiosidade. Nos últmos seis meses, talvez umas duas ou três pessoas ! De qualquer forma, um sintoma de que algo começa a mudar no comportamento das pessoas e alguns players se especializaram nisso por crença e/ou comércio, não importa, fazendo nascer aí um nicho de mercado interessante que, parece, começa a crescer. Nunca coloquei um vinho no portfolio porque ele era orgânico ou qualquer outra versão do conceito, como também nunca escolhi um vinho por sua pontuação, escolho porque é bom e seu preço faz sentido para mim e meus clientes! Tendo dito isso, sim descobri que tenho alguns rótulos orgânicos na loja (rs) e a eles darei mais atenção doravante.
Pelo pouco que me debrucei sobre estes vinhos, sinto que os orgânicos (vinhos biológicos na Europa) são os que você menos sente diferença tanto nos aromas como no sabor, o que muda bastante quando os vinhos são os ditos naturais (não é um nomenclatura oficial, pelo que eu conheça) e biodinâmicos. Por outro lado, a lógica me faz crer que as safras são, mais que nunca, um fator importante a considerar no ato da compra pois existe pouco ou nenhum espaço para correção. O amigo Didu, conhecido de muitos em nossa Vinosfera e um grande incentivador do uso das leveduras selvagens no vinho, recentemente me presenteou com uma garrafa de Riesling Itálico, um vinho da Dominío Vicari de produção natural e biodinâmica, ele que é um entusiasta, grande incentivador e promotor destes conceitos mais naturais na alimentação. Óbvio que fiquei deveras curioso, até porque curto muito os vinhos do Matías Michelini (Argentina) que é um verdadeiro druida, explorador, produtor e promotor do biodinamismo como forma de vida, então não demorei muito para abrir não!
Pisa a pé, maceração em tanques de polipropileno, uso de leveduras selvagens, sem clarificar, sem filtrar e sem quaisquer aditivos outros. O primeiro impacto tanto visual como aromático deixa bem claro que estamos frente a algo diferente na taça. Como não foi filtrado nem clarificado, mostra-se turvo na taça porém mantém um certo brilho e vivacidade que mostra que é um produto em pleno gozo de sua saúde. Nariz bem frutado com toques sutis de flor de laranjeira e algo mais que não pude precisar! rs Na boca mostrou boa presença de fruta que me levou a pensar em algo de carambola, tem um toque de ervas frescas, talvez casca de limão e, como a Raquel, que também estava presente, lembrou – Kombuchá (não me perguntem como é, isso foi coisa dela! rs) Algo denso meio de boca, demora para se acostumar, curioso no paladar sem muita semelhança a nada, tem que buscar bem lá no fundo da memória e aí sai essa miscelânea de coisas que mencionei! rs Talvez o que mais me tenha chamado a atenção foi sua ótima acidez e equilíbrio final, porém não me parece um vinho que seja de fácil “digestão” pelos menos iniciados no mundo do vinho, não é um vinho fácil de se gostar, requer ter que “pensar” e a maioria não está muito a fins disso quando bebe, ele busca prazer! rs Para quem está no ramo, no entanto, algo a se prestar atenção pois o mercado está em ascenção.
Em Sampa vi que a Lis o comercializa na Saint Vin Saint que tem a enogastronomia “natureba” como seu foco. Creio que anda na casa das 120 pratas, caso alguém esteja interessado em provar um vinho diferente com uma marca de terroir própria e única. Valeu pelo presente Didu, sempre bom buscar novos horizontes e ver novos conceitos tendo me incentivado a estudar um pouco mais sobre o assunto e explorar um pouco mais essa fronteira. Quem sabe me verás na próxima feira da Lis?
Ah, não falei nada sobre o que é a produção Natural, Bio e Orgânica né? Bem, falei do vinho que tomei e minha opinião sobre o tema, já é algo (rs) quanto aos conceitos, pesquisei e não vou repetir aqui o que muitos já falaram. O que me pareceu mais didático e com fundo mais técnico foi este texto do Roberto Rabachino publicado no site As Boas Coisas da Vida, boa leitura para quem quer conhecer um pouco mais. Saúde e kanimambo pela visita, um ótimo fim de semana para todos.
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