Tomei e Recomendo

Branco Italiano na Taça, APROVADO!

Sigo na minha saga de sempre, intensificada pela atual conjuntura, da busca de de vinhos PQP, ou seja, de boa relação Preço x Qualidade x Prazer. Hoje em dia a busca é por vinhos que surpreendam num preço entre 50 a 150 Reais, melhor ainda se abaixo das 100 pratas, como este.

Gosto muito de vinhos brancos então não me fiz de rogado quando este me foi apresentado. Um branco de boa estrutura e fresco elaborado com as castas Grechetto e Trebbiano, um blend típico de Soave, não confundir com os nossos “suaves” (!), no Veneto porém este vem da Úmbria mais ao sul da Itália.

As uvas são cultivadas no município de Torrececcona, a 350 metros acima do nível do mar; o solo é de textura média e argiloso, vinhas de 12 anos gerando um vinho de cor amarelo palha com belos reflexos dourados sem passagem por madeira e sem maloláctica. No nariz é possível perceber notas de florais, frutas cítricas, pêssego, damasco e frutas tropicais como abacaxi, um nariz bastante interessante de média intensidade.

Na boca, onde mais aprecio os vinhos (rs), o Terre de la Custodia Desiata Duca Odoardo Bianco Umbria IGT,  revela-se fresco, seco, frutado, equilibrado e de corpo médio, apresenta uma certa untuosidade e cremosidade, um final de boa persistência com notas amendoadas.

Experimentei o vinho acompanhando uma pasta (fetuccine) ao pesto de rúcula coberto por uma boa porção de parmesão ralado fresco e grosso, harmonizou bem demais e, obviamente, deverá acompanhar bem tudo o que é frutos do mar, peixe e até carnes brancas. A experiência foi boa e a safra 2018 está no ponto de sua complexidade não devendo evoluir muito mais, tops mais um ano. Vinho na casa dos 80 Reais, mais ou menos 5 o que acho bastante justo para a qualidade oferecida o que o torna um bom exemplo de vinho PQP.

É isso, Kanimambo pela visita e em breve tem mais coisa por aqui, começo a ter gosto por escrever novamente! rs Saúde

Bom Prosecco!

Para inicio de conversa, apesar de não ser respeitado no Brasil, Prosecco só tem um, o produzido nessa região do Veneto na itália assim como champagne só se produz na região do mesmo nome na França. A uva não é prosecco e sim Glera elaborada pelo processo Charmat de segunda fermentação em tanque. Tendo deixado isso claro vamos a essa prova que agradou bastante.

Os Proseccos são classificados como Brut, o mais seco e menos comum por aqui com até 12grs de açucar residual, Extra-dry mais comum por aqui e mais adocicado com açucar residual entre 12 a 17grs e o Dry entre 17 a 32grs e a OIV (Organização Internacional do Vinho) permite uma variação em até 3grs. Dependendo da posição na escala, estes espumantes podem apresentar substanciais diferenças no palato, por exemplo um Prosecco Extra Dry com 13 e outro com 19 (na tolerância).

Eu gosto dos meus espumantes mais secos, preferencialmente Nature (proseccos não possuem esta classificação) ou Brut, por isso este Prosecco DOC da Cabert me agradou tanto e foi tão grata surpresa. Muito boa e abundante perlage difusa tomamdo conta da taça, notas florais, frutado puxando para frutos brancos e algumas notas citricas, fresco, vibrante e surpreendentemente seco para um extra dry deixando um retrogosto de quero mais. Fiquei curioso para saber o residual de açucar deste vinho, mas ainda não consegui obter essa informação, assim que consiga coloco aqui.

Fica aí a dica, pode mergulhar nessa que vale a pena, pelo menos na minha avaliação. Kanimambo, saúde e aos poucos estou voltando!! rs

Desafio de Cabernet Franc às Cegas – 1º Embate

Administro quatro confrarias há muitos anos, a mais antiga tem 11 anos, e é algo que me dá enorme prazer porque são momentos de confraternização e de descobertas. Volta e meia fazemos estes desafios que são bastante estimulantes e costumo trazer à taça pelo menos uns cinco rótulos de diversos países para análise. Na “Brinde à Vida” deste mês de Março, lamentavelmente o quórum estava baixo, então nos limitamos a três garrafas apenas, mas valeu a pena, sempre vale!

A Cabernet Franc é originária de Bordeaux tendo sido levada pelo famoso Cardeal de Richelieu (alguém aqui lembra dos 3 mosqueteiros? rs) para a sua abadia de Saint Nicolas de Bourgueil onde ela se tornou uva ícone da região com um estilo diferenciado em função do terroir com grandes vinhos também na vizinha Chinon. È a mãe, ou pai tanto faz (rs), da Cabernet Sauvignon ao ser cruzada com a Sauvignon Blanc. Dependendo do terroir, tende a apresentar uma certa mineralidade, nuances florais, frutos silvestres, leve toque vegetal, ótima textura e taninos macios de acordo com Oz Clarke em seu livro Grapes & Wines.

Para este desafio selecionei um desafiante uruguaio, um argentino e um chileno, pena que faltou espaço para um brasileiro e um francês, o embate teria ficado ainda mais interessante, mas deixa eu te passar minhas impressões sobre os vinhos que possuíam preços entre 120 a 180 Reais. Todos bons vinhos, porém com personalidades bem diferentes e, aí, é uma questão de gosto

Dominio Cassis Cabernet Franc, uruguaio da região de Las Palomas próximo a Punta, safra 2017. O mais pronto e afável dos três vinhos da noite. Tímido no nariz, mostra-se bem na boca com uma certa mineralidade, frutado, leve toque vegetal, frutos silvestres e taninos macios muito bem equilibrado com seus educados 12.5% de teor alcoólico. Passagem por barricas de carvalho francesas e americanas por um período de 12 meses sem que esta se torne muito percepetiva, um vinho fresco e apetitoso que deixa um retrogosto de quero mais. O melhor para um dos confrades, para mim veio em segundo lugar.

Joffré y Hijas Gran Cabernet Franc, argentino do Vale do Uco em Mendoza, safra 2019, com 9 meses de barricas francesas e americanas, apenas 50% do vinho, e o maior teor alcoólico, 14,5%. Leve floral no nariz, bem frutado com notas de eucalipto e baunilha, aromas bastante interessantes de explorar com calma, mesmo para mim que não sou assim tão chegado em coisas olfativas, sou mais palato! rs Na boca demonstra seu equilíbrio com o álcool muito bem integrado, bom volume de boca, ótima textura e meio de boca complexo, taninos finos ainda bem presentes e boa acidez mostrando que que tem predicados para o levar bem mais longe com boa evolução. O primeiro no meu ranking, no dos outros confrades estava em segundo porém com o decorrer do tempo em taça acabou dividindo opiniões.

LFE 360º Series Cabernet Franc 2019, chileno do vale de Colchagua, inicialmente o preferido da maioria, algo que mudou um pouco com o tempo em taça. Afinamento em barricas de segundo y terceiro uso americanas e francesas por um período entre 11 a 12 meses. Veio potente, cor escura, rubi intenso, aromaticamente intenso com menta, frutos negros, algo de pimentão (suave) a famosa piracina, marca de boa parte dos vinhos chilenos.  Seus 14% de álcool se notam bem presentes e ainda por integrar, grande estrutura e volume de boca, especiarias, notas tostadas, vinho resinoso e algo pesado que, no meu conceito de Cabernet Franc, destoa um pouco quanto à tipicidade da casta. Para mim, minha terceira escolha e algo over para meu gosto. Para quem gosta de vinhos power, uma boa opção porém acho que abrimos o vinho cedo demais, precisa de mais tempo de garrafa.

Bem, por hoje é só, porém já tenho agendada mais uma degustação às cegas de Cabernet Franc com outros rótulos e outra confraria agora em Abril, depois conto mais, será o Embate II. rs Kanimambo, saúde

Meu Primeiro Bequignol

Já conhecia essa uva? Eu não! rs Sempre aprendendo, esta nossa vinosfera não pára de nos apresentar novidades, mesmo que de origem antiga. Novidades, antigas? Que contra senso é esse?? rs De tão esquecidas pelos produtores, passam a novidade por meio das mãos de jovens buscando na história e tradição novos sabores para nos surpreenderem, este foi mais uma grata surpresa, “Aqui Estamos Todos Locos Bequignol”.

A Bequignol é uma uva de origem francesa usada em Bordeaux até o ano de 1777. Hoje em dia existe pouco mais de  um hectare de vinhedos na França e um pouco mais de 900 na Argentina, normalmente de vinhedos antigos como neste caso, de 1940. De corpo ligeiro, dá cor e aporta acidez aos blends e quando elaborado como varietal tende a dar vinhos ligeiros, de poucos taninos, para serem tomados jovens. Também é conhecida como Red Chenin e possui uma relação parental com a Savignin da região francesa do Jura. Leva uma parcela de Buonamico (também conhecida como Sangioveto de origem italiana) que é cofermentada com a Bequignol.

A Bodega é Viñedos Niven em Mendoza, produtor que trabalha com conceito de vinhos orgânicos. Este “Estamos Todos Locos” tem fermentação semi carbônica em ovos de cimento e uma leve passagem por barricas usadas, sendo produzidas somente cerca de 1700 garrafas ano. E o vinho, que tal?

Na minha opinião um típico vinho de verão que ao ser refrescado fez com que seus taninos quase inexistentes aparecessem equilibrando o conjunto. Fruta vermelha, fresca, um vinho jovial, fresco e vibrante com ótima acidez e alguma especiaria de final de boca. Para acompanhar pratos leves, carpaccio, quibe cru, salmão, gostei bastante. Não é um blockbuster, mas é uma experiência super agradável que certamente se dará bem como companheiro da Primavera e do Verão, lembrando de o servir por volta dos 12 graus quando creio que ele mostra toda a sua vivacidade.

Apesar de ser bastante usado em blends, creio que só tem mais um produtor elaborando varietal de Bequignol, vale pesquisar outros produtores caso não encontre este e espero que tenha uma experiência tão gostosa quanto a minha, puro prazer e é para isso que o vinho existe! Saúde e Kanimambo!

Tardana, uma uva que não conhecia!

Faz pelo menos uns 15 anos que iniciei minha viagem por nossa vinosfera, mas incrível como sigo me surpreendendo e me deparando com uvas desconhecidas gerando vinhos gulosos, vibrantes, marcantes cada um à sua maneira. Desta feita a uva foi a Tardana, o vinho Sol e a vinícola a Bodegas Gratia.

Da Bodega Gratias já falei aqui quando do vinho “Y Tu de Quién Eres”, porém não falei do projeto da família que é exatamente a de trabalhar tão somente com uvas autóctones da região, muitas delas em risco de extinção. Elaboram um ótimo encorpado e negro vinho chamado GOT, um varietal 100% de Bobal e agora me deparei com este belíssimo Sol, um vinho vibrante que me seduziu. Antes de falar do vinho, no entanto, deixa eu antes falar desta uva.

O atributo alt desta imagem está vazio. O nome do arquivo é tardana-grape-Gratias.jpg

A Tardana, uma cepa branca de pele grossa, é natural da região de Manchuela e Utiel-Requena próximo a Valência na Espanha, tendo esse nome pois amadurece muito tardiamente, depois dos tintos. Também é conhecida por Planta Nova. Apesar de ser uma vinífera, boa parte dela era colhida antecipadamente e vendida no mercado como uva de mesa comestível, algo que caiu em desuso devido ao aparecimento de uvas sem semente que tomou conta do mercado. Devido a não atingir níveis de álcool altos, demorar muito a amadurecer ficando propensa a sofrer com chuvas de granizo e apresentar relativa baixa produtividade, os grandes produtores a abandonaram e hoje a produção é mínima, beirando a extinção. O conceito por trás da “família” Gratias é exatamente esse, o de recuperar vinhedos e uvas da região e em extinção com o mínimo de intervenção, pequenas produções e vinhos únicos. Estão inclusive produzindo já um vinho laranja com a Tardana, mas esse só me deixou curioso, ainda não provei.

Sol de Tardana é levemente prensada e 1/3 termina de fermentar em talhas de barro passando posteriormente por um período de três meses sur lie. Aromas de boa intensidade apresentando um leve floral no nariz, notas de pêssego e damasco, fresco, talvez algo de maçã verde 🤔, na boca um toque mineral em função do solo calcário, boa textura, leve para médio corpo com equilibrados 12,5 de álcool, meio de boca marcante e vibrante com boa acidez e ótimo equilíbrio, um vinho sedutor que deixa um retrogosto de quero mais! rs  Falam de frutos brancos melão e pera, não achei não, mas isso vai de cada um. 😊 Gostei muito e tomaria várias! Do ponto de vista de harmonização, acho que é uma grande opção para pratos asiáticos bem condimentados. Tomei acompanhando um Bifum de Camarão ao Curry e foi divina a harmonização, mas quaisquer pratos de frutos do mar certamente serão boa escolta ao vino. Produção limitada, não chega cinco mil garrafas anuais, algo a se colocar numa wish list e vale a pena porque o preço é bem razoável, na casa das 130 pratas.

Enfim, mais um post, quem sabe na base de um por semana eu consiga criar novamente um ritmo de publicações. É isso, abraço e kanimambo pelos gentis comentários que venho recebendo, saúde e cuidem-se!

Y Tú, de Quién Eres?

Senta que lá vem história, meu primeiro vinho glu-glu, termo muito usado pelos amantes dos vinhos naturebas para descrever um vinho fácil de tomar, de golão! Vinho para tomar refrescado, até em copo de requeijão (heresia? rs) num bar qualquer de beira de estrada ou num Pueblo qualquer sem enochatisses, porque cada um é cada um. Por lá, um vinho de mesa, de “Pueblo”, mas deixa eu contar essa história vai?

O nome nasce de uma indagação dos anciões antigos de pequenos pueblos espanhóis quando um jovem que não conheciam aparecia, “Y tu de quien eres?”, e tu a que família pertences? Neste caso, do vinho, a resposta é, a um Pueblo! O local, Casas Ibañez, Albacete, a cerca de 100kms de Valencia, o produtor Bodega Gratias que trabalha com foco na elaboração de vinhos com uvas autóctones locais, mínima intervenção, adoção de processos artesanais e ancestrais, produzindo vinhos como antigamente. Jovens, resgatando a história local de fazer vinho e preservando castas autóctones.

Este vinho tinto, possuem um branco também de produção ainda menor e que ainda não provei, foi viabilizado através de um sistema de “crowdfunding” pois o projeto é muito pouco rentável em função da baixa produtividade dos vinhedos antigos com castas plantadas todas misturadas, neste caso todas autóctones e boa parte delas em risco de extinção. Entre as muitas castas que compõem este multivarietal ou field blend como gosto de chamar (no Douro as Vinhas Velhas costumam ser plantadas assim) castas como bobal, marisancho, teta devaca, pedro juan, morávia agra, morávia dulce, pintaillo, cegivera, rojal, valencín, albillo, etc..

A seleção de cachos é feita no vinhedo e os cachos colocados inteiros em tanques de 5 hectolitros onde fermentam de forma natural. Posteriormente, passam por um processo de “crianza”, tempo de afinamento, parte em inox, parte em barricas e parte em ânforas de barro. Com apenas 5300 garrafas produzidas, é um vinho para tomar de golão, o tal do glu-glu como mencionei no inicio deste post. Se você ficou interessado, sugiro entrar no site deles (www.bodegasgratias.com) e pesquisar um pouco mais.

Bem, ainda não falei do vinho! rs Esse estilo de vinhos pode e a maioria possui, aromas algo diferenciados que nos fazem remeter mais a cantina, taberna (estou viajando mas me permitam isso!) e alguns chegam ao exagero, este não, essa marca está lá, mas de forma sutil e sedutora. Tem uma bela cor vermelho cereja, com aromas de cantina, de frutas vermelhas e algo de mirtilos, especiarias, notas herbáceas de temperos verdes, e leve lembrança de kirch. Corpo médio, a adstringência na entrada da boca lhe confere um ar rústico que não tira seu charme, algo de salumeria, boa sensação frutada que lembra frutos negros e mostra um frescor muito interessante de final de boca que deixa uma sensação de quero mais na boca e um sorriso no rosto.  Eu curti demais, melhor se levemente refrescado a 14/15ºC, e me deixou curioso de conhecer esta bodega in loco!

Eu que não sou exatamente um apoiador dos vinhos naturais, tenho que me render ao fato de que há sim vinhos bem feitos que merecem ser conhecidos e este é um deles. Minha posição sobre isso é muito clara, o vinho tem primeiramente ser bom e palatável, depois se for orgânico melhor e bio ainda mais, questão que me parece lógica. Aceitar vinhos pouco palatáveis, de aromas esquisitos e pouco convidativos porque são naturais, não faz minha praia, mas cada um é cada um.

Como disse, gostei e recomendo. Para acompanhar, boa companhia para começar!! rs Depois, se estiver a fins, uns tapas, salames, queijo manchego e uma boa prosa. Ufa, falei um monte hoje, fazia tempo que um texto não fluía assim. Kanimambo pela visita, saúde, cheers, salute, salud, prosit, …

Todo o Dia é Dia

Quem faz o dia é você, basta querer. Não, não é um post de auto ajuda, apesar de que se pensar bem tem um algo de! rs Uma garrafa de vinho e um pouco de boa vontade na cozinha opera milagres, melhor que muita terapia. Ontem, Segunda-feira, quebrei a rotina, fui para a cozinha preparar um agradável jantar com minha loira e não, não foi dia da mulher, aniversário de casamento ou coisa que o valha. Deu vontade!!

Enfim, voltando de uma reunião em São Paulo e depois de mais de hora numa Raposo Tavares travada por um veículo quebrado na pista da esquerda, passei no hortifruti para comprar uma cartela de camarões e lá me fui para casa. Primeira coisa, antes de limpar o camarão e depois de um beijo na loira (rs), abrir um vinho e este tinha tudo a ver com o dia quente e o risoto que me meti a preparar, um Rosé novo que precisava provar. Trabalho, sempre trabalho!!

Loma Negra, já provei o Sauvignon Blanc que gostei demais e postei Sábado no Face, este está um pouco abaixo, mas ótimo em sua faixa de preços, abaixo das 50 pratas. Eu gosto e recomendo, a maioria das vezes dá certo, de harmonizar por cor (um dia falo disso), mesmo que não haja razões técnicas para isso e o tema não seja alvo dos grandes criticos, neste caso a “maridage” de rosé e camarão é sempre um tiro certeiro como foi nesta agradável noite com o risoto de camarão com um toque de limão siciliano e do próprio vinho.

Vinho fresco, frutado lembrando frutos vermelhos frescos, sem doçura, seco, notas cítricas, toque sutil herbáceo, refrescante que não pretende ser grande e sim te dar prazer, coisa que fez com galhardia, pelo menos para nós. Do Vale Central, Chile, blend de Cabernet Sauvignon e Merlot sem passagem por madeira porque preservar frescor é essencial, um achado e um tremendo de um best buy. As fotos, como sempre, não fazem jus à bonita cor do vinho que está melhor na primeira foto. Mais uma dica, harmonize com salmão (cor de novo! rs), mais uma dose de prazer na veia!

É isso por hoje, be happy! Bom vinho (não precisa ser caro), boa companhia e um bom prato, esse trio faz de qualquer momento um evento e ainda por cima sem gastar muito que o mar não está para peixe e muito menos para camarão (rs), por menos de 90 Reais jantamos os dois e com vinho! Kanimambo pela visita, tenham um ótimo dia e saúde!

Rosé com Good Vibrations

Casa do Lago Rosé é o nome deste exemplar de rosé português que tem tudo a ver com nosso verão. Realmente um vinho delicioso, muito fresco, frutado, cerejas frescas, leve mas não ligeiro! Cem porcento Touriga Nacional da região Lisboa, só passagem por inox, um mês em garrafa e já sai para o mercado, pronto a beber e a seduzir. Vinho para ser tomado jovem em seus primeiros três anos de vida, mas quanto mais jovem melhor. Vinho de verão, para acompanhar frutos do mar, comida japa, para bebericar com os amigos sem compromisso, mas com qualidade que é uma marca da DFJ que o produz. Cheio das medalhas, rs, foi apontado como o melhor rosé de 2016 pela revista portuguesa Grandes Escolhas. Para mim um vinho alto astral, vibrante que não me cansa e me faz feliz, sem frescuras, sem complexidades, que deixa a emoção tomar conta da razão, vinho para curtir sem parcimônia.

Se fosse uma música seria Good Vibrations dos Beach Boys e daí a chamada! rs Abra a garrafa, clique no link abaixo e depois me diga se estou errado! Preço de mercado em torno de R$80 uma boa pedida para este verão e férias de final de ano, eu curto e recomendo. Kanimambo e aos poucos retomarei o ritmo por aqui, tem coisa demais represada, saúde!

Crianzas na Confraria

Com Z mesmo porque falo de vinhos espanhóis que compuseram o kit do mês de Outubro da Confraria Frutos do Garimpo. Na Espanha para um vinho ser Crianza (conceito que vem de criar, de maturação e não de jovem) ele tem que passar um período mínimo de maturação de 24 meses antes de ser colocado no mercado sendo que com um mínimo de 6 meses em barricas, sendo que em Rioja, como em Ribera del Duero e algumas outras regiões, o Concelho Regulador determina nada menos do que 12 meses e o restante em garrafas.

Com o apoio dos amigos Juan e Alexandre da SYS (importadora dos vinhos), escolhi dois rótulos de vinhos Crianza para a confraria, bem diferentes um do outro, mas dois vinhos que certamente têm seu espaço na minha taça dependendo do momento e da proposta gastrônomica.

Marqués de la Carrasca Crianza 2014 é um corte de Tempranillo com Cabernet Sauvignon e Syrah que é algo incomum, mas dentro das normas da DO La Mancha, a maior região produtora de Espanha. Afora o equilíbrio, o que mais me chamou a atenção neste vinho foi sua acidez marcante. Sua “crianza” em barricas é de 8 meses, sendo 25% francesa e 75% americana, certamente usadas. No nariz, possui uma intensa presença de fruta muito bem integrados às sutis notas de carvalho. Na boca, mostra boa textura, corpo médio, com um final de boca de persistência média e fresca, deixando na boca aquele gostinho de quero mais. Fácil de agradar, pronto, a garrafa tende a durar pouco! rs Preço médio em São Paulo entre R$90 a 95,00.

Montes de Leza Crianza 2015, que belo Rioja com muito anos pela frente de garrafa. Possui, para quem ache importante, 90 pontos de James Suckling, medalha de prata no concurso de Bruxelas, vem de Alavesa a parte mais ao norte da DOC Rioja e é 100% Tempranillo com passagem de 12 meses por barrica nova que lhe dá aquele toque amadeirado típico dos vinhos desta região. Apesar de jovem já se mostra bastante integrado e equilibrado com a madeira presente, porém sem ser agressiva. Frutos intensos com destaque para ameixa escura fresca, a acidez é outro ponto que me chamou a atenção, bom volume de meio de boca, rico e complexo, encorpado mas não pesado e com grande persistência. Um vinho de outro patamar de qualidade, para outros momentos mais gastronômicos. No mercado (SP) por volta dos 170 Reais.

Dois bons vinhos Crianza, cada um com seu estilo e propostas próprias porém um só objetivo, nos dar prazer e isso eles fazem bem. Como sempre, você é o juiz, prove e tire suas próprias conclusões, certamente os confrades que levaram os kits do mês o farão.

Kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui sempre que der. Saúde!

E Santa Catarina Segue Surpreendendo!

Há muito que digo que o futuro de vinhos finos de qualidade no Brasil está aqui e na Campanha Gaúcha. Este espumante em minha taça é mais uma prova disso, Panceri Brut Champenoise.

A Vínicola Panceri, inaugurada em 1990, está localizada em Tangará, no meio oeste Catarinense a cerca de 1000 metros de altitude, faz parte de uma região pouco explorada pelo enoturismo em função da falta de um aeroporto de acesso, o de Caçador está inativo, uma pena. Na região encontramos també a Villaggio Grando (Água Doce), Santa Augusta (Videira), e a Kranz (Treze Tilias) , ótima pedida para um passeio de 3 dias pelo pedaço, especialmente para quem puder se deslocar de carro. Fica longe do outro foco do vinho catarinense, a região de São Joaquim, então difícil visitar as duas de uma só vez, viagem para mais de uma semana!

Eu não conhecia os vinhos desta vinícola, mas aproveitando que uma amiga estava por lá, pedi uma caixa com uma amostra diversa de seus vinhos e já me deliciei com o primeiro que abri, até porque aprecio muito provar coisas diferentes. Na taça, Panceri Brut elaborado pelo método clássico (champenoise) com Sauvignon Blanc, eis aí algo que eu ainda não tinha provado! Nossa vinosfera é pródiga nisso, há sempre algo novo a ser provado, cuidado com aqueles que dizem saber tudo, já é falso em geral, mas neste mundinho impossível!! rs

Medalha Gran Ouro no Concurso Mundial de Bruxelas 2017 (realizado no Brasil), o espumante é muito bem feito, com bonito colar de espuma, ótima e abundante perlage, muito fresco na boca, frutado, cítrico, com sutis notas de brioche roubou a cena num “chá” da tarde (rs) com amigos em que estavam presentes um Rioja e um Petit Verdot chileno. Se mais garrafas houvessem, mais seriam bebidas, ficou na boca um retrogosto de quero mais! Lá, na vinícola, custa 60 pratas, tremendo preço, porém aqui em Sampa (se acharem) acredito que deva chegar por volta de 75 o que segue sendo uma ótima relação PQP (Preço x Qualidade x Prazer).

Tenho outros rótulos a provar e se tiver algo mais que me surpreenda novamente virei aqui compartilhar com os amigos. Este eu assino embaixo e fiquei com vontade! rs Saúde, kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui.