Vinhos de Sobremesa

1982, O Vinho!

Um dos destaques provados na Vinhos de Portugal deste ano no J.K. em São Paulo, um vinho surpreendente! Antes de falar sobre o vinho, deixa eu compartilhar o que a Revista Adega falou dessa safra; 1982 – Talvez a mais aclamada e unânime safra de todos os tempos para a França, Itália, Espanha e Portugal, que produziram vinhos espetaculares em diversas de suas regiões .

Ao sentir seus aromas e colocá-lo na boca as sensações eram de um Moscatel, mas ledo engano, este vem da região Lisboa! Aos poucos me dei conta que estava provando um vinho com história, um Fernão Pires (uva branca regional portuguesa conhecida no Norte de Portugal como Maria Gomes) fortificado que a Vidigal Wines descobriu num cantinho de uma vinícola que eles arrendaram vizinha da sua, coisa rara que não sei se um dia será repetida e, certamente, eu não verei. A herdeira (neta) não sabia ao certo o que aquelas barricas continham e, para surpresa de todos, o pessoal da Vidigal se deparou com esse vinho fortificado, lá conhecido como licoroso. Essas barricas geraram apenas sete mil garrafas, tendo algumas delas chegado até nós, ainda bem!

Casa do Cônego 1982 é o nome desta belezura e a garrafa de 375ml com lacre de cera é um charme à parte confirmando que grandes perfumes vêem em pequenas embalagens, umas gotinhas deste verdadeiro néctar atrás das orelhas deve garantir interessantes fungadas! rs Brincadeiras à parte, o vinho possui uma sedutora e complexa paleta olfativa onde se destaca um certo floral, notas de frutos secos e daquela casca de laranja confitada. Na boca os frutos secos estão bem presentes, figo, notas de mel de laranjeira, caramelo, uma acidez incrível equilibra a doçura tornando-o especialmente prazeroso de se beber e o álcoól de 16.5% some no conjunto harmonioso. Panetone de frutas, torta de amêndoas ou noz pecan, doces conventuais portugueses, queijos fortes, foie gras (para quem gosta e pode, rs), creme catalana, apfelstrudel, solito num final de refeição, bão demais da conta e quem fez esse vinho há 37 anos atrás está de parabéns!

Com preço no mercado entre 180 a 220,00 Reais, é um vinho cativante para quem, como eu, aprecia este estilo porém fica uma certa tristeza ao final pois não haverá outro tão cedo. Para mim uma grande surpresa que me agradou sobremaneira e portanto assino em baixo.

Uma boa semana, kanimambo pela visita e fica a pergunta, já se programou para a prova de Vinhos & Queijos que estou promovendo na Vino & Sapore? É, não esquece e se puder ajudar a promover junto aos amigos eu agradeço. Veja mais clicando aqui.

Marilla, Mais Que Um Nome, Um Grande Vinho!

No Brasil não tenho provado vinhos doces, de sobremesa nada a ver com os tais de suave por aí (rs), que tenham me entusiasmado mesmo sendo um fervoroso apreciador destes vinhos. Me lembro de uns anos atrás de um delicioso Icewine produzido na Pericó, um projeto louco que deu muito certo, mas o problema é o clima que propicia isso muito raramente, acho que neste caso só uma única vez. Tem também um Licoroso, mais simples mas muito surpreendente de meu amigo Gustavo da Bella Quinta aqui mesmo pertinho de casa, em São Roque, que quebrou as pernas de muito “especialista” às cegas! rs

O VG Marilla é fora da curva e o conheci pela primeira vez na visita que fiz à Villaggio Grando em Fevereiro de 2016, nessa época ainda não pronto, uma amostra de barrica que mostrou estarmos diante de um grande vinho em ebulição e na época já o listei como um de meus destaques daquele Tour Pelos Vinhos de Altitude Brasileiros. Pois bem, finalmente e depois de dois anos volto a provar o vinho (lançado em 2017) na presença do orgulhoso amigo Guilherme Grando que o apresentava com toda a pompa que a criação merece, mas falemos um pouco mais do vinho.

Vinhedos das uvas Petit e Gros Manseng originariamente do sudueste francês, e plantado aqui a cerca de 1300 metros de altitude há 17 anos atrás. O projeto era desenvolver um vinho de sobremesa no estilo dos vinhos doces do Jurançon e para tanto, entre outros investimentos, o know how e experiência do conceituado enólogo português Antonio Saramago mestre na elaboração de grandes vinhos Moscate de Setúbal, entre outras preciosidades. Nas palavras do Guilherme Grando, ” Este vinho é da colheita 2012 após as primeiras geadas em final de Maio, portanto bastante desidratrada e concentrada. São 3 kg de uvas para poder produzir uma garrafa de 500 ml e o vinho é fortificado com um brandy produzido na própria Villaggio Grando (Água Doce no Oeste Catarinense próximo a Caçador), atingindo 17,5% de teor alcoólico. fermentação em tanques de aço inox passando posteriormente por um estágio de 3 anos em barricas francesas de tostagem leve. A filtragem é bem “fraca”, queremos um vinho mais natural possível e por isso acaba aparecendo alguma borra na garrafa mas sabemos que isso é de suma importância para sua perfeita evolução.”

Quantidade limitada a 3.500 garrafas ano, todas numeradas para os poucos dispostos a desembolsar R$300,00 por esta preciosidade e a encontrá-la já que não está disponível em qualquer lugar não, certo mesmo só na vinícola. Baunilha, mel, aromas e sabores amendoados, toque de damasco, acidez em perfeito equilíbrio com a doçura. Esse equilíbrio é o que faz com que este estilos de vinhos sejam palatáveis e quanto maior harmonia “mais grande” (rs) são os vinhos, este está soberbo, não cansa! Para quem gosta de Sauterns e Tokaji, guardadas as devidas proporções e limitações de terroir, eis aqui um vinho a provar e, provavelmente, se surpreender!

Antes que me perguntem do porquê do nome já vou informando que é o nome da irmã do Guilherme. Como meu amigo Didu costuma dizer, ainda bem que não falamos nem vendemos parafusos porque momentos como este não existiriam! Coisa boa Guilherme, grato pela oportunidade.

Kanimambo pela visita e um ótimo fim de semana.

Argentina Rica em Vinhos Brancos, Sabia?

É gente, a maioria quando pensa na Argentina como produtora de vinhos de qualidade só vê tintos pela frente, mas em minhas andanças por aquelas bandas as descobertas têm sido muitas. Já falei aqui sobre a Argentina sem Malbec, sobre Malbecs com perfis diferentes sem excessos, mas não me lembro de ter louvado os brancos então estava na hora!

Que sou um amante de vinhos brancos não é segredo para a maioria que me lê chegando ao ponto de cunhar a frase de que os brancos são a pós graduação dos vinhos e acredito piamente nisso. Cheios de sutilezas, são vinhos que mostram grande diferenciação entre as uvas usadas, vinhos vibrantes e alguns extremamente complexos quebrando um monte de paradigmas como os conceitos de longevidade e até do uso de decanteres para aerar algumas preciosidades, é um outro mundo que, em minha opinião, deveria ser mais explorado por todos. Mais, não tem clima apropriado, tanto faz no inverno como no verão, depende muito mais do que você vai comer e com quem vai estar, o resto é o resto! rs

Tendo dito isso, vamos falar dos vinhos brancos argentinos com dez sugestões de rótulos que eu provei e recomendo como excepcionais em sua categoria, porém há um grande número de belos vinhos a explorar bastando baixar a guarda e sacar rolhas sem preconceitos pois pode-se viver grandes momentos e descobrir enormes surpresas tente! Entre as uvas brancas, a Torrontés segue liderando com cerca de 27% da produção total seguida da Chardonnay com aproximadamente 16%, Chenin Blanc e Sauvignon Blanc com cerca de 6% cada e depois a Semillon e Viognier com 2% cada e a Riesling com menos de 0,5%.

A Torrontés, que representa para os vinhos brancos o que a Malbec representa para os tintos, já produziu vinhos de pouca qualidade, algo enjoativos e de difícil aceitação por aqui, mas em recente viagem provei alguns vinhos incríveis, a maioria de Salta. Os Viticultores aprenderam a trabalhar melhor a uva nos vinhedos e os enólogos a extrair dessas uvas um vinho de qualidade superior, vinhos a serem explorados pelos mais céticos e preconceituosos seguidores de Baco.

Argentinian Wine Grapes Clipboard by JFC

Eis então, uma seleção de vinhos excecpionais que eu adoraria ter em casa sendo que alguns dos rótulos, lamentavelmente, só comprando por lá mesmo.

Susana Balbo Signature Torrontés Barrel Fermented (Mendoza)- apesar de eu destacar os vinhos de Salta, para mim este exemplar é o melhor Torrontés do país com uvas de Altamira no Vale do Uco e leve passagem por madeira. Sublime e, a meu ver, um dos melhores brancos argentinos!

Montesco Água de Roca Sauvignon Blanc, Passionate Wines, Matias Michelini – Uma mineralidade incrível e marcante, um vinho inesquecível e uma experiência única. Vem da região mais alta mendocina, Gualtallary em Tupungato. Bebendo da fonte nas montanhas, demais!

Mendel Semillon (Mendoza) – Este vem pelas mãos do lendário Roberto de la Mota, vinhedos do Vale do Uco em pé franco com mais de 70 anos de idade, vinte porcento passa em barrica por uns seis meses, que é o que lhe dá a untuosidade porém sem cobrir o frescor e a fruta muito presentes. Floral (frutos secos) nos aromas, boga rica e fresca de boa persistência, gostei muito! Vem de Mendoza

Humberto Canale La Morita Riesling Old Vineyard (Patagônia)- uma enorme surpresa esse vinho que é elaborado com uvas de vinhedos muito antigos (1937). Macio, fresco (particularidade dos vinhos desta zona), uma leve agulha, longo e muito elegante com notas sutis minerais e algo de limonada e maçã verde, gostei muito e me surpreendeu!

Alma Negra Viognier de Ernesto Catena (Mendoza) – predominantemente Viognier, leva um tempero de Chardonnay e Gewurztraminer que fazem diferença. Provei este vinho comendo em Puerto Madero num restaurante de culinária peruana, e foi dos deuses! Um vinho que surpreende e um dos melhores Viognier que já tomei. Fermentado em barricas francesas de 2º uso com posterior estágio de seis meses em barricas novas e usadas (2º e 3º uso) francesas e americanas, show!

Bressia Lagrima Canela (Mendoza) – Chardonnay com Semillon elaborado com uvas da região de Tupungato com vinificação e estágio em barricas novas americanas e francesas por 14 meses. Um branco de grande estrutura, complexo e longevo, pede tempo e é um crime tomá-lo jovem, melhor com uns quatro a cinco anos de vida, vinhaço!

Viña Alicia Tiara (Mendoza) – demais este vinho, em linha com o anterior, um vinhaço de grande complexidade. Vem de Luján de Cuyo, vinhedo em Lulunta, e é um blend de Riesling, Albariño e Savignin que prima pelo vigor e frescor, um vinho que há tempos me encanta,só inox, só fruta!

El Enemigo Chardonnay (Bodega Aleanna) – existem diversos ótimos Chardonnays argentinos, mas este sob a regência de Alejandro Vigil, está uns pontos acima em minha modesta opinião. O vinhedo está em Gualtallary o que já é um plus em função da altitude que lhe aporta excelente acidez e boa dose de mineralidade. Doze meses em barricas francesas só 35% novas, sem battonage deixando as leveduras criar “flor” (um tipo de véu sobre o mosto) resultando em complexidade de aromas, bom corpo, um chardonnay diferenciado e cativante.

Para finalizar esta curta lista de destaques, quero falar de dois vinhos brancos doces que acho muiiito especiais:

Tukma Torrontés Tardío (Salta) – me encantou e me arrependo amargamente de na hora da prova não ter dado um jeito de comprar umas garrafas! A Torrontés produz muito bons late harvests especialmente quando temperada com uvas tipo Riesling ou até Sauvignon Blanc aportando acidez, mas este está perfeito solo! Vinhedos com mais de 50 anos a 1900 metros de altitude, sutis notas florais típicas da casta, citrico, muito bem balanceado, me encantou.

Saint Felicien Semillon Doux (Mendoza) – Luján de Cuyo, colheita tardia com Botrytis, um “sautern” com um jeito argentino de ser! Somente 20% passam por barricas francesas novas por 12 meses e o restante do vinho fica em tanques de inox sobre borras (Sur Lie) para posterior blend e engarrafamento. Recomendo, uma delicia de notas amendoadas, baunilha, muito bem balanceado por uma acidez muito bem colocada, delicia! Mais um vinho com a mão do amigo Alejandro Vigil.

Enfim amigos, é isso e sei que muitos terão outras escolhas e sugestões, pode comentar e acrescentar, há muita coisa boa por aquelas bandas eu só listei alguns destaques entre os que eu tomei pois só falo de minhas próprias experiências. O post hoje foi mesmo para desmistificar o mundo vitivinícola argentino para alguns e para outros instigá-los a “viajar” por um mundo de cores e sabores diferentes. Se quiser, pode também entrar na seara dos vinhos laranjas, o que não é para todos os paladares, explorando mais um vinho do amigo Matias Michelini da Passionate Wines, o Inéditos Brutal Torrontés, uma experiência marcante! Salud, kanimambo, uma ótima semana e seguimos nos encontrando por aqui ou por aí, na diversidade dos caminhos de nossa vinosfera!

 

 

 

 

Melhores Vinhos de 2014

Todo ano publico algumas listas em cima dos vinhos provados no ano e não poderia deixar este ano em branco, mesmo porque foi especialmente rico. Em função das muitas provas de vinhos argentinos e algumas viagens a Mendoza com a Wine & Food Travel Experience, uma grande parte dos rótulos em destaque vieram de lá. A lista é em função do que provei no ano, posso repetir rótulos de outros anos, e a cada ano essa lista tem maior ou menor influência de determinado país ou região de origem (dependo das oportunidades de prova) e sempre levando em consideração o preço, porque acredito ser meu papel compartilhar com os amigos vinhos minimamente viáveis ao consumidor que dá um duro danado por seu din-din e sabemos que tudo, não só os vinhos, está pela hora da morte neste nosso Brasil sofrido e arroxado.

Pois bem, afora os meus 12 Deuses do Olimpo do ano, normalmente listo meus destaques por faixa de preço pois em cada uma delas existem vinhos que se sobressaem dos outros, mas este ano farei algumas outras mudanças dividindo-os também por tipos de vinho e começo por vinhos de sobremesa e espumantes.

Vinhos de Sobremesa:

Invariavelmente os bons têm preços algo altos, mas isso é muito relativo pois se falarmos de um elixir dos deuses datado de 1973 custa algo ao redor dos R$350,00 não me parece fora de propósito! Mas vamos a esta curta lista com, sempre, seus preços médios de referência São Paulo.

  • Nederburg Noble Late Harvest – África do Sul – R$89 a 95,00. Um achado e a melhor relação qualidade x https://falandodevinhos.files.wordpress.com/2014/08/nederburg-noble-late-harvest.jpgpreço x prazer neste quesito. Precioso com queijos azuis Leia mais clicando aqui, Amazing Grace!
  • Vinserus Cosecha de Otono – Argentina – R$55,00 colheita tardia de Malbec uma grande pedida com bolo de chocolate e frutas do bosque.
  • H&H Bual 15 anos – Portugal/Madeira – R$250,00 para tomar de joelhos harmonizando com uma torta de nozes, figos e maçãs.
  • Susana Balbo Signature Late Harvest – Argentina – R$110,00 também de Malbec, muita classe e complexidade que foi grande parceiro para um panetone de chocolate.
  • Quinta da Bacalhôa Moscatel Roxo 1998 – Portugal/Setúbal – R$200,00 envelhecido em barricas de whisky trazidas da Escócia, é marcante e inesquecível. Com panetone de frutas ficou divino, mas solo é também inebriante.
  • Taylor’s Porto Tawny 10 anos e Graham´s Porto Tawny 30 anos – Portugal/Douro – Dois grandes vinhos. Um provado em confraria direto da origem e o outro provado em evento, ambos sem preço, mas bons demais!

Espumantes:

Todas as reuniões de Confraria são abertas com um espumante que é uma bebida que me seduz. Dos mais simples aos mais complexos, cada ocasião tem o seu e eu me esbaldo! Quase todo o fim de semana abro uma garrafa, neste verão então!

  • Don Bonifácio Brut – Brasil/Caxias do Sul – um achado, pois não chega nas 40 pratas e é super fresco e vibrante. Ótimo em festas e eventos ( satisfaz a gregos e troianos), verão, em casa é coringa e tem sempre uma garrafa na geladeira!
  • Don Bonifácio Moscatel – Brasil/Caxias do Sul – a versão docinha do produtor, porém bem balanceada por uma acidez intensa que atenua o residual de açúcar típico deste estilo de espumante. Bom com queijos azuis, sobremesas ácidas (tortas de frutas como kiwi e framboesa ou cheese cake de frutos vermelhos) ou salada de frutas com sorvete de creme. Combina com beira de piscina de também!
  • Campos de Cima Extra-brut – na verdade da Campanha Oriental no extremo sul do Rio Grande do Sul, uma grata surpresa no ano passado (13) que comprovou e mostrou consistência ao longo de 2014. Bem seco sem perder o frescor, equilibrado com ótima perlage. Na casa dos 50 a 55 reais é uma tacada certeira.
  • Villaggio Grando Rosé Brut – para mim o melhor rosé nacional que conheço, excetuando o Orus que é de outra galáxia, e que costuma dar banho em seus concorrentes importados como o bom 3B da Filipe Pato (português). Creio que teve um leve aumento agora e ficou perto dos R$60,00 mas vale muito a pena, um espumante vibrante e muito bem feito por este importante produtor da Serra Catarinense.Borghel e camarão
  • Villaggio Grando Brut – o único com as três uvas de champagne ( Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meuniere) produzido no Brasil. Na mesma casa de preço do Rosé, mais uma vez muita qualidade presente, complexo, bom volume de boca e perlage persistente. Muito bom.
  • Valmarino & Churchill Nature NV – Também tem o Prestige que passa o dobro do tempo em barrica, mas este NV (não safrado) com o vinho base passando 3 meses em barrica americana, é um espumante diferenciado e possui uma relação de preço mais interessante. Uma experiência diferente que seduz facilmente quem tem uma queda por espumantes mais complexos e de personalidade própria. Anda na casa do R$70 a 75,00.
  • Collin Cremant de Limoux – Para quem quer um espumante francês mas não quer Champagne, eis aqui um belo exemplar de Cremant (espumante francês elaborado pelo método clássico Champenoise fora da AOC Champagne) por um preço bem mais camarada, na casa dos R$95,00. Gosto muito; sofisticação e equilíbrio com um preço bacana, difícil não gostar.
  • Contessa de Borghell Rosé – um espumante dry italiano da região do Friulli (norte do país, região de bons brancos e espumantes) com um residual de açúcar algo maior, porém com uma acidez marcante que gera um balanço muito agradável. Ótimo aperitivo e uma boa companhia para comida japonesa (sushis e sashimis da vida) ou até uns camarões empanados bem sequinhos numa tarde de verão! Preço ao redor de R$45,00, para ter em casa sempre.
  • Luis Pato Maria Gomes Brut – afora o nome inusitado da uva que no sul de Portugal atende pelo nome de Fernão Pires, é um espumante da Bairrada que surpreende a maioria que o prova. Tem umas notas sedutoras algo florais nos aromas e na boca mostra-se jovial porém maduro, fresco, equilibrado e muito rico. Mais um que me atrai por suas diferenças! Na casa dos R$95 a 98,00 é um belo espumante a ser servido para quem gosta de provar coisas menos comuns, recomendo.
  • Cave Geisse Terroir Nature – entra ano, sai ano sempre um grande espumante na taça fazendo muito champagne corar. Complexo, equilibrado, citrico com toques de brioche, seco, longo com ótima perlage é certamente um dos melhores se não o melhor espumante nacional da atualidade. preço na casa dos R$125,00.
  • Champagne Barnaut Grand Cru Grand Reserve Brut – França – R$250,00, um vinho para momentos especiais. Custa o mesmo dos champagnes genéricos que fazem a cabeça dos amantes de marca, porém dá de dez! As comunas Grand Cru são somente 17 das mais de 300 da AOC e premiam os melhores terroirs da região. Complexo, um grande champagne com o qual brindarei a meus 60 anos daqui a alguns dias, eu mereço!! Rs

Bem, por hoje é só e no fim de semana já dá para curtir alguns destes, o que acham? Semana que vem finalizo minhas listas de Melhores de 2014 que, como de costume, não sei quantos serão, porém aqui já compartilhei dezesseis rótulos! Cheers, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui ou em qualquer esquina de nossa vinosfera. Bom fim de semana.

Grandes Vinhos de Sobremesa Lusos

Nas últimas semanas encerramos as atividades do ano com quatro confrarias que administro e dou consultoria, só com grandes vinhos (falarei deles no ano que vem) pois os saldos de caixa estavam excelentes. O incrível foi que terminamos as festividades de cada um com um vinho de sobremesa e em todas o final se deu com um vinho português mostrando, também aqui, uma enorme diversidade e singularidade, uma marca lusa! Vinhos doces, de sobremesa, fortificados, podemos chamá-los de diversos nomes porém em todos reina a excelência e o fator de que eles, por si só, já são a sobremesa. Na duvida, no entanto, qualquer um deles vai muito bem com tortas de frutos secos, amêndoas, nozes, doces conventuais portugueses e, certamente, queijos azuis!

Quatro vinhos, três regiões, porém a mesma excelência e sedução a cada fungada, a cada gole uma nova sensação e emoção. São elixires como estes que nos levam ao nirvana e surpreendem a maioria dos que desconhece essas preciosidades. As garrafas vazias foram para meu altar de Bacco, onde ficam as lembranças dos grandes vinhos tomados!

Henrique e Henrique’ Madeira Bual 15 anos – Os Madeira também são vinhos fortificados que em sua elaboração passam por um processo único, o “cozimento” ou como eles denominam por lá, “estufagem” que consiste em uma passagem por no mínimo três meses em tanques especiais de inox com serpentinas de água quente circulando dentro do tanque. Posteriormente são colocados em cascos de madeira para envelhecimento. Magnifico exemplar de madeira elaborada com essa uva que poucos conhecem; a Bual ou Boal. Desta uva saem vinhos meio doces com notas de frutos secos e este mostrava claramente figos secos que harmonizou magistralmente com uma torta de nozes com figos e maçã que o amigo Ney Laux, cozinheiro de mão cheia, fez na Confraria Vino Paradiso. Maravilha engarrafada, notas de caramelo, complexo com notas oxidativas, deixou muita gente suspirando!

Casa de Sta. Eufêmia Special Reserve Porto branco 1973 – uma obra do acaso e da qual sobram alguns poucos mil litros por engarrafar. Um Porto Branco Envelhecido de tirar o fôlego. Nos aromas, algo de pêssego, frutos secos, damasco tudo muito sedutor e delicado. Na boca demonstra mais uma vez todo o seu equilíbrio de uma forma untuosa, gorda e macia num ótimo volume de boca lembrando um tawny envelhecido, final muito longo em que as amêndoas, mel e frutos secos se apresentam muito presentes e com enorme persistência. Surpreendente e arrebatador! Se deu muito bem com o Panetone Loison Tradicional com frutos secos, que aliás também serviu de harmonização para outros vinhos. Um grande vinho que embalou as Enoladies em mais um final de ano, o quarto!

Quinta da Bacalhôa Moscatel Roxo 98 – de Setúbal, um vinho que passa 9 anos em cascos de whisky usados trazidos da Escócia, mais uma obra prima lusa advinda de uma uva com cultivo limitado á região. Gosto dos vinhos moscatel lusos, sejam eles de Setúbal, tradicionalmente melhores, ou do Douro de onde já provei alguns grandes exemplares, mas a Moscatel Roxo é diferente. Extremamente sedutor, com notas florais que me fazem recordar laranjeira e rosas, com algo de frutos secos e mel, talvez até influenciado pela incrível cor amarelo dourado, quase topázio, uma verdadeira preciosidade. Tudo isso, no entanto, não convence se quando chega à boca esses aromas morrem e são substituídos por um liquido xaropento, enjoativo e sem vida. Este Moscatel Roxo da Quinta da Bacalhôa é o oposto de tudo isso, pois possuí uma acidez maravilhosa que lhe aporta uma personalidade muito vibrante, elegante, de grande leveza e maciez que convidam ao próximo gole. Também acompanhamos com Panetone Loison, mas nem precisava e os amigos confrades da Quinta Divina não me deixam mentir!

Taylor’s Tawny 20 anos – sempre preferi os 20 anos á maioria dos 30 anos e quase sempre dos de 40 anos, não sei porquê então não me peçam para explicar! Este tinha provado recentemente num evento do Douro, porém tomá-lo e ainda por cima na companhia dos amigos da Confraria Saca Rolha teve um gosto para lá de especial. Grande Tawny de Idade que certamente a porta voz da confraria saberá descrever quando escrever o relato de sua experiência que publicarei aqui, como sempre. Por agora, só digo que este tinha um toque de especiarias que não apareceu em nenhum dos outros três. Um vinho de incrível harmonia, obrigado Raquel, um encerramento à altura dos outros grandes vinhos da noite!

Vinhos de Sobremesa Portugueses FV

Mais um ano se foi e mais um montão de bons vinhos provados enriquecendo a vida enófila dos participantes das confrarias. Vinhos baratos, vinhos caros, vinhos complexos, vinhos francos, vinhos tintos, brancos e rosés, de todas as origens, de diversos estilos e uvas, o foco é sempre a diversidade! Cada confraria conheceu no mínimo dez diferentes espumantes (todos os encontros são abertos com eles) e provou 80 diferentes vinhos então, pelo menos enófilamente falando, foi um ano bastante proveitoso. Por sinal, tenho amigos perguntando quando abrirei confrarias em São Paulo, pois bem eis uma noticia em primeira mão para quem estiver interessado, 2015 está chegando e há planos para duas novas confrarias mensais na zona oeste de Sampa. Quem tiver interesse em receber um grupo de até 14 pessoas mensalmente ou queira participar de uma destas confrarias, deixe seu interesse registrado nos comentários que entrarei em contato.

Salute e kanimambo pela visita. Espero seguir sendo merecedor de sua visita em 2015 e caso precise, estarei de plantão na Vino & Sapore até dia 24 ás 18 horas e se quiser começar o Ano Novo em grande estilo, venha comigo a Mendoza!