A Importância das Taças no Serviço de Vinhos

Não é de hoje que falo disso, tanto que um de meus posts mais lidos trata exatamente disso e já promovi umas duas degustações de taças para comprovar o fato. O uso de uma taça adequada faz uma diferença danada nos aromas e sabores que vêm do vinho assim como uma boa chuteira ou uma boa raquete podem ajudar seu jogo caso, obviamente, você tenha um mínimo de qualidade nessas artes. Colocar Chapinha numa taça de cristal não ajudará o vinho (é vinho?!) que seguirá sendo chapinha, da mesma forma que se você for um perna de pau no jogo, pode comprar a chuteira do Ronaldo que nada mudará e, provavelmente, ainda virará motivo de chacota pelos amigos quando furar o chute naquele gol que até sua avó marcaria!

Tendo dito isso, há momentos e “momentos”! Sempre que tenho a oportunidade, deixo claro a importância de desmistificar o mundo do vinho que pode e deve se tornar, de forma parcimoniosa, uma constante na sua vida pois enriquece as refeições, faz bem à saúde e gera alegria de viver. Agora, dá para tomar vinho em copo de plástico? Poder pode, mas não se deve, todavia nem sempre podemos caçar com cão e muitas vezes nem dá, então cace-se com o que haja à mão, simples assim! Agora, para tomar grandes vinhos e aproveitar tudo aquilo que ele tenha para te entregar, aí uma boa taça é sim essencial.

Recentemente, de férias e totalmente de improviso, quis abrir uma garrafa de vinho na praia, porém sequer um copo de vidro tinha à mão. Por isso não saciaria a vontade?? Não meu amigo, nada de frescuras nesses momentos, viva “o” momento e seja feliz, fui de plástico! Esse é meu recado para os amigos seguidores de Baco para este Ano Novo, não deixem pequenos senões atrapalhar seu “momento”, viva, seja feliz! Óbvio que nas condições ideais (para tudo na vida) seria melhor, porém alguns dos melhores momentos de minha vida não foram vividos com taças de apaltagua Pinot Reserva Especialcristal de primeira linha e certamente outros também não o serão, porém se na companhia certa, se tornarão inesquecíveis, então esqueça as regras, relaxe e aproveite sem frescuras!

Óbvio que qualquer avaliação mais complexa fica prejudicada em função do todo, porém o vinho não tinha nada de chapinha não (!), era um saboroso Apaltagua Pinot Noir Reserva Especial da região de San Antonio no Chile que, refrescado, mostrou boa característica da uva, álcool algo alto porém devidamente controlado pela temperatura, tendo ganho muito quando abri uma caixinha de torresmo bem sequinho para acompanhar mostrando ser bem gastronômico, boa acidez, frutado sem exageros, taninos suaves como convém a um bom Pinot, um vinho que me agradou e ajudou a complementar o momento com galhardia!

Saúde, kanimambo e cá vamos nós retomando nosso dia a dia e vos espero na Vino & Sapore, por aqui e, quem sabe, numa de minhas viagens na Wine & Food Travel Experience. Um ótimo 2016 e não tenha medo de ser feliz, curta o momento sem preconceitos, viva!

No Vinho, Infidelidade É Tudo

Neste fim de semana acabei me deparando no face (onde compartilhei) com um artigo que gostaria de ter escrito pois há muito que bato nessa mesma tecla, que a infidelidade no vinho é essencial! Sair da mesmice, diversificar, descobrir novos sabores e histórias, isso é o que seduz nesse mundo colorido do vinho. O título é sugestivo, “Sejam Infiéis aos Vinhos de Costume” (vinhos de sempre, os mesmos!) e foi escrito pelo jornalista Edgardo Pacheco no jornal português Correio da Manhã há poucos dias. Esqueçam  a menção aos portugueses, porque o tema tem a ver com todos os que se auto proclamam enófilos, não existe vinosfera enófila sem navegantes e viajar é preciso! Agora, se atenham a suas colocações sobre a diversidade dos vinhos portugueses, uma mar em si!

Destaco aqui alguns trechos de seu texto, que adoraria ter escrito, mas o todo só poderá ser lido clicando no link que passei acima.

“Um dos inimigos do vinho é a fidelidade esquisita que muitos consumidores devotam prolongadamente a determinadas marcas. Todos os dias nascem novos brancos, tintos, rosés, espumantes ou colheitas tardias (por vezes em excesso, verdade se diga), pelo que se compreende mal a falta de interesse dos portugueses pela experimentação de novos aromas ou sabores e, acima de tudo, de novas regiões.”

“Nesse sentido, as pequenas garrafeiras de bairro fazem diferença porque é aqui que encontramos vinhos resultantes de pequenas produções do Dão, da Península de Setúbal ou de Trás-os-Montes. E se o dono da garrafeira for competente, seguramente contará histórias sobre esses vinhos que, depois, replicaremos à mesa.” 
A frase que entra para meu rol das clássicas sobre o vinho “Não há nada mais chato do que levar um vinho sem história para a casa de um amigo” Edgardo Pacheco  Leia o texto completo aqui.
Boa semana a todos e lembrem-se de, nessa viagem, fazerem uma parada na Vino & Sapore (rs) para reabastecimento e levar um pouco mais de história à mesa neste final de ano. Kanimambo pela visita aqui e espero vê-los por aí nas estradas de nossa vinosfera, cheers!

O Estado Coletor Também Atua Sobre o Vinho, e Como!!

Volta e meia o maledetto acorda e dá suas caras, impressionante!! Hoje começo este desabafo e desagravo, com uma foto do rodapé de uma nota fiscal que exemplifica bem o processo pelo qual produtores, importadores, comerciantes e você meu caro consumidor, são esmagados pela máquina coletora sem que haja a devida contrapartida.

Tributos no vinho

Sim, o que você viu está correto, mais de 60 por cento de impostos. Por isso o vinho é tão caro no Brasil, dos maiores preços do mundo, e não adianta capeta de einstein24h.com.brficar buscando outros culpados. Por isso o consumo não cresce há anos, porque com os preços na casa do chapéu fica complicado o trabalhador comum encontrar espaço em seu orçamento para seguir degustando estes caldos de Baco que, por sinal, são taxados na maioria dos países como alimento e as benesses de seu consumo moderado e regular estão mais que comprovados! Os sangessugas voltam a atacar e há que se posicionar contrário a mais essa aberração!!

Pois bem, no afã de arrecadar, não de arrumar a casa mas de seguir financiando o total desarranjo das contas públicas, o governo federal optou por taxar um pouco mais o que já está sobre taxado! O consumo já caiu e com o aumento de preços que esse aumento de impostos irá causar, não tem jeito, vai cair mais. Aumentando impostos e com o aumento de preços decorrentes, numa economia já recessiva, creio que não carece de muita inteligência para concluir que o aumento de arrecadação não ocorrerá! Coletor 2Importante, antes que os xiitas de plantão já desçam a lenha, este post não tem qualquer viés político partidário e vale também para a seara estadual. Análise meramente tributária e prática, nosso bolso!

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Vinho é Prazer!

Hoje optei por falar de prazer, mais do que falar de vinho em si o que voltarei a fazer mais ao longo da semana. Acordei com vontade de filosofar, de falar de prazer no vinho, algo que há muito andava ensaiando depois que um amigo (não muito chegado nos caldos de Baco) me disse que para curtir um bom vinho, bastava despejar o caldo no copo e virá-lo! Pode? Sim, pode até ser num primeiro instante, mas na verdade é uma mera “rapidinha” de duração curta sem maiores impactos sensoriais deixando-se de aproveitar a grande maioria dos pequenos detalhes que completam o todo e fazem a diferença entre o mero gozo e o real prazer.

Apreciar um bom vinho é como lentamente nos desnudarmos perante nossos parceiros passando por toda a fase de nos perdermos nos olhos um do outro, sentindo seu perfume, descobrindo todas as suas nuances e curvas, se inebriando de paixão até se deixar levar ao infinito numa viagem que deixa marcas na memória e nos faz querer mais e mais! Um bom vinho possui uma certa dose de sensualidade, de fogo e paixão que na dose certa gera enorme prazer e pede compartilhamento, uma garrafa a dois é muito mais gostoso, ou não?! rs Complicado?Não, o segredo é querer aproveitar o momento e descobrir toda a complexidade e nuances do vinho num processo de entrega e de cumplicidade muito similar há que podemos usufruir num relacionamento entre duas pessoas, guardadas as devidas proporções obviamente!

Para o tomador de vinho, todos já fomos, qualquer coisa está bom já para o apreciador de vinho há a necessidade de “foreplay”, de prestar atenção, de um certo flerte que fará do processo da descoberta um verdadeiro elixir de prazer. O vinho não é, portanto, paixão de pouca dura e sim um processo continuo de aprendizado e conhecimento em que, como nos relacionamentos, existem momentos de grande euforia advindos da perfeita harmonia encontrada numa taça em um determinado momento e outros nem tanto. Tentar desassociar a técnica da emoção é, neste caso, um exercício em vão, pelo menos em minha opinião já que acredito que o vinhos e o amor nos fazem um pouco mais poetas!

Para tomadores de cerveja estupidamente gelada (ótima forma de esconder os defeitos de qualquer bebida) que juntam garrafas sobre a mesa numa Sexta-feira á noite como se troféus colecionassem ou os que bebem para meramente se embriagarem, tudo o que aqui escrevo hoje certamente se tratará de pura bobagem e devaneios mil (também não devem nem ler este blog), mas os que buscam na taça, e na vida, aquele algo mais, esses certamente entenderão o que estou tentando compartilhar hoje ou, pelo menos assim espero!

Muitas vezes escrevo sob enorme influência do prazer e emoções (as vezes em que mais prazer me dá escrever) e quanto maior a satisfação, maior são os adjetivos usados no intuito de repassar aos amigos leitores as sensações vividas. Aliás, como já mencionei aqui em outras oportunidades, um vinho sem adjetivos é um vinho sem alma, sem encantamento, como aquela transa fugaz que pode até resultar num relaxamento momentâneo, porém normalmente deixa para trás aquela sensação de que faltou algo!

Achar que as análises e comentários sobre vinhos são meramente técnicas, é de grande ingenuidade, pois apesar do treino, do estudo e da litragem do degustador eventualmente envolvido, não existe como não nos deixarmos levar pela paixão frente ao prazer e satisfação promovido por um grande vinho (Robert Parker e Bordeaux não me deixam mentir) ou grande momento enogastronomico. Não importa se é com um sanduba de mortadela e um lambrusco, um grande espumante num momento de celebração único ou um jantar de perfeita harmonização entre; o momento, as pessoas envolvidas, o local, o prato e o vinho.

Já dizia o saudoso amigo e mentor, Saul Galvão, num artigo escrito há cerca de dois anos; “quando se fala em vinhos, NUNCA há uma palavra final, mas sim opiniões, que podem ou não ser bem sustentadas. O vinho só existe para dar prazer. Se ele deu prazer, cumpriu sua função, independentemente de regras cânones e opiniões alheias”

Separar o doce néctar de seu viés emotivo é, nesse sentido, algo totalmente equivocado em minha opinião. Tudo na vida é um processo de evolução e depende de cada um determinar seus objetivos. Existe um inicio, nem sempre muito positivo, que vai ganhando qualidade conforme vamos obtendo maior experiência o que, em nossa vinosfera, conhecemos como litragem. Experimentar, buscar diversidade, variar saindo da mesmice, tudo contribui para que o nirvana que se busca seja alcançado. A diferença maior jaz no fato que enquanto num relacionamento a dois a fidelidade é essencial, em nossa vinosfera a infidelidade faz parte do processo de crescimento e aprendizado, prove muito, prove de tudo, aventure-se e deixa a taça te levar a lugares e culturas diferentes sem, no entanto, deixar de ter seu porto seguro!

Cá entre nós, só nota de vinho e os mesmos aromas de frutos de vermelhos e complexidade de boca, tem hora que enche, não?! Até eu volta e meia me vejo nessa! Enfim, por hoje chega, já viajei demais, rs. Cheers, saúde, kanimambo e parafraseando o poeta popular Zeca Pagodinho:

Eu já passei por quase tudo nessa vida
Em matéria de guarida
Espero ainda a minha vez
Confesso que sou de origem pobre
Mas meu coração é nobre
Foi assim que Deus me fez

E deixa o VINHO me levar….

Presente de Dia dos Pais

Acordei inspirado e me lembrei que Dia dos Pais está aí, no dobrar da esquina a menos de 15 dias de distância, não vai esquecer né?! É, digo isso porque Dia das Mães cai em Maio, verão, mês das Noivas, e é o segundo melhor dia de faturamento para o comércio, já o dos pais?!! Agosto, inverno, mês do cachorro louco! Toda a Sexta treze é dia de azar, se cair em Agosto, então, é puro mau agouro!! Pai é tão desprestigiado que seu dia cai em meio ao período de liquidação. Pois bem, foi neste malfadado mês que decidiram instituir o Dia do Pais, sacanagem gente!!! rs Brincadeirinha gente, só para quebrar o gelo e lembrá-los de caprichar no presente. Nóis merece!fathers-day-sign

Já elaborou sua listinha ou já pediu para seu pai a fazer? Nããão!!! Ó, aqui vai uma dica para os pais mais novatos ou de primeira viagem, listinha é essencial! É, eu sou pai velho, por sinal, de três que cresceram e se tornaram pessoas muito especiais de que me orgulho muito. Aliás, já sou até avô então a dica é de Pai com experiência! Aqui em casa tem listinha, e se não tiver, ó, está perdendo, depois não reclame da caixinha de lenços, meias, chinelos ou pijama que ganhou pela enésima vez! Difícil é elaborar essa listinha em função da enormidade de opções disponíveis e, por outro lado, ninguém acredita que você ficará feliz com “mais” um vinho.

Aí, matutando com meus botões, me lembrei, novamente, das Mães! Quer fazer uma mulher feliz, presentei-a com um par de sapatos. Quer fazê-la duplamente feliz? Dê-lhe dois pares de sapatos!!rs De acordo com uma amiga enófila, pode ser também um par de sapato e um vinho! Essa reflexão me fez recordar de uma famosa e profunda frase dita por um desconhecido sábio, “o vinho é a vingança masculina aos sapatos da mulher”, que, apesar de não explicar, serve de embasamento para meu conselho de presente para o Dia dos Pais neste e em todos os próximos anos se seu pai, obviamente, for um apreciador.

Não sei para vocês, mas aqui em casa não falta espaço para tantos e interessantes rótulos disponíveis no mercado, sempre se arruma um cantinho para mais umas garrafas, questão de jeitinho! Falta de espaço nunca foi problema para as mulheres e seus sapatos, então, até porque também somos criativos, não será para nós pais. Mais uma coisa, todo o apreciador tem lá sua famosa “Wish List” com verdadeiros objetos de desejo. Deixe-a, como quem não quer nada, impressa em cima da mesa.

Ah, mas você é o filho(a) que vai presentear o pai que, inadvertidamente, não fez sua listinha? Bem, então veja se desenvolve a criatividade e, se ele aprecia vinhos, nada de meias, pijamas, gravatas ou cuecas vá direto no néctar! Existe um mundo de rótulos, livros e acessórios que seu velho certamente curtirá, o importante é manter em mente que, sua presença é obrigatória e presentei-o com o que ELE gosta, por mais absurdo que isso lhe possa parecer. Preste atenção no que ele toma ou tem guardado. Não prestou atenção não é? Pecado, e pior, ele não tem nada guardado nem “esqueceu” sua wish list sobre a mesa! Bem, neste caso, pense um pouco em sua personalidade e jeito de ser.

É do tipo clássico e tradicional? Neste caso seja mais conservador, vá de rótulos do velho mundo; Espanha, França, Itália ou Portugal ou da origem/uva que ele sempre compra, só mude o rótulo.

O velho é do tipo inovador, inventivo, sempre buscando coisas novas e provando novidades? Então vá de vinhos de regiões diferentes como Hungria, Grécia, Líbano, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul ou, talvez, alguns vinhos da nova região produtora no Brasil, Santa Catarina, e vinhos de cepas menos comuns elaborados nos países vizinhos como um Bonarda, Carignan, País, Petit verdot, etc..

Nem lá nem cá? É chegado mas não fissurado? Nesse caso jogue no seguro, vá de vinhos de nossos vizinhos Chile, Uruguai e Argentina ou, ainda, um dos bons rótulos nacionais.

As opções são enormes, basta procurar comprar numa loja especializada de sua confiança! Não tem uma, bem minha sugestão fica então para que você garimpe aqui no blog, tem dica para dedéu! rs Não quer dar vinho? Tudo bem, que tal; livros para ele se aprofundar no assunto, uma caixa de boas taças, uma adega climatizada, acessórios que facilitem o manuseio, serviço e conservação do vinho ou um curso básico de vinhos? Melhor ainda, faça o curso junto! Ah, tá com uma sobra, quer caprichar, então que tal uma viagem enogastronomica?

Enfim, opções é que não faltam, basta querer e usar de sua imaginação. Para todos os bolsos e todos os gostos, há de tudo no mercado, basta garimpar um pouco, também não vai querer tudo de mão beijada, não é?! A parte principal do presente é o esforço em correr atrás, do tempo que você gastou buscando algo que o faça feliz, não o valor em si, mas o fato de que você se esforçou para satisfazê-lo dando-lhe mostras de seu imenso amor, só não deixe para a última hora e por isso o post hoje, dois fins de semana antes para que você não diga que não teve tempo!

Agora, a crise tá brava não tá dando para comprar nada. Bem nesse caso vai aqui mais uma dica no pé do ouvido, pai adora um carinho! É, sério, não é sacanagem não, especialmente pai velho! Ele, que nasceu há dez mil anos atrás, não tem nada neste mundo que ele goste mais do que um abraço, um beijo carinhoso e um valeu velho!! Nesse dia ele até se deixa chamar de velho numa boa, mas que pare por aí, ok? Tá longe, liga, pega um busão, mostre que você se importa e valorize o dia mesmo sendo em Agosto, fazer o quê!

Seu velho não está mais por aqui, aí fica mais complicado mas também tem solução. Nesse dia abra uma garrafa do vinho que ele mais curtia em sua homenagem. Se tiver irmão/s, juntem-se e façam isso juntos, garanto que, se der para ele ver, isso o deixará imensamente feliz apesar da distância!

É isso e curti demais escrever este post hoje. Quero finalizar com uma dica mais séria para todos que são pais; não basta participar, tem que dar o exemplo! Pensem nisso e semana que vem tem mais, aguardem. Kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui ou por aí, nas esquinas desta nossa incrível vinosfera.

2.5 Milhões de Page Views – Maningue Kanimambo!

Kanimanbo

Muito obrigado a todos que desde Dezembro de 2007 me receberam tão bem e me prestigiaram com seus acessos. As atribulações do dia a dia nem sempre têm me permitido retribuir adequadamente vosso apoio, mas mesmo assim são uma média de 1300 page views diários, baita responsa! Só de seguidores estou quase chegando nos mil, uma baita honra, e espero seguir sendo digno de contar com vossas visitas. Por sinal, para o milésimo a subscrever o site haverá uma surpresa!

Ao deixar de ser trader internacional e executivo de comércio exterior depois de 30 anos de labuta, me dediquei a compartilhar o pouco que aprendi nesta vinosfera, minha experiências, meus erros e meus acertos enogastronomicos com o propósito de divulgar a causa de Baco. De Baco, de nós consumidores, não de uma indústria especifica, de uma origem ou de um produtor ou importador especifico. Aliás, faço questão de não carregar nenhum banner deles já para evitar percepções equivocadas, minha independência é essencial e não abro mão dela, jabá aqui não rola! Por sinal, sigo buscando anunciantes em outros setores, ou coligados, o que ajudaria na evolução do site. Se alguém tiver interesse, sou todo ouvidos! rs

Posteriormente abri minha loja, uma extensão de minha sala, na Granja Viana, onde coloco em prática tudo o que escrevo sobre garimpo, a Vino & Sapore. Lá, disponibilizo a diversidade e rótulos com boa relação Qualidade x Preço x Prazer, em todas as faixas de preço, que encontro por aí. Complicada essa vida de comerciante; concorrência desleal de tudo o que é lado, contrabando, baixas margens, impostos na casa do chapéu, enfim faz parte da escolha que fiz. A presença na loja me tem impossibilitado participar de muitos eventos fora, mas mesmo assim experiências se acumulam e sempre que consigo aqui as compartilho com vocês, novos e “velhos” leitores e amigos.

Curto administrar e montar confrarias, curto montar e administrar cartas de vinho, curto montar degustações com os mais diversos temas, curto demais explorar a imensidão do complexo universo enogastronomico quebrando preconceitos e paradigmas, descobrindo novos sabores! Curto as minhas viagens enogastronomicas com a Wine & Food Travel Experience, projeto recém retomado depois de quase dois anos da perda irreparável de minha saudosa sócia e motor motivador desta parceria a amiga Inês, e ainda busco um parceiro operacional para alçar voos mais altos nessa área.

Curto demais quando o pensamento consegue se traduzir em alguns textos interessantes que aqui publico, mas num país cada vez mais complicado de se ganhar o pão de forma honesta e coerente, há que se buscar novas formas de buscar ganhar nosso sustento e em breve haverão novidades.

A todos os que de alguma forma contribuem para que eu ainda esteja por aqui e por aí nos mais diversos caminhos de nossa vinosfera, fica aqui o meu muito obrigado (Maningue Kanimambo). Este site segue sendo um dos mais lidos neste segmento no Brasil, que responde por 80% dos acessos, mas tem mais! Dos Estados Unidos vêm 7% dos acessos, seguido de Portugal com 4%, Argentina com 2%, Chile e França mais 1% cada e os restantes 5% se dividem entre mais 15 países. Merci, Thanks, Danke, Gracias, Grazzie, tudo é Kanimambo!

Nesta Sexta, mais uma etapa de minha última viagem a Mendoza em Abril com o grupo Huuuummmm! Até lá e semana que vem falo com vocês sobre a viagem que elaborei para Salta na Argentina em Setembro, é meus amigos, há vida para além da linda Mendoza!!

BOMBA, BOMBA, BOMBA!

“Breaking News” ou “Buemba, Buemba”, como diriam Boechat e José Simão, preparem-se, lá vem mais uma paulada! Ontem no Face já meti a boca no trombone, mas não poderia me isentar aqui onde há muito escrevo sobre estes desmandos. Não bastava o governo Federal, o Estadual entrou na baila também!! A sede dos governos pela nossa grana é algo insaciável! Acabei de receber esta carta (imagem no final do post) com um novo aumento de ST (meu novo Maledetto) em Sampa que deverá impactar em mais um aumento de 12% a 15% no preço final, efeito cascata, dependendo da importadora e já a partir de Julho/Agosto. Como isso deve valer também para os vinhos nacionais, preparem-se para cada vez ter mais dificuldades em encontrar vinhos de qualidade a preços módicos nos pontos de venda em São Paulo.

Os preços já aumentaram em função da desvalorização do real face as principais moedas e, consequentemente já que a ST é um porcentual do preço, a arrecadação já aumentou!! Os que vendem para pessoa fisica de fora do Estado para cá o fazem sem ST, os localizados em paraísos tributários tupiniquins, e vão levar ainda mais vantagem no comércio local já devendo estar festejando esta resolução do governo estadual! Isso sem contar os contrabandistas de coletorplantão, cada vez concorrentes mais fortes aos meios legais de comercialização. Até quando o consumidor aguentará ser espremido desse jeito? Afinal, o que os mentecaptos burrocratas estaduais querem, afundar todos os negócios de vinho no Estado? Será que é tão difícil entender o mecanismo de sobre taxação e seus efeitos sobre o comércio legal local? Gente, essa até eu entendo!!

Do que adianta educar, trabalhar pela promoção de bons vinhos, buscar ferramentas de divulgação se numa canetada dessas eles nos levam lá para trás de novo. Aí cai a arrecadação e as “sumidades” não entendem porquê! Pior, ainda acabam por aumentar novamente para compensar a perda, um circulo vicioso em que o perdedor é de conhecimento geral da nação, o consumidor. Só eles não enxergam isso!

No outro dia escutei comentários de como o povo brasileiro é empreendedor, bem eu não entendo as coisas bem assim. O povo brasileiro é necessitado, aposentadorias merrecas, custo de vida altíssimo, falta de serviços públicos minimamente aceitáveis e dificuldade de se conseguir empregos minimamente decentes após os 40/50 anos (problema grave cultural que não reconhece e valoriza conhecimento e experiência), força o indivíduo a buscar novos caminhos. Alguns prosperam e geram empregos, porém as dificuldades de conviver com as altas e complexas cargas tributárias geram enormes dificuldades. Desculpem o desabafo, mas realmente trabalhar séria e honestamente neste país está ficando cada vez mais difícil e neste ramo mais ainda. A carga tributária já passa dos 55% sem este novo aumento, para onde vamos?!

De qualquer forma o problema persiste, preparem-se para novos aumentos, não tem jeito e lembrem-se disto nas próximas eleições Federais e Estaduais. A previsão então, com o aumento da ST (se não sabe o que é como funciona esse imposto clique aqui > ST, Uma Aberração Tributária) de 15,57 para 27,40%, (12 pontos porcentuais ou 75%), é de que os preços finais deverão ter um acréscimo de cerca de 12 a 15% em função do efeito cascata. Sorry pelas más noticias, por favor entendam e não crucifiquem o mensageiro, o problema aqui é mais em cima! Queria escrever sobre coisas mais alegres hoje, porém não posso simplesmente olhar para o outro lado e fazer de conta que não é comigo, é sim! É comigo e consigo meu amigo, porque invariavelmente somos nós que pagamos a conta.

REVISÂO > hoje dia 1 de Julho/2016 tenho o prazer de informar que houve uma lufada de bom senso nas autoridades responsáveis que resultou num aumento bem menor, cerca de 2 pontos porcentuais o que deverá ter um impacto sobre os preços finais ao redor de apenas 3%. Meno mal!

É um grande erro taxar fortemente o vinho como se luxo fosse. Pelo contrário, isso será taxar a saúde de nosso povo. Thomas Jefferson

Aumento de ST em Sampa - Junho 2016

Vinhos Com Alma?

Um dia, na loja, ouvi uma pessoa descendo a lenha na cidade de Mendoza dizendo como era feia. Não sei onde a levaram, mas certamente não foi na cidade que eu conheço! Cidade limpa, ampla, verde, simpática, bons restaurantes e bodegas nem se fala! Enfim, como no vinho, cada um tem lá seu gosto então respeitemos, mas que quanto mais vezes eu lá vou mais me enamoro, disso não restam duvidas.

Enfim, retornamos depois de cinco intensos dias programados, que viraram seis devido a cancelamento de voos, que demandou resistência física de todos os presentes nesta verdadeira esbórnia enogastronomica que envolveu a prova de 66 diferentes vinhos, visita a 9 bodegas, das mais comerciais ás mais familiares e minimalistas, 4 almoços e 2 jantares harmonizados em bodegas, mais uma incrível viagem pela cozinha e sabores de diversas regiões argentinas. Ufa, muita coisa para comentar e muita foto a publicar (vou precisar da ajuda dos amigos que me acompanharam) o que demorará um tempinho, porém quero hoje fazer alguns comentários sobre , talvez, o maior destaque da viagem, a alma no vinho!

Vinho com alma, já ouviram falar? Pois bem, mais do que nunca ficou claro como isso pode mudar toda nossa percepção sobre um vinho. Digo isso porque a alma é colocada na taça por gente, vinho é um estado liquido derivado do mosto fermentado da uva e algumas cositas más, entre elas gente, parte integrante de qualquer terroir! Visitas com provas de grandes vinhos sem pessoas apaixonadas fazendo o elo entre eles, os vinhos, e nós, perdem um pouco da graça mesmo que sejam caldos excepcionais pois falta-lhes alma, emoção! Gente como a Cecilia da Catena que me devolveu a fé na bodega, Andrea da Dominio del Plata com sua sempre radiante e simpática energia, a presteza e hospitalidade da Constanza da El Enemigo, Matias Michelini da SuperUco e Passionate Wines (nome mais apropriado impossível) foi de uma atenção ímpar, Florencia da Casarena que nos incentivou na elaboração de nossos próprios vinhos, a jovem e dinâmica Daiana da linda Decero, Pablo del Rio do incrível Siete Cocinas, entre outros de que agora não me recordo (sorry) fizeram a diferença, obrigado. Essas experiências foram prova cabal de que o componente humano é essencial e não deve ser deixado de lado, pois corre-se o risco de perder boa parte do “sabor” na taça sendo tão importante como a fruta exuberante, os taninos bem colocados e o equilíbrio da acidez!

Isso vale para o vinho, mas vale também para quase tudo mais na vida, já que onde existe paixão pelo que se faz, faz-se melhor! Por hoje é só, mas pensem um pouco nisso. Pensem nos restaurantes ou lojas que frequentam, no médico com que se consultam, no hotel onde se hospedam, etc. e busquem locais com alma, eles fazem a diferença, garanto!

Cheers, kanimambo e nesta semana voltando ao normal, sexta tem mais.

Ps. no site luso-poemas.net achei esta tradução de um poema escrito pelo poeta francês (falecido em 1867) Charles Baudelaire que quis compartilhar com os apreciadores do gênero que hoje me visitam

 

A alma do vinho assim cantava nas garrafas:
“Homem, ó deserdado amigo, eu te compús,
Nesta prisão de vidro e lacre em que me abafas,
Um cântico em que há só fraternidade e luz!Bem sei quanto custa, na colina incendida,
De causticante sol, de suor e de labor,
Para fazer minha alma e engendrar minha vida;
Mas eu não hei de ser ingrato e corruptor,Porque eu sinto um prazer imenso quando baixo
À guela do homem que já trabalhou demais,
E seu peito abrasante é doce tumba que acho
Mais propícia ao prazer que as adegas glaciais.

Não ouves retinir a domingueira toada
E esperanças chalrar em meu seio, febrís?
Cotovelos na mesa e manga arregaçada,
Tu me hás de bendizer e tu serás feliz:

Hei de acender-te o olhar da esposa embevecida;
A teu filho farei voltar a força e a cor
E serei para tão tenro atleta da vida
Como o óleo que os tendões enrija ao lutador.

Sobre ti tombarei, vegetal ambrosia,
Grão precioso que lança o eterno Semeador,
Para que enfim do nosso amor nasça a poesia
Que até Deus subirá como uma rara flor!”

Leia mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=201432 © Luso-Poemas

Quebrando Preconceitos na Argentina

Mesmo os mais experiente enófilos certamente têm lá suas cismas com alguns vinhos, produtores, regiões, uvas, etc.. Eu sempre falo que jamais se deve dizer que não se gosta de uma uva ou estilo de vinho, país ou região, porém não sou diferente de ninguém e neste último ano “quebrei” a cara algumas vezes porque tinha me deixado levar por atitudes que critico!

1 – Não era chegado em Malbecs! Não gostava de vinhos em que existe uma sobre extração e madurês das uvas que gera vinhos com taninos doces e enjoativos depois de duas taças, sigo não gostando, só que generalizei quando não devia. Para minha grata surpresa, nestes últimos dois anos viajando por aquelas terras descobri vinhos que me fizeram mudar meus conceitos; alguns mais potentes que outros, mais robustos, outros mais polidos porém em todos prevaleceu o equilíbrio e finesse de taninos. Há Malbecs e Malbecs, só tem que achar os seus e eu andava tomando os errados! Isso não me faz gostar menos dos blends que tanto venho elogiando e que seguem sendo minha preferência, porém certamente me fez rever opiniões formadas que tinha.

2 – Os vinhos da Andeluna não faziam minha cabeça! Aí provei o Passionado 4 Cepas, um blend de Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Malbec e Merlot dos quais a bodega produz apenas 5000 garrafas por safra, quando dá! Um vinho de lamber os beiços e pedir mais, apesar do preço algo salgado. Não importa, mais um preconceito no ralo e não foi o único, porque tinha a mesma impressão dos vinhos da Cobos e aí provei os vinhos Bramare Regiões (single vineyards) também me surpreenderam, especialmente o Marchiori!

3 – Grandes conglomerados do mundo do vinho só produzem vinhos padronizados e sem personalidade, as famosas “coca-colas” do mercado. Eh, eh, mais uma vez me danei! Visitei a Norton que até produz alguns vinhos básicos bem legais e descobri um novo mundo. Já tinha provado e elogiado sua linha Finca Predriel, mas agora viajei por um mar mais amplo e vim de lá apaixonado por seus vinhos e sua bodega. Tanto que fiz questão de a incluir na minha próxima viagem a Mendoza, uma forma de compartilhar com os amigos que virão comigo o que eu vivenciei!

Aprendi há muito anos de que em nossa vinosfera não existem verdades absolutas, porém existem momentos em que me deixo levar pela onda esquecendo o meu racional que é tão importante quanto o emocional nessas horas! Mantenha sempre a porta aberta, navegue sempre, porque navegar é preciso, descobrindo novos sabores e novas emoções, nunca se deixe “enquadrar”, pois o nirvana poderá estar na próxima curva, no próximo porto ou na próxima taça! Bon Voyage, um ótimo fim de semana, cheers e kanimambo pela visita. Vem comigo a Mendoza?!

Menos, Menos, o Vinho Só Tem que Nos dar Prazer

Uma das coisas que me irritam em nossa vinosfera ainda é a mania de alguns em colocar o vinho num pedestal onde, em minha opinião, ele não deveria estar! Acho que o vinho é algo social, culturalmente uma bebida que nasceu para acompanhar comida, jantares, amigos em volta de uma mesa, coisa simples como o pão e o azeite. Não deveria ser algo complicado e cheio de mistérios, frescuras e salamaleques.

Está certo, existem segredos e misticismos que envolvem o vinho e o fazem especial entre o mundo das bebidas, porém devemos tratá-lo de uma forma mais simples e tentar não complicar. Deu prazer, ponto, objetivo alcançado! Um de meus melhores momentos com vinho foi numa tasca do interior de Portugal com um primo que há anos não via; direto da barrica num copo de requeijão acompanhando pataniscas de bacalhau feitas na hora! Tudo simples, tudo ótimo, e como Fernando Pessoa já dizia; “Tudo vale a pena Se a alma não é pequena.”

O titulo deste post veio em decorrência de uma experiência que fiz há poucos dias com alguns confrades. O tema que escolhi para o encontro foi, Uvas de Bordeaux na Argentina. Em Bordeaux os vinhos são essencialmente, há exceções, assemblages de diversas uvas autorizadas pela AOC, basicamente as; Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Malbec, Carmenére e Petit Verdot então escolhi 4 varietais para provar, todos vinhos muito qualificados: DV Catena Malbec-Malbec, Fabre Montmayou Gran Reserva Merlot da Patagônia, Angelica Zapata Cabernet Franc e Susana Balbo Signature Cabernet Sauvignon. Os vinhos estavam divinos sendo o Merlot uma das grandes surpresas da noite.

Varietais de Bordeaux

No dia seguinte, manhã cedo, hora da limpeza, verifiquei que as garrafas ainda possuíam algum caldo nelas, pouco, mas tinha. Decidi então produzir meu próprio assemblage, meu próprio “Bordeaux”! Partes iguais de Cabernet Sauvignon e Malbec (chuto uns 35% de cada), uns 20% de Cabernet Franc e finalizei com Merlot. Sem frescuras, só buscando prazer e deu certo. O vinho ficou muito aromático, fruta bem presente, aveludado e rico na boca, também olha só o que tive de matéria prima! Ainda vou querer reproduzir essa receita de forma mais técnica retirando uns 5% do Cabernet Franc e adicionando esse porcentual em Petit Verdot. Peguei as sobras da noite anterior e deu um belo almoço,

Tudo isso só para passar uma mensagem, solte-se! Tem gente que coloca gelo em vinho, outros coca-cola, ginger-ale ou seven up, tudo bem. Eu posso até não gostar ou discordar, mas dependendo do contexto e dos vinhos envolvidos, why not?! Viaje, experimente, faça coisas diferentes, quebre o establishment, seja infiel, curta a diversidade, se divirta. Nossa vinosfera não é tão séria e “amarrada” como alguns podem tentar lhe vender, então relaxe e curta a viagem sem preconceitos! O bom de nossa vinosfera é que não existem regras nem dogmas a serem seguidos então explore o infinito com vontade, aqui você pode e, numa dessas, você pode se dar bem, como eu!

Cheers, kanimambo e tenham todos um ótimo fim de semana. Semana que vem tem mais.