Os Bons Vinhos Incitam à sobriedade

Beba menos, mas seja exigente em sua escolha, assim disse Émile Peynaud de acordo com texto escrito pelo competente amigo Bernardo Silveira responsável técnico da Zahil Importadora, na revista de Maio/Junho da importadora. Me identifiquei com o texto e pedi autorização para transcrevê-lo aqui no blog, mas antes queria ressaltar minha agradável surpresa ao receber em casa a revista, como é gostoso pegá-la na mão, virar a página em vez de clicar, sou da velha guarda, ainda gosto de escrever no papel, sequer sei usar um I-pad da vida e uso bloquinho em minhas degustações! Vamos ao texto do Bernardo, que picotei um pouco para que não ficasse longo demais aqui no blog:

A Grande Beleza do Vinho
“Descobri que o vinho podia mesmo ter a ver com a beleza. Ele era capaz de despertar sentimentos, era eternamente mutável e, como música, se desdobrava em variações sobre temas maravilhosos. Não era tão somente algo agradável, era também interessante”
Quando li pela primeira vez estas palavras de Terry Theise, um importador americano especializado em pequenas maravilhas enológicas, tive a sensação de encontrar meu próprio sentimento de atração pelo vinho. Reconheci ali o motivo básico pelo qual me aprofundei sem volta nesse mundo; um magnetismo irresistível resultado da combinação do componente humano com uma variedade infinita, a vivacidade do próprio vinho e o efeito do álcool. É impossível – ou desonesto – não dar ao efeito álcool a importância que ele tem na atração que o vinho causa. Mas não é o único, nem deveria ser, o mais importante, pelo contrário. A Cultura do excesso e a irresponsabilidade trazem graves consequências.
A melhor resposta ao consumo imoderado de álcool que já vi, veio de Emile Peynaud, um dos mais importantes personagens da enologia moderna; “os bons vinhos incitam á sobriedade sendo o alcoolismo a sanção do mal-beber. Beba menos, mas seja exigente em sua escolha. Cada vez que escolher um vinho indigno, estará prejudicando a causa do vinho”. Para mim, a verdadeira “causa do vinho” é a cultura que se desenvolveu ao redor dessa bebida milenar capaz de abranger história, geografia, literatura, artes plásticas, música, gastronomia, física, química, biologia, filosofia e mais, O Vinho atrai pessoas com interesses completamente diferentes entre si, isto não é irresistível?

       Quem quiser a ler a matéria na íntegra pode contatar a Zahil e pedir a revista, mas de forma resumida o recado do Bernardo foi dado e o meu também. Há tempos que bato na tecla de que vinho é cultura e diversidade, daí a necessidade de explorar novos caminhos, descobrir novas emoções e novos sabores nessa imensidão de rótulos disponíveis no mundo de baco. Beber por beber não é a solução, que harmonizar vinho com gente, comida e momentos é essencial, que para se embriagar (algo que não recomendo nem incentivo) existem produtos bem mais baratos e mais eficientes! Os bons vinhos, meus amigos, incitam á sobriedade para que possam ser entendidos e apreciados em toda a sua complexidade, pois na garrafa existe bem mais do que mosto engarrafado!

Salute, kanimambo e lembremos que vinho é um complemento alimentar!

 

 

Medalhas de Ouro – Como Funciona Essa Premiação?

Wine meddalists - Von StiehlFalando de Vinhos e premiações com amigos confrades recentemente, achei que valia escrever um post sobre este tema. Quem não milita nesse setor pode ter a impressão errônea, fortemente fomentada pelo marketing tanto de produtores como das importadoras, de que um vinho que ganhou medalha de ouro em uma determinada feira, evento ou exposição, foi o melhor desse evento. Isso NÃO É VERDADE! Para que tenham uma idéia, no Decanter (conceituada revista Inglesa) World Wine Awards de 2013, participaram 10.400 vinhos e foram distribuídas quase que 10.000 medalhas, das quais 229 de ouro, 1.665 de prata, 4.165 de bronze e 3,658 Commended (recomendados). Na recente versão 2014 da Argentina Wine Awards foram provados cerca de 650 amostras e distribuídos 4 Trophies Regionais, 12 Trophies, 58 medalhas de ouro, 256 medalhas de prata e 276 de bronze.

Como já disse sobre as notas de experts ou pseudo experts, tem diversos por aí andando de salto Luis XV (!), estas medalhas e troféus dever ser absorvidas com a devida parcimônia. Dependendo do evento, não devemos fazer pouco caso da medalha, pois esta é atribuída a vinhos dentro de uma faixa de pontuação bastante alta. Já os troféus, esses são diferentes e premiam os melhores vinhos em cada categoria (região/cepa/país, etc.) determinada pela direção de cada evento. Posteriormente, os selos de premiação são comercializados aos produtores por parte do organizadores.

Me irrita profundamente quando os marqueteiros de plantão saem por aí anunciando um vinho que foi o número 1 dos top 100 da Wine Spectator, como o melhor vinho do mundo! A Miolo, por exemplo, anunciou aos 4 ventos que o Merlot Terroir 2005 (um bom vinho por sinal) ganhou numa degustação às cegas em Londres o título de Melhor Merlot do Mundo (foram 27 os vinhos provados)! Menos, vai gente, menos porque isso é falta de ética é querer eludir o consumidor seguidor de Baco!! Que um determinado vinho tenha ganho, por exemplo, um Troféu como Melhor Merlot do Evento num evento de prestigio consagrado é digno de celebração, mas vamos manter isso dentro da realidade, foi “só” o Melhor DAQUELE evento, não do mundo até porque para isso todos os melhores (?) deveriam estar presentes e invariavelmente não estão!

Concurso de vinhos
Vamos em função disso menosprezar premiações? Não, mas vamos digerir isso com a devida cautela e sem ufanismos. Várias premiações em diversos concursos dadas a um mesmo vinho em diversas safras faz dele, sim, um vinho de qualidade respeitada que deve ser festejada, porém que pode não ser do seu agrado, então provar é sempre essencial. Para mim, o melhor merlot nacional foi o Storia 2005, que depois não conseguiu repetir a performance (pelo menos das safras que provei) e hoje o Pizzato DNA , mas isso é tão somente a minha opinião em cima do que provei e tem um montão que não cheguei nem perto!

  • No Royal Adelaide Wine Show da Austrália, as medalhas são dadas para vinhos com a seguinte pontuação: Ouro 18.5/20 pontos e acima – Prata de 17.0 a 18.4/20 pontos – Bronze de 15.5 a 16.9 pontos.
  • No Concours Mondial Bruxelles – Ouro de 92,5 a 100 pontos – Prata de 87 a 92,4 pontos e Prata de 84 a 86,9 pontos.
  • No Decanter World Wine Awards – Ouro, de 95 a 100 pontos – Prata de 90 a 94 pontos – Bronze de 85 a 89 pontos e Recomendado (Commended), que eu traduzo como Menção Honrosa, de 81 a 84 pontos.

Decanter medals

Enfim gente, bebam vinho, não pontuação e não se deixem eludir pelo marketing extremo lembrando que, NÃO EXISTE VINHO MELHOR DO MUNDO! As premiações são tão somente uma fotografia de; um determinado evento, num determinado local, de determinados vinhos provados por determinados juízes/avaliadores num determinado dia. Mude um desses fatores e você poderá obter um resultado diferente. Tem um monte de rótulos com conteúdos maravilhosos que nunca entraram numa concurso ou feira de vinhos, que nunca foram enviados para avaliação da Wine Spectator ou da Wine Advocate (Robert Parker) e não por isso são inferiores em qualidade a muitos medalhados. Liberte-se, aventure-se, prove (essencial), saia da mesmice e curta a agradável viagem da busca por novos sabores e emoções!

Salute, Kanimambo e conto com vocês no Riedel Tasting de dia 16 de Abril. Dizem ser as melhores taças do mundo, será? Venha conferir, reserve já!

Ps. O WordPress segue com vontade própria diagramando o post do jeito que quer! Alguém aí está com o mesmo problema ou sou só yo!

Feliz Natal e Próspero Ano Novo

Mais um ano se foi e mais histórias e momentos, uns bons e outros nem tanto, se juntaram aos muitos que coleciono ao longo destes meus quase 59 anos. Ano passado falei da necessidade de reflexão, de um monte de coisas que precisava fazer, atitudes que precisava mudar e…………..muito pouco fiz, o que pesa na consciência! Não foi um ano fácil não e meu foco se perdeu entre tanto incêndio a apagar, mas vou trabalhar para realizar tudo aquilo que desejei fazer porém não consegui, em especial no que se refere às pessoas com quem estou em falta. Por falar em pessoas, me baseei numa muito especial para ilustrar esta mensagem de final de ano.

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Não interessa sua fé ou se você acredita no Papai Noel ou não, porém esse sorriso franco e inocente de uma criança nesta época do ano não tem preço. Nem que seja por um dia, por um momento apenas, já vale a pena! Deixar viver o sonho é essencial e o espírito de Natal, independente das eventuais conotações religiosas que cada um possa ter, esse sim é que faz desta época do ano um período especial de nossas vidas e ainda bem que se repete uma vez ano, pois por mais efêmera que seja, é uma renovação de esperança e um momento importante de reflexão, pois como costumo dizer, vinho é bom mas não é tudo, longe disso!

Nestes últimos dias tenho escrito pouco pois o quase nada de tempo que tem sobrado tenho aproveitado para descansar um pouco, a idade pesa (rs), porém no ano que vem certamente voltarei com mais novidades e descobertas de nossa vinosfera. Até dia 31, ainda muito trabalho, mas um kanimambo enorme aos amigos leitores que seguem fazendo deste blog um dos mais lidos no segmento da enogastronomia em língua portuguesa e que está prestes a alcançar os 2.000.000 de page views. Que o sonho, qualquer um que seja o seu, não se apague com o Ano Novo e sim ganhe força e se realize, essa é minha mensagem para todos os amigos.

        Se der ainda escrevo algo, mas sem promessas, então aproveite para fuçar um pouco no blog e pesquisar os arquivos em “Categorias”, afinal são mais de 1400 posts à sua disposição. Salute e se precisar de algo estarei de plantão na Vino & Sapore para assessorá-lo em sua escolha caso seja necessário..

Vinhos Elegantes, Uma Exclusividade do Velho Mundo?

Esse é um tema que certamente acirra discussões, porque o próprio conceito de vinhos elegantes não chega a ser unanimidade. Em matéria escrita por Alexandre Lalas para a Revista Adega em 2012, essa matéria é amplamente explorada por ele com muita sapiência e fonte de inspiração para este post. Vejamos, no entanto, qual o significado dessa palavra no nosso cotidiano antes de fazer essa liga com nossa vinosfera.

  • De acordo coma Wikipédia – Elegância é a qualidade do que é elegante e, portanto, possui uma certa harmonia caracterizada pela leveza e facilidade na forma e movimento. É o atributo de ser eficaz e simples.
  • Paul Válery (filósofo, escritor e poeta francês) – Elegância é a arte de não se fazer notar, aliada ao cuidado subtil de se deixar distinguir.
  • Dicionário Priberam – Elegância é graça, airosidade, delicadeza e distinção aliada à simplicidade e clareza.

·        No vinho, a elegância poderia ser descrita como “sutileza e complexidade, harmonia, em que o equilíbrio e expressão do terroir se encontram de forma a ressaltar as diferenças, sendo a essência do caráter do mesmo”

O oposto dessa decantada elegância são os vinhos “de grande potência, extração, robustos e exuberantes com grande concentração de fruta e madeira”

Essa discussão, conforme expresso pelo renomado enólogo  australiano John Duval, é uma discussão estéril. “Nas décadas de 1970 e 80 até havia certas diferenças entre o que se fazia na Europa e nos Estados Unidos e Austrália, porém hoje em dia não mais. Há vinhos feitos no Velho Mundo que são robustos, austeros e musculosos enquanto outros no Novo Mundose mostram elegantes e finos. Tem mais a ver com o Terroir e o desejo do Enólogo”. A meu ver, mais do que tudo isso tem a ver com o mercado; seus movimentos e tendências. São as demandas do mercado como um todo que tendem a indicar os caminhos e cada vez mais, os grandes produtores tendem a seguir com a maré! Já os menores, com menos dependência dos mercados externos e mais voltados a vendas regionais, tendem a se manter mais fiéis a suas origens e tradições.

Por outro lado e a meu ver, há a possibilidade, sim, de uma mescla de potência e concentração, com sutileza, complexidade e equilíbrio, um vinho musculoso, mas de casaca e de fino trato! Na verdade, a busca pela elegância é algo que a maior parte das casas produtoras tem em mente face a mudança consumista de uma série de mercados que cansaram um pouco do excesso de modernidade e concentração. Conforme os mercados vão evoluindo, os paladares vão ficando mais exigentes e as “bombas”, independentemente se vêm do Velho ou Novo Mundo, tendem a perder seu impacto inicial como aconteceu, por exemplo, com os vinhos do Priorat (Espanha) num passado não tão distante.

Elegância não é portanto, uma exclusividade do Velho Mundo e sim uma exigência de boa parte do mercado consumidor. Pessoalmente acho a elegância imprescindível em tudo, inclusive no vinho. Há momentos para tudo, mas os vinhos elegantes possuem um “papo” bem mais interessante e complexo que me agradam sobremaneira. Food for thought, diriam os ingleses e o tema é controverso, porém fica aqui minha pergunta; que estilo de vinho você merece?

Salute, kanimambo e vejo você por aqui ou na Vino & Sapore onde dou “plantão” diariamente.

 

 

 

O País da Pizza é Aqui!

Que Itália que nada, o país da pizza é aqui e está cada vez mais difícil separar o joio do trigo! Terra da impunidade, da politicagem barata, da falta de vergonha na cara, esperar que se faça justiça por aqui está se tornando uma verdadeira utopia, quanta tristeza!!! Me perdoem, mas o dia que eu deixar de me indignar, podem fechar a tampa e me enterrar. O vinho diante da sujeira que invade nosso querido Brasil se torna insignificante no dia de hoje. Sem salute, sem kanimambo, hoje só indignação e tristeza .

Grande Circo Brasil

Pequenas Vinícolas Brasileiras Fecham as Portas

        Enquanto no velho mundo apoiam-se e protegem-se os pequenos vitivinicultores que fizeram e fazem a história de nossa vinosfera, o novo mundo vive dos grandes conglomerados. Há luzes nesse túnel escuro como no Chile onde o MOVI (Movimento Vinheteiro Independente) faz um trabalho interessante e importante no resgate desses valores, assim como na Austrália e Estados Unidos onde os grandes convivem com os produtores mais artesanais, uma relação salutar e essencial. Por aqui, pelo menos por enquanto, o foco segue sendo o de tornar os grandes ainda maiores e os pequenos ……….bem, esses que se explodam e é bem isso  o que está ocorrendo. Eu falar sobre esse tema, no entanto, não tem muito valor até porque meu conhecimento de causa é muito relativo, mas o que dizer quando a voz que se ouve é deles próprios? Um leitor, o  Guilherme, me enviou este recorte em um comentário feito ontem e acho que ele merece um post por sua importância. Eis o texto de Noele Scur em reportagem especial para a Folha de Caxias:

               “A União Brasileira de Vinícolas Familiares (Uvifam) estima que pelo menos 150 pequenas cantinas tenham deixado de produzir vinho na Serra Gaúcha nos últimos quatro anos. O número parece alto para quem considera o setor consolidado na região, mas se mostra baixo para quem vive o problema. “Imagino que seja muito mais que 150. São muitos que desistiram”, conta o agricultor Vilmar Slomp, 49 anos.

                “A lucratividade caiu à zero. É uma questão de sobrevivência. É como perder o emprego, mas nos preparamos para a decisão. Tem que entender que não dá mais. Tomamos a decisão certa.”, explica Volnei. Nos anos anteriores, eles acreditavam que as coisas poderiam mudar. “Sempre tinha a crença de que ano que vem vai melhorar, mas nós não estamos sós”, lembra Vilmar. Ele conta, ainda, que muitos não fecharam as vinícolas ainda porque possuem grandes estoques de vinho e nem receberam pela produção da última safra. A carga pesada dos tributos e a Lei Seca são os principais fatores considerados por eles para explicar a diminuição do consumo da bebida e, consequentemente, a desistência dos vitivinicultores.

Cenário – O que a família Slomp conta, as entidades representativas confirmam. O vinho dos pequenos produtores pode ser extinto do mercado.  A contagem da Uvifam, que trata de 150 fechamentos nos últimos anos, é considerada alarmante para a Serra Gaúcha. “É uma das regiões que mais possui cantinas familiares no Brasil, mas também a que mais fechou as portas. Está acabando não simplesmente um produto, mas uma cultura”, afirma o presidente da entidade, Luís Henrique Zanini.

Para ele, a situação remete a um futuro de fortalecimento das grandes companhias e o sumiço das pequenas, que foram exatamente o carro-chefe da economia da região serrana. Zanini considera que no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, há ainda a especulação imobiliária para colaborar com a decisão de abandonar a produção de vinho. Em Caxias e Flores da Cunha, os agricultores passam a desistir da produção da bebida para vender toda a colheita da uva, e enfrentar o sempre polêmico preço mínimo da fruta.

 “A burocracia e a questão tributária são os principais entraves. E o consumo caiu, não houve um olhar mais atento do governo ao setor da vitivinicultura”, destaca.  Zanini aponta, ainda, que as vinícolas de pequeno porte não podem ser enquadradas no imposto Simples, porque é bebida alcóolica. “A cantina que produz 10 mil litros ou 10 milhões encara exatamente a mesma tributação.”

Compra governamental – Ações de incentivo do governo aos agricultores familiares e até a compras de suco de uva não são consideradas o bastante para alavancar o setor. “São atitudes esporádicas e acontecem quando há imensa dificuldade. Gostaria de ver a discussão de uma matriz produtora, um projeto para o setor”, afirma.

Outro ponto negativo que a desestruturação das cantinas familiares causa é no turismo. Para Zanini, as pequenas propriedades são exatamente o charme e a diversidade que a Europa utilizou para promover algumas regiões, ao contrário do que vemos de perto.” Matéria completa pode ser lida aqui >http://www.folhadecaxias.com.br/noticia/Pequenas+vinicolas+fecham+as+portas/4267

Dá o que pensar, não? Como diz o mestre Adolfo Lona aqui  “um número expressivo de famílias produzindo seus vinhos nas diferentes comunidades faria surgir a regionalidade, a tipicidade, os produtos originais e únicos e com certeza teria uma influencia fantástica no futuro do vinho na Brasil. Estas vinícolas são as que agregam valor ao vinho.Valor financeiro e principalmente valor cultural, em vez disso o mundo do vinho fica sem graça e perde a alma”. Salute, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui ou na Vino & Sapore onde, neste próximo Sábado teremos nosso Saturday Night Wine Tasting.

Ainda a Maledetta ST

capeta de einstein24h.com.br   Achava que tinha arquivado o Maledetto quando o pedido de Salvaguarda peticionado pela elite dos produtores nacionais foi rejeitado, mas por aqui parece que o saco de maldades nunca é fechado definitivamente, então cá está ele de novo!  Hoje pagamos 14, 23% de ST e a partir de Setembro iremos pagar 27,41% se os iluminados que assinaram essa alteração e inventaram essa aberração tributária não reverem as decisões tomadas. Por sinal, li hoje um artigo do produtor de espumantes em Garibaldi, o conceituado e respeitado Adolfo Lona, sobre essa atrocidade que está sendo cometida em São Paulo. Para que tenham uma idéia, para uma loja em São Paulo revender um produto do Rio Grande do Sul, ele arca com um custo de tributação de cerca de 31% (acho que já é mais) o que crescerá para 41% (acho que será maior) de acordo com estudo feito por ele que diz; ” O pior de tudo é que este valor é pago antes de embarcar, ou seja o Sr. Alckmin garante o seu antes da venda. Como as vendas são geralmente a 28 dd. no mínimo da cantina para o revendedor e pelo menos dois meses mais para chegar ao público, todos estamos financiando o caixa do governo.

Vale a pena ler a matéria inteira em seu gostoso e informativo blog – Vinho Sem Frescuras. Bem, agora é rezar para ver se um pouco de bom senso atinge esse pessoal! Aparentemente, de acordo com o comentário do Nilson ontem;

(Notícias Agência Câmara)

Data: 04/07/2013
O ministro-chefe da Secretaria da Microempresa, Guilherme Afif Domingos, defendeu nesta quarta-feira a extinção da forma atual de substituição tributária, que é um mecanismo de arrecadação de tributos utilizado pelos governos federal e estaduais, em que o contribuinte ocupa o lugar do cliente na responsabilidade pelo pagamento do imposto devido. Na opinião do ministro, a substituição tributária é um entrave que precisa ser extinto.”

Como o homem também é vice-governador de São Paulo, ainda, quem sabe né? Enfim, como dizem por aí, a esperança é a última que morre, mas morre!! Salute e bom fim de semana que, por aqui, é longo já que Terça (09) é feriado em terras Paulistas. Kanimambo e desculpem pela insistência no tema, mas é a única forma de elucidar a todos sobre as agruras que atingem produtores, comerciantes, importadores e nós próprios consumidores e seguidores de baco.

ST – Afinal, quem é o iluminado que inventou essa excrescência?!

Em breve postarei algo mais descriminado mostrando como essa aberração e outros impostos afetam a vida do consumidor e não é só no vinho não! É por essas e por outras que todo mundo só compra vinho fora (vejam que os gastos dos brasileiros no exterior não pára de bater recordes) ou cai, especialmente os mais ao Sul do país, nas redes de contrabandistas (seja vinho, eletrônica, armas ou drogas) que o governo federal é incapaz de coibir. O recado hoje é só porque afora os efeitos da valorização do Dólar em tudo o que é produto importado (não se enganem porque os produtores tupiniquins não vão perder o bonde também!) em Sampa o governo estadual anuncia o aumento da base de cálculo da ST (vejam abaixo) para Setembro. Num mercado bastante inibido, to say the least, como esses iluminados de plantão chegam nesse número?

Para quem não sabe o que é essa excrescência pode ler meu post sobre isso lá atrás em Janeiro quando eu já antecipava  a má noticia, porém para resumir, a ST é uma antecipação no ato da compra pelo lojista, da cobrança do ICMS sobre um valor de venda que o governo, sim o governo, crê que o lojista vai praticar e em cima de 100% da compra, independentemente se o comerciante abrir umas garrafas para degustação, houverem quebras, fazer uma promoção, etc. , e em cima dessa diferença ele antecipa arrecadação de 25% sobre a diferença sem contar que ele já taxou o importador sobre a base no mesmo valor e mais o “simples” do lojista! E tem gente que ainda fica culpando importadores e lojistas pelos altos preços, vinho ou não, então fica aqui minha mensagem, olhem um pouco mais para cima! Não que não existam abusos nas bases, há e não são poucos, mas os grandes vilões desse enredo são os governos estaduais e federal. Enfim, vejam abaixo e quando terminar meus estudos mostro alguns números.

As novas regras constam da Portaria CAT 63, publicada no DOE-SP deste sábado, dia 29 de junho de 2013.

O novo preço final ao consumidor e o novo IVA-ST servem para calcular o ICMS devido a título de substituição tributária. Em se tratando de mercadoria que não existe preço final estabelecido pelo fisco para cálculo do ICMS-ST, deve ser utilizado o IVA-ST. Na prática haverá elevação da base de cálculo somente a partir de 1° de setembro de 2013 e por consequência aumento do imposto. Isto porque o IVA-ST vigente até 31 de agosto de 2013 (cerca de 57%) subirá para 109,63%!!

Como diz o Didu, poiiiiim e ponha aí seu nariz de palhaço! Salute por dias melhores, porque eu estou para lá de cansado de pagar essa conta e adoraria saber de que cabeça iluminada saiu essa  ………..!!!!!!!

Vinho – Preço e Qualidade

      Estive em mais um agradável encontro da Wines of Argentina e alguns rótulos me chamaram a atenção. Antes de falar deles, no entanto, deixa eu compartilhar com vocês um tema interessante, o dos preços. Fui criticado, numa boa, por um produtor pois eu reclamo demais dos preços. Talvez, mas esse tema sempre esteve presente neste blog desde os primeiros posts já que, acima de tudo, sou um consumidor de classe média que precisa suar muito a camisa para conseguir juntar uns trocados no final do mês, igual à grande maioria dos consumidores brasileiros e busco o máximo de retorno sobre o que pago.

     Aliás, num país que possui um dos menores consumos per capita do mundo, muito em função do disparate dos preços do vinho seja ele importado ou produzido localmente, esse tema não pode ser desassociado de qualquer comentário sobre um vinho. Ao fim e ao cabo, falamos de um mercado que possui hoje um leque enorme de rótulos, há gente que fala em cerca de 30.000, porém tem também um patamar de preços que está entre os mais altos do mundo o que transforma o consumo do vinho num ato “elitizado” ou quase! Pior, em função do novo patamar de câmbio vem mais aumento por aí.

     O que mais me tem espantado já faz um tempinho, é o alto valor dos bons rótulos argentinos e chilenos, de novo comprovado neste encontro do Wines of Argentina. Encontram-se rótulos com boa relação custo x beneficio? Certamente que sim e esse é um pouco o trabalho que faço de garimpo aqui no blog, porém os bons vinhos começam a extrapolar e difícil encontrá-los por menos de uns R$90 a 100 e hoje é comum encontrá-los na faixa entre R$140 a 190 quando não mais! Isso, de uma região que está isenta do imposto de importação!

     Por outro lado, os preços passados à imprensa especializada pelos importadores, muita vezes carecem de precisão e são repassados para o mercado de forma equivocada. Num caso especifico, um amigo blogueiro falou que determinado vinho possuía uma ótima relação custo x beneficio (R$90) quando na verdade esse foi o preço que lhe foi passado e era preço para loja sem ST. Só de ST são mais 14,23% em São Paulo! Neste caso já falamos de um preço ao redor 103 reais. Mesmo que uma loja coloque uma margem bem seca, digamos de 25 a 30% sobre o preço de venda, dificilmente encontraremos esse preço no mercado por menos de 145/150 reais ou seja, uma baita diferença do anunciado!

     Porque esse cálculo faz diferença numa eventual critica e avaliação? Um vinho de R$150 já tem a obrigação de ser muito bom e nossa expectativa sobre um de 90 é diferente. Nesse sentido, um vinho que pode ser considerado excepcional quando custa 90 perderá pontos, no meu conceito, se custa 150 já que estaria simplesmente “performando” o esperado e não superando expectativas como o de preço mais baixo. Confuso? Talvez, mas certamente mais pelo texto do que pelo fato, pois este certamente é bem claro!

      Enfim, ia apenas fazer um adendo  antes de comentar aqui os vinhos que me surpreenderam neste último encontro da Wines of Argentina,  para variar já me excedi e falei demais! rs Falo desses vinhos amanhã. Salute, kanimambo e uma ótima semana para todos.

Vinhos – Discrimine

eric-asimov      Fuçando a net na busca de mais informações sobre as uvas gregas me deparo com este artigo de Eric  Asimov sobre vinhos gregos, escrito no New York Times em 23 de Maio deste ano em que ele comenta o que segue; “Não que eu tenha algo contra a Pinot Grigio, nas mãos de alguns dos grandes e dedicados produtores do Friulli e Alto-Adige esta uva produz vinhos encantadores, todavia a maioria é mundana. Porquê alguém que se preocupa com o que come e bebe deve se satisfazer com algo tão corriqueiro e lavado em vez de algo com caráter?

A indústria do vinho não tem nenhum problema com esse jeito de beber inconsciente. Ela alimente vendas e aumenta lucros promovendo a noção de “vinhos de entrada ou para iniciantes”, garrafas medíocres que visam facilitar a transição de novos consumidores antes que partir para coisas melhores. Baboseira, a idéia é meramente racionalizar os esforços de venda de milhões de garrafas de “mass market junk wine” ou seja, vinhos de baixa qualidade aos montes!

Discrimine, deixe de lado esses vinhos insípidos e vá direto ao que faz a diferença, os bons rótulos!”

        Concorde ou não, dá o que pensar não? O conselho no final, esse eu assino embaixo e não precisa gastar muito para isso, porém dar um passo além dos “Reservados” da vida é necessário!  Salute e kanimambo.