Um Senhor Vinho, Bassetti Sauvignon Blanc

O Brasil é mais conhecido por seus espumantes e nos vinhos brancos tranquilos a chardonnay reina, já na serra catarinense e seus vinhos de altitude, a Sauvignon Blanc dá suas caras com maior assiduidade e diversidade com diversos estilos.

Pessoalmente, sou fã dos Sauvignon Blanc da Villaggio Bassetti que possuem características muito próprias. Seja pelo terroir como pela mão do produtor, a verdade é que os três Sauvignon Blanc deles são de tirar o chapéu. Tem o de “entrada” que abri hoje, tem o Donna Enny que é fermentado em madeira, uma verdadeira ousadia que deu muito certo, e o último a entrar para esse rol que é o Selvaggio D’Manny que é macerado com suas cascas e usa leveduras naturais, mas não é um laranja, um tremendo trio que faz com que a vinícola se destaque como um dos melhores produtores nacionais desta uva, se não o melhor, em minha humilde opinião logicamente. rs Controvérsias certamente haverão e isso faz parte, mas deixa eu falar deste vinho que tomei.

A safra 2020 já está disponível, mas hoje abri uma garrafa que estava em minha adega, safra 2017, quatro anos de vida. O vinho que, já por característica, não possui aquela acidez marcante e corpo leve, é um vinho que preza pelo equilíbrio, por um melhor volume de boca e maior complexidade que apenas aquela pegada unicamente cítrica com toques herbáceos de menor ou maior intendidade. Muito diferente do 2020, que possui esses predicados todos, este 2017 apresentou uma cor mais amarela mostrando sinais de sua idade, maior volume de boca, uma cremosidade incrível e notas de frutos amarelos como damasco e pêssego, notas de maracujá, acidez presente e equilibrada, complexo, algumas notas de evolução que não afetaram o todo, difícil de descrever mas um enorme prazer de o tomar e ainda tenho um na loja que acho que vou “roubar”. rs

Um Sauvignon Blanc que evoluiu muito bem, mas que virou um outro vinho e eu gostei dos dois. Pensando bem, legal seria abrir o 2020 junto com o 2017 e comparar, acho que vou colocar é numa confraria. Duas dicas, se tiverem oportunidade comprem de duas safras diferente, preferencialmente com dois ou três anos entre elas, para fazer essa comparação e avaliação e a outra dica é de harmonização sobre a qual não vou falar! rs Afinal a foto fala por si só!

É isso, kanimambo e cá vou postando, saúde!

Castas Italianas em Santa Catarina

Deixa eu ver; Sangiovese, Teroldego, Grechetto, Ribolla Gialla, Montepulciano, Aglianico, Rebo, Refosco dal Peduncolo Rosso, Pignolo, Vermentino, Garganega, Verdello, Nero d’Avola, Rondinella, Pinot Nero, Malvasia e deve ainda ter mais. A cada viagem à região, cresce meu entusiasmo e desta vez quis focar nestas castas e compartilhar isto com os amigos com uma degustação seguida de jantar. A região, no entanto, não é só de castas italianas que vive produzindo ótimos Sauvignon Blanc e Chardonnays, bons Cabernet Sauvignon, ótimos blends e até Touriga Nacional e Tinta Roriz sendo, na minha modesta opinião, o futuro dos vinhos finos brasileiros junto com a Campanha Gaúcha. Na Páscoa/2020 virá mais um Tour por la, aguarde e já deixe seu registro para não ficar de fora!

Lamentavelmente, talvez não para mim (rs), esta degustação já nasce esgotada, mas se tiver interesse em estar presente numa próxima ou tiver uma confraria em que deseje que eu faça essa mesma apresentação me diga que entro em contato. De qualquer forma, eis o que vai rolar neste próximo dia 9 de Dezembro no Gola Solta, a duas quadras do Metrô Hospital São Paulo na Vila Clementino/SP.

Degustação de 6 vinhos (50ml cada), entre eles um espumante para iniciarmos os trabalhos, seguido de jantar acompanhado de mais um vinho harmonizando o prato escolhido.

Vinhos

Abreu Garcia Geo Brut 2015 – 100% uva Vermentino 1650 gfas produzidas

Villaggio Bassetti Roberto 2016 – 100% Sangiovese. 1860 gfas produzidas

San Michele Barone 2017 (outsider) – 100% Nebbiolo 2000 gfas produzidas

Leone de Venezia Refosco dal Pedunculo Rosso 2017 – 100% Refosco 1300 gfas produzidas

Villaggio Conti Pignolo 2017 – 100% Pignolo 1500 gfas produzidas

Villaggio Conti Real d’Altezza 2017 – Blend de Sangiovese, Montepulciano e Teroldego. 2700 gfas produzidas

Para acompanhar o jantar (taça de 100ml), Leone di Venezzia Montepulciano 2017 (2600 gfas produzidas) para quem escolher carne ou pasta e um branco à minha escolha (rs), porém também de castas italianas produzidas por lá,  para quem pedir o peixe.

Jantar:

Durante a degustação. Couvert (manteiga temperada, mussarela de búfala, patê, tomate cereja com manjericão, pão de calabresa da casa e pão de queijo)

Pratos, escolha de um destes.

Medalhões grelhados molho funghi e risoto parmesão ou Tortelli recheado de Alcachofra molho pomodoro ou Robalo gratinado com crosta de siri e risoto de arroz negro. Preço desta esbórnia enogastronômica que inclui águas e café, apenas R$220,00 pagos no ato da reserva e vagas limitadas a 12 amantes do vinho e da boa gastronomia. ESGOTADO

Kanimambo e logo, logo início a série de posts sobre o último tour realizado nos Vinhedos de Altitude de Santa Catarina, 1200 a 1400 metros de altitude.

E Santa Catarina Segue Surpreendendo!

Há muito que digo que o futuro de vinhos finos de qualidade no Brasil está aqui e na Campanha Gaúcha. Este espumante em minha taça é mais uma prova disso, Panceri Brut Champenoise.

A Vínicola Panceri, inaugurada em 1990, está localizada em Tangará, no meio oeste Catarinense a cerca de 1000 metros de altitude, faz parte de uma região pouco explorada pelo enoturismo em função da falta de um aeroporto de acesso, o de Caçador está inativo, uma pena. Na região encontramos també a Villaggio Grando (Água Doce), Santa Augusta (Videira), e a Kranz (Treze Tilias) , ótima pedida para um passeio de 3 dias pelo pedaço, especialmente para quem puder se deslocar de carro. Fica longe do outro foco do vinho catarinense, a região de São Joaquim, então difícil visitar as duas de uma só vez, viagem para mais de uma semana!

Eu não conhecia os vinhos desta vinícola, mas aproveitando que uma amiga estava por lá, pedi uma caixa com uma amostra diversa de seus vinhos e já me deliciei com o primeiro que abri, até porque aprecio muito provar coisas diferentes. Na taça, Panceri Brut elaborado pelo método clássico (champenoise) com Sauvignon Blanc, eis aí algo que eu ainda não tinha provado! Nossa vinosfera é pródiga nisso, há sempre algo novo a ser provado, cuidado com aqueles que dizem saber tudo, já é falso em geral, mas neste mundinho impossível!! rs

Medalha Gran Ouro no Concurso Mundial de Bruxelas 2017 (realizado no Brasil), o espumante é muito bem feito, com bonito colar de espuma, ótima e abundante perlage, muito fresco na boca, frutado, cítrico, com sutis notas de brioche roubou a cena num “chá” da tarde (rs) com amigos em que estavam presentes um Rioja e um Petit Verdot chileno. Se mais garrafas houvessem, mais seriam bebidas, ficou na boca um retrogosto de quero mais! Lá, na vinícola, custa 60 pratas, tremendo preço, porém aqui em Sampa (se acharem) acredito que deva chegar por volta de 75 o que segue sendo uma ótima relação PQP (Preço x Qualidade x Prazer).

Tenho outros rótulos a provar e se tiver algo mais que me surpreenda novamente virei aqui compartilhar com os amigos. Este eu assino embaixo e fiquei com vontade! rs Saúde, kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui.

Sauvignon Blanc de Classe

A primeira vez que me deparei com este vinho foi nos idos de 2014 numa Expovinis. Fuçava rótulos na época abaixo dos 50 Reais para uma degustação às cegas que elegeria os melhores brancos e tintos nessa faixa. Escolhi dois rótulos, um deles este, o Villaggio Bassetti Sauvignon Blanc 2016!

Sim é de Santa Catarina, São Joaquim para ser mais preciso e segue sendo um vinho que me encanta pelo simples fato de pouco parecer os Sauvignon Blanc a que estamos acostumados; menos intensidade de notas herbáceas, acidez mais balanceada e mais cremoso na boca. Este exemplar de 2016 que encerrou um encontro de amigos após dois tintos, veio mostrar aos amigos que as surpresas vínicas seguem ocorrendo mesmo para gente com avançada litragem. Até na cor ele é diferente, algo mais amarelo menos palha, estávamos diante de um dilema que comprova a máxima de que o enólogo frente ao vinho toma decisões e o enófilo frente a decisões toma o vinho, nós tomamos e nos deliciamos, teve até “alguém” que não é chegado na casta que teve que rever sua posição e tomou bem! rs

Este Sauvignon Blanc mostra-se mais untuoso e estruturado na boca, cremoso com acidez muito bem balanceada, frutos tropicais maduros se misturam a algumas notas cítricas, final de boca algo mineral que desponta mais quando a temperatura é menor (8º C), formando um conjunto de bastante complexidade em função de seu tempo sur lie. Um Sauvignon Blanc fora da curva que me seduz a cada vez que o tomo e na casa dos 85/90 Reais é uma opção para lá de honesta. O Guia Adega o apontou como o melhor desta casta no Brasil em 2018 assim como melhor branco nacional com 92 pontos e Jorge Lucki o apontou como o melhor branco nacional que provou em 2017 o que, comigo, já faz três referências de respeito! rs Brincadeiras á parte, um belo vinho para quem gosta de navegar por mares diferentes e que me deu um enorme prazer tomar.

Mais um branco, sei, mas fazer o quê? Ainda são os vinhos que mais me têm dado prazer de provar e beber, então sigo compartilhando com os amigos essas experiências. Tomar acompanhando o quê? Bem, os óbvios frutos do mar em geral mas desta feita eu adicionaria carnes brancas como peito de peru à Califórnia por exemplo. É isso, kanimambo pela visita, saúde e nos vemos por aí, quem sabe no Encontro Mistral semana que vem?

 

Deu Brasil, 2 x1!

Na Brinde à Vida, confraria que este ano fará cinco anos de muitos brindes e descobertas, este mês por sugestão de nosso querido Barão o tema foi Brasil x Outros. Às cegas, coloquei seis vinhos em disputa. Difícil conseguir mesma safra ou mesmo corte, mas para efeito da brincadeira a que se propunha, foi bem interessante porque paralelamente a nomear o melhor vinho, também exploramos descobrir qual o brasileiro, o país em disputa e a idade do vinho!

Os vinhos foram servidos em três “flights” de dois vinhos cada usando como parâmetro a mesma faixa de preço (mais ou menos 30 Reais) e as mesmas uvas no corte, dentro do possível.

Primeiro Flight, face a face o Villaggio Bassetti Montepioli 2011(SC) x o desafiante Santa Ema Barrel Selection 60/40 2016 chileno. Cinco anos separam os competidores, vinhos elaborados com um blend de Cabernet Sauvignon e Merlot, porcentuais levemente diferentes, um de São Joaquim e o outro do vale do Maipo na faixa de 85 a 90 pratas. Dois bons vinhos na faixa de preço, mesmas uvas com estilos totalmente diferentes. O chileno é vivo, vibrante, muito frutado com uma acidez muito interessante, um vinho que cativou a maioria por sua exuberância e taninos macios, um vinho fácil de se gostar. O brasileiro, mesmo com cinco anos a mais nas costas e com a cor já mostrando sua idade, encontrou-se mais encorpado, fechado, notas tostadas, bom corpo, taninos mais presentes, como meu gosto pende para vinhos mais evoluídos eu lhe dei “ganho de causa” (rs) porém a turma quase toda optou mesmo pelo chileno ficando o placar em 0 x 1.

Segundo Flight, face a face o Elephant Rouge 2014 (SC)x Michel Lynch Bordeaux Medoc 2014 (França), alguma diferença no corte mas a mesma safra. O Elephant Rouge já falei aqui e voltou a apresentar a mesma performance. Um vinho que começa tímido e se abre aos poucos num crescendo e neste flight a primeira reação dos confrades foi de preferência imediata pelo desafiante francês. Um vinho de frutado mais intenso, impactante, boca densa e franco. Por vezes as pessoas confundem força, potência, estrutura com complexidade, este foi um belo exercício nesse sentido. O francês mais objetivo e contundente tendo atingido sua “velocidade de cruzeiro” (rs) mais cedo, o brasileiro mais complexo atropelou no final ganhando a contenda, um é um sprinter e o outro corredor de meia distância (rs). Dois bons vinhos com características diferentes sendo que o francês custa R$138 versus 108 do brasileiro. Faixa, 130 mais ou menos 20 pratas e score empatado 1 x 1.

Terceiro Flight foi de varietal, dois Syrahs de respeito o Guaspari Vista da Serra 2015 (SP) x  Las Moras 3 Valleys Gran Reserva 2010. Os cinco anos de diferença fizeram uma diferença danada novamente, pois está mais vivo, fresco e frutado, confirmando a fama que o precede, O Guaspari é realmente muito bom. O Las Moras já demonstra uma certa evolução, notas terciárias começam a aparecer, boca mais densa, maior complexidade um tremendo de um Syrah em minha opinião. Para o os confrades deu Brasil, Guaspari, já para mim ganhou a o argentino, mas como não apito nada na confraria, só administro e coordeno, esta escolha deu vitória ao Brasil por 2 a 1! Faixa aqui era de 200 Reais mais ou menos 20, o argentino possui preço ao redor R$225 versus o brasileiro 195,00.

O interessante destas degustações às cegas, é que a gente acaba quebrando (na maioria das vezes) diversos preconceitos e até tabus, inclusive de preço e por isso mesmo sempre tento escolher rótulos de valores similares. Nosso produto nacional já há algum tempo prova que evoluiu muito e já pode, na mesma faixa de preços, disputar qualitativamente contra vinhos de diversas partes do mundo inclusive de nossos hermanos chilenos e argentinos. Lógico que existem alguns absurdos por aí, mas estes ocorrem com vinhos de todas as origens e quando subimos o sarrafo para vinhos entre 200 a 400 Reais, ou mais, aí acho que perdemos a mão.

Enfim, resultado legal, meu placar teria sido igual, só invertendo os ganhadores dos flights 1 e 3, e como sempre uma noite especial Brindando à Vida com a Turma do Fundão que foi quem determinou o resultado, valeu gente!!

Fui, ótima semana para todos, kanimambo pela visita e, se possível, um kanimambo especial do fundo do coração para quem puder ajudar as vítimas do ciclone que atingiu e destruiu o norte de Moçambique com a Beira, segunda maior cidade e capital do norte, sido 90% destruída! Dois links para organizações sérias a quem se interessar e puder ajudar lembrando, que uma garrafa de Reservado (rs) a menos não vai matar ninguém mas poderá ajudar e até salvar alguém. Action Aid e Unicef, your choice! Valeu

Saúde

 

Um Francês no Altiplano Catarinense!

Mais um vinho brasileiro que me impressiona e mais uma grata surpresa na taça, o Elephant Rouge.

Ah, mas esse vinho existe faz tempo podem dizer alguns e sim, existe o nome e o projeto que é do amigo Jean Claude Cara, porém mudou tudo, menos o nome. Há tempos o Jean Claude se aproximou da Larentis em Bento Gonçalves e em parceria produziu um vinho em 2008 e outro em 2011 que levavam esse nome em função de seu restaurante, destino principal do vinho. O primeiro foi elaborado tendo como protagonista a Cabernet Sauvignon associa à merlot e um tico de Pinotage e o segundo seguiu tendo como base a Cabernet Sauvignon porém a Alicante Bouschet  tomou o lugar da Pinotage. Conheci o 2011 e tenho que ser sincero, não fez minha cabeça mesmo sendo um vinho que se deu bem no mercado. Bom, mas a meu ver a fruta muito madura, confitada com taninos algo doces não me entusiasmou, achei um vinho muito tradicional brasileiro, mas que tem seus seguidores. O restaurante foi-se, o Jean Claude foi para Beaune/Borgonha (com períodos por aqui), mas o nome do vinho ficou.

Ao longo do tempo conheci melhor o perfil vínico do Jean Claude, de seu trabalho na Borgonha e achei que este Elephant Rouge 2014 sim, é a cara dele e o novo terroir ajudou muito. Desta feita o parceiro escolhido foi a Villaggio Grando com vinhedos a 1300 metros de altitude no altiplano catarinense em Água Doce, poucos quilômetros de Caçador. Desta feita a coluna dorsal do vinho é a Merlot (70%) associada à Cabernet Sauvignon e 20% de uvas que são o segredo dele e que aguçaram minha curiosidade. Cabernet Franc, Pinot e Marselan me veem à mente como possíveis coadjuvantes nesse blend, será?? Se o Jean fosse João, eu acreditaria em todas essas e mais ainda ou Petit Verdot ou Alicante Bouschet, mas como é Jean … sei lá! rs

Aquela elegância, finesse, equilíbrio e sofisticação que tanto marcam os bons vinhos da Borgonha estão claramente presentes neste vinho, é a marca que Jean Claude quis trazer a este vinho e o terroir da Villaggio Grando ajudou. A fruta presente é fresca, teor alcoólico com  educados 12,5%, a acidez pede a segunda taça e comida, um vinho que foi se abrindo na taça com o tempo e com isso novas sensações, meia hora de aeração é certamente algo que eu recomendaria neste momento de sua vida ou, se não tiver pressa, deixa ir abrindo com calma na segunda e terceira taça. Frutos silvestres frescos, corpo médio, paleta olfativa bem frutada e viva com sutis notas terrosas e algo tostadas, taninos finos e aveludados, final de boca algo apimentado de média persistência, rico, um vinho que me deu enorme prazer tomar e certamente abrirei outras pois mostrou estrutura com potencial de evolução.

De acordo com o Jean é vinho para dez  a quinze anos de guarda e guardarei algumas para checar isso. Não mais dez anos, mas uma a cada 2 por mais seis acho que rola porque depois dos 70 não vou é guardar mais nada! rs O vinho passou por 24 meses de barrica, mas pela sutileza acredito que devam ter sido de segundo ou terceiro uso, com eventual pequeno porcentual de novas, madeira bem trabalhada esta.

Tomado com amigos com quem gosto de fazer o teste de percepção de valor, pessoal chutou entre 90 a 110 pratas. Bem perto da realidade que é entre 100 a 110 Reais em São Paulo e acho que vale.

Bem, por hoje é só, boa semana e bons vinhos. Se não tiver na adega passa pela Vino & Sapore que sempre tenho boas garrafas por onde escolher e com preços camaradas. Saúde

Interessante Painel de Vinhos Brasileiros.

Recentemente na confraria Saca Rolha optamos pelo tema Brasil e sua diversidade. Como sempre, a surpresa com o nível dos vinhos foi grandes, tanto que ao final decidimos repetir o tema com novos rótulos no próximo mês.

Como alguns amigos do Face e Instagram que viram a foto dos vinhos me pediram opinião sobre o que foi provado, optei por compartilhar com vocês aqui também já que muitos não frequentam essas mídias. Como estava servindo e participando, notas não foram tomadas então meus comentários abaixo veem de memória e de forma resumida.

Conti Grechetto 2017 (São Joaquim/SC), um branco para abrir os trabalhos. Uma uva que já não é assim tão conhecida e, acho, a Villaggio Conti é pioneira no Brasil com este varietal. A Conti é uma vínicola que só planta e elabora vinhos com castas italianas elaborando uma série de vinhos muito interessantes para quem curte diversidade. O vinho é fresco, mas vai bem além! rs Boa estrutura, notas amendoadas com final meio limonado, vinho sedutor com notas aromáticas de intensidade média, frutos tropicais e leve floral, acidez balanceada e final seco.

Bassetti Roberto 2015 (São Joaquim/SC), delicioso Sangiovese que já vai na terceira safra (2013/14 e 15). Descobri há 2 anos numa visita e venho acompanhando a produção que se iniciou com pouco mais de 300 garrafas, foi para 600 e agora com a safra de 2015 creio que bateu 1300. São 22 meses de barrica, um vinho de cor clara, corpo médio, muito rico meio de boca, taninos finos que encanta quem o conhece, perfeito exemplar de Sangiovese com ótima textura e frutos silvestres que pedem a segunda e terceiras taças. Boa acidez, tipico dos vinhos de altitude, e persistência.

Cave Antiga Marselan 2007 (Farroupilha/RS), um mostra de que esta uva hibrida do sul da França pode produzir vinhos longevos e de muita qualidade. O ano de 2018 foi pródigo em algumas surpresas com vinhos brasileiros longevos, este foi uma dessas Achou, compre!! Um vinho que está soberbo, rico, equilibrado, fruta madura ainda bem presente, mas algumas notas terciárias já presente lhe aportam bastante complexidade, ótimo volume de boca, um vinho a curtir, eu o faço!

Zanella Porcentual 2014 (Antonio Prado/RS), um blend criativo que foi mais uma das gratas surpresas que tive no ano passado. Corte de majoritariamente Merlot com Cabernet Sauvignon e agora as duas surpresas, Tannat e Alicante Bouschet com passagem de 12 meses por barrica francesa e americana com uma produção limitada a 3000 garrafas. Nariz de boa intensidade com frutos secos, notas terrosas e especiarias, na boca fruto maduro, bom volume, corpo médio mostrando boa estrutura tânica e aveludado, final de boa persistência e acidez equilibrada. Boa companhia para carnes e me deu muito prazer tomar, virei fã.

Para terminar, dois vinhos de maior conceito na mídia:

Miolo Lote 43 2011 (Bento Gonçalves/RS), já virou um clássico, tradicional corte de Cabernet Sauvignon com Merlot elaborado em anos especiais (só 7 em 17 anos) em Bento Gonçalves pela Miolo. Ainda muito vivo, quase jovem, com um montão de anos pela frente. Doze meses de barricas francesas e americanas, paleta aromática complexa de notas achocolatadas misturadas a frutos negros e especiarias cresceu conforme o vinho foi esquentando. Na boca mostra-se muito rico, equilibrado, encorpado, vinho para voltar a provar daqui a mais 6 anos! Sua reputação tem razão de ser.

Guaspari Vista da Serra 2015(Espirito Santo do Pinhal/SP) de terras paulistas, um produtor que já virou referência e mais uma vez fez bonito, Ainda prefiro o Vista do Chá que acho possuir uma acidez mais acentuada que faz feliz! Clássico paulista, virou famoso rapidamente e seu preço acompanha a fama. Syrah clássico com 17 meses de barrica francesa, frutado, especiado, toque tostado, encorpado com notas apimentadas e boas persistência.

Se eu tivesse que dar uma nota média para esta degustação, sobre 10 eu ficaria com algo ao redor de 7,5 a 8 o que demonstra claramente que nossa produção tupiniquim está muito bem obrigado, bastante qualidade mesmo que ás vezes pecando pelos preços exageradamente altos. Gostamos tanto que no próximo mês degustaremos mais uma seleção de vinhos brasileiros explorando regiões e castas diferentes porque há bem mais a ser explorado que Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay mesmo sabendo que temos muito bons exemplares destes e, porquê não, alguns rótulos podem até ser com essas uvas, ou não! rs

Saúde, grato pela visita e nos encontramos novamente por aqui semana que vem. Um ótimo fim de semana e passa neste Sábado na Vino & Sapore porque aí o fim de semana ficará ainda melhor!

Muito Bom Exemplar de Marselan, Cave Antiga.

A Marselan é uma uva híbrida que nasceu em 1961 do cruzamento da Cabernet Sauvignon e Grenache no sul da França, Languedoc e Rhône. De lá se espalhou para o mundo, porém devido a ser pouco produtiva não chegou a ganhar grande impulso sendo usada mais como coadjuvante em blends aportando aromas e corpo. Presente na Espanha (Catalunha), Argentina, Uruguai, Brasil e com grande potencial na China onde dizem poderá a ser a uva Ícone deles (leia mais clicando aqui), é uma uva de amadurecimento tardio que necessita de grande exposição solar. Tem como característica a grande capacidade de envelhecimento, acidez média, taninos macios e corpo denso com cor bem escura e grande resistência a doenças.

Provei o Cave Antiga 2007 que mostrou bem sua capacidade de envelhecimento, um vinho que está soberbo, rico, equilibrado, uma vinho que me deu grande prazer tomar mas que está esgotado, poucas garrafas eventualmente poderão ser localizadas, mas agora chegou a safra 2017 que foi a que provei semana passada.

Pois bem, a safra da safra 2017 mostra bem essa intensidade e corpo que é descrita como uma de suas principais características.  Com apenas seis meses de estágio em barrica apresenta-se bem escuro, aromático, porém a fruta na taça aparece num segundo momento mostrando que aerar o vinho por uma meia hora irá lhe fazer bem. O primeiro impacto olfativo nos leva à fazenda (rs), notas terrosas, com uma fruta madura em segundo plano. Taninos ainda bem presentes, mas aveludados, boca densa, bom volume, ótima textura, acidez média, os frutos negros como cereja e mirtilo maduros aparecem mais na boca, boa persistência, educados e imperceptíveis 13% de teor alcoólico um vinho marcante diferente, bem longo, um vinho que nos pede comida, foi bem com salames diversos mais intensos.

Pela avaliação que fiz do 2007 e provando este, acredito que é vinho para guarda de seis a oito anos, mas duvido que alguém o guarde para conferir!! rs Um vinho que surpreende e quem gosta de vinhos de maior estrutura porém sem rusticidade tânica, complexo de aromas e sabores diferentes eis aqui algo a se provar. Eu salvei algumas 2007 e 2017, vou querer fazer um comparativo nas confrarias que administro, deve ser um interessante exercício sensorial.

Fui, resto de boa semana com feriado lembrando que a Vino & Sapore estará aberta Quarta e Quinta para você garantir os vinhos para o fim de semana mais longo ou se ficar por aqui, vem tomar uma taça de espumante comigo lá, te espero!

Kanimambo pela visita, saúde

 

Marilla, Mais Que Um Nome, Um Grande Vinho!

No Brasil não tenho provado vinhos doces, de sobremesa nada a ver com os tais de suave por aí (rs), que tenham me entusiasmado mesmo sendo um fervoroso apreciador destes vinhos. Me lembro de uns anos atrás de um delicioso Icewine produzido na Pericó, um projeto louco que deu muito certo, mas o problema é o clima que propicia isso muito raramente, acho que neste caso só uma única vez. Tem também um Licoroso, mais simples mas muito surpreendente de meu amigo Gustavo da Bella Quinta aqui mesmo pertinho de casa, em São Roque, que quebrou as pernas de muito “especialista” às cegas! rs

O VG Marilla é fora da curva e o conheci pela primeira vez na visita que fiz à Villaggio Grando em Fevereiro de 2016, nessa época ainda não pronto, uma amostra de barrica que mostrou estarmos diante de um grande vinho em ebulição e na época já o listei como um de meus destaques daquele Tour Pelos Vinhos de Altitude Brasileiros. Pois bem, finalmente e depois de dois anos volto a provar o vinho (lançado em 2017) na presença do orgulhoso amigo Guilherme Grando que o apresentava com toda a pompa que a criação merece, mas falemos um pouco mais do vinho.

Vinhedos das uvas Petit e Gros Manseng originariamente do sudueste francês, e plantado aqui a cerca de 1300 metros de altitude há 17 anos atrás. O projeto era desenvolver um vinho de sobremesa no estilo dos vinhos doces do Jurançon e para tanto, entre outros investimentos, o know how e experiência do conceituado enólogo português Antonio Saramago mestre na elaboração de grandes vinhos Moscate de Setúbal, entre outras preciosidades. Nas palavras do Guilherme Grando, ” Este vinho é da colheita 2012 após as primeiras geadas em final de Maio, portanto bastante desidratrada e concentrada. São 3 kg de uvas para poder produzir uma garrafa de 500 ml e o vinho é fortificado com um brandy produzido na própria Villaggio Grando (Água Doce no Oeste Catarinense próximo a Caçador), atingindo 17,5% de teor alcoólico. fermentação em tanques de aço inox passando posteriormente por um estágio de 3 anos em barricas francesas de tostagem leve. A filtragem é bem “fraca”, queremos um vinho mais natural possível e por isso acaba aparecendo alguma borra na garrafa mas sabemos que isso é de suma importância para sua perfeita evolução.”

Quantidade limitada a 3.500 garrafas ano, todas numeradas para os poucos dispostos a desembolsar R$300,00 por esta preciosidade e a encontrá-la já que não está disponível em qualquer lugar não, certo mesmo só na vinícola. Baunilha, mel, aromas e sabores amendoados, toque de damasco, acidez em perfeito equilíbrio com a doçura. Esse equilíbrio é o que faz com que este estilos de vinhos sejam palatáveis e quanto maior harmonia “mais grande” (rs) são os vinhos, este está soberbo, não cansa! Para quem gosta de Sauterns e Tokaji, guardadas as devidas proporções e limitações de terroir, eis aqui um vinho a provar e, provavelmente, se surpreender!

Antes que me perguntem do porquê do nome já vou informando que é o nome da irmã do Guilherme. Como meu amigo Didu costuma dizer, ainda bem que não falamos nem vendemos parafusos porque momentos como este não existiriam! Coisa boa Guilherme, grato pela oportunidade.

Kanimambo pela visita e um ótimo fim de semana.

Região Vitivinícola de Santa Catarina – O Futuro Chegou!

Santa Catarina é minha menina dos olhos na vitivinicultura brasileira, nossa “borgonha” (rs) como gosto de chamá-la, com diversas pequenas propriedades e produtores. São cerca de 36 produtores, dos quais cerca de 22 engarrafando. Falamos de produtores de 20 a 200 mil garrafas, versus uma Miolo no Rio Grande do Sul com mais de 10 milhões de litros produzidos, ou seja, é um outro mundo a explorar.

São vinhedos de Altitude similar ao que encontramos em Mendoza, variando de 800 a 1400 metros de altitude e condições climáticas bastante favoráveis. Resultado são vinhos de taninos mais macios e acidez mais presente, num estilo de vinho mais fino e tradicional europeu.

Em função de ser ainda muito jovem, os primeiros vinhedos foram plantados pela Quinta das Neves em 1999 e os primeiros vinhos engarrafados em 2002, ainda se pesquisa muito quanto às melhores castas a serem plantadas e existe uma tendência de, afora as já tradicionais Cabernet Sauvignon e Merlot, explorar as castas autóctones italianas como a Nebbiolo (San Michele) e a Sangiovese (Villaggio Bassetti) mas existem castas pouco conhecidas como a Gros e a Petit Manseng que a Villaggio Grando usa para elaborar seu exclusivo (só 3500 gfas) e excelente Marilla, um vinho de sobremesa sob a batuta do reconhecido enólogo português Antonio Saramago. Um outro produto diferenciado é o espumante de Vermentino da Abreu Garcia, único no Brasil e a diversidade não pára por aí não!

Entre os produtores os grandes destaques são a Villaggio Grando, a maior e que fica um pouco fora do roteiro de São Joaquim em Caçador, e a Villa Francioni, mas existem ao menos mais umas 14 a serem conhecidas com uma diversa produção passando pelos ótimos espumantes, vinhos brancos de qualidade, rosés de muito bom nível assim como de tintos marcantes. Destas, destaco: Qta. da Neve, Sanjo, Hiragami, Villaggio Bassetti, Monte Agudo, Pericó, Suzin, D’Alture, Leone di Veneza (todas em São Joaquim) mais Kranz, Santa Augusta, Abreu Garcia, Urupema (Sto. Emilio) e San Michele.

Uma característica bastante interessante também, é que a grande maioria dos projetos na região é de empresários e industriais, diferentemente do Rio Grande do Sul que é essencialmente de famílias mais ligadas à terra, descendentes de colonos. Isso parece que não tem nada a ver, mas tem sim uma influência grande especialmente em estratégias comerciais e um pouco mais “exploradoras” devido á ausência de uma tradição maior no setor. “Brigam” menos em preço e mais em qualidade, filosofia que me apraz. Não que preço não seja importante, é e muito especialmente no Brasil e na crise que nos assola, e há para todos os gostos porém a busca me parece mais focada em atingir um segmento de mercado de médio para cima deixando de lado a grande produtividade a baixos preços.

Tenho explorado esta região tanto com viagens (levando grupos) como provando vinhos e cada vez me surpreendo mais, ao ponto de achar que essa é a grande aposta de vinhos de qualidade no Brasil. Não que não os haja em em outros lugares, tenho especial apreço pelos vinhos da Campanha por exemplo, mas esta região é diferenciada. Por sua juventude há ainda muito a explorar

Estou montando um Tour para rever os amigos que lá deixei (rs) e descobrir novos sabores, alguém a fins? A principio será de 11 a 17 Outubro e assim que tenha uma medida do interesse dos amigos agilizo o roteiro e custos. Quem tiver interesse me contate in-box por favor.

Kanimambo e vamos de vinho Catarinense neste fim de semana? Olha que é uma boa pedida!!