Vinhos da Semana

Uma semana de algumas confirmações e outras descobertas. Só tintos, mas todos de grande valor e relação Qualidade x Preço x Satisfação.

 

concentus-e-outros-003

 

Ceirós 2004, um vinho para quem tem paciência, pois há que se decantar por cerca de 45 minutos para começar a desfrutar de todas as suas qualidades. Apesar do preço, um vinho para quem não tem pressa pois há que se lhe dar tempo para ele se mostrar. Um corte de Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca é vinho complexo produzido pela Quinta do Bucheiro na região do Douro. Direto da garrafa para a taça, o vinho é impactante, algo rústico, vinhoso de aromas não muito sedutores.  Deixe-o respirar e desfrute de um vinho untuoso, fruta madura (ameixa), bom volume de boca, rico, taninos presentes mas bem equacionados num final de boca longo, macio e algo apimentado. Um vinho muito particular e marcante com boa acidez que pede comida e agrada sobremaneira. Importado pela Vinhas do Douro e á venda na BR Bebidas por apenas R$35,00. I.S.P. $

 

.Com 2005, um vinho muito bem feito, macio e fácil de agradar que não tomava já fazia um tempinho. Para derrubar aqueles que acham que os vinhos do Alentejo são só força e rústicos. Há muito que não são assim e este é mais um exemplo de que as coisas realmente estão a mudar por aquelas bandas. Este é um novo projeto (já tem uns três anos) do filho de Joaquim e Margarida Cabaço da Quinta dos Cabaços, Tiago, em que ele busca uma modernidade tanto no nome como na estrutura de seu vinho. È um corte típico da região elaborado com  Alicante Bouschet, Aragonez, Trincadeira e, algo menos tradicional, uma parte de Cabernet Sauvignon. È um vinho em que a fruta madura toma conta do conjunto, mostrando-se muito equilibrado apesar de um teor de alcoólico algo alto. A palavra que mais me veio à cabeça para definir este vinho, é de que é um vinho vibrante e jovem, macio, muito saboroso e fácil de tomar, atendendo exatamente aquilo que o produtor buscava, um vinho para cativar os jovens, mas não só, o que efetivamente ocorreu aqui em casa. Elegante, fino suave mas pleno de sabor, um vinho para tomar às garrafas num bate-papo com os amigos. Importado pela Adega Alentejana, comprei do amigo Ricardo, Casa Palla, por R$37,00. I.S.P.  

 

Concentus 2005, até agora não tomei um vinho da Pizatto que não tenha gostado e, de grande valia, um “plus” que é o fato de seus preços serem, em geral, muito bons versus a qualidade de seus produtos. Este Concentus não nega a raça e é um vinho muito saboroso com aromas de frutos do bosque negro como mirtilos, cassis e frutas do gênero. É na boca, no entanto, em que ele realmente nos seduz por seu equilíbrio e harmonia, num conjunto com taninos firmes, finos e aveludados, de boa estrutura, corpo médio para encorpado, rico, complexo, enche a boca de prazer, saboroso final de boa persistência, mesmo não sendo muito longo, deixando-nos um gostinho de quero mais na boca. Um belo corte de Merlot, Tannat e Cabernet Sauvignon que não faz feio em lugar nenhum. Acompanhou maravilhosamente bem um pernil de cordeiro com risoto de funghi, muito yummy! Preço por volta dos R$50,00. I.S.P.

 

Chateau Gamage 2003, para quem reclamou de que os vinhos da Expand Sale não prestavam, mais uma prova de que não souberam fazer o dever de casa e não leram este blog, eheheh. Bordeaux Superieure com toda a tipicidade da margem direita em que a uva Merlot se apresenta majoritária (70%) no assemblage que é composto também de Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon em partes iguais. Aromas algo defumados, terroso, fruta madura que vem a se confirmar na boca de forma bastante equilibrada. Taninos finos e aveludados, mas ainda presentes e firmes mostrando que ainda possui uns bons três ou quatro anos de evolução pela frente. Macio, mostrou-se mais harmônico quando baixei a temperatura a 16º.  Na Expand por R$78,00 só que na Expand Sale estava por R$38,00, um achado! I.S.P.    

 

Casillero Del Diablo Merlot 2007, podem dizer o que quiserem sobre os vinhos desta safra, mas este Merlot segue sendo um dos meus favoritos. O Syrah também e estupendo assim como o Cabernet Sauvignon e Carmenére, mas para o meu gosto este vinho se excede e está delicioso, uma barganha e um dos meus campeões de Relação de Beneficio disponíveis no mercado. De corpo médio, bom volume de boca, nariz bem frutado, algo especiado, é um vinho de grande elegância com a “redondês” característica da uva merlot produzindo um conjunto saboroso, equilibrado, macio com um final muito agradável de boa persistência com nuances de chocolate. Um porto seguro disponível no mercado por diversos preços tendo este sido comprado por R$27,00 porém já vi a R$35,00. Me lembro dos preços, mas não de onde comprei (oops!), de qualquer forma levarei em conta um preço médio de R$32,00. I.S.P.  $  

          

         Sem gastar muito tomei diversos bons e agradáveis vinhos. É o que sempre digo, não há necessidade de se gastar rios de dinheiro para se dar bem em nossa vinosfera, basta garimpar um pouco. Agora, podendo gastar, este nosso mundo dos vinhos vira um enorme playground!

Salute e kanimambo.

Vinhos da Semana

Mais uma série de vinhos tomados e, mais uma vez bem escolhidos. Tá, já sei estou puxando a sardinha para a minha brasa, mas fazer o quê, foram boas escolhas mesmo! Rsrs Brincadeiras à parte, alguns eram vinhos já conhecidos e agora revisitados, outros foram fruto de garimpo e, outro, presente recebido de uma amiga italiana. No todo, 5 vinhos muito agradáveis e de boa qualidade de que gostei bastante e espero que você também caso tenha a oportunidade de se deparar com um deles por aí. Eu me diverti bastante!

 

dsc000391

 

 

 

 

 

 

 

Trio Chardonnay 07 – este é um vinho que freqüenta a minha mesa com uma certa assiduidade em função de ótima relação Qualidade x Preço x Prazer. Como já havia comentado, é um saboroso corte de Chardonnay (70%), Pinot Blanc (15%) e Pinot Grigio (15%) em que as primeiras duas passam por cerca de 10 meses de barricas e o ultimo somente em tanques inox para preservar mais a fruta e a mineralidade que aporta ao corte. Possui um nariz bastante complexo com muita fruta fresca, algo cítrico de boa intensidade. Na boca é cremoso, macio mostrando estar muito balanceado com um frescor muito agradável e um final de boca com leves nuances de abacaxi. Foi grande companheiro para um gostoso risoto de salmão. Com um preço ao redor de 40 reais, é uma das boas opções do mercado e um curinga para se ter na adega. I.S.P. $

 

 

 

Lorca Fantasia Malbec 07 –  mais um que vem nos lembrar que para ser bom o vinho não precisa ser caro. Aromas de boa tipicidade com aporte de frutas silvestres e algo mineral com nuances terrosas e cor violeta típica da cepa e da idade. Entrada de boca gostosa com leve especiado, boa estrutura e acidez balanceada que pede um belo bife de chorizo. Taninos finos, algo aveludados com final de boca sedoso e levemente quente (olho na temperatura) de boa persistência com retrogosto suavemente tostado. Um vinho que agrada fácil e uma ótima pedida para um churrasco com os amigos.  Trazido pela Ana Import, tem um preço sugerido em torno de R$36,00 e vale. I.S.P. $

 

 

 

Quinta do Encontro Merlot/Baga 04 – comprado na Expand Sale do inicio do ano e ainda tenho mais três garrafitas guardadas. Grande escolha. Tem gente que reclama de produtos comprados nesses grandes mata/mata e até concordo que tem muita coisa que não é lá nenhuma Brastemp ou já está em franca decadência, quando não é já um pobre corpo estendido na prateleira. Agora, para ir num lugar desses tem que fazer lição de casa e eu fiz direitinho. Tenho outros rótulos comprados e me dei bem em todos. Mas vamos a este portuga da Bairrada em que a Merlot aparece em conjunto com a Baga, cepa habitualmente vigorosa, amaciando-a e tornando o vinho mais amistoso. Boa fruta silvestre no nariz, corpo médio, na boca mostra fruta madura, bom equilíbrio, sente-se um certo frescor fruto de uma acidez bem dosada, saboroso final de boca de média persistência com taninos sedosos já totalmente equacionados gritando me bebe, me bebe! Um porto seguro, pronto a beber e quem comprou pelos míseros R$17,50 que paguei, se deu muiiiito bem. O preço normal é de R$35,00, ou por aí, o que segue sendo uma boa pedida. Pelo preço que paguei, vai receber um meio smile extra. I.S.P.  $  

 

 

Rio Sol 06 – um corte muito bem elaborado de Syrah com Cabernet que, não tem uma vez que ponho na boca e não me impressiono. Incrível como os portugueses da Dão Sul acertaram a mão neste vinho e, de certo, o terroir de alguma forma ajuda e muito no processo. Já fazia mais de ano que não tomava este vinho e só me surpreendi positivamente. Melhorou, ou eu melhorei minha percepção, desde a última safra provada mostrando-se um vinho realmente muito saboroso, de grande harmonia, taninos sedosos, boa textura e volume de boca, corpo médio formando um conjunto difícil de não gostar. Um dos melhores vinhos abaixo de 20 Reais hoje disponíveis no mercado e, á cegas, acho que daria um banho em muito rótulo medalhado que há por aí, como aliás já o fez na Expovinis de 2008. Um vinho para acabar com o reinado argentino de vinhos bons e baratos, só precisa o brasileiro descobrir. Na Expand por R$19,00 e uma opção para não deixar de lado. I.S.P. $  

 

 

 

Fattoria di Bagnolo Chianti Colli Fiorentini 2006 – de Marchesi Bartlini Baldelli, de vinhedos DOCG localizados nas colinas ao sul de Florença, vem este agradável exemplar de Sangiovese/Colorino e Merlot num corte bastante agradável. Rubi escuro, aromas intensos de fruta vermelha com algum floral. Na boca possui corpo médio, bastante equilíbrio com taninos finos ainda presentes, aveludados de boa textura, num estilo mais puxando para a elegância,com final de boca macio e saboroso. Fácil de beber, é um vinho que, ao preço certo, poderia muito bem virar assíduo frequentador de minha mesa. Boa companhia para massas (agnolotti de vitelo) e uma carne grelhada. Este me foi trazido de presente por uma amiga, trader de vinhos que representa o produtor no mercado externo. I.S.P.  

 

Salute e Kanimambo

Três Vinhos na Minha Taça

            Neste último final de semana, tive três interessantes vinhos em minha taça e achei legal compartilhar essa experiência com os amigos. São três vinhos bem diferentes uns dos outros e, por isso mesmo, tornaram o momento muito agradável já que adoro provar vinhos novos.

          valduga-chardonnay-gran-reserva-08Comecemos, pelo inicio, o Sábado quando tive a oportunidade de tomar o mais novo lançamento da Casa Valduga, o estupendo Gran Reserva Chardonnay 2008. Já comentei aqui sobre os brancos brasileiros de 2008 que vêem me encantando, mas este já vem com grande no nome e faz jus á fama que o precede. Sou, em geral, um crítico dos vinhos brancos nacionais que não têm me empolgado, salvo raras exceções e mesmo assim faltam-lhes regularidade. Quanto á regularidade não sei, teremos que esperar pela safra de 2009 que o Juarez Valduga me garantiu há alguns dias, será ainda melhor, e outras a seguir, até para poder sentir sua evolução na garrafa, agora que este 2008 é estupendo e realmente me conquistou, lá isso não restam duvidas. É um grande vinho que impõe respeito já pela garrafa, pela rolha (fiz questão de a fotografar junto) e onde é mais importante, na taça e na boca.

         É um vinho amarelo palha brilhante e translúcido, de nariz intenso e de boa tipicidade em que florescem aromas de frutos tropicais. Na boca é seco, cremoso, de bom volume, seu alto teor de álcool (14%) está muito bem equacionado e equilibrado, boa acidez, um final extremamente agradável e muito longo com retrogosto complexo em que aparece algo de baunilha, leve tostado e talvez côco. Não é para se bebericar, até porque não passaria pelo teste da terceira taça, porém é perfeito para a refeição e já o vi acompanhando um curry de camarões, algo leve sem muita pimenta, ou um bacalhau com natas já que estamos chegando na páscoa, com grande fidalguia. Grande Grand Reserva Chardonnay e o preço é justo para a qualidade do vinho ofertado, algo em torno de R$50,00.

          diversos-005   No domingo iniciei o almoço com alguns aperitivos como mussarela de búfala temperada, azeitonas chilenas graúdas bem temperadas e um patê de foie com ervas e torradinhas enquanto curtíamos um inicio de tarde agradável no terraço. Para acompanhar, um gostoso Perini Rosé 2008, corte de Merlot com Cabernet Franc, que foi um ótimo companheiro com seus parcos 12 % de teor alcoólico.

Linda cor salmão vibrante que de cara já nos convida a tomar, possui aromas delicados de frutos silvestres como morangos e cerejas bem típicos do estilo de vinho. Na boca o corte de Merlot com Cabernet Franc o faz sair da mesmice que se poderia esperar de um vinho deste estilo e de baixo custo, tornando-o muito agradável e saboroso, refrescante e fácil de beber. Durou pouco na garrafa e menos ainda na taça. Com um preço, indicado pelo produtor, em torno de 27 Reais, é uma boa opção de rosé ligeiro e descompromissado para tomar com os amigos e até, eventualmente, acompanhar uma refeição leve. Guardei uma taça e fiz um teste com um resto de caldeirada de lulas que tinha sobrado do dia anterior e foi uma parceria bastante saborosa e agradável.

diversos-008O segundo vinho do dia foi o WilliamCole Mirador Pinot Noir 2008, produzido na região de Casablanca no Chile. Um Pinot que nos traz cor e aromas mais em linha com seu terroir de novo mundo. É muito novo ainda e necessitou 45 minutos de decanter para começar a mostrar um pouco de suas virtudes, com aromas mostrando algo de frutas do bosque (framboesa, mirtilos, etc) e algo herbáceo que não pude identificar. O refresquei um pouco, servindo-o um pouco abaixo dos 14º como recomendado pelo produtor e realmente o vinho se mostrou mais equilibrado, taninos firmes sem agressividade com uma leve adstringência, corpo médio, final de boca de média persistência e algo especiado. Não é um grande vinho, nem é esse o seu propósito, mas é um Pinot Noir que agrada e condizente com o preço em torno de 45 Reais, importação Ana Import, tendo acompanhado bem o risoto de funghi servido ao almoço. Como sugestão, opte por um da safra 2007, até 2006, que neste momento deve estar com os taninos mais macios e redondos do que este. Compre o 2008 e guarde, certamente tomá-lo daqui a um ano lhe dará muito mais prazer.

 

Salute e kanimambo.

 

Ps. Leandro, preciso melhorar a qualidade das fotos, mas sua dica é válida e, sempre que possível, mostrarei o vinho na taça.

Vinhos da Semana – Só Latinos

Enquanto não começo a compartilhar com os amigos os néctares com que me presenteei ao longo de um mês de festividades de aniversário, eis mais uma coletânea de Vinhos da Semana tomados. Desta vez só de vinhos latinos de grande diversidade entre si, adoro garimpar de tudo, em que se sobressaem um espumante e um gostoso syrah.

 

vinhos-da-semana-2-09-010

 

  

  Marson Charmat – Para aqueles que, como eu, são fãs dos produtos da Marson, e especial de seu espumante Brut Champenoise, a casa traz agora uma versão elaborada com o método charmat. Como seu irmão mais conhecido é um espumante de primeiro nível muito saboroso, um blanc de blanc já que é produzido com 100% de chardonnay. Cítrico, de ótimo frescor e perlage abundante e fina, algo cremoso, leve e delicado na boca uma ótima pedida para um aperitivo e entrada de melão com presunto cru, como foi o caso. Um dos meus espumantes preferidos e ótima opção para preparar o palato para uma refeição substituino o vinho branco como aperitivo. O preço está por volta de R$35, porém não é incomum encontrá-lo por cerca de R$30, só precisa garimpar um pouco. I.S.P. $     

 

 

Lima Mayer Alentejo 2004 – um vinho muito elogiado pela imprensa especializada, corte de Aragonez, Syrah, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot e Alicante Bouschet. Um vinho potente, untuoso e austero. Aromas algo balsâmicos, taninos firmes, precisando de mais tempo ou decantação antes de servir, grande estrutura, encorpado e vigoroso não é um estilo de vinho que me encante. Bom, talvez um pouco rústico, vinho para quem gosta de vinhos potentes e sérios. Na Vinho Seleto por R$45,00. I.S.P.  $

 

 

Torreon de Paredes Reserva Syrah  06 – um chileno de primeira que me agradou bastante. O nariz, onde aparece alguma fruta negra, não é seu forte, mas desperta na boca com uma entrada impactante, rico, ótimo volume num corpo médio, taninos amistosos e aveludados. Harmonioso e equilibrado, cresce na taça e termina com um final de boca algo herbáceo e especiado típico da casta. Um vinho muito agradável que está por R$53,00 na Santa Ceia. I.S.P. $  

 

 

 

Valle Escondido Bonarda/Syrah 06 – no nariz já mostra sua origem Argentina com intensos aromas de fruta madura. Na boca mostra ameixa escura, madeira com algo de especiarias, taninos suaves equacionados depois de 30 minutos de decantação. O final de boca é aveludado e agradável em linha com seu preço. Foi bem com um prato de berinjela recheada. Ainda prefiro o Cabernet Sauvignon deles, mas este também mostrou qualidades. Comprei na Expand sale por R$19,00 (uma pechincha) porém o preço normal é de R$39,00, justo pelo que oferece. I.S.P.     

 

Terragnolo Cabernet Sauvignon 05 – esta cepa vem mostrando que nossos bons vinhos nacionais não estão dependendo somente da ícone Merlot. Tenho provado muitos Cabernets bem feitos e saborosos vindos do sul do Brasil; Encruzilhada, Vale dos Vinhedos, Santa Catarina, etc. Este é a primeira experiência de engarrafamento próprio desta pequena vinícola do Vale dos Vinhedos que sempre vendeu suas uvas. Cor rubi de boa intensidade, fruta madura com ameixa aportando ao nariz e se confirmando na boca de forma bem harmonizada. Boa acidez, taninos finos já equacionados num final de boca bastante agradável e fácil de tomar. Não é um blockbuster, mas dá conta do recado. O preço não encanta, por R$44 na EivinI.S.P. 

 

Salute e kanimambo

 

Ps. Quer contatar importadores ou lojas aqui mencionados, veja detalhes em “Onde Comprar” .

Vinhos da Semana – Inicio da Maratona de Aniversário

Decidi abrir minha maratona de bons vinhos, com que me presentearei em meu aniversário, com um agradável almoço em família e seguindo um padrão básico. Um branco para preparar o palato e abrir o apetite, um tinto e algo para acompanhar a sobremesa, um mil folhas muito suave e não muito doce que costumo comprar por aqui perto. Foi um bom começo!

 

outro-aniversario-010

 

Protos Verdejo 2007 – Já o tinha provado, recomendado sua compra numa promoção que a Kylix tenha feito e entrará no meu ultimo post de Tomei e Recomendo Brancos & Rosés. Um dos vinhos mais inebriantes que tive o prazer de tomar ultimamente. Um branco estupendo, vibrante, brilhante em todos os sentidos. Aromas de frutas tropicais de muito boa intensidade com algo de grama molhada e nuances florais. Na boca é um negócio! Muito saboroso, fresco, balanceado com um final de boca longo em que mostra uma certa mineralidade e algo cítrico, excelente companhia para o carpaccio de salmão que comemos de entrada. Um vinho verdadeiramente sedutor e que, quando se dá conta a garrafa já era! Em dois tudo bem, agora se for tomar com outras pessoas, tenha mais que uma garrafa à mão porque uma taça chama a outra com extrema rapidez! Somente a segunda safra deste vinho e já um verdadeiro blockbuster. Preços variam entre R$43 da oferta da Kylix, que presumo que já tenha acabado, ao preço de lista da Península (Importadora) de R$54,00. I.S.P.   

 

Beaune du Chateau 1er Cru 2003 – Um vinho elaborado por Bouchard Pére & Fils que tem um dos melhores Pinots genéricos de Borgonha. Este é um blend de 14 parcelas 1er cru, viníficados separadamente. Paleta aromática um pouco tímida onde aparece fruta madura e algo tostado, porém sem a intensidade que esperava deste vinho. Na boca é fresco, saboroso, corpo médio, um estilo um pouco austero e comportado com taninos finos e firmes de boa textura, num final de boca agradável e de média persistência. Um bom vinho, (comprei nos Estados Unidos por algo próximo a USD35) que satisfaz, mas não empolga. Acompanhou bem o pepper steak servido e bastante suave na pimenta. Aqui a importação é da Grand Cru, mas não vi este rótulo em seu portfolio. I.S.P.  

 

Oremus Moscatel – O parceiro ideal para a sobremesa. Os espumantes Moscatel Brasileiros são, em sua grande maioria, bastante bons e este me agradou. Não é um blockbuster nem se propõe a isso, porém não é muito doce e a acidez está bem dosada o que lhe permite um certo equilíbrio na boca e ótimo frescor. Bem aromático, suave, fácil de beber, com seus 7.5% de teor alcoólico, bem geladinho neste verão, que agora veio com calor bravo, e com sobremesas como esta ou salada de frutas com sorvete ou, ainda, como aperitivo. Bastante interessante e por cerca de R$19,00 no mercado, é uma opção de vinho para sobremesa que certamente agradará e não cria nenhum rombo no bolso. Produção é da Fantes Bebidas na Serra Gaúcha. I.S.P. $  

        

          Decididamente este Protos Verdejo foi o vinho do dia, aquele que todos ficamos comentando o resto do dia e um vinho que recomendo aos amigos tomar. Perfeito para este verão e a qualquer momento, gamei! Mais da maratona conforme for dando tempo.

Salute e kanimambo.

Vinhos da Semana

Vinhos da semana anterior ao meu aniversário. Um preparo para o que está por vir, já que pretendo me tratar muito bem por quinze dias. Como diriam meus amigos Gaúchos, “Bah, para quê só comemorar um dia chê?!”  Mereço mais que isso, modéstia é uma de minhas principais virtudes (rsrsrs), então vou mesmo é me tratar muito bem e desbravar alguns rótulos que guardo já faz um tempinho. Enquanto isso, eis os vinhos tomados na preparação para o evento principal.

 

semana-1-de-2009-004

 

Espumante Milantino Moscatel – Havia prometido fazer de cada semana uma data especial para tomar espumantes e já comecei. Porquê aguardar os momentos especiais e não, simplesmente, criá-los por decreto pessoal? Espuma abundante, perlage fina de pouca intensidade, porém constante. Nariz tímido, porém de boa tipicidade. Entrada de boca saborosa, algo doce, mas bem balanceado pela existência de uma acidez correta dando-lhe maior equilíbrio. Fácil de agradar, um pouco doce em demasia para o meu gosto, sendo ótima companhia para uma sobremesa. Produtor de pequeno porte no Vale dos Vinhedos, trazido pela Lusitana que o vende em Sampa por R$35,00. I.S.P.  

 

Blackbird Bonarda/Malbec 06 – Tinha provado este vinho na Wines of Argentina do ano passado e o achado bem interessante. Esta é uma linha básica, de entrada, da Clop y Clop que possui um portfolio bem mais amplo trazido pela D’Olivino. Vi no mercado perto de casa e comprei uma garrafa para fazer a prova dos nove. Só confirmou tudo o que tinha achado em minhas primeiras impressões. Um vinho simples, agradável, honesto, bastante saboroso, corpo leve e fácil de tomar, uma opção aos varietais trazendo alguns aromas e sabores mais elaborados e diferentes. Se não tem grandes virtudes, também não tem defeitos e pelo preço de R$19,00 é uma boa opção para o dia-a-dia junto com outros vinhos argentinos já mencionados aqui anteriormente. Um vinho que satisfaz acompanhando uma pizza de calabreza ou peperoni. I.S.P. 

 

Stepping Stone Padthaway Shiraz 05 – um vinho australiano da região de Limestone Coast que meu sobrinho me trouxe no Natal de 2007.  Lá, custa algo próximo a 13 dólares australianos o que equivale a mais ou menos USD9. Pensando bem, custa praticamente o mesmo que o Blackbird aqui acima, sacanagem!!! A esse preço estaria costumeiramente sobre a minha mesa e na minha taça, um vinho sedutor que me agradou sobremaneira. Cor bonita de um rubi profundo, bem frutado com leves toques apimentados. Na boca confirma a fruta, com a madeira muito bem posicionada não se sobrepondo ao vinho em momento nenhum. Vinho de muito boa acidez, textura encantadora, jovial e macio, taninos sedosos e um final de boca muito saboroso de boa pesistência mostrando toques herbáceos. Com teor de álcool de 13.5% em perfeita harmonia, a garrafa terminou rápido demais, deixando-nos, tomei com meu genro, com água na boca e desejos de mais algumas garrafitas. Se alguém estiver por lá e quiser me presentear, pode trazer uma caixa! Bom demais, me deixou feliz e deixou saudades. Quem sabe algum importador não se anima?!

 I.S.P.  

 

Palazzo Della Torre 01 – elaborado com Corvina, Rondinella e um tico de Sangiovese. Cerca de 70% do lote é viníficado de imediato, enquanto o restante passa por um processo de secagem em esteiras ao estilo amarone para posterior mescla dos lotes. Uma inovação do produtor que perde assim a classificação de DOC, menos importante do que o nome Allegrini que lhe confere a importância e prestigio que merece. Um vinho suculento, diferente, com um nariz muito agradável em que aparecem frutas do bosque, baunilha e algo floral. Na boca sabores complexos em que sobressai alguma fruta passa, bem balanceado, taninos finos e sedosos num ótimo final de boca. Muito similar ao 2004, mas este está mais maduro, médio corpo com taninos mais equacionados e macios com um final algo mineral. Um belo vinho que está na Expand (04) com um preço em torno de R$98,00.

 I.S.P.  

 

Amancaya 06 – um vinho fruto da sociedade entre Lafite-Rothschild e Catena Zapata na Bodega Caro, um assemblage de 50/50 Malbec e Cabernet Sauvignon. Uma segunda avaliação deste bom vinho que só tinha degustado anteriormente, o que é algo bem diferente de tomá-lo. Sem duvida alguma um bom vinho, em que se sente bem a influência de Bordeaux com toques Mendocinos. Possui intensa fruta madura no nariz, algo de café torrado e carvalho. Encorpado, firme, grande volume de boca, taninos presentes ainda bastante firmes mesmo após 45 minutos de decanter, um vinho austero, classudo e equilibrado, mostrando uma certa elegância, mas que ganhará muito com mais um ou dois anos de garrafa. O final de boca é bastante agradável de boa acidez,talvez algo mineral, média persistência e retrogosto levemente apimentado . Comprarei mais uma garrafa e a abrirei daqui a dois anos só para sentir a evolução, mas creio que crescerá muito em elegância e finesse. Um vinho de muitas qualidades, mas que ainda está muito jovem para se sentir todo seu potencial e que certamente se tornará mais amistoso com o tempo. Acho que andamos tomando determinados vinhos cedo demais, mas esse é assunto para outo post. Na Mistral por R$69,00. I.S.P. $

 

Salute e kanimambo

 

Quer contatar importadores ou lojas aqui mencionados, veja detalhes em “Onde Comprar” .

Semana de Bons Brasileiros

Degustar é uma coisa, tomar é outra e é quando você consegue, efetivamente, “sentir” o vinho em toda a sua essência. Aliás, sempre digo que degustar dá é uma vontade danada de tomar vinho! Provei diversos vinhos brasileiros nos últimos dois meses, mas estes; tomei, aproveitei e apreciei, são vinhos que me fizeram feliz. Foi uma semana de qualidade que tenho gosto em compartilhar com os amigos de Falando de Vinhos, e desafio os incrédulos a fazer esta mesma prova e depois seguir dizendo que não temos bons vinhos no Brasil.

 semana-de-brasileiros3

       

Cordilheira de Sant’Ana Tannat 2004 – Da Campanha Gaúcha , recebe um corte de 10% de Cabernet Sauvignon e 5% de Merlot,  passando 85% do vinho por 18 meses de madeira, tudo com o intuito de domar os potentes  taninos da casta principal. O resultado é um vinho muito interessante de uma bonita cor rubi com nuances violáceas que chama a atenção. Nariz de boa intensidade, na boca apresenta taninos firmes, mas finos e elegantes mostrando que ainda pode evoluir por mais um ou dois anos. Harmônico, equilibrado, média persistência, um dos melhores tannats nacionais que já provei. Acompanhei um churrasco e harmonizou muito bem. Preço em torno de R$46,00. I.S.P

 

Villa Francioni 2004 – Da região de São Joaquim em Santa Catarina, um ótimo corte de Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Malbec que é, certamente, o melhor vinho nacional que já provei. Um vinho bastante complexo de nariz e boca, muito rico, repleto de sabor, de muito bom volume em boca mostrando enorme equilíbrio e elegância. Seus taninos são finos, aveludados, longo, de boa estrutura e com uma personalidade muito própria que toma conta de todos os nossos sentidos nos deixando na boca aquele gostinho de quero mais. Preço por volta de R$100,00. Harmonizei este vinho com ele mesmo e dois companheiros, não precisou de mais nada. Bem, nada é forma de falar, faltou mais vinho! I.S.P 

 

 

 

Villagio Grando Cabernet Sauvignon 2006 – De Caçador, região de Santa Catarina, não é só o rótulo que é bonito não, o néctar faz páreo! Um belíssimo vinho que prima pela enorme elegância e finesse. Nariz de boa intensidade, frutado e agradável. Na boca é redondo, macio, muito saboroso e harmônico mostrando ser muito sedutor, possuir boa textura e muito boa persistência. De médio corpo, encanta ao primeiro gole e persiste até ao final, encantando a paleta gustativa no processo. Quanto mais provo vinhos deste produtor, mais me encanto. Acompanhou um lagarto assado no forno com total maestria. Preço ao redor de R$75,00. I.S.P 

 

Marco Luigi Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2003 – Realmente a primeira garrafa provada não estava boa. Agora sim, entendo o porquê de tantos elogios a esse vinho que vem lá do Vale dos Vinhedos, realmente faz jus a tanta fama. Tem um estilo clássico, nariz de boa intensidade, taninos absolutamente domados e prontos não devendo evoluir muito mais. É elegante, característica da maior dos vinhos provados nesta semana, taninos aveludados, bom volume de boca e uma riqueza de sabores que nos faz desejar a próxima taça. Daqueles vinhos que, quando reparamos, a garrafa já está, tristemente, no fim. Vou esperar ansiosamente o 2005! Mais um que tomei solo e aproveitei até à ultima gota. Preço ao redor de R$65,00. I.S.P

 

Pizzato Reserva Eggiodola 2005 – Jovem, precisou de uns 45 minutos de decanter para começar a dizer ao que veio e falou bem. Cepa diferente, pouco usual, de origem do sudeste francês, tendo sido plantada pelos Pizzato em 1988, porém somente inciado sua vinificação como varietal a partir de 2002.  Fruta confitada, madura, algo de especiarias, vinho de grande estrutura, encorpado, boa concentração, taninos firmes mas de boa qualidade sem agressividade, final de boca longo e saboroso. Necessita de acompanhar comida mais condimentada e é, essencialmente, um vinho gastronômico. Uma carne assada com molho, ossobuco, eu gostei muito com uma massa recheada com carne de cordeiro coberta por molho ao funghi. Preço por volta dos R$37,00. I.S.P $

Brasil, Regiões Produtoras – III

Para finalizar este tema e estudo sobre as regiões produtoras de vinho no Brasil, daremos uma olhada nos vinhos do Paraná e do Nordeste Brasileiro.

 

Paraná

Como de praxe neste estudo sobre o Brasil produtor de vinhos, extremamente difícil encontrar informações detalhadas sobre a região, que tem  a Dezem como expoente máximo da produção de vinhos finos. A grande maioria dos vinhos produzidos,, é de vinhos de mesa produzidas com Vitis Labrusca (uvas americanas) nas cidades de Francisco Beltrão e Colombo, dois dos principais pólos produtores. A Dezem, em Toledo, é uma das poucas vinícolas que ganharam destaque, boa qualidade e escala para expandir para diversos mercados. Recebo agora a informação, de que apareceu uma nova vinícola durante o IV Concurso Internacional de Vinhos do Brasil que apresentou vinhos interessantes produzidos em Colombo. É a Vinícola Franco Italiano com o vinho Censurato Cabernet Sauvignon Reserva 2005, devidamente comentado pela Fabiana Gonçalves em seu blog Escrivinhos (http://www.escrivinhos.com/2008/11/novos-horizontes-na-produo-de-vinhos-no.html). Da Dezem, os destaques são o Cabernet Sauvignon e o Merlot.

 

Nordeste – Vale do São Francisco

Dizia-se que, fora dos paralelos 30 a 50 no hemisfério norte e 28 a 42 no hemisfério sul, dias mais quentes e noites mais frias com boa amplitude térmica, não seria possível o cultivo de Vitis Vinífera para produção de vinhos finos. Que fora dessas duas faixas, ou seria muito quente ou demasiado frio para o cultivo adequado. Pois bem, o Brasil com esta região incrustada no paralelo 8, meio que deu um nó nesse conceito, produzindo vinhos no Nordeste. Na verdade, Vale do São Francisco, englobando parte de Pernambuco e parte da Bahia. 

vsf_mapa

Região semi-árida, necessita de irrigação e é hoje um importante pólo produtor de uvas e frutas tropicais no Brasil. Topografia quase plana, alto grau de insolação, temperaturas altas e constantes, gerando uvas com alto grau de açúcar e produzindo mais de duas safras anuais. O interessante é que com a ausência de inverno e baixas temperaturas, as uvas não sabem que está na época de hibernar, O homem entra com a tecnologia, retirando-lhe a irrigação após a poda, “tapeando” a videira que “pensa” que é inverno. Voltando a irrigação, a planta “se sente” na primavera e inicia mais um ciclo vegetativo que, em função do clima, permite que os enólogos controlem a maturação das plantas com a irrigação e daí, as duas safras e meia pela qual a região é conhecida. Esta tecnologia aplicada a um terroir muito especifico, permite que se controle cada parcela de forma diferente, ou seja, cria-se inverno, primavera e verão (para as plantas) controladamente para cada parcela plantada podendo gerar diversas colheitas. Vejam o que disse a enóloga Marta Ágoas, da Vinibrasil (Rio Sol) ao jornal Bon Vivant“A área produtiva da propriedade está dividida em parcelas de 20 hectares. “Cada lote está numa fase distinta do ciclo da videira”, explica a enóloga. Dessa forma, colhe-se quase todos os meses e não é necessário manter uma vinícola enorme para dar conta de toda a produção do vinhedo, visto que a entrada de uva para elaboração de vinho é escalonada ao longo do ano. Marta ainda aponta outra vantagem do sistema. “Se chover na colheita, nunca se perde toda a produção da fazenda, mas apenas um lote da safra”.Tudo isto tem seus prós e seus contras e acaba gerando vinhos para consumo mais ligeiro, vinhos jovens e fáceis de beber, tendo a Syrah como carro chefe da região, no sentido de qualidade, sendo usada como varietal ou no corte com Cabernet Sauvignon. Outras cepas plantadas na região que possui uma certa semelhança climática com o Alentejo em Portugal, é a Alicante Bouschet, Tempranillo, Touriga Nacional e nas brancas a Moscato (principal) e as tradicionais Sauvignon Blanc e Chardonnay assim como a Chenin Blanc. Todavia, devido a ser uma região muito nova, muitas outras espécies estão sendo testadas, em especial as castas da região do mediterrâneo. É esperar para ver e a ViniBrasil já começa a produzir vinhos de maior complexidade e com mais potencial de guarda.

De acordo com o Institudo do Vinho Vale do São Francisco, na região se produzem uvas desde 1960, tendo a Cinzano sido pioneira na produção de vinho para elaboração de seu vermute. Foi em 1982 que a Vitis Vinífera foi introduzida na região pela fazenda Milano. A partir dos anos 90 é que começa uma fase de ampliação e investimento maior no setor e a consolidação se dá a partir de 2000 com fortes investimentos nacionais e estrangeiros sendo o mais famoso a da ViniBrasil (Dão Sul de Portugal) com os vinhos Rio Sol, porém aqui estão as pioneiras Botticelli e Bianchetti, a Miolo (Terranova), Valduga, Lagoa Grande (Carrancas e Garziera), Georges Aubert, entre outros. Total, a confirmar já que aguardo alguns dados mais detalhados, são cerca de 8 milhões de litros (vou precisar rever meus números sobre a produção brasileira) em 800 hectares, presentemente, sendo elaborados por 8 empresas, mas com muitos outros projetos já em andamento.

Quanto aos vinhos da região, afora o Rio Sol (corte de Cabernet Sauvignon e Syrah) por meros R$19,00 um dos melhores achados do ano na relação Qualidade x Preço x Satisfação para um vinho do dia-a-dia, não conheço nenhum outro. Me lembro que cheguei a provar um outro vinho da Rio Sol e um Botticelli, mas sinceramente, nem me lembro o que me leva a pensar que não agradaram. A mídia especializada, no entanto, destaca o Rio Sol Winemakers selection Alicante Bouschet, o Terranova Late Harvest e o Terranova Cabernet Sauvignon/Syrah. Parece-me que alguns espumantes Moscatel da região também estão obtendo sucesso, tenho que provar.

Bem, creio que terminei, com um longo atraso, mas terminei. As dificuldades são imensas e ainda estou por receber algumas informações adicionais, assim que chegarem farei as alterações e/ou adendos que forem cabíveis, que espero que cheguem logo. Talvez a maior descoberta feita durante este trabalho, tenha sido a constatação da falta de organização, estrutura e projeto para a industria vitivinícola brasileira como um todo e uma maior atenção às novas regiões produtoras. Como exemplo, acho incrível que um órgão extremamente competente como a Embrapa, não tenha dados centralizados e ainda apresente estatísticas que vão somente até 2002. Quando será que nossos governantes e órgãos oficiais vão acordar para a pujança comercial e cultural que o vinho pode trazer para um país? Quando será que o ministério da agricultura acordará para esta realidade? Pensamos pequeno e, conseqüentemente, os resultados são pífios. Há que se pensar grande, pressionar os órgãos competentes, que agem de forma incompetente, por um plano estratégico único, apesar de regionalizado, para o setor, visando transformar todo o nosso potencial em realidade. O caminho não é coibir as importações, é crescer com estrutura e melhora de rentabilidade. Eu torço para que se faça a luz, porque o problema, ao que me parece, não são os outros, somos nós!

Salute, kanimambo e um brinde com um belo espumante nacional sobre os quais falarei mais durantes este próximo mês de Dezembro.

 

Brasil, Vinhos que Tomei e Recomendo III

Chegamos numa faixa de preços difícil. O porquê do difícil é em função da enormidade de rótulos do mundo inteiro disponíveis no Brasil exatamente dentro desta faixa. Nas listas que tenho publicado em Tomei e Recomendo, nas Adegas do Mês montadas, nas Degustações, existe uma enormidade de opções de belíssimos e conceituados vinhos disponíveis à escolha de cada um de nós consumidores. Porquê então comprar um nacional? Problemático explicar, até porque, preço por preço, a maioria ainda escolhe um importado e tem lá sua dose de razão. Os vinhos nacionais seguem sendo ilustres desconhecidos em nossa própria terra, os preços nesta faixa estão, salvo algumas poucas exceções, supervalorizados e existe uma dificuldade em encontrá-los nas lojas por falta de uma distribuição comercial adequada. Já comentei alguns vinhos nacionais aqui no blog, e deixo claro que, não fosse o alto preço, freqüentariam minha mesa mais assiduamente. Depois, acompanhando a rede, vi diversas outras manifestações de blogueiros e jornalistas especializados, batendo na mesma tecla o que, acredito, cria um importante ponto de reflexão para todos nós, inclusive os produtores. Estará a política comercial e de preços adequada à realidade do mercado e à forte e diversa concorrência? Colocar a culpa nos impostos, bode expiatório tanto dos produtores nacionais como dos importadores que tem lá sua penalizadora influência sobre o preço, ou nos importados, me parece argumento já falido e passível de revisão reflexiva.

Bem, enquanto refletem sobre esse tema, eis alguns dos bons vinhos que tive a oportunidade de tomar ao longo deste ano. São todos vinhos de qualidade reconhecida, que recomendo, a nata da produção nacional.

 80-e-acima-003

 

 

 

Vinhos de R$50 a 80,00

Começo pelo bom Joaquim 2005 da Villa Francioni, corte Cabernet Sauvignon com Merlot que mostra uma paleta de aromas muito boa com frutas vermelhas e algo herbáceo finalizando com uns aromas tostados após um tempo na taça. Na boca não apresentou a mesma exuberância que no nariz, mas achei um vinho bem equilibrado, com taninos finos bem posicionados e aveludados, de corpo médio para encorpado e acidez adequada. Talento 2004, da Salton outro vinho bem conhecido e já com um histórico de qualidade. O 2002 que provei o ano passado achei já passado da hora ou talvez tenha sido mal guardado, apesar de que compro sempre em lojas conhecidas e de qualidade, mas este 2004 me agradou sobremaneira e, na minha opinião, está no ponto para ser tomado. Um agradável corte de Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat de bastante harmonia e acredito com mais potencial de guarda do que seu antecessor.  Da Miolo, o Merlot Terroir 2004 é um digno representante dos bons vinhos elaborados no Brasil com esta casta. Um bom vinho, mostrando boa estrutura e algumas especiarias, bom volume de boca e taninos aveludados tendo lido de que o 2005 se apresenta melhor que este. Ainda dentro dos vinhos premium elaborados com Merlot, dois outros rótulos que ma agradaram muito. O Desejo 2004 da Salton, está muito cremoso e elegante, saboroso e de boa persistência mostrando bastante equilíbrio, taninos presentes, mas finos sem qualquer agressividade e o Villaggio Grando Merlot  mostrando gostosa fruta madura, corpo médio, harmônico e de taninos macios, fácil de beber e gostar deixando aquele gostinho de quero mais na boca especialmente se levemente referescado a cerca de 16º.

Três Cabernet Sauvignon 100% que me encantaram, cada um com seu estilo; Gran Reserva da Família Cabernet 2003 de Marco Luigi um belíssimo e clássico vinho, taninos prontos, aveludados, muito rico e de bom volume de boca; o Villaggio Grando Cabernet 2006 recém lançado que me encantou e prima pela elegância e finesse, sedutor, macio redondo, saboroso, cativante entrada de boca e de muito boa persistência num longo final e o Gran Reserva 2004, da Marson, de muito boa estrutura, taninos equacionados, finos e elegantes, mostrando muito equilíbrio e harmonia num vinho muito saboroso e longo, de boa complexidade. Três belissímos vinhos!

Innominabile Lote II, vinho top da Villagio Grando produzido a 1400 metros de altitude em Caçador, Santa Catarina, um divino corte de cinco cepas (Cabernet Sauvignon/Malbec/Cabernet Franc/Merlot e Pinot Noir) e duas safras tendo como protagonista a de 2006, porém cortado com uma parte do Lote I de 2005, um dos melhores vinhos nacionais, tem boa complexidade e elegância, muito saboroso com grande equilíbrio e taninos doces, um vinho realmente sedutor e fino com uma característica muito velho mundo, talvez em função do enólogo que é francês.  Quinta da Neve Pinot Noir 2006 de Santa Catarina, talvez o melhor do Brasil, que apresenta um nariz de boa intensidade, corpo leve, equilibrado, rico, taninos macios e gostoso final de boca que invita à próxima taça e, para finalizar, o Portento 2005, vinho fortificado produzido em São Joaquim pela Quinta Santa Maria num estilo dos Vinhos do Porto fruto de um corte de Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Merlot e Aragonez. Um vinho surpreendente, muito bem feito, num estilo Porto Ruby muito cremoso, frutado e equilibrado. Produz um branco também, de uva Moscatel, que também é saboroso, porém longe to tinto que realmente é muito interessante.

Nos brancos gostei do Chardonnay da Villaggio Grando que mostrou qualidades apesar de não ser um blockbuster.

 

 

 

 

 

Vinhos de R$80 a 120,00

Provei alguns bons vinhos, entre eles o Boscato Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2002, de muito boa estrutura, boa acidez, vinho que combina bem, potência com elegância num conjunto de muito boa qualidade. Villa Francioni Francesco 2005, um bom corte de Merlot/Cabernet Sauvignon / Malbec / Cabernet Franc e Syrah. Muita fruta madura de boa intensidade no nariz, macio, taninos finos perfeitamente equacionados, saboroso repetindo a fruta levemente compotada com algo de salumeria num corpo médio bem balanceado. Não provei nenhum branco dentro desta faixa, mas dizem que o Sauvignon Blanc da Villa Francioni é de primeira. Dois tintos, no entanto, são de tirar o chapéu e são prova viva de que sim, o Brasil já possui alguns grandes vinhos para brigar de frente com alguns dos bons rótulos importados.

         Storia 2005, o merlot super premium da Valduga, um senhor vinho que foi, também, muito competentemente trabalhado do ponto de vista mercadológico. Ainda fechado, taninos maduros ainda bem presentes e adstringentes, com ótima estrutura, bom equilíbrio, potente, longo e saboroso final de boca e uma paleta de aromas em que sobressai fruta vermelha e algo de café. Em uma degustação às cegas realizado na Portal dos Vinhos com os vinhos varietais; Ventisquero Queulat Pinot Noir 2006, Achaval Ferrer Malbec 2005, Kaapszchit Shiraz 2004, Abraxas Tannat 2002 e Coppola Claret Cabernet Sauvignon 2004, levou a melhor sobre todos eles. Um grande merlot de bastante potência requerendo um tempo de decantação antes de servir e certamente melhorará muito dentro de mais um ou dois anos. Preço, se achar, é em torno de R$90.

         Villa Francioni 2004, o top de linha desta jovem vinícola catarinense, eleborado com um corte Cabernet Sauvignon/Merlot/Cabernet Franc e Malbec num típico corte bordolês e, dentre todos os nacionais que já tomei, gostei e recomendei, este é certamente o melhor! Vinho complexo, muito rico, equilibrado, saboroso, ótimo volume de boca, taninos finos de grande elegância e ótima persistência. Daqueles que quando você sente os aromas e toma o primeiro gole, já se dá conta de que está frente a frente com um grande vinho de muita personalidade tomando conta de todos os seus sentidos. Em mais uma degustação às cegas no Portal dos Vinhos, este Villa Francioni foi colocado à prova junto com outros bons e conceituados blends estrangeiros; Altimus 2004 e Chakana Estate Collection 2004 ambos da Argentina, Valdivieso Éclat 2005 do Chile, Francis Coppola Rosso Classic 2005 e Morkel Atticus 2003 Sul Africano. Deu Villa Francioni na cabeça e o preço está por volta de R$100 a 110,00!

           Painéis compostos essencialmente por consumidores, que são o júri mais imparcial, isento e pé no chão que podemos encontrar, aquele que realmente conta. O unico senão segue sendo o preço, especialmente nesta faixa mais alta onde temos inúmeros néctares de igual ou melhor nível a preços inferiores, dificultando a escolha por um destes ótimos produtos.

Salute e kanimambo.

Brasil, Vinhos que Tomei e Recomendo – II

Bem aqui, vai mais uma leva de bons rótulos a tomar numa faixa de preços muito competitiva e onde se encontram a maioria dos vinhos nacionais. Apesar da faixa ser até 50 reais, a verdade é que a grande maioria está entre 30 e 40 reais o que faz com que esta seja uma ótima opção aos vinhos estrangeiros, muitas vezes, de qualidade duvidosa, ainda mais agora que a grande probabilidade é de que os vinhos importados fiquem mais caros. John Lennon dizia “Give Peace a Chance”, mas poucos ouviram! Eu, na minha insignificância perto do grande mestre, digo “Dê uma chance aos vinhos brasileiros, desarme-se” e pergunto, será que alguém me atenderá? Não sei, mas quem não o fizer, certamente estará perdendo alguns bons vinhos a ótimos preços, por puro preconceito. 

 brasil-007

De R$30 a 50,00, é uma faixa de preços em que encontramos a maioria dos bons vinhos nacionais, com alguns melhores, ou mais conceituados, na faixa imediatamente acima e alguns ainda um degrau acima.

Dal Pizzol Tannat 05 vinho que me surpreendeu, Taninos macios e sedosos mostrando uma certa delicadeza na boca, elegante e equilibrado mostrando ser um vinho sedutor com um final de boca muito agradável. O Touriga Nacional 07 com jeitinho Brasileiro, possui uma paleta aromática muito interessante com um primeiro ataque frutado e fresco de boa intensidade. Na taça evolui deixando aparecer alguns toques florais bem típicos da casta. Na boca é suave, elegante, com taninos maduros e um teor de álcool bem comportado, suave, pronto e fácil de tomar.

Casa Valduga Premium C.Sauvignon 05, de boa estrutura, nariz frutado onde aparecem bem frutas vermelhas e algo especiado num segundo instante, boa estrutura, muito harmônico, de médio corpo, um vinho muito agradável e de taninos já bem equacionados tornando-o um vinho fácil de se gostar e uma ótima companhia para uma carne de forno.

Cordilheira de Santa’Ana Tannat 04, com um tempero de cabernet sauvignon e merlot, está delicioso, muito fino e elegante, boa estrutura, taninos macios ainda presentes mostrando que ainda tem um bom par da anos pela frente.

Pizzato Reserva Egiodola e Merlot 05, são clássicos da Pizzato e estão muito bons e de cara nova com rótulos novos que modernizaram o visual dos vinhos da vinícola. O Merlot ainda está jovem, necessita de decantação, mas mostra boa estrutura e muita riqueza de aromas e sabores, um belo vinho de muito bom preço e boa complexidade, mostrando bem porquê a Pizzato é conhecida como uma das vinícolas nacionais que melhor trabalha com esta cepa. O Egiodola é um vinho encantador, a meu ver mais pronto para tomar, mas também requer decantação. Vinho diferente algo de fruta mais confitada, bom corpo e persistência, tendo acompanhado uma ravióli de cordeiro com creme de funghi de forma exemplar.

Marco Luigi Reserva da Família 03, um verdadeiro achado pelo preço e qualidade apresentada, tendo me seduzido por completo, até porque gosto muito de vinhos elaborados com merlot, especialmente os nacionais. De médio corpo com álcool bem comportado (13º), bom volume de boca, boa acidez, equilibrado, taninos maduros, finos e elegantes estando, na minha opinião, no auge para ser tomado.

Marco Luigi Tributo Cabernet/Merlot 2003, mais um vinho muito saboroso e sedutor da Marco Luigi. Esta linha é de, tradicionalmente, varietais mais baratos, quase que a entrada de gama da vinícola. Este no entanto é, do ponto de vista de produto, bem mais evoluído e complexo um vinho extremamente agradável de tomar e fácil de gostar com taninos doces, bom equilíbrio e volume de boca bastante interessante.

Don Abel Premium C.Sauvignon e Merlot 05, muito bons vinhos que já tomei por R$27,00 há pouco mais de um ano atrás e agora, em São Paulo, já está por R$40,00. Saindo um pouco dos produtores tradicionais, são vinhos de boa concentração, médio corpo e equilibrados que possuem uma personalidade muito própria.

Quinta da Neve Cabernet Sauvignon 06, um vinho de altitude de Santa Catarina. Os cabernets desta região estão muito interessantes e este não foge à regra. Aromático, macio, corpo médio, muito equilibrado e um final de boca saboroso e bastante persistente.

Dezem Cabernet Sauvignon 04, vem de Toledo, no Paraná, mais um Terroir Brasileiro não muito conhecido. A Dezem vem recebendo boas criticas. De cor rubi, aromas não muito intensos apontando para frutas escuras, madeira e algo resinoso. Na boca é cheio, de corpo médio, taninos maduros muito bem equacionados, boa acidez, saboroso, fácil de agradar e no ponto para ser tomado. Dizem que o Merlot também é bom.

 

 

Maestrale e Nubio Rosé 05. A Sanjo na primeira safra que está disponível nas lojas, só produziu vinhos com cabernet sauvignon e estes dois me entusiasmaram bastante, especialmente em função dos preços muito convidativos, aliás como é o caso do Cabernet da Quinta da Neve. Maestrale é o top de linha deles, muito saboroso e harmônico, mostrando boa estrutura e taninos aveludados que indicam alguma capacidade de guarda. O Nubio Rosé é muito aromático, saboroso e fresco na boca, mostrando uma estrutura maior que os vinhos rosé típicos, de boa acidez, mostrando características que o recomendam como um vinho gastronômico.

Larentis Reserva Especial C.Sauvignon e Ancellotta ambos 2002, foram vinhos que me agradaram sobremaneira tendo-os conhecido em uma visita à região em 2006. Lamentavelmente não obtive retorno a minhas continuas tentativas de contato, mas acredito que os vinhos de 2005, em função da safra, devam estar no mesmo patamar. Difícil de encontrar, mas quem tiver pelo Rio Grande do Sul ou em visita ao Vale dos Vinhedos e região, não deixe de experimentar.

Don Candido Marselan 4ª Geração, mais um daqueles vinhos que aparece no garimpo e nos surpreende. Uma mostra de que a vinosfera brasileira apresenta vinhos muito interessantes fora dos tradicionais cabernets e merlots. Frutado, macio, boa estrutura e harmônico, bom vinho.

Don Laurindo Assemblage 05, um vinho de boa complexidade fruto do corte de tannat/cabernet sauvignon e merlot. Este provei em loco, junto com uma série de outros de sua linha de produção, mas foi este que marcou e me lembro ainda hoje depois de 2 anos o que, creio, já diz muito sobre o vinho e o preço é super camarada pelo que oferece. Um vinho encorpado, uma decantação não lhe fará mal algum, mas nada agressivo, muito rico, taninos finos e elegantes, muito saboroso e apetecível.

          Dos brancos nesta faixa e apesar de não ser um apaixonado pelos nacionais, em que claramente prefiro os tintos, gosto bastante do Cordilheira de Sant’Ana Gewurtzraminer, porém o ultimo que tomei é o de 2004. Há dois anos estava, a meu ver, uma delicia que me conquistou. Provei há pouco tempo e já não achei o mesmo, tendo perdido muito do seu frescor. Nem melhor nem pior, diferente. Preferiria ver uma safra mais nova, mas segue sendo o melhor Gewurtzraminer nacional em meu modesto parecer, mostrando ótima tipicidade da cepa com um floral presente e, hoje, uma lichia compotada. Cordilheira de Sant’Ana Chardonnay 05 também é muito saboroso, com uma paleta olfativa em que aparece abacaxi e algo de pêra, muito agradável de tomar, macio, ótima acidez e bastante persistente. Outras interessantes opções de brancos nesta faixa, são; o Chardonnay da Pizzato e o Sauvignon blanc tanto da Dal Pizzol como da Casa Valduga Premium.

Salute, kanimambo e aproveitem estes bons vinhos