Brasil, Regiões Produtoras – II

Estamos diante de uma realidade incontestável, Santa Catarina. Com suas diversas sub-regiões de vinhedos de altitude, vinhedos plantados entre 900 e 140 metros, esta é uma região com grande potencial que já começa a apresentar belos resultados com vinhos diferenciados e complexos num pedaço do Brasil onde somente se planta Vitís Viníferas. São três sub-regiões; São Joaquim, Caçador e Campos Novos. No total, devem existir algo como 35 produtores com projetos em andamento, mas das dez que já estão no mercado, destaque especial para a Villa Francioni e Villaggio Grando (as duas principais), Quinta da Neve, Quinta Santa Maria, Sanjo, Suzin (pioneira na região) e Pisani Panceri sendo que a maioria, sete para ser exato, estão situados na região de São Joaquim. Até ao momento, são cerca de 300 hectares plantados produzindo cerca de 500 mil litros do doce néctar, mas a expectativa é de que até 2010 esta produção seja quadruplicada gerando cerca de 2 milhões de litros. Uma das maiores dificuldades encontradas na região, são as fortes geadas e eventuais chuvas de granizo que exigem grandes investimentos em coberturas plásticas sobre as vinhas. Eis algumas das vinícolas que tive a oportunidade de conhecer na Expovinis e dos quais provei alguns bons vinhos que, em post em separado, depois comentarei em maiores detalhes. A ACAVITIS, foi a associação criada para gerir projetos de qualidade dos vinhos produtores na região certificando produtos, viabilizando qualificação, divulgando a região e defendendo os interesses de seus associados.

       mapa-acavitis-opcao-final-de-190420071 

     

    Quinta da Neve. Lomba Seca em São Joaquim. Plantando desde 1999, apresenta, neste momento, uma produção em torno de 8000 garrafas de Pinot Noir e cerca de 12.000 de Cabernet Sauvignon derivado de seus 12 hectares de vinhas. Como consultor enólogo, trouxeram o Anselmo Mendes, grande enólogo e produtor Português, para elaborar alguns de seus vinhos. O Anselmo Mendes produz alguns dos melhores Alvarinhos em Portugal e tem um vinho branco elaborado com a uva Loureiro que é um espetáculo! Bem, mas esse é outro papo, importante é que o nome de Anselmo Mendes para assessorar a vinícola, foi uma grande e acertada escolha que o tempo de certo virá a comprovar. Gente de visão! Por enquanto só tintos, Um Cabernet Sauvignon e um Pinot Noir sobre os quais falarei mais adiante, mas não duvidaria nada da chegada de um branco logo, logo aproveitando todo o know-how do enólogo.

 

Villagio-Grando é uma vinícola de porte maior, um pouco mais conhecida no mercada em função do delicioso Innominabile, um dos melhores tintos do país. Estão em Caçador, onde o grupo exerce suas atividades agro-florestais já há muitos anos tendo plantado cerca de 52 hectares de vinhedos com diversas cepas plantadas acima de 1350 metros de altitude. Produz cerca de 180.000 garrafas anuais, com previsão de chegar a 300 mil  tendo em mim um fervoroso fã já que gosto muito dos seus vinhos. Sua linha de produtos inclui hoje um total de 5 vinhos sendo três tintos e dois brancos. Os dois brancos, Chardonnay e Sauvignon Blanc são vinhos bastante interessantes e diferenciados, mas o grande destaque, a meu ver, fica mesmo com os tintos onde brilham, o novo Cabernet Sauvignon e o Innominabile um vinho de corte elaborado com um corte de 5 uvas e duas safras! É, isso mesmo que você leu, duas safras! Mais à frente comentarei este vinho e outros.

 

Sanjo, mais conhecida por sua produção de maçãs, a empresa investiu na implantação de cerca de 26 hectares de vinhedos com uma produção de cerca de 70 mil litros anuais. Apesar de terem outras cepas plantadas, os vinhos hoje produzidos são todos baseados na Cabernet Sauvignon; Nobrese, Maestrale e a linha de entrada o Nubio. De todos, a meu ver os destaques são três; O Nubio Rosé, o Maestrale e sua política de preços.

 

Quinta Santa Maria, também situada em São Joaquim, a sub-região mais importante, tem sócios portugueses e cerca de 20 hectares plantados, planeja chegar a 40  em 2010, entre 1200 e 1300 metros de altitude onde plantam Pinot, Touriga Nacional e Aragonez afora as tradicionais Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Produz hoje dois vinhos. Um, o Utopia é um vinho tinto de guarda e um fortificado, muito interessante, o Portento no estilo dos vinhos do porto.

 

Villa Francioni, talvez a mais famosa e o maior projeto vinícola da região, um exemplo de perseverança e visão de um homem, assumida por uma família. Um projeto grandioso que se completou em 2002 e gerou seus primeiros vinhos ao final de 2005. Uma história curta, porém escrita com maestria e grande investimento já gerando alguns dos melhores vinhos nacionais produzidos de cepas diversas plantadas em seus cerca de 50 hectares. A cantina foi construída em seis níveis e projetada para que a gravidade fizesse com que a matéria-prima passasse de um tanque de fermentação para outro sem a intervenção humana, obtendo um processo mais natural evitando-se o bombeamento mecânico que é sempre mais agressivo. Produz hoje algo próximo a 200 mil litros com bons rótulos entre os quais dois se destacam, considerados pela imprensa especializada como alguns dos melhores do Brasil, são o top de gama Villa Francioni, que conheço e assino embaixo pois é um grande vinho, e o Sauvignon Blanc que ainda não tive o prazer de provar.

 

Durante os próximos dias produzirei alguns posts com degustações de alguns destes vinhos onde penso poder explorar um pouco mais alguns desses belos produtos assim como outros da Campanha Gaúcha e do Vale dos Vinhedos. Quem ainda duvida dos vinhos nacionais, acho que não teve a oportunidade de degustar a maior parte desses bons rótulos e deve cair na real, o vinho Brasileiro está com ótimos produtos e mostrarei o resultado de duas degustações às cegas que exemplificam isto muito claramente. O único senão, talvez seja o alto preço cobrado por alguns desses bons exemplares que, ao receberem boas criticas, mostram uma tendência enorme de dispararem. Isto, se visto pelo ângulo do consumidor logicamente, porque do ponto de vista do produtor, se eles cobram o que cobram e seguem vendendo, porquê não seguir nessa mesma política comercial?

Por hoje é só, salute e kanimambo.

Brasil em Números – Dados de Consumo

          Para quem gosta, eis alguns números pesquisados sobre o consumo de vinhos finos. Em alguns casos são estimados e, creio, podem variar em cerca de cinco porcento para cima ou para baixo, mas como os dados são tão dispares e incongruentes, há que se fazer alguns cálculos meio mágicos. Acredito, no entanto, que estes números estão muito próximos da realidade e possam lhe dar uma idéia mais precisa do que acontece em nosso pequeno mundo do vinho nacional.

Valores aproximados de consumo e produção anual de vinhos finos no Brasil

Origem

Litros

Importados

                                             60.875.073

Nacionais RS

                                             19.952.097

Nacionais Outros

                                               2.593.773

Espumantes

                                               8.500.000

Total

                                             91.920.943

 Os dados referente a Nacionais Outros, são estimados e calculados em cima das diversas informações colhidas das entidades abaixo mencionadas. Veja agora a evolução das importações e produção nacional do Rio Grande do Sul que responde por cerca de 86 porcento, meus cálculos, da produção nacional em litros.

 

 

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Total Vinhos Finos Tranquilos Importados

25.940.096

28.525.147

37.652.046

39.331.791

48.596.849

59.758.155

Total vinhos finos tranquilos RS

25.259.850

23.211.221

19.727.449

21.912.640

21.776.182

19.952.097

Total vinhos Espumantes RS

4.267.545

5.369.902

5.477.154

6.745.027

7.664.237

8.560.413

Total Espumantes Importados

614.332

804.192

1.490.391

1.606.544

2.351.207

1.116.918

Total Importados + RS

56.081.823

57.910.462

64.347.040

69.596.002

80.388.475

89.387.583

Vejam abaixo o volume de consumo, todos os tipos de vinho inclusive de mesa, pelos maiores estados consumidores no ano de 2007 e a surpresa do consumo per capita onde os cariocas pulam na frente e derrubam todo mundo no processo! Sempre pensei que São Paulo fosse o maior consumidor per capita sendo seguido pelos estados do Sul, ledo engano.

Destino

 Total Litros – 2007

 % do total consumido

 Consumo p/capita

SP

        115.444.603

33,4%

2,9

RJ

          73.466.781

21,2%

4,8

PR

          36.074.660

10,4%

3,5

RS

          33.942.663

9,8%

3,2

MG

          17.436.034

5,0%

0,9

ES

          11.383.705

3,3%

3,4

BA

          11.045.225

3,2%

0,8

SC

            9.965.308

2,9%

1,7

PE

            8.402.192

2,4%

1,0

CE

            5.795.034

1,7%

0,7

GO

            4.484.300

1,3%

0,8

DF

            4.101.829

1,2%

1,7

Falando de Vinhos – Novembro 08. Fonte Ibravin

 

 Os quadros acima, foram elaborados com o cruzamento de dados colhidos entre  estatísticas recebidas da Ibravin, UVIBRA, Embrapa e Associação Brasileira de Enologia. Algo para você digerir enquanto finalizo o post sobre Santa Catarina.

 

Salute, Kanimambo e amanhã tem mais.

 

Ps. WordPress tá naqueles dias hoje! 

 

Brasil, Vinhos que Tomei e Recomendo – I

Ao longo dos tempos tenho tomado diversos vinhos brasileiros. Aliás, nos idos de oitenta não havia muitas opções, ou era isso ou tinha-se que ter o bolso bem recheado pois os importados eram caríssimos. Hoje existem muito mais opções no mercado, mas sempre tento provar os nossos nacionais e tenho visto um enorme salto de qualidade no produto. Acho que a nível comercial ainda há muito o que fazer já que é difícil encontrar os produtos, exceção feita a umas três ou quatro vinícolas maiores, nos diversos pontos de venda. O próprio consumidor conhece pouco de nossos produtos o qual olha com certo preconceito baseado em más experiências de anos anteriores. Por outro lado, em um ano de atividade tive somente um convite para degustação de vinhos brasileiros, a Cordilheira de Santa’Ana, a qual comentarei mais adiante, enquanto não tenho dedos para contar todos os convites que recebi de diversas importadoras. Isto, obviamente, reduz o nível do garimpo, conhecimento e capacidade de divulgação.

Por sinal foi incrível o baixo retorno das vinícolas, a grande maioria sequer se dignou a responder aos e-mails enviados, quando lhes informei do painel sobre vinhos brasileiros que estava realizando. Nada contra, ninguém precisa me atender e isto não é uma reclamação ou desabafo, cada um age da forma que acha devida e há que se respeitar isso, somente uma constatação de que o trabalho de pesquisa e garimpo certamente ficam prejudicados e esta ausência de informações, de acordo com conversas com diversos outros atuantes na área, parece ser uma característica do setor. Ou seja, o que quero externar, é minha opinião sincera de que grande parte das vinícolas brasileiras, obviamente que existem exceções e falo de forma genérica, são vitimas de seus próprios erros na ausência de uma política adequada de divulgação e distribuição. Num mercado competitivo que nem o Brasil, entre os quatro principais no mundo em termos de diversidade, com cerca de 18.000 rótulos só de importados, quem ficar sentado na vinícola esperando o cliente chegar ………

Enfim, o problema é mesmo dos produtores, não nosso e já dei palpite demais sobre esse assunto. Como consumidores o que queremos é tomar bons vinhos com bons preços e ter uma certa facilidade de acesso aos rótulos que mais gostamos. Nesse sentido, creio poder lhes sugerir alguns rótulos bastante interessantes, uns mais conhecidos, outros menos, baseado em minha experiência. Começo pelos mais baratos, como sempre faço, lembrando que as safras de 2002, 2004 e 2005 foram muito boas e são uma boa pedida para se procurar nas lojas, especialmente a 2005. Quanto aos vinhos brancos, melhor tomar o mais jovem possível e a safra de 2008 tem apresentado bons produtos.

 

Até R$30,00 uma série de vinhos que não têm a intenção de serem grandes, mas que são muito bons para o dia-a-dia e estão prontos a beber.

 brasil-002

  • A Miolo tem uma linha bastante grande de produtos, mas dentro desta faixa de preços os que mais me entusiasmaram foram o Miolo Reserva Merlot os Fortaleza do Seival Tempranillo e o branco Pinot Grigio. Uma ressalva, o Tempranillo 2005 estava muito bom porém não tenho tido boas informações sobre o 2006 então a safra é importante.
  • Marson Reserva Cabernet Sauvignon é um outro vinho de grande relação custo x beneficio que surpreende por suas qualidades com taninos finos e elegantes, muito harmônico, copro médio e saboroso passando seis meses em barrica de carvalho americano e mais seis meses em garrafa nas caves, uma bela pedida.
  • Marco Luigi Merlot, mais uma prova de que a nossa principal uva é a Merlot com bons produtos nesta faixa de preços e alguns ótimos em faixas acima. Um vinho muito redondo, equilibrado, boa fruta madura, boa acidez, muito apetecível com taninos macios e agradável final de boca.
  • Fausto Rosé da Pizzato, um rosé de merlot muito frutado, boa acidez, bem refrescante que acompanha muito bem comidas leves como um peru à Califórnia.
  • Adolfo Lona corte de Merlot/Cabernet 2004, um vinho diferente e bastante interessante com um nariz muito floral e intenso que assusta num primeiro momento mas que se encontra bem resolvido na boca com taninos doces, redondo e saboroso.
  • Cordelier Merlot, existe o reserva elaborado com uvas selecionadas, sem passagem por madeira e mais tempo de cave, e o básico com somente uns 4 meses de cave antes de ser lançado ao mercado e que vem acondicionado em uma garrafa que imita garrafa envelhecida. Os dois são bons, mas eu curto mesmo é o da garrafa envelhecida que tem uns aromas e paladar bem marcantes e uma ótima pedida pelo preço em torno de R$15 a 17,00, apesar de que o Reserva não fica atrás e pouco mais custa.
  • Rio Sol, um vinho surpreendente e, apesar de ser o mais barato da linha com preço ao redor de 20 Reais, é um dos meus preferidos. Corte de Cabernet Sauvignon com Syrah, é um vinho muito equilibrado, harmônico e saboroso que substitui amplamente a grande maioria dos vinhos nesta faixa trazidos do Chile e da Argentina.
  • Angheben Barbera 2007, provei ontem e é realmente uma grande pedida nesta faixa de preços, mostrando bom equilíbrio, taninos macios, médio corpo, redondo e muito agradável de tomar. O Touriga Nacional de que falam tanto não me conveceu e é bem mais caro.
  • Aurora Varietal Cabernet  Sauvignon e Merlot, são dois vinhos para aqueles dias de caixa baixo, já que estão abaixo do 20 Reais, mas que não negam fogo. São corretos, ligeiros, fáceis de beber e bastante agradáveis sendo ótima companhia para um belo sanduba de fim de semana, um caldo verde ou uma carne grelhada não muito condimentada.
  • Salton Volpi. Quero finalizar com esta linha de produtos da Salton que acredito ser uma das melhores, se não a melhor relação Qualidade x Preço x Satisfação no mercado. A Salton também possui uma linha mais barata, a Classic, que é correta, ligeira mas não me encanta. Já a linha Volpi recomendo sem pestanejar, especialmente o Merlot que é sempre muito bom, de taninos doces e sedosos num corpo médio, muito saboroso e de média persistência, um dos bons merlots nacionais e uma aposta certeira nesta faixa de preços, e os Pinot Noir e Sauvignon Blanc que tive o grato prazer de provar ontem. O Pinot 07 está em outra faixa de preços, falo depois, mas o Sauvignon Blanc 08 me encantou e conquistou desde a primeira fungada na taça! Surpreendente porque, apesar de ter alguns vinhos brancos nacionais de que gosto são poucos os que realmente me encantaram e este é uma delicia. Com baixo teor de álcool (11.9º), muito balanceado, nariz intenso em que aprece uma goiaba branca muito presente, e olha que meu nariz é meio fraquinho, frutado na boca, muito boa acidez o que o torna fresco, agradável e fácil de tomar deixando na boca aquele gostinho de quero mais.
  • Casa Valduga Premium. Esta linha possui vinhos de muita qualidade, porém com somente um rótulo que conheço e que cabe nesta faixa de preços, sendo um dos outros brancos nacionais de que gosto muito. É o Gewurtzraminer, que apresenta muita tipicidade com aqueles aromas florais e lichia, muito saboroso e ótima companhia para pratos orientais apimentados como curry de frango ou camarão.

É isso gente, conforme for dando vou publicando a seqüência dos posts sobre o Brasil já que ainda existe muito por falar e começo a receber novas e interessantes informações. Um abraço, bom fim de semana e amanhã tem a Coluna do Breno, depois no Domingo novidades, oportunidades e eventos. Volto na segunda-feira, Salute e kanimambo.

Brasil, Regiões Produtoras – I

Bem, cá vamos nós para mais uma volta por nossa vinosfera nacional. Antes de iniciar falando sobre as regiões, vejam alguns números adicionais que consegui obter. Estamos hoje com cerca de 90 mil hectares de vinhas plantadas para elaboração de vinhos e derivados, gerando cerca de 570 milhões de quilos de uvas diversas. Deste volume, a Wines from Brazil estima que cerca de 10.000 hectares se destinam ao cultivo de Vitis Vinifera para produção de vinhos finos. Nestas vinhas, algumas cepas aparecem com destaque especialmente a Cabernet Sauvignon e Merlot. De qualquer forma, me absterei de falar muito mais de números porque as fontes são poucas e as informações muito pouco claras quando não incongruentes. Assim que der tentarei me aprofundar mais nessa pesquisa.

 

Rio Grande do Sul é a mais importante região produtora de vinhos no Brasil e a mais organizada do ponto de vista de daos e informações. O embrião de tudo e a mais antiga, sendo responsável por cerca de 90% do total de vinhos produzidos no país, apesar de que acho que este número deva estar defasado. São três sub-regiões; A Serra Gaúcha que inclui entre outras sub-regiões e mais conhecida, única com Indicação de Procedência, o Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves (Bento Gonçalves, Garibaldi, Monte Belo), a Campanha Gaúcha (Santana do Livramento, Lavras, Alegrete, São Miguel e Candiota) na fronteira com o Uruguai e Serras do Sudeste (Pinheiro Machado e Encruzilhada do Sul). Na Serra Gaúcha, afora o Vale dos Vinhedos, outras áreas estão em processo de avaliação para instituir a denominação de Indicação de Procedência. São elas, de acordo com o site do vinho brasileiro (link aqui do lado), Vinhos de Montanha (Pinto Bandeira), Altos Montes (Flores da Cunha e Nova Pádua) e Monte Belo do Sul.

A Serra Gaúcha detém algo ao redor de 310 produtores dos quais os mais importantes são a Miolo, Casa Valduga, Lídio Carraro, Marco Luigi, Pizzato, Dal Pizzol, Cordelier, Boscato, Don Laurindo, Salton, Marson e Don Candido entre outras. Na verdade, existem mesmo cerca de umas 40 a 50 que realmente possuem alguma presença significativa no mercado. Solo ácido e arenoso, alto índice pluviométrico que, ainda por cima, atinge as vinhas no período de amadurecimento e na época da colheita forçando o produtor, muitas vezes, a colher a uva antes do tempo, não são as melhores condições climáticas para produção de vinhos de qualidade. Por outro lado, esta alta acidez e baixo teor de álcool decorrentes da colheita antecipada, são ótimas para a produção de bons espumantes que requerem grande frescor. Saul Galvão destaca que essas são condições similares às encontradas em Champagne onde os vinhos tranqüilos não são grande coisa, mas geram maravilhosos espumantes.

As principais uvas são Merlot e Cabernet Sauvignon. Como coadjuvantes vemos Cabernet Franc (em declínio) sendo seguida por cepas que vêm ganhando bastante espaço como a Tannat, Egiodola, Ancelota, Marselan, Tempranillo e Malbec entre as tintas. Nas brancas, a Moscato é a principal e usada na elaboração de delicioso vinhos espumantes, a Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling Itálico e Gewurtzraminer  com alguns pequenos lotes de diversas outras cepas. Apesar das dificuldades climáticas e de solo, os produtores vêm investindo forte nos vinhedos, em tecnologia, em conhecimento e desenvolvimento de novos produtos buscando seu lugar ao sol num mercado cada vez mais competitivo. Como poderemos ver mais á frente nos posts que virão com vinhos que Tomei e Recomendo, tanto em varietais como em cortes, a região tem produzido vinhos de muito boa qualidade com preços bastante competitivos exceção feita a alguns rótulos bastante caros. De qualquer forma, são ótimas opções a uma série de vinhos estrangeiros de origem afamada, porém de qualidade duvidosa.

É desta região também, que saem os melhores espumantes nacionais entre eles o Excelence de Chandon, Salton Evidence e Salton Ouro Brut, Miolo Millesime, Valduga 130, Valduga Premium Prosecco, Dal Pizzol Brut Champenoise e o Dal Pizzol Rosé, Pizzato Brut, Marco Luigi Reserva da Família Brut 06 e o excelente Moscatel, Marson Brut e outros muito conceituados, mas não provados, como os da Cave Geisse, Peterlongo, Don Candido, Aurora, etc. O que não faltam são rótulos de qualidade e adequados a cada momento e cada bolso, com mais ou menos complexidade. Pelo que tenho provado, lido e escutado, creio que posso afirmar que somos hoje a quarta maior força mundial na produção de espumantes de qualidade ficando atrás somente da França, Itália e Espanha.

A Campanha Gaúcha acompanha quase que toda a fronteira com o Uruguai e teve como pioneira a Vinícola Almadén em Santana de Livramento. Os investimentos que chegam para esta região são em grandes propriedades diferentemente da Serra Gaúcha que tem como peculiaridade as pequenas propriedades. É uma região mais fria com menor índice pluviométrico, apesar de ainda bem considerável para o cultivo de Vitis Vinífera. A topografia também ajuda na produtividade em função de ser plana, possibilitando a mecanização das lavouras. As uvas são todas nobres entre elas as principais são a Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat, Tempranillo e Touriga Nacional nas tintas e nas brancas a Chardonnay, Riesling, Sauvignon Blanc, Trebbiano, Semillon e Chenin Blanc. A Miolo com o projeto de Quintas do Seival e Fortaleza do Seival, é uma das principais vinícolas ativas na região. Eu gosto muito dos produtos da Cordilheira de Santa’Ana produzidos em Paloma na região de Santana do Livramento. Têm uma personalidade muito própria, creio que muito a ver com o terroir, produzindo dois brancos muito bons; o Gewurtzraminer e o Chardonnay assim como um bom Tannat que leva um corte de 15% de Merlot para amaciá-lo. O Cabernet Sauvignon também agrada bastante.

A Salton parece que também esta investindo na região que demonstra grande potencial de desenvolvimento. De acordo com Rosana Wagner, da Cordilheira, não existem números oficiais, porém aparentemente já são cerca de 1125 hectares de novos vinhedos. Uma região a ser acompanhada e provada de perto apesar do número de vinícolas ainda ser pequeno, algo ao redor de uma meia dúzia.

Serra do Sudeste, mais uma região nova de poucos players, ainda. Com condições climáticas similares ás de Campanha, mas mais ondulada e solo granítico. Lídio Carraro é um dos pioneiros da região, assim como o inventivo Tormentas. Angheben, Casa Valduga, Chandon, De Lantier e Aliança são outras vinícolas investindo nesta nova  e promissora região. Parece ser uma região aberta à experimentação com o plantio de cepas menos tradicionais como Teroldego, Castelão (piriquita), Barbera e Alicante Bouschet entre as já tradicionais castas tintas.  De acordo com o Saul Galvão, um dos melhores brancos nacionais que ele já tomou veio daqui e era um Gewurtzraminer, conseqüentemente vamos ficar de olho. Tenho ouvido falar muito do Barbera da Angheben, por exemplo, então há que provar os vinhos vindo destas novas fronteiras vinícolas.

Campos de Cima. Fiquei na duvida se mencionava esta sub-região já que a produção é pequena e praticamente se restringe a um projeto do empresário Raul Randon com a Miolo que gera o vinho RAR e algo de Marco Danielle, o mesmo do Tormentas, com a Vinha Solo. Pouco mais consegui encontrar sobre esta parte mais alta da Serra Gaúcha que inclui cidades como Muitos Capões, Vacaria, Cambará do Sul e Jaquirama a cerca de 1000 metros de altitude. Para efeito de localização, ali perto de Canela e Gramado. Bem como estava no mapa do Site do Vinho Brasileiro, agora está aqui o que consegui descobrir sobre este pedaço da Serra Gaúcha.

  Por enquanto é só meus amigos, na próximo post sobre as regiões produtoras, falarei sobre Santa Catarina e os vinhos de altitude originários de vinhedos plantados entre 900 a 1400 metros.

Salute e kanimambo.

A Vitivinícultura no Brasil

Você sabia que as videiras chegaram ao Brasil pela mãos de Martin Afonso de Souza em 1532? Eu não! Aliás como não sei um monte de coisas sobre a vinicultura Brasileira. Mais ainda, acho que tem pouca gente que sabe realmente o que acontece por aqui e, se sabe, pouco divulga. Como a informação é essencial para expansão de consumo de qualquer produto, o consumidor brasileiro segue sendo um neófito sobre os produtos de seu próprio país! Bem, ainda não é hora de espinafrar nem reclamar, vamos dando seqüência à história por trás do presente. Acho que esta matéria vai ser bastante polêmica, mas vamos lá.

Quem primeiro iniciou o cultivo de vinhas e elaboração de vinhos no Brasil, foi Brás Cubas e depois os jesuítas em 1616, mas os projetos não vingaram por diversos motivos, entre eles o protecionismo comercial de Portugal tendo a corte chegado ao ponto de proibir o cultivo de uvas no Brasil em 1759. A introdução êxitosa de plantio de videiras, realmente ocorreu com a vinda de emigrantes italianos em 1875 que chegaram com diversas mudas trazidas de sua terra natal, em especial da região do Vêneto. A forte cultura de produção e consumo de vinhos trazido pelos colonos italianos serviu como uma forte alavancagem da produção de vinho, porém as videiras finas não se adaptaram bem às condições climáticas tropicais e de muita umidade tendo-se perdido quase que totalmente. Foi com uvas americanas, não viníferas, que a região se expandiu produzindo vinhos rústicos, de baixa qualidade e sem grandes atrativos.

Somente a partir de 1970 com a chegada de alguns grupos produtores internacionais, é que algo começa a mudar na vinicultura brasileira, à época muito centralizada na serra Gaúcha onde os colonos italianos se instalaram. Foi, no entanto, a partir de 1990, com a abertura do mercado, maior concorrência e necessidade de aprimorar produtos, que se iniciou um processo de reformulação da vitivinicultura brasileira. Grandes investimentos em tecnologia, equipamentos, vinhedos, clones mais adequados ao clima, descoberta de novos terroirs, nos trazem aos dias de hoje com enorme evolução e vinhos de grande qualidade com especial destaque para nossos ótimos espumantes de Garibaldi. Cada vez mais, pequenos produtores deixaram de produzir para as grandes vinícolas, alçando vôo próprio reduzindo ou deixando de suprir as grande vinícolas fortalecendo a disseminação de pequenas vinícolas familiares.

A região central, o núcleo de nossa história vitivinicola, tem origem numa área de cerca de 82 quilômetros quadrados na região da Serra Gaúcha a 130 kms de Porto Alegre, o nosso conhecido Vale dos Vinhedos que abrange parte dos municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul. Esta região, é a única no Brasil, com regulamentação e reconhecimento de Indicação de Procedência, um primeiro passo no caminho de se conseguir a denominação DO (Denominação de Origem). Como já vimos no primeiro post de introdução, no entanto, a vinicultura brasileira não está mais restrita a Bento Gonçalves tendo se expandido sobremaneira, alcançando inclusive o Nordeste num projeto impensável. Aliás, me faz lembrar aquele que “por não saber que era impossível, foi lá e fez”! Incrível o que uma pitada de ousadia, alta tecnologia e grande investimento podem realizar quando aliados a uma forte determinação na busca de um objetivo, mas isso fica para um outro dia. O importante é saber que nossa fronteira vinícola se expandiu e estamos fazendo grandes e ótimas descobertas que ainda nos trarão muitas alegrias.

Lamentavelmente, os dados disponíveis sobre estas regiões é muito escasso e mal gerido. Tente levantar quantos hectares de uvas viniferas estão plantados por região. Melhor ainda, busque informações sobre a produção anual de vinhos finos por região, ou quantos produtores, gente não existe! Nem Embrapa, nem Ibravin, nem Uvibra, ninguém tem esse número. Isso quando os números não são de cinco ou seis anos atrás. O que temos são dados generalizados, onde aparecem números genéricos do país sem qualquer detalhamento. Não sabemos quais as principais características de cada terroir, nem quais as principais uvas nele plantadas. Para quem busca informação, parece que para a industria brasileira do vinho, um vinho fino produzido em Pernambuco é de características similares aos de Santa Catarina ou do Vale dos Vinhedos, e isto não me parece a forma mais adequada de tratar estas informações. Por outro lado, pode ser que o problema seja meu e eu é que não tenha conseguido localizar as informações. Quem poder contribuir me informando o caminho ou quiser compartilhar dados, por favor não hesite em comentar, o espaço está aqui para isso.

Denominação de vinhos no Brasil. Neste sentido ainda estamos engatinhando, porém começamos no caminho certo com a primeira Indicação de Procedência para o Vale dos vinhedos em 2002. Pelo que pude ler, não muito conciso, existem já outras solicitações em processo de análise. Pela legislação brasileira de 2004, vinho é uma bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto simples de uva sã, fresca e madura. Vinho fino é aquele no qual somente são usadas uvas Vitis Viníferas. Eis a classificação vigente:

 

  • Vinho de mesa – Teor alcoólico de 8,6% a 14%
  • Vinho frisante – Teor alcoólico de 7% a 14% , natural ou gaseificado.
  • Vinho fino – Teor alcoólico de 8,6% a 14%, elaborado exclusivamente de variedades Vitis Vinífera do grupo Nobres.
  • Vinho de mesa de viníferas – Elaborado exclusivamente com uvas das variedades Vitis vinífera.
  • Vinho de mesa de americanas – Elaborado com uvas do grupo das uvas americanas e/ou híbridas, podendo conter vinhos de variedades Vitis vinífera.
  • Vinho leve – Teor alcoólico de 7% a 8,5%, obtido exclusivamente da fermentação dos açúcares naturais da uva, produzido durante a safra, vedada sua elaboração a partir de vinho de mesa.
  • Espumante ou Espumante Natural – Vinho cujo gás provém exclusivamente de uma segunda fermentação alcoólica do vinho em garrafas (método Champenoise/tradicional) ou em grandes recipientes (método Chaussepied/Charmat Teor alcoólico de 10% a 13%
  • Moscatel Espumante – Vinho cujo gás provém da fermentação em recipiente fechado, de mosto ou de mosto conservado de uva moscatel, Teor alcoólico de 7% a 10% Mínimo de 20 gramas de açúcar natural remanescente
  • Vinho Gaseificado – Teor alcoólico de 7% a 14%  cujo gás vem da introdução artificial de anidrido carbônico puro

Doravante, sempre e quando me referir aos vinhos nacionais, estarei falando de vinhos finos destacados em negrito acima. Destes vinhos, em 2007 foram produzidos algo ao redor de 43 milhões de litros, aparentemente os vinhos de mesa de Vitis Viniferas estão inclusas, contra uma produção de 45 milhões em 2005 e 32 milhões em 2006. O total de vinhos, todos os tipos, produzidos chega a pouco mais de 318 milhões de litros. Dos 43 milhões de litros produzidos, aparentemente cerca de 21 milhões advém do RS, de acordo com os números disponíveis no site da UVIBRA, dos quais aproximadamente 18 milhões de vinhos engarrafados e o restante a granel. Se olharmos as planilhas da UVIBRA com os dados de importação, podemos concluir que o total de vinhos finos engarrafados no Brasil, incluindo-se os espumantes, totalizam algo ao redor de 29.5 milhões de litros, ou seja, algo próximo a 32% do consumo brasileiro de vinhos finos que totalizam cerca de 90 milhões de litros. O interessante é verificar que, enquanto nos vinhos tranqüilos a participação nacional vem caindo e hoje chega a cerca de 26% do total, nos espumantes a situação se inverte com um total aproximado de 73% do consumo dos cerca de 11 milhões de litros. Se considerarmos estes números de consumo de vinhos tintos, chegamos a um consumo per capita anual de menos de 0,5 litros. Quando consideramos a produção de todos os tipos de vinho mais importação, chegamos a um consumo per capita aparente de 2,12 litros o que continua sendo um número extremamente baixo mostrando o enorme espaço para crescimento que o mercado possui se devida e eficazmente traballhado.

Valores aproximados de consumo e produção anual de vinhos finos no Brasil
Origem Litros
Importados                                              60.875.073
Nacionais RS                                              19.952.097
Nacionais Outros                                                2.593.773
Espumantes                                                8.300.000
Total                                              91.720.943
Fontes – Ibravim, UVIBRA e Embrapa Referência 2007

         Bem, por hoje é só que isto já vai longe. Considerando-se a falta informações disponíveis, a ausência de inspiração, a ansiosidade e angustia gerada pela confraternização do próximo dia 5,esperando que tudo saia a contento, até que  consegui gerar bastante matéria. Ou será que enrolei demais? Bem, de qualquer forma, na Segunda tem mais com os primeiros Tomei e Recomendo e depois a seqüência sobre as regiões e vinhos de nosso país, Boas Compras com nossos parceiros, etc.. No fim de semana, a coluna do Breno e as noticias e novidades de nossa Vinosfera. Aproveitem e até Segunda.

Salute e kanimambo!

Cobrando Brasil

Estava esperando para ver quem seria o primeiro a me cobrar matéria sobre os vinhos Brasileiros e pensei que hoje seria um bom dia para me antecipar às cobranças. Eheheh dancei, a amiga Helô chegou antes! Com esta história do evento de aniversário da coluna que se tornou algo bem mais complexo de administrar do que pensava, com uma série de atividades profissionais e visitas do exterior que me atrapalharam, uma certa dose de falta de motivação e iato criativo, falta de material para pesquisa tornando mais difícil a elaboração de matéria minimamente aceitável dentro dos padrões que defini para este folhetim do vinho, tudo colaborou para que a roda não girasse dentro dos moldes normais e estou para lá de atrasado nessas matérias. Uma coisa garanto, vai ser difícil inventar uma promoção dessas novamente, certamente não da forma como inocentemente a elaborei! Marinheiro de primeira viagem dá nisso. Coisa de louco sô!

Por outro lado, o mês de Novembro está meio sem tema já que o jornal vai dedicar a coluna à cobertura do evento de confraternização e premiação deixando-me assim, um pouco mais livre para seguir desenvolvendo a matéria sobre nossos vinhos Brasileiros. Preciso de tempo para pesquisa. O que posso adiantar, desde já, é que o apreciador de vinhos no Brasil não mais depende de vinhos do exterior para tomar bons néctares. De vinhos para o dia-a-dia até vinhos de grande complexidade, passando pelos varietais  mais conhecidos até os mais exóticos e de cortes de muito boa qualidade, o vinho Brasileiro é uma realidade que só necessita de um maior investimento no âmbito comercial para deslanchar nacionalmente. Quem duvidar sugiro que abra o olho e algumas boas garrafas, creio que mudará de idéia bem rapidinho.

Algumas dessas estarei destrinchando nos posts, mas aqui vão algumas boas dicas, sem resenha e sem comentários, que tive o privilégio de tomar  nestes últimos dias; de Santa Catarina um estupendo Villa Francioni 04, top de linha da vinícola e corte de Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Malbec , o delicioso e recém lançado Villaggio Grando Cabernet Sauvignon e o Sanjo Nubio Rosé, verdadeiro achados; já do Vale dos Vinhedos e com preços mais camaradas alguns belos vinhos com estilos e cepas diferentes a começar pelo Tannat 05 da Dal Pizzol muito redondo e saboroso, os muito ricos e vibrantes Merlot Reserva e Eggiodola Reserva 2005 da Pizzato e o Cabernet Sauvignon Premium 05 da Casa Valduga. Para finalizar, provem o Chardonnay e o Tannat da Cordilheira de Sant’Ana da região da Campanha Gaúcha quase fronteira com o Uruguai duas ótimas opções. Comprem, tomem e depois comparemos sensações, sabores e emoções. Eu gostei demais!

Peço desculpas aos amigos e alguns produtores que aguardam estas matérias, mas prometo que logo, logo elas começarão. Enquanto isto aproveitem o restante dos posts. Creio que há bastante coisa interessante e algumas boas dicas e descobertas de bons vinhos tomados com ótimos preços, mesmo que sendo de outras origens. Aguardo também, receber os destaques de nossos parceiros comerciais para começar a postar alguns Boas Compras na semana que vem. Enquanto isso, deliciem-se com esta inusitada dica de harmonização! Salute e kanimambo, neste caso pela paciência.

 

“Finalmente me lembrei – Tinto com caçadores e Brancos com pescadores”.

Introdução aos Vinhos Brasileiros

Meus caros, nossa volta ao mundo faz 12 meses e ainda não consegui terminar. Mês de Outubro é o mês de aniversário desta coluna no jornal Planeta Morumbi e, finalmente, chegamos ao Brasil, que será nosso tema junto com as festividades de comemoração deste aniversário. O Brasil, como a maior parte dos produtores mundiais, cresceu e se desenvolveu muito nos últimos 10 anos. Talvez tenha começado esta revolução um pouco tarde em comparação com os nossos vizinhos Argentina, Chile e Uruguai, mas já começa a mostrar que há vida por aqui também!  Afora os incríveis espumantes, nos quais somos, talvez, a quarta força mundial somente atrás da França, da Itália e da Espanha, já possuímos alguns vinhos Premium de muita qualidade. As fronteiras se expandiram e afora o já conhecido Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves, agora temos o incrível Vale do São Francisco com suas 25 colheitas, os ótimos vinhos de altitude da serra de Santa Catarina, região da Campanha Gaúcha no fronteira com o Uruguai, novas regiões como a de Encruzilhada na Serra do Sudeste e Campos de Cima assim como os vinhos Paranaenses da região de Toledo. O Site de Vinhos Brasileiros, com link aqui do lado, é o mais completo que existe sobre o assunto e, certamente, pouco poderei acrescentar. No entanto, acredito que alguma coisa coisa sempre dá para agregar e tentarei produzir algo nesse sentido. Este mapa é de lá.

Muitas regiões para conhecer, muitos vinhos a provar e muitas descobertas a fazer. Os vinhos Brasileiros são uma realidade que nós, enófilos e apreciadores deste doce néctar, devemos aproveitar e conhecer. Está certo que os vinhos de qualidade superior não são baratos, mas os importados também não e, muitos dos nossos já são superiores ao que vêm de fora. Porquê podemos pagar R$25 ou 30 por um vinho médio da Argentina ou do Chile, mas não pagamos por um Nacional? Será que não é preconceito, más experiências antigas e enraizadas ou por absoluta falta de conhecimento? Eu acho que é um pouco de tudo, unido ao fato de que os produtores nacionais carecem de trabalhar o mercado com um approach diferenciado e consistente que efetivamente mostre essa nova cara ao consumidor, você e eu. Viver de quem eventualmente apareça pela vinícola parece-me colocar em risco a própria sobrevivência em um mercado tão competitivo como o que vivemos. Uma prova disso é que é mais fácil encontrar rótulos importados nas lojas, do que vinhos finos Brasileiros. Ainda existe muita gente, erroneamente, tripudiando sobre os rótulos nacionais como se aqui só se produzissem vinhos de má qualidade. Ainda no outro dia vi um comentário no Blog do Luiz Horta, em que um leitor dele caia de pau nos vinhos nacionais, nada a ver! Agora fica uma questão no ar, de quem é a responsabilidade e o que efetivamente está sendo feito para mudar essa percepção?

Apesar de estar longe de conhecer a produção nacional como gostaria, até porque o apoio dos produtores a este blog foi muito limitado, tentarei ao longo deste mês compartilhar minhas experiências com vocês. Desde vinhos de R$15,00 ou 17,00 a R$100,00, existem diversos bons vinhos que podemos tomar com tranqüilidade e boas opções a diversos vinhos trazidos dos países vizinhos. Para reduzir a margem de erro, recomendo aos amigos nossos vinhos elaborados com a uva Merlot, que na minha opinião produzem alguns dos melhores vinhos nacionais, a Cabernet Sauvignon e algumas cepas menos tradicionais, mas que têm produzido bons vinhos, como Marselan, Ancelotta e Eggiodola e, mais recentemente, Tannat, Touriga Nacional e Alicante Bouschet. Uma característica de nossos vinhos é que, por questões de terroir, estamos mais para um estilo velho mundo do que novo mundo, com vinhos mais marcados pela elegância do que pela potência e exageros de teor alcoólico.

Ao longo do restante do mês, trarei mais informações e dados sobre regiões e produtores, listarei os vinhos que Tomei e Recomendo pelas diversas faixas de preço e outras dicas mais.  Por enquanto, uma dica para você começar sua viagem pelos diversos sabores de nossa vinicultura, começando por nossos bons Merlots. Os Merlots nacionais são muitos e de diversos preços, mas desde já vos sugiro provar alguns de bom preço, abaixo de R$20,00, como os; Cordellier Garrafa Velha, Aurora Varietal e Salton Classic todos da excelente safra de 2005. Cada a um com seu estilo, mas todos bastante saborosos e fáceis de beber. Desses, o que mais aparece sobre a minha mesa é o Cordellier, bem diferente e mostrando uma personalidade muito própria e difícil de encontrar em vinhos desta faixa. Num patamar um pouco mais alto, entre R$20 a 30,00 e já mostrando uma maior sofisticação apesar de ainda serem vinhos mais ligeiros e fáceis de agradar, estão os: Pizzato Reserva, Miolo Reserva, Don Abel Premium e o Salton Volpi todos agradáveis e bem elaborados, preferencialmente os da safra de 2005, mas os de 2004 também são bons e estão prontos a beber. Acima desses valores já começamos a tomar vinhos diferenciados, entre eles o Marco Luigi Reserva da Família 2003, que é uma das pepitas que garimpei, um vinho de grande qualidade, uma certa complexidade e ótima relação Qualidade x Preço x Satisfação por apenas algo ao redor de R$32,00. Aí partimos para os vinhos top ou premium como o delicioso e harmônico Villagio Grando Merlot de Santa Catarina, o Storia da Valduga, Desejo da Salton ou Terroir da Miolo todos entre R$60 a R$90,00 e todos grandes vinhos. Afora isso, há bons Cabernets como o da Pizzato, da Valduga e Villagio Grando, assim como bons vinhos de diversos outros varietais e cortes de muita qualidade como veremos ao longo do mês.

          Termino comvidando-o a participar da promoção de nosso aniversário, cadastrando-se e, se quiser, preencha o quiz e concorra a mais de 60 vinhos, curso e acessórios. Para você que esteja disponível em São Paulo no dia 3 de Novembro, não interessa de onde venha, espero sua participação. Abraço, salute e kanimambo!

Harmonizando com Pizzato no Moto Café!

Aproveitando que o tema de hoje é vinho Brasileiro, uma noticia que dou com o maior gosto! É de gente amiga, lutadora, que aprendi a gostar muito e a respeitar por sua incansável capacidade de ultrapassar dificuldades, de dar a volta por cima, de persistir na luta por tempos melhores. Na próxima Quinta-feira (14/08), será inaugurado o espaço “Moto Café”.  Um misto de bar e restaurante, oferecendo um cardápio cuidadosamente selecionado que será harmonizado com os vinhos da PIZZATO Vinhas & Vinhos. Veja só o cardápio escolhido especialmente para esta ocasião:

 

Entrada

Bruschettas clássicas – tomate e manjericão

 Fausto Merlot

 

Salada

Queijo fetta grelhado com cebola caramelizada sobre cama de folhas verdes

 Fausto Cabernet Sauvignon

 

Prato Principal

Risotto de abóbora com leite de coco

Peito de frango recheado envolto em bacon

Pizzato Reserva Cabernet Sauvignon

 

Sobremesa

Panacotta com morangos em calda

Pizzato Espumante Brut

 

Moto Café – Avenida Sertório, 727, Porto Alegre

Data: 14 de Agosto a partir das 20h

Preço: R$ 45,00/pessoa ou R$ 82,00 /casal

Reservas com Bia 8418-9845 ou Helô 9335-7707

 

Importante, também, o fato dos preços serem bem acessíveis sem contar o aspecto, essencial a estabelecimentos deste tipo, da simpatia da Helô e da Giovana. Nesta noite, o enólogo Flavio Pizzato estará presente para um bate-papo informal. Para finalizar, um mimo especial, os vinhos da Pizzato adquiridos durante o jantar, terão um desconto especial. Eu, lamentavelmente, não poderei estar presente, mas convoco os amigos de Porto Alegre e região, a ligarem já para reservarem sua mesa.

Salute, um brinde especial com esse delicioso Pizzato Brut. Ao sucesso, à amizade, à saúde, aos momentos especiais que a vida nos proporciona!

Dia dos Pais com Vinhos Brasileiros

              Chamaram-me para dar um toque de que, em meu post de ontem com as dicas de vinhos para o Dia dos Pais, apesar de mencionar “assim como bons rótulos de nossa vinicultura”, não listei foi nada! Vero, bobiei baixo a ressaca de dois dias de Decanter Wine Show! Sorry, copiei mal, colei pior ainda e o texto sobre vinhos do Brasil não foi postado. Nada que não se possa corrigir com um post específico.

 

Do Brasil – Disponíveis nas diversas boas lojas e alguns bons supermercados com alas especiais para adegas bem elaboradas, encontramos vinhos de muito boa qualidade. Para quem ainda tem preconceitos, acho que está na hora da dar uma chance a si mesmo, a vinicultura Brasileira evoluiu, muitíssimo na última meia dúzia de anos. Procure alguns destes bons rótulos abaixo, a maioria Merlot. Dizem que talvez seja a grande cepa Brasileira, eu gosto muito e recomendo aos amigos.

Dentro os grandes Merlots, o Terroir (Miolo), Desejo (Salton), Vilaggio Grando Merlot e o Storia (Valduga) todos em torno de R$70, mais ou menos R$10,00. Abrindo um parênteses nesta lista, a Pizzato está vindo com um vinho top, ainda por lançar, que tive oportunidade de conhecer na Expovinis. Ainda não tem nome, mas assim que saia eu prometo divulgar, pelo que provei, é um vinhaço. Um outro Merlot que me encanta, já o comentei aqui, é o Marco Luigi Reserva da Família, um vinho muito saboroso e de boa complexidade, por apenas R$35,00 e, ainda, o Salton Volpi, Pizzato Reserva e o Don Abel Premium por preço ao redor de R$25,00. Alguns cortes muito bons como  o Lote 43 (Miolo) um corte de Cabernet Sauvignon e Merlot, que é o topo de linha desta vinícola por cerca de R$82,00, o Talento (Salton) um corte de Cabernet Sauvignon. Merlot e Tannat, um vinho muito harmônico, cheio, rico, muito agradável por cerca de R$55,00, com este mesmo corte mas com porcentuais diferentes,o Don Laurindo Assemblage por cerca de R$38,00 e o Concentus (Pizzato) muito equilibrado, redondo de taninos finos e boa acidez com um final de boca de média persistência por cerca de R$33,00. Mas tem mais, o Quinta do Seival Castas Portuguesas (Miolo) por cerca R$50,00 e o Assemblage 30 anos (Dal Pizzol) um corte de Cabernet Sauvignon, Merlot e Ancellotta no mesmo nível de preços.

Outros bons rótulos que acho que dão bons presentes por sua qualidade e preços módicos são; Marson Cabernet Sauvignon Gran Reserva por cerca de R$55,00, um belo vinho de muito boa estrutura, harmônico de taninos macios e saboroso final de boca, o Don Candido Marselan 4ª Geração é um vinho único, diferente, de corpo médio, intenso por cerca de R$43,00, o Cordilheira de Santa’Ana Tannat por cerca de R$46,00 é um vinho surpreendente produzido na região com esta cepa típica do Uruguai, que mostra grande potencial na região da Campanha Gaúcha próximo da fronteira. Também muito interessantes são; o Touriga Nacional (Dal Pizzol) com bastante tipicidade da cepa, mas com características diferenciadas decorrentes do terroir de Bento Gonçalves por cerca de R$35,00. Um outro Cabernet Sauvignon de grandes qualidades é o Larentis Reserva Especial, assim como o Ancellotta que são vinhos muito evoluídos, cada um com seu estilo, mas de muito boa qualidade por cerca de R$38,00 e o, recém chegado, Alicante Bouchet Reserva da Pizzato que é um vinho encorpado, que precisa de tempo, mas já demonstra grandes qualidades por cerca de R$35,00, sendo o Egiodola uma outra opção muito interessante.

Aproveite e abra um belo espumante nacional antes do almoço com seu pai. Dentre eles alguns mais caros como o Chandon Excellence, Millessime, Valduga 130 e outros como o Salton Evidence, Dal Pizzol Brut e Rosé, Pizzato Brut, Marco Luigi reserva da Família Brut 05, Cave Geisse, Don Candido e Marson Brut assim como o Prosecco da Valduga, que é um dos melhores do País, não se arrependerão! Se a sobremesa for um mil folhas ou algo de morango com chantilly, não se acanhe e vá de Marco Luigi Espumante Moscatel, divino e sómente R$25,00, ou cerca disso. Ainda preciso aprender muito sobre os vinhos Brasileiros, com matéria especifica programada para Outubro, mas os que já conheço são de um nível médio de qualidade muito bom, algumas vezes pecando por preços altos demais é verdade, mas vinhos que não mais podemos colocar de lado, pois são uma realidade incontestável.

Salute e Kanimambo. Feliz Dia dos Pais per Tutti!

Mais Vinhos da Semana, or not ….

               Realmente não são vinhos da semana, são vinhos dos 10 dias, como o Luiz comentou, ou vinhos da quinzena, como o meu filho os chamou. Sei lá, não vem muito ao caso, são vinhos que venho tomando ultimamente e pronto. Desta vez, não tive uma semana muito feliz, não tomei nenhum vinho, por melhor que fossem, que me despertasse um grande prazer. Não daqueles que me fazem pular, querer dançar, de deixar aquele gostinho de quero mais na boca. Não sei se foram os vinhos, se fui eu que não estava na minha melhor semana, o que sei é que os vinhos ficaram aquém do esperado. Não que fossem ruins, muito pelo contrário, mas acho que, em alguns casos criamos tamanha expectativa, que os resultados acabam não chegando aos pés do esperado. Acho que também teve um pouco disso, mas vamos lá, chega de lero e falemos de vinho.

TEMPUS Cabernet Sauvignon 04, comprei em uma garrafa no WalMart por duas razões. A primeira porque a minha amiga Helô comentou em seu blog que provou um Merlot, na verdade era esse que eu queria, e que gostou muito. A outra razão, é que eu tinha tomado um Tempus Pleno, um blend, de que gostei bastante. Este Cabernet possui especiarias bem presentes, taninos equacionados, num final de boca em que surgem nuances terrosas. Não me encantou, mas dá para tomar, agora preciso provar o Merlot. No super, comprei por algo ao redor de R$17,00. 

 I.S.P

Hecula 2004 , um vinho para quem gosta de concentração, boca cheia e intensidade. É um vinho Espanhol da região de Yecla, elaborado com 100% da cepa Monastrel. Aromas ainda fechados, algo de frutas negras com nuances de tostado. Na boca é denso, encorpado, taninos ainda bem presentes e um delicioso final de boca com boa persistência. Depois da primeira taça, decantei por uns 30 minutos e o vinho cresceu muito.Vinho que pede comida, um belo leitãozinho ou um bom churrasco creio que serão excelentes parceiros. Um belo vinho que ficará melhor ainda com mais um ou dois anos de garrafa. Foi a segunda vez que o tomei, e só veio confirmar a qualidade e satisfação encontrada da primeira vez. Este eu retirei da adega, mas na Kylix está por R$62,00. 

I.S.P$ 

Salute, kanimambo e uma ótima semana para todos!
Angélica Zapata Cabernet Franc 2002, o terceiro varietal que provo desta excelente linha de produtos elaborados por Catena Zapata. Sou gamado no Malbec e no Cabernet Sauvignon, que é outro ótimo vinho, mas me desapontei um pouco com este. Talvez porque o padrão encontrado nos outros dois ser tal, que ficamos logo na expectativa de mais um blockbuster, o que ele, a meu ver, não é. Isto não quer dizer que seja um vinho desprovido de qualidades, muito pelo contrário, é um belo vinho, só não está no mesmo patamar que os outros dois, para o meu gosto sejamos claros. Os aromas são intensos, boa estrutura, acidez um pouco baixa, taninos maduros e macios, bem balanceado, e levemente apimentado no final de boca. Absolutamente pronto para beber não devendo, em minha opinião, ser guardado por muito mais tempo. Esta garrafa também saiu da adega, mas pelo que pesquisei, está por aí em torno de R$90,00.
I.S.P.
 
Marco Luigi Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2003, mais um vinho que provo deste bom produtor nacional de quem sou fã. São diversos os rótulos provados e todos realmente muito saborosos, bem feitos, que me agradam sobre maneira. O ultimo provado foi o Reserva da Família Merlot que é um vinho encantador. Isto sem falar nos espumantes e no Conceito Tempranillo. Finalmente cheguei no top de linha, um vinho recém escolhido para a carta do Cerimonial do Planalto. Não me empolgou, não como o Merlot, o que me causou estranheza. Para o meu gosto está demasiado maduro, taninos praticamente inexistentes demonstrando um aparente envelhecimento precoce provavelmente produzido por uma guarda de má qualidade. Tenho que refazer esta prova com outra garrafa já que, neste caso, não emitirei qualquer opinião mais concreta, ou índice de satisfação, por poder incorrer em uma tremenda injustiça e tenho demasiado respeito pelo produtor, para fazer algo assim. Por outro lado, as avaliações de especialistas o dão como, realmente, um belo vinho. Voltarei com ele muito em breve! Aguardem.