Provando Novidades Chilenas I

Recentemente tive a oportunidade de participar de duas degustações virtuais com representantes da importadora e direto do Chile, de seus produtores. Hoje venho compartilhar com vocês a primeira delas, vinhos da Casa Viva radicada em Casablanca e recém chegados ao Brasil pelas mãos da BWC, braço brasileiro da Berkmann Wine Cellars inglesa.

Recebi três vinhos para provar, um Sauvignon Blanc, um Varietal e Pinot Noir e um Syrah que me tirou o fôlego! rs

Sauvignon Blanc Reserva 2019, fruto do blend de três vinhedos diferentes de clones igualmente diferente plantados em cerca de 100 hectares nesse vale que é berço de grandes vinhos brancos. Cada lote é vinificado em separado e posteriormente feito o blend. Sem passagem de madeira, porém com seis meses sur lie que lhe aporta uma certa cremosidade e complexidade sem, com isso, afetar sua vibrante acidez. SB clássico da região com grande intensidade aromática, frutos tropicais, maracujá, limão siciliano, toque herbáceo da famosa grama molhada, um vinho repleto de energia e certamente um grande companheiro para frutos do mar em geral e culinária japonesa. Gostei bastante e o preço deve rondar as 110 pratas.

Casa Viva Pinot Noir 2018, um varietal (linha de entrada) deste produtor. Para uma gama de entrada o volume produzido nem é tão grande assim, pelo que entendi algo ao redor de 10 mil litros. Bem claro de baixa extração, fruta fresca, vinificado somente em inox, equilibrado, fino e elegante com um final fresco em que apareceram algumas notas terrosas. Na casa dos 90 Reais, atende um segmento de mercado que busca um Pinot de baixo custo e bem feito, porém tenho que confessar que não me seduziu, talvez falte uma personalidade mais marcante, mas talvez eu esteja sendo algo exigente ainda por cima depois desse muito bom e marcante Sauvignon Blanc.

Casa Viva Grand Syrah 2017, uau! Gosto muito de Syrahs de clima frio e esse não negou fogo, muito pelo contrário, me seduziu por completo. Apenas 16 hectares, produção de 4.5 Toneladas por hectare, face norte protegida parcialmente por uma colina que protege os vinhedos do frio oceânico que atinge a região deixando o clima algo mais ameno. São dez meses de barrica francesa (construída no Chile) sendo parte de segundo e terceiro usos. Os aromas são verdadeiramente inebriantes, daqueles que te deixam na dúvida de você bebe ou funga! rs A boca é cheia, de grande volume, estruturado, ótima textura, frutos escuros, rico meio de boca, algum defumado, taninos firmes porém finos e elegantes, final fresco e persistente que pede bis. Preço ao redor de 230 Reais, creio que vale, e foram produzidos somente 11 mil garrafas sendo que para o Brasil vieram só 265!

Bons vinhos, interessante gama com preços diversos, creio que pelo gostinho que tive com estes três, vale a pena explorar a linha que já está disponível nas boas casas do ramo. É isso, saúde e Kanimambo pela visita!

Destaques do Guia Descorchados na Taça!

A Vino & Sapore promove degustação com alguns dos Destaques Chilenos do Guia Descorchados 2018 e 2019 no próximo dia 1 de Agosto.

A partir das 20h na Vino & Sapore, Granja Viana, degustação para explorar alguns dos rótulos que foram destaque no Guia Descorchados, o principal guia de vinhos da América Latina. Selecionei vinhos que pudessem representar um pouco da diversidade chilena sem que pesassem demasiado no bolso. Veja a seleção que fiz:

1 – Melhor Blend Branco Descorchados 2019, Laberinto Vistalago Mezcla Blanca 2019, 94 pontos.

2 – Vinho Revelação Descorchados 2019, Las Veletas Cabernet Sauvignon – Cabernet Franc 95 Pontos safra 2016 e 93 pontos safra 2015 que é a safra disponível hoje no Brasil e portanto a que provaremos.

3 – Vinho Revelação Descorchados 2019, Odfjel Orzada Carmenére 2017, 94 pontos.

4 – Vinho Revelação Descorchados 2018 De Martino Single Vineyard La Cancha Cabernet Sauvignon 2015, 95 pontos

5 –  Melhor Vinho de Pirque (Alto Maipo) Descorchados 2019, Andes Plateau 700 blend 2016, 96 pontos.

6 – Melhor Carignan Descorchados 2018, De Martino Vigno 2015, 96 pontos.

As vagas são limitadas a 12 pessoas sendo que metade delas já se encontram reservadas, então se quiser participar dessa experiência melhor correr logo. O valor é de R$158,00 e cobre a degustação mais “acepipes” (pão, antepasto, embutido, azeite e queijo), água, café e o estacionamento é gratuito no local. Pagamento deverá ser efetivado no ato da reserva in loco ou via depósito/transferência bancária. A Vino & Sapore fica na rua José Felix de Oliveira 875, centrinho da Granja Viana com acesso pelo Km 24 da Rod. Raposo Tavares sentido Cotia, aguardo você.

Cota 500 Merlot, Elegância na Taça.

Merlot, uma uva pouco valorizada mas que por aqui se dá muito bem e deveria ter mais respeito dos aficionados do vinho no Brasil, produzimos muitos e bons vinhos, olho vivo aí moçada. Tem gente que até acha que é uma uva “bobinha” sem grande personalidade, mas a esses eu sempre gosto de lembrar de um tal de Petrus e a grande maioria dos Bordeauxs da margem direita que a têm como casta majoritária. Bobinha o escambau! rs

Este não é brasileiro, é da Andes Plateau, um produtor chileno que possui uma linha de vinhos de muita qualidade altamente elogiada e pontuada pelo mais novo Guia Descorchados, uma vinícola de autor (Filipe Uribe) com produção total ao redor de 25 mil garrafas. O Cota 500 Merlot 2017 é sinônimo de elegância com riqueza de sabores e taninos finos e sedosos típicos da casta, um vinho que me agrada muitíssimo sendo de fácil harmonização.  Produção muito pequena que não chega a 850 garrafas, tão pequena que vai ser descontinuada por razões econômicas e a rica fruta ficará restrita a uso em blends. Os vinhedos pertencem a um velho produtor parceiro e possuem mais de 20 anos de idade localizado em Pirque (Maipo).

O vinho elaborado com leveduras indígenas estagia por meros seis meses em barricas usadas, muito mais pela micro oxigenação do vinho do que aporte de algo mais, aqui é só sutileza, um Merlot clássico. Frutos vermelhos em abundância, taninos finos, elegantes e macios sem perder textura, muito boa acidez que lhe dá um frescor muito interessante, corpo médio, um vinho que me seduziu e me surpreendeu porque sempre tive dificuldades em encontrar bons Merlots no chile, não que não os hajam e aprecio  uito os bons; Cuvée Alexandre, Marques de Casa Concha e Amplus Merlot por exemplo, porém não são tantos assim, pelo menos que eu tenha provado. O Guia Descorchados de 2018 lhe deu 93 pontos, eu sou mais comedido (rs), mas certamente entraria na casa dos 90

Importação de meu amigo Wilton da Dominio Cassis, mas uma pena que está acabando, vai deixar saudades. Boa parte do que ainda tinha foi usada na Confraria Frutos do Garimpo, estivesse o mercado algo melhor teria arrematado o lote. Enfim, mais um vinho que se você achar por aí e apreciar esta uva pode mergulhar de cabeça sem medo de ser feliz. Pelo que pesquisei preço em Sampa na casa dos R$130,00.

Kamimambo pela visita, saúde

Um Rosé de País na Taça.

Tinha prometido compartilhar com os amigos duas preciosidades que recentemente tive a oportunidade de provar num evento da importadora inglesa Berkmann Wine Cellars, pois aqui estou cumprindo a promessa com o primeiro deles, o J. Buchon Rosé de País 2018, uma das mais gratas surpresas dessa degustação que me foi apresentado por um dos dois irmão que hoje tocam a vinícola, o Juan Buchon (da foto), o outro é o Julio.

Originária de Castilla-La-Mancha (Espanha) onde é conhecida como Listán Prieto, esta casta responde por uma série diferente de nomes dependendo de onde se encontra. Trazida pelos colonos e missionários espanhóis,  é conhecida como País no Chile, Criolla na Argentina, Mission nos Estados Unidos, Misión no México e como Negra Corriente ou Negra Peruana no Peru. Parece que se plantou inicialmente no México por volta da metade do século XVI de onde viajou ao Peru e posteriormente à Argentina e Chile, onde é a segunda variedade de vitis mais plantada depois da Cabernet Sauvignon. Os vinhedos são prolíferos e as uvas de difícil vinificação, tendo sido por muito anos usada na elaboração de vinhos tintos e rosés coloniais baratos. De uns dez anos para cá, como aconteceu na Argentina com a Criolla, gestão de vinhedos e novos processos de vinificação possibilitaram elaboração de vinhos mais finos, porém os famosos Pipeños (que não me agradam) viraram meio cult de uma nova tendência de retorno às origens e a País começa a ganhar um espaço de destaque com grandes produtores investindo pesado na produção e divulgação de novos vinhos, por vezes muito caros.

Tenho provado deliciosos vinhos tintos de Criolla na Argentina, mas sinceramente nada do que provei do Chile até agora me agradou e não compraria. Pois bem, o primeiro País que me seduziu por completo é este, elaborado como Rosé. Pensando bem, uma vez (2015) provei um espumante rosé desta uva que também achei bastante interessante, O Santa Digna Estelado Rosé da Miguel Torres, que mesmo que não tenha me encantado por completo me despertou o interesse por essa uva. Fica a pergunta no ar, será que o caminho não é o rosé em vez de insistir nos tintos?? A história da uva no Chile parece que corrobora isso, só precisava ser melhor trabalhada.

Este delicioso e festivo Rosé era elaborado até 2017 com uma maior participação de Cabernet Sauvignon e um toque de País, em 2018 a País aparece solo e brilha. Estamos diante de um vinho que prima pelo frescor, um vinho vibrante cheio de vida, um vinho para cantar em verso e prosa! O melhor rosé do mundo? Tem gente que que adora essas coisas, rs, não, não é, porém é certamente um dos mais prazerosos e festivos que já tive a oportunidade de tomar nos últimos tempos. Este não só provei como já tomei, sim porque provar (quando se gosta) dá uma vontade danada de tomar.

A cor de casca de cebola (tradicional junto com a cor salmão em rosés) e brilhante já é um baita convite a abri-lo e encher a taça. Aromas frutados onde aparece de tudo, de cítricos a frutos vermelhos, nectarina, na verdade uma tremenda e fresca salada de frutas que repete na boca com um aporte de acidez que lhe dá uma crocância e vivacidade como poucos. Um vinho que acompanhará bem a culinária japonesa, peruana, frutos do mar em geral mas que, acima de tudo, combina comigo, com minha loira e com felicidade, eta coisa boa, puro prazer engarrafado e ainda vou tomar muitas delas! Preço na casa das 85 a 90 pratas nas boas casas do ramo (rs).

Um ótimo fim de semana para todos, retorno semana que vem para falar do Mendraka Bizkaiko Txacolina. Kanimambo pela visita, saúde e bons vinhos sempre.

 

 

Um Chardonnay Abaixo dos 50 Conto!

É, tem sim e bem legal, do jeito que meu amigo Didu gosta (rs)! Como em todos os tipos e estilos de vinhos, há momentos para tudo e ninguém nega, especialmente quem tenha alguma litragem na taça, que os grandes vinhos são experiências únicas, mas também não são para todos e muito menos para toda a hora! Grandes vinhos, grandes preços, não tem como fugir disso e não são para a maioria de nós meros mortais, seguidores de Baco que somos. Esses grandes vinhos ficam restritos a poucos ou, pelo menos, a poucos e raros momentos de nossa vida terrena, mas o bom é que há bons e saborosos vinhos em todas as gamas de preço guardadas as devidas limitações, obviamente, e dentro do contexto em que se encaixam.

Há vinhos descompromissados que não abrem mão de qualidade e eu garimpo esses rótulos, vinhos que tomo regularmente de forma informal. Um desses rótulos que agora compartilho com os amigos é o VSE Classic Chardonnay, vinho chileno elaborado sem passagem por madeira e que já acompanhou com gallardia uma tainha no forno recheada com farofa. A Vina San Esteban, é localizada no Vale de Aconcagua onde a família Vicente possui cerca de 150 hectares de vinhedos acompanhando o rio do mesmo nome encostado nos pés da Cordilheira. Nessa terras elabora, vinhos com três marcas diferentes; a VSE, a In Situ e a Rio Alto. Costumo dizer que a melhor forma de conhecer um produtor é provando sua linha básica, se aí são bons, pode apostar seu rico dinheirinho em seus vinhos de alta gama sem erro! Problema é que tem muito gente produzindo vinhos “Ícones” mas que deixam muito a desejar em suas linhas mais básicas, ainda bem que este não é o caso.

Há momentos para aquele grande Chardonnay e há momentos, vários por sinal, para este pois com preço entre R$45 e 50,00 é um vinho que pode sim visitar nossas taças de forma mais regular. Um vinho que busca a essência da uva sem mascará-la, buscando o frescor da fruta só com fermentação em inox sem qualquer passagem por barrica. Um vinho leve, saboroso, toque de frutas tropicais típicos da casta, sutil, fresco, final algo cítrico, um vinho com cara de verão, muito agradável de se tomar. Para beber solo, só com boa companhia e bom papo, petiscando queijos, frutos do mar grelhados, lula à doré, até um peixe no forno com farofa como esse na foto acima.

É um grande vinho? Não, nem se propõe a isso, porém é bem feito, honesto, vale bem o que custa, dá conta do recado e nessa faixa difícil de achar igual, gosto e pronto. Ainda Sábado passado acompanhou um Penne ao Pesto com amigos, mato a cobra e mostro o pau (rs), vale muito a pena e certamente combinará também com pratos de bacalhau mais ligeiros, um vinho bastante versátil nesta faixa de preço e eimportação de meu amigo Juan da Almeria Vinhos. Kamimambo pela visita, saúde e feliz Páscoa, retomo meus escritos na Segunda.

 

Tem Vinhos Que me Deixam Triste!

Quando acabam, vamos deixar claro!! rs Ontem viajei e como já dizia Sócrates, o filósofo grego não o jogador, “só sei que nada sei”. Nesta vinosfera desconfie de quem diz que sabe tudo porque estamos sempre nos deparando com coisas novas na taça sejam elas; uma casta desconhecida, um processo de vinificação, uma origem desconhecida ou até novidades nos vinhedos porque o mundo não pára, hora desenterrando coisas antigas desconhecidas hora fazendo novas descobertas resultado de novos experimentos.

Três amigos, só isso já dá um boost em qualquer momento, em volta de pasta ao pesto e vinho! Depois do vinho que acompanhou a pasta, abrimos uma garrafa da qual tão rapidamente não esquecerei, um tremendo néctar chileno que ás cegas diria ser francês, O Bodega RE Doble Garnacha / Carignan 2015. Bem, mas e daí? O corte não tem nada de diferente, não não tem, a não ser que olhemos suas origens! Um blend chileno formado na parreira e algo que diferencia os gênios da criatividade enológica dos outros, Pablo Morandé extrapolou com este blend de parreira! É, isso mesmo, um blend que se inicia na própria planta.

Já tive a oportunidade de provar outros ótimos vinhos deles, mas este realmente me tirou o fôlego e ai descobri o inusitado, as duas castas são enxertadas num cavalo (raiz) de uva País, naturalmente resistente à Phyloxera, um blend na parreira, não sei se existe no mundo processo igual, para mim é inusitado. A planta gera cachos de uvas de ambas as castas enxertadas que são colhidas e vinificadas junto numa co-fermentação com leveduras selvagens, show, o resultado é um vinho absolutamente sedutor, que você pede para não terminar nunca! Tentei achar uma ficha técnica na internet, o vinho não consta do site do produtor, e o pouco que consegui foi num site americano em que consta que a uvas vêm do Maule (Bodega em Casablanca) é fermentado em barricas e matura por 3 anos antes de ser engarrafado, vindo de uma região de solo granítico o que, creio, responde muito pela boa acidez e frescor que o vinho nos entrega.

Nariz cativante de frutos vermelhos frescos, fruta abundante na boca com uma acidez marcante, educados 13% de teor alcoólico, médio corpo, longa persistência deixando na boca um gostinho de quero mais, madrecita, bom demais!! Tem comentários na rede sobre uma suposta rusticidade dos taninos, não consegui encontrar isto, muito pelo contrário os encontrei REfinados e sedosos, muito bem feito, perfeitamente equilibrado e sedutor. Gosta de vinhos power, de grande extração? Bem, nesse caso este não é seu vinho, aqui a finesse e elegância imperam.

Aparentemente este rótulo não vem ao Brasil, então se estiver lá por terras chilenas “no se olvide” compre umas duas ou três garrafas porque uma é muito pouco, VIU Fábio, e pode me trazer uma de presente só pela dica! rs Preço por lá anda na casa dos 20 a 25 Dólares, vale e muito, se pudesse compraria uma caixa, porque é puro prazer hedonístico!

Kanimambo pela visita, saúde, boa semana e bons vinhos

Pinot Bom de Preço e Bom de Taça!

Pinot Noir bom abaixo das 60 pratas não é fácil de encontrar em terras brasilis seja lá de que origem for. Ou é ralo demais ou extraído demais difícil encontrar vinhos equilibrados. Normalmente quando é barato não possui qualquer característica da casta e já me perguntei algumas vezes o que diabo colocam na garrafa, porque Pinot tinha a certeza que não era. Gostava bastante do Maycas Sumaq que era fora da curva, mas não está vindo mais para o Brasil ou mudou de importador não sei ao certo, só sei que fiquei sem! rs Bom e abaixo das 60 pratas, valia muito a pena e tinha que encontrar um substituto à altura, porque barato e ruim tem de montão.

Depois de um bom período sem garimpar nada que valesse a pena, eis que me chega o Nancul Elegant Reserva Pinot Noir que veio atender a meus anseios. Os vinhos da Nancul têm como seu ponto forte uma boa relação Qualidade x Preço e não tem nenhum que eu tenha provado que negasse fogo dentro de sua faixa de preço, este não nega a marca que carrega.

O produtor é Hugo Casanova, uma vinícola do Maule que produz diversas marcas e está presente em todas as faixas de preço com vinhos sempre sempre bem feitos e agradáveis, especialmente nas gamas de entrada. Este Pinot segue essa receita, sendo muito balanceado sem extrações excessivas para que as características de cor e taninos fossem mantidos. Apenas 60% do vinho passa por barricas francesas, que imagino sejam de segundo ou terceiro uso, por cerca de 4 meses o resto em tanques de cimento para preservar a fruta. Não pretende ser um grande vinho, mas é “cumplidor” nesta faixa de preços, fruta abundante, paleta aromática viva, algum floral, mas é na boca que ele mostra ao que veio. Muito agradável de tomar, com taninos sedosos bem típicos da casta, algo de framboesa/cereja madura, boa textura com rico meio de boca, leve sem ser ralo, finalizando com um certo frescor e alguma especiaria.

Gostei, acompanhou muito bem o risoto de calabresa e chouriço português com um toque de pimenta biquinho e finalizado com parmesão ralado que improvisei neste último Domingo. Era para ser de funghi, mas as formigas chegaram antes de mim! rs Enfim, deu certo e certamente será um vinho que frequentará mais minha taça e minha mesa. Preço na casa dos 55 a 60 Reais, aqui em São Paulo, nas boas casas do ramo e restaurantes, recomendo.

 

 

Uau, Que Surpresa, Que Chardonnay!

Todo mês garimpo oportunidades para a Confraria Frutos do Garimpo, mas nem sempre o resultado é bom o bastante para que esses rótulos possam fazer parte da seleção do mês. Alguns meses até deixo passar, porque para mim a qualidade é fator número 1!

Este mês experimentei muito e aprovei pouco, mas a pepita que sobrou na minha peneira é exatamente isso, uma pepita! Em vez de dois rótulos com duas garrafas cada ou quatro com uma de cada, desta feita decidi apenas e tão somente manter um único rótulo e o kit mínimo de duas garrafas a máximo quatro por confrade, achei que o vinho merece esta vênia! rs Há muito tempo não provava, na verdade tomava porque não me contive de ficar só na prova, um Chardonnay de tanta qualidade, uma surpresa muito agradável vinda de Casablanca no Chile. A surpresa foi tanta e o entusiasmo tamanho que até esqueci de fotografar! rs Assim que tome outra, porque essa não escapa, tiro e publico aqui.

Cantagua Gran Reserva Chardonnay 2016, um vinho de alta gama, um belo chardonnay com apenas seis meses de barrica que se mostra  muito delicada e bem integrada, com grande capacidade de guarda em minha opinião. A paleta olfativa é marcante com notas lácteas e num segundo plano frutos tropicais num conjunto que pede uma taça própria, e não me fiz de rogado. Na boca é cremoso, a fruta dá um passo à frente e mostra todos os seus predicados com muito frescor, notas cítricas, final de boca mostra uma certa mineralidade, seco com boa persistência e acidez bem balanceada. Vem da região de Casablanca, uma das melhores do Chile para vinhos brancos e só vem confirmar essa aptidão. Por sinal, quem tiver uma taça de Chardonnay, Riedel ou similar, use o resultado é outro, uma bela turbinada num vinho já muito bom.

Viajei neste vinho e não foi para o Chile não, me lembrou alguns bons borgonhas já tomados tanto pela riqueza, pela mineralidade sutil como pela finesse. O último gole da última taça servida foi difícil de engolir só de pensar que estava terminando, deixei rolar na boca um tempão deixando escorregar bem devagar! rs Gente, sem medo de dizer que fazia tempo que um Chardonnay não mexia comigo como este o fez e sim, me entusiasmou. Talvez até possa ter exagerado um pouco nestes meus comentários, mas quando um vinho mexe comigo deste jeito minha paixão fala mais alto, fazer o quê? rs Os Confrades que optaram pela seleção do mês vão poder avaliar (comentem aqui depois) se exagerei ou não, mas de qualquer forma quis compartilhar este achado com os amigos leitores em geral. Quem gosta de um bom Chardonnay certamente deve provar este vinho, quem sabe você não sente o que eu senti, só não vai mais ser surpresa! rs

No dia que provei, convidei uns amigos apreciadores para o avaliar junto comigo e pedi para que me dessem a percepção de valor de cada um ou seja, quanto eles achavam que podia valer esse vinho, quanto eles pagariam por vinho similar. Resultado, R$160,00 ou por aí, então o preço de mercado pesquisado de R$143,00 me parece condizente com a percepção gerada, legal isso. Agora resta você conferir, eu vou é beber mais porque tenho algumas chegando.

Mas João, um branco neste frio?? Uai, e a gente pára de tomar cerveja ou comer um sorvete só por causa disso? Vinho tem ocasião, não estação, desencana!! rs Por hoje é só, kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui ou em qualquer outro ponto de nossa vinosfera. Sáude!!

Cheers Smile

 

 

 

 

 

 

 

PS. Importadora Optimum. Disponível na Vino & Sapore e outras boas lojas do ramo.

 

 

 

 

Mais um Branco na Taça, VSE Classic Chardonnay.

Que gosto de vinhos brancos não é surpresa para ninguém que me acompanhe e há muito tempo que cunhei a frase de que os “brancos são a pós graduação no vinho”! rs Tomo e degusto bastante acho que seu frescor e sutilezas têm tudo a ver com regiões quentes, mas tem também a ver com o tipo de comida que iremos servir já que a melhor forma de tomar vinho é mesmo acompanhando refeições. Ah, mas eu não como peixe, só carne! Pois bem, até quem curte carne deveria experimentar, essa harmonização, especialmente carne de porco e derivados, há que se combater a ditadura dos tintos!! rs.

Como em todos os tipos e estilos de vinhos, há momentos para tudo e ninguém nega, especialmente quem tenha alguma litragem na taça, que os grandes vinhos são experiências únicas, mas também não são para todos e muito menos para toda a hora! Grandes vinhos, grandes preços, não tem como fugir disso e não são para a maioria de nós meros mortais, seguidores de Baco que somos. Esses grandes vinhos ficam restritos a poucos ou, pelo menos, a poucos e raros momentos de nossa vida terrena, mas o bom é que há bons e saborosos vinhos em todas as gamas de preço guardadas as devidas limitações, obviamente, e dentro do contexto em que se encontram.

Há vinhos descompromissados que não abrem mão de qualidade e eu garimpo esses rótulos, vinhos que tomo regularmente de forma informal. Um desses rótulos que agora compartilho com os amigos é o VSE Classic Chardonnay*, vinho chileno elaborado sem passagem por madeira. A Vina San Esteban, é localizada no Vale de Aconcagua onde a família Vicente possui cerca de 150 hectares de vinhedos acompanhando o rio do mesmo nome encostado nos pés da Cordilheira. Nessa terras elabora, vinhos com três marcas diferentes; a VSE, a In Situ e a Rio Alto. Costumo dizer que a melhor forma de conhecer um produtor é provando sua linha básica, se aí são bons, pode apostar seu rico dinheirinho em seus vinhos de alta gama sem erro! Problema é que tem muito gente produzindo vinhos “Ícones” mas que deixam muito a desejar em suas linhas mais básicas, ainda bem que este não é o caso da Viña San Esteban.

Há momentos para aquele grande Chardonnay e há momentos, vários por sinal, para este pois com preço entre R$45 e 50,00 é um vinho que pode sim visitar nossas taças de forma mais regular. Um vinho que busca a essência da uva sem mascará-la, buscando o frescor da fruta só com fermentação em inox sem qualquer passagem por barrica. Um vinho leve, saboroso, toque de frutas tropicais típicos da casta, sutil, fresco, final algo cítrico, um vinho com cara de verão, muito agradável de se tomar. Para beber solo, só com boa companhia e bom papo, petiscando queijos, frutos do mar grelhados, lula à doré, até um peixe no forno com farofa como este na foto abaixo fruto das sobras (rs) do reveillon passado. É um grande vinho? Não, nem se propõe a isso, porém vale bem o que custa e dá conta do recado, gosto e pronto.

VSE Classic Chardonnay

Kanimambo pela visita e um bom fim de semana.

 

* Importação Almeria, à venda na Vino & Sapore e outras boas lojas especializadas.

 

 

Chile, Dois Novos, Bons e Baratos Vinhos na Taça!

A busca por vinhos de boa relação PQP (Preço x Qualidade x Prazer) não cessa nunca e desta feita a origem é o Chile e uma só marca que já comentei aqui em outra ocasião com vinhos de valor algo mais alto, pero no tanto! Chegaram a fazer parte, como estes dois, da confraria Frutos do Garimpo numa parceria com o importador, a Lusitano Imports que acertou em cheio na escolha do produtor. São os vinhos Nancul, desta feita da linha Elegant com preço no mercado entre os R$45 a 50,00 e, na minha opinião, duas gratas surpresas que valem muito o preço. Aliás, do ponto de vista de percepção de valor, a resposta tem sido sempre bem acima do valor pago e recomendo. Vamos lá, vamos falar dessas duas pepitas que caíram na minha peneira! rs

Nancul Elegant merlotNANCUL Elegant Merlot – aquele vinho que não tem erro, agrada a gregos e troianos sendo super versátil no quesito harmonização. Eu tracei com pizza, num final de tarde fria de Sábado, mas podia ser um hamburguer ou nada, só um encontro harmonizando amigos e um bom bate papo. O Elegant no nome creio que foi uma escolha acertada do produtor que buscou e conseguiu exatamente isso. Um vinho de corpo médio, taninos macios, meio de boca rico e saboroso, fruta madura sem cair naquela geleia enjoativa, acidez equilibrada, média persistência que deixa na boca uma sensação de prazer (valor) maior ao preço pago o que hoje em dia é cada vez mais raro!

 

NANCUL Elegant Carmenére – O que mais me atraiu nele foi o fato de ele não Nancul elegant carmenéreapresentar aquelas nuances verdes agressivas que costumam ser bem presentes nos vinhos desta cepa nesta faixa de preços. Muito pelo contrário, o vinho se mostrou muito equilibrado, de corpo médio e aromas frutados com um leve toque de especiarias no final de boca, taninos aveludados, gostoso de tomar! Mostra cuidado em sua vinificação, colheita no tempo certo de madurez, um Carmenére para quebrar preconceitos e mostrar que seguir provando é essencial. Deu-se bem com bifes de chorizo na brasa e pelo preço, em minha opinião, uma tremenda barbada para um vinho desta qualidade

Dois bons vinhos, muito agradáveis de tomar que satisfazem sem deixar rombos no bolso. Acerto do Fernando da Lusitano Import em ter garimpado estes vinhos e ter adotado uma política de precificação adequada que deixa, em nós consumidores, um sorriso a mais no rosto fora o prazer. Linha que vale ser explorada sem temor, tudo o que provei até agora tem me agradado bastante e espero que possa também ter essa experiência e depois comente algo por aqui, sempre bom ter esse feedback dos leitores.

Estes vinhos fizeram parte dos Frutos do Garimpo de Agosto. Saúde e kanimambo pela visita.

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar