Mailly Champagne Grand Cru

Para comemorações em grande estilo, a sugestão é o Champagne Mailly Grand Cru Brut Reserve. Esta bebida dos deuses se destaca entre seus pares franceses, feitas de uvas provenientes de vinhedos especiais, classificados como grand cru, é composta de 75% Pinot Noir e 25% Chardonnay, apresentando um tom amarelo dourado claro e brilhante, de aroma complexo de brioche tostado e paladar sem igual. Tive a oportunidade de provar este Champagne muito especial na última Expovinis e realmente me encantou por sua leveza e finesse. Sua perlage é abundante, persistente e fina com sur-lie de 3 anos que lhe dá profundas notas de fruta com ótimo frescor que mexem com nossas pupilas gustativas. Um Francês vibrante e muito elegante que me encantou tanto que tenho duas garrafas na adega, pedido que fiz a uma amiga que esteve em Paris recentemente.

A vinícola foi fundada em 1929 e mantêm seu compromisso e original vocação de produzir uvas em um solo excepcional para buscar sempre os melhores frutos. Um dos poucos vinhedos Grand Cru, somente 17, entre os 324 crus da região a Mailly produz espumantes exclusivamente com uvas de sua propriedade e somente néctares 100% Gand Cru. Não é barato, nem poderia, mas é um grande espumante do jeito que eu gosto, com muito frescor, intenso mas leve, de grande persistência e muito saboroso. Um elixir para momentos especiais.

A Champagne-Mailly chega ao Brasil pela Ana Import com cinco de seus produtos: Brut Réserve; Brut Rosé, Le Feu, L’Intemporelle e Les Enchansons. Seus preços partem de R$ 247, 00, para o Brut Reserve. Quer conhecer mais do produtor, clique aqui.

Salute e Kanimambo.

Novas Descobertas

È meus amigos, estas minhas viagens pelo garimpo volta e meia me apresentam descobertas muito interessantes. Incrível os bons e saborosos vinhos que conseguimos encontrar por preços bem acessíveis, se realmente saímos e fuçamos um pouco no mercado. Na ultima semana tomei estes quatro rótulos muito interessantes que convido você a provar.

Primitivo San Marzano 06 IGT, um vinho da região da Puglia. Um vinho surpreendemente bom pelo preço, vindo para provar que nem todo vinho barato é ruim, mesmo quando italiano. Um verdadeiro achado do Fredo, Jorge e Cia lá da BR Bebidas. Quando se olha no contra-rótulo se descobre o porquê, é que a vinícola está ligada ao grupo Farnese um dos melhores produtores italianos com braços espalhados por diversas regiões produtoras e, desses mesmos vinhedos, produz alguns néctares de grande qualidade. Este é escuro, denso, chega a tingir a taça. De ótima concentração, na boca apresenta muita tipicidade da cepa com ótima acidez, taninos finos e aveludados. O final de boca é muito saboroso e agradável apesar de relativamente simples. A percepção de valor é bem superior ao preço de R$22,00 que a BR vende. Para o dia-a-dia, um vinho realmente muito bom! $ 

Les Salices Viognier 06 de Jaques e François Lurton, produtores franceses com investimentos espalhados pelo mundo inteiro. Produzem também, o ótimo Fuméss Blanche um Sauvignon Blanc muito bom e de bom preço. Este Viognier é um VdP (vin de pays) de boa tipicidade no nariz, boa intensidade mostrando frescor e algo floral. De corpo médio, bem balanceado, untuoso, algo cítrico, um bom exemplar desta cepa que começa a ganhar espaço no mercado.  Na Zahil por R$51,00.

 

Beringer Founder’s Estate Pinot Noir 05, da Califórnia, Estados Unidos. Uma novidade da Expand que o trouxe ao Brasil há pouco tempo e que, agora tenho oportunidade de  tomar e apreciar. Diferentemente das degustações, em que a gente basicamente “bica” o vinho, eventualmente duas vezes, nos vinhos da semana literalmente tomo e aprecio o vinho, muitas vezes acompanhado de comida, o que produz percepções e emoções diferenciadas. Provar uma novidade é sempre muito legal porque entramos desprovidos de informações e influências outras que não o da descoberta e esta safra foi especialmente boa o que aguçou minha curiosidade. Este Pinot é uma gostosa descoberta, mesmo não sendo um grande vinho e nem se propõe a isso. De médio corpo, taninos médios, um pouco genérico nos aromas e muito agradável de se tomar, mostrando estar muito redondo, harmônico e macio, fácil de agradar. Uma boa opção para conhecer o estilo dos pinots da Califórnia, tradicionalmente caros, sem que se tenha que provocar um rombo no bolso. Na Expand por R$59,00

 

Subsídio 06, do bom produtor alentejano, Lima Mayer, vem este vinho muito interessante, corte de Aragonez, Syrah, Alicante Boushet e Cabernet Sauvignon produzido na sub-região de Monforte. De nariz contido, necessita de um tempo em taça para se abrir em gostosos aromas de frutos silvestres. Sem ser um blockbuster, é um vinho correto, descomplicado, bom equilíbrio e estrutura, taninos arredondados e maduros, pronto a beber e de um final de boca bastante agradável e fácil de gostar. Na Seleto Vinhos por bons R$38,30.

 

Ps. os preços são de uns 15 dias atrás, há que conferir se ainda se mantêm.

 

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Semana Boa, Bons Vinhos com Bons Preços

           Em momentos de grande elegria pela celebração do primeiro aniversário da coluna Falando de Vinhos, em que estarei premiando os leitores com mais de setenta vinhos, acessórios e curso básico, uma semana de bons vinhos com bons preços e um valor meio mágico, R$38 a 39,00. Incrível a quantidade de bons rótulos que venho descobrindo nessa faixa de preços, mais uma prova contundente, de que não há que se gastar fábulas para conseguir tomar bons vinhos.

Cono Sur Reserva Pinot Noir 07 – Esta vinícola produz alguns dos melhores custo x beneficio do mercado e este rótulo não foge à regra. Para quem gosta de brancos, não pode perder o Riesling deles. Bem, mas é deste Pinot que quero falar. Um nariz de boa intensidade com muita fruta e algo floral. Taninos doces de boa textura e absolutamente sedosos, fresco, médio corpo, suave, extremamente equilibrado em que nada se sente de seus 14º de teor alcoólico, um incrível vinho muito saboroso, fácil de agradar e harmonizar por meros R$39,00 na Wine Premium e lojas da Expand, um grande achado. ISP  $  

Muscadet de Serve et Maine Sur Lie 05, Domaine des Perelins da região do Loire. No limite de sua vida útil, mas ainda muito gostoso de se tomar. Tome como aperitivo acompanhando uns três tipos de queijo de cabra, pedaços de baguete fresca e crocante e umas torradinhas acompanhando. É um vinho suave que combinou maravilhosamente com os queijos. De enorme frescor, fácil e agradável, bem balanceado, desprovido de compromissos, ligeiro e muito saboroso. Quando o comprei, há uns 60 dias atrás, a Mistral o vendia por R$28,00 e, a esse preço, um tremendo custo x beneficio altamente recomendável. Hoje já não sei, devido  à grande valorização do dólar, mas a esse preço tem meu aval! ISP $  

Luna Malbec 05, com ótima tipicidade da região de Agrelo do Vale do Cuyo, zona central de Mendoza, que geralmente apresenta vinhos que mostram boa fruta, taninos redondos e boa estrutura. Este é um desses exemplares, com uma pequena produção de somente umas 5.000 garrafas, em que a madeira está muito delicada dando aporte para uma fruta madura, taninos finos e bastante equilibrado apesar de um teor de álcool de quase 15º. Macio, redondo, um vinho que agrada bastante e possui uma persistência bastante boa. Na BR Bebidas por R$50,00. ISP

Rey de los Andes Reserva Syrah 07, mais um syrah do Chile que me agrada muito. Seu contra rótulo diz ser um vinho encorpado, porém não concordo, achando-o um vinho bem estruturado, mas mais para médio corpo. Apesar da tenra idade para um reserva, já está pronto a beber com gostosos sabores de fruta madura na boca devendo, todavia, melhorar com mais um ano de garrafa. Só que, quem esperar um ano para comprar, não achará mais essa safra, se encontrar, certamente não será a este preço. É saboroso, amistoso, vinho que agrada fácil, cremoso e aveludado com um final de boca muito agradável e de média persistência. A meu ver, mais uma prova que esta é a grande uva do Chile! Na Cia do Whisky por ótimos R$39,90, para comprar algumas garrafas, tomar agora e apreciar algumas um pouco mais para a frente. ISP $  

Santa Julia Torrontés Tardio 07, sempre um porto seguro e uma das melhores opções de vinhos de sobremesa de colheita tardia, disponíveis no mercado, com um preço que podemos pagar. Consegue balancear muito bem a doçura com a acidez, tornando-se muito prazeroso de tomar, com ótimo frescor, facilitando a harmonização com diversas sobremesas. Neste caso, acompanhou um strudel de maçã com sorvete de creme, muito yummy!! Na Expand por R$39,00. ISP $  

 

Salute e Kanimambo.

 

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Recheando a Adega com Vinhos Franceses

 

     Dentre todos os vinhos provados no mês e relacionados ao país sob estudo, separarei aqueles rótulos que foram os meus preferidos e que seriam minha escolha para colocar em minha adega de 45 garrafas, não levando em conta vinhos de valor superior a R$150,00, apesar de muito prazerosos, pois isso seria muito fácil sem contar que o custo total iria às alturas! Nestes últimos dois meses de Junho e Julho, viajei virtualmente por terras Francesas, conheci diversas regiões e suas uvas e  provei um monte de vinhos muito saborosos, de muita qualidade e preços muito interessantes com, alguns, achados maravilhosos que comprovam, mais uma vez, que há vida enófila fora dos grandes e caros vinhos! Os preços são uma indicação podendo variar, mas servem como parâmetro. Onde comprar são importadores, de qualquer estado, mas estando em São Paulo, não deixe de pesquisar nas lojas de nossos parceiros listados em Onde Comprar.

 

Rótulo

Região

Safra

Onde Comprar

Preço R$

Tipo

Cuvée Marie-Paule Bordeaux Superieure

Bordeaux

2003

Casa Flora

69,00

Tinto

Haut Badon Grand Cru

Bordeaux

St. Emilion

2003

Mistral

74,00

Tinto

Belle-Garde

Bordeaux

2005

Nova Fazendinha

56,00

Tinto

Chateau Jalousie Bordeaux Superieure

Bordeaux

2004

Expand

78,00

Tinto

Chateau Les Granges

Bordeaux

Haut-Médoc

2004

Zahil

75,00

Tinto

Rocher Calon

Bordeaux

2005

Expand

68,00

Tinto

Graves de Peyroutas –  Grand Cru

Bordeaux St. Emilion

2004

Nova Fazendinha 

70,00

Tinto

Chartron La Fleur

Bordeaux

2006

Mistral

37,00

Branco

Chateau Peyruchet

Bordeaux

2006

Expand

39,90

Branco

Cuvée Marie Gabrielle

Languedoc Roussillon

2003

Expand

75,00

Tinto

Domaine du Ministre

Languedoc St. Chinian

2004

Zahil

59,00

Tinto

Le Loup dans la Bergerie

Languedoc Pic St. Loup

2006

De la Croix

38,00

Tinto

Granoupiac Rouge

Languedoc

2003

Vinea Store

84,00

Tinto

A D’Aussiére Rouge

Languedoc Corbiéres

2004

Mistral

57,00

Tinto

Canon du Marechal

Languedoc

2006

Expand

48,00

Tinto

Travers de Marceau

Languedoc

St. Chinian

2006

De la Croix

48,00

Tinto

Cuvée des Ardoises

Languedoc

2004

Zahil

65,00

Tinto

Les Fumées Blanche – Lurton

Languedoc

2007

Zahil

41,00

Branco

Cheverny Le Vieux Clos

Loire

2006

Decanter

63,70

Branco

Vouvray – Guy Saget

Loire

2006

Mistral

44,00

Branco

Fournier Sauvignon Blanc

Loire

2004

Expand

55,00

Branco

Vouvray Sec Le Haut – Huët

Loire

2005

Mistral

97,00

Branco

Mademoiselle T

Pouilly Fumé

Loire 

2005

Decanter

99,00

Branco

Baumard Coteaux du Layon

Loire

2004

Mistral

60,00

Branco Doce

Baumard Quarts de Chaume

Loire

2000

Mistral

146,00

Branco Doce

Chablis Premier Cru – Dom. Race

Borgonha Chablis

2005

Nova Fazendinha 

80,00

Branco

Chablis Albert Bichot – Long-Depaquit

Borgonha Chablis

2005

Expand

98,00

Branco

Aligoté de Bouzeron

Borgonha Bouzeron

2005

Expand

138,00

Branco

Pinot Noir La Vignée – Bouchard Pére et Fils

Borgonha

2006

Grand Cru Granja Viana

77,00

Tinto

Olivier Leflaive Bourgogne Pinot

Borgonha

2005

Wine Premium

85,00

Tinto

Croix Jacquelet Rouge  Joseph Faiveley

Borgonha Mercurey

2005

Mistral

75,00

Tinto

Albert Bichot Pinot Noir Vieilles Vignes

Borgonha

2005

Expand

68,00

Tinto

Hautes Cote de Baune – Clos de la Perriére

Borgonha

2005

Nova Fazendinha 

76,00

Tinto

Hautes Cote de Nuits – Philippe Bouchard

Borgonha

2005

Vinea Store

133,00

Tinto

Couvent des Jacobins Rouge Louis Jadot

Borgonha

2006

Mistral

87,00

Tinto

Morgon Dom. La Bêche

Borgonha

Beaujolais

2005

Nova Fazendinha 

47,00

Tinto

Saint Esteves D’Uchaux

Cotes-du-Rhône

2005

Zahil

43,00

Tinto

Les Chevrefeuilles

Cotes-du-Rhône

2005

De la Croix

48,00

Tinto

Belleruche Rouge

Cotes-du-Rhône

2005

Mistral

46,00

Tinto

Cotes du Rhône Village Renjarde

Cotes-du-Rhône

2004

Nova Fazendinha 

55,00

Tinto

Saint Joseph Deschants Rouge

Cotes-du-Rhône

2004

Mistral

75,00

Tinto

Rasteau Village Dom. Soumade

Cotes-du-Rhône

2005

Zahil

96,00

Tinto

Crozes-Hermitage Alain Graillot

Cotes-du-Rhône

2005

Mistral

107,00

Tinto

Cotes du Rhône Philippe Bouchard

Cotes-du-Rhône

2006

 

Vinea Store

64,00

Tinto

Cremant de Bourgogne Brut Reserve Bailly- Lapierre

Borgonha

 

Nova Fazendinha 

64,00

Espu-

mante

Montar esta adega de vinhos Franceses, apesar do enorme trabalho de garimpo e dos belíssimos vinhos encontrados, verdadeiros achados nesse emaranhado de rótulos existentes no mercado, não saiu barato, ficou em algo próximo a R$3.200,00. Bem, montar uma adega de 45 vinhos, de qualquer origem, não é uma coisa de baixo custo de qualquer forma. A meu ver, todavia, uma média de preços de cerca de R$70,00 a unidade, com a diversidade de produtos e regiões assim como a qualidade encontrada nesta lista, parece-me bastante bom levando-se em conta de que falamos da França. Lógico que existem diversos outros rótulos no mercado que poderiam estar aqui, mas lembro de que esta lista é baseada nos vinhos provados nesses dois meses e tive o cuidado de tentar manter uma média de preço razoavelmente módica. Por outro lado, usando os rótulos aqui listados, dá para brincar legal e adequar o número de garrafas e os rótulos que estiverem mais de acordo com seu gosto, seu bolso e o tamanho de sua adega!

Dia dos Pais já foi, mas acho que vou começar uma campanha nacional de “Faça seu Pai Feliz”, quem sabe algum filho, de bolso cheio, já não começa a pensar no Natal?! Aproveite e compre uma caixa de Grand Theatre Bordeaux 2005 (Wine Premium) disponível em diversas lojas e supermercados, por cerca de R$27,00, ou ainda o Chateaux La Croix du Duc 2005 (Expand) por R$39,00 ótimos para o dia a dia. É isso meus amigos, na minha opinião uma bela coleção de bons vinhos para você usufruir com calma, sendo que a grande maioria eu já comentei nos diversos posts publicados em Tomei e Recomendo e Boas Compras. Salute e kanimambo.

 

 

 

Região Vinícola de Cotes-du-Rhône

              Com este post, termino o detalhamento das regiões Francesas objetos de estudos e pesquisa neste mês de Julho. Esta região, que alguns chamam, pela tradução ao Português, de Ródano, é marcada por extremos. O Norte (região setentrional) é frio, repleto de morros rochosos, uma massa de granito e xisto com vinhedos encravados em suas encostas. Nesta região do norte, florescem, quase que exclusivamente, as cepas Syrah e Viognier. O sul (região meridional), por outro lado, é quente e formado por planícies cercadas de montanhas, sendo responsável por cerca de 90% dos 80.000 hectares de vinhas plantadas em toda a região de Cotes-du-Rhône. Afora Syrah, no Sul plantam-se, principalmente as; Grenache, Mourvédre e Cinsaut. No total, são cerca de 6000 vinhedos nas mãos de aproximadamente 2100 produtores, cooperativas, negociants e associações. Mais detalhes poderão, também, ser encontrados em meu post anterior sobre a França.

            Cerca de oitenta e cinco por cento dos vinhedos da Cotes-du-Rhône, estão divididas entre 12 principais AOCs mais as denominaçãoes Cotes-du-Rhône e Cotes-du-Rhône Village. Ao Norte as principais são Cote-Rotie, Hermitage, Cornas, St. Joseph, Crozes-Hermitage e Condrieu. Já ao Sul, encontramos Chateauneuf-du-Pape, Gigondas, Vaqueyras, Tavel, Lirac e Cotes do Ventoux. Vejamos um pouco melhor estas denominações:

  • Cotes-du-Rhône é uma denominação genérica representando praticamente 53% da produção total. Pode ser produzido em qualquer parte da região desde que sejam cumpridas as especificações da AOC que, neste caso, determinam que nos tintos seja usado um mínimo de 40% da cepa Grenache. São cerca de 171 comunas com 40.000 hectares de vinhedos gerando vinhos muito interessantes, que devem ser tomados jovens, entre três a quatro anos de vida.
  • Cotes-du-Rhône Village, somente um total de 96 comunas estão autorizadas a ostentar esta denominação, mas só 19 podem acrescentar seu nome à denominação. Entre as mais importantes estão Rasteau, Beaumes-de-Venise e Cairanne. São cerca de 9600 hectares de vinhas plantadas representando cerca de 9% da produção total da região. Aqui encontramos alguns vinhos de grande qualidade, que ganham com um pouco mais de guarda estando melhores se tomados entre três a quatro anos podendo, nos melhores casos, envelhecer por mais uns três ou quatro. A AOC determina que um mínimo de 50% de Grenache deverá ser usado no corte.
  • Cote-Rotie – com cerca de 2.9% da produção, encontra-se localizado no norte do Rhône, produzindo um vinho único, elaborado com um corte de mínimo 80% de Syrah e um máximo de 20% de Viognier uma cepa que, originalmente, é usada na produção de vinhos brancos.  Os melhores vinhedos estão nas escarpas conhecidas como; Cote-Blonde, de vinhos mais elegantes e aveludados, e Cote-Brune, com vinhos mais austeros de maior guarda. Em alguns casos podemos encontrar a inscrição Cote-Rotie Brune-Blonde, indicando um corte com uvas de ambas as regiões. São vinhos que, quando jovens, são encorpados e algo duros, porém quando envelhecem, sete a oito anos, se tornam vinhos sedutores, aveludados e plenos de finesse. Por isso, são cobiçados no mundo inteiro e, consequentemente, caros.
  • Condrieu – com apenas 0,15% da produção total, é uma região onde se elaboram praticamente só vinhos brancos à base de Viognier. São vinhos encorpados, de buquê intenso para serem tomados jovens. Os poucos tintos são perfumados e muito elegantes.
  • Saint Joseph – produz cerca de 1,2% dos vinhos da região, basicamente tintos à base de Syrah. Vinhos de muito boa qualidade, aromáticos, de boa estrutura, densos e elegantes. Prontos para beber após uns dois anos da safra e podendo durar quatro, cinco ou seis anos dependendo do produtor.
  • Hermitage – uma das mais nobres e pequenas AOCs , se restrigindo a uma colina com cerca de 140 hectares de vinhedos, mas terroirs muito diversos. Vinhos potentes, longevos que começam a apurar, de acordo com Saul Galvão, após o 10º ano. Elaborado com Syrah, se permite o corte com até 15% das uvas brancas Marsanne ou Roussanne embora, na prática, seja pouco usada. Responde por apenas 0,15% da produção.
  • Crozes-Hermitage – terras planas em volta das colinas de Hermitage. Respondendo por 1.8% da produção da região, é uma opção aos caros vinhos de Hermitage.  Quase
  • Cornas – finalizando as principais AOCs do norte do Rhône, onde a Syrah é rainha e atinge seu apogeu. Com somente 0,12% da produção do Rhône, esta appelattion produz vinhos modernos, de boa intensidade de fruta, caráter longevo e de grande concentração. Elaborados exclusivamente com Syrah, são vinhos viris, que necessitam de tempo para apurar, pelo menos uns seis a sete anos.

  • Gigondas – já no Sul do Rhône onde começam a brilhar outras cepas. Quase que só vinhos tintos de assemblage, firmes e longevos, elaborados com um corte de Grenache (principal com até 80%)e Mourvédre e Syrah (minímo de 15%) necessitando de um mínimo de quatro a cinco anos para apurarem. Existe uma pequena produção de Rosé. A produção total atinge cerca de 1.19% da produção da região.
  • Vaqueyras – mais vinhos tintos de assemblage em que a Grenache segue sendo a principal protagonista junto com Mourvédre e Syrah. Os tintos são responsáveis por 97% da produção, 1% de rosé e 2% de brancos. Os tintos são complexos, encorpados para serem consumidos entre quatro a seis anos. A região é responsável pela produção de 1.4% do total do Rhône.
  • Chateauneuf-du-Pape – o vinho mais importante e prestigiado do Sul do Rhône, respondendo por cerca de 3% da produção. Muito prestigiado e de grande conceito, são vinhos de grande complexidade, ricos, cor intensa, aromáticos, poderosos, de teor de álcool alto (a appelattion é a mais seca da região) e longevos devendo ser tomados após o quarto ou quinto ano e podendo, os melhores, evoluir até uns 10/12 anos ou mais. Na sua composição podem ser usadas até 13 cepas, mas dificilmente um produtor as têm todas em seus vinhedos. A legislação não determina porcentuais mínimos ou máximos por cepa e, cada produtor tem sua receita. Isto gera uma qualidade muito irregular e estilos variados de vinhos, também em função da diversidade de terroirs. Os mais leves e menos conceituados, podem ser tomados mais jovens entre dois a três anos e não devem envelhecer muito. O alto relevo das armas Papais nas garrafas, costuma ser uma boa indicação de qualidade. As principais uvas usadas, uma mistura de cepas tintas e brancas, são; Grenache, Syrah, Cinsaut, Mourvédre, Counoise, Clairette, Bourbolenc, Roussane, Picpoul, Vaccarèse, Muscardim, Terret Noir e Picardan. Apesar de 97% da produção ser de tintos, vem crescendo a de branco que, dizem, ser muito bom devendo ser tomado jovem.
  • Tavel – com cerca de 1,15% da produção da região, quase que exclusivamente terra de vinho rosé. Produzido das principais uvas da região mais Carignan, é conhecido como o Rei dos Rosés.
  • Lirac – região de produção de brancos, rosés e tintos elaborados com a maioria das uvas da região. Os tintos são frutados e elegantes, necessitando de uns quatro anos para apurarem. Representa cerca de 0,62% da produção da região.
  • Cotes du Ventoux – a mais recente denominação da região, está localizada ao redor do Mont Ventoux, com 1900 metros de altitude, com vinhas incrustadas em até 500 metros nas suas encostas. É uma região bem mais fria, com amplitudes térmicas maiores, gerando vinhos frescos, frutados e de boa acidez porém não muito longevos. O melhor, consumir estes vinhos no máximo entre cinco a seis anos. São quase 6000 hectares plantados com as principais uvas da região mais Carignan que não pode ultrapassar 30% do corte. Aqui se produzem tintos, brancos e algo de rosé, perfazendo cerca de 8.7% da produção total do Rhône.

Das diversas denominações das Cotes-du-Rhône, saem alguns vinhos ícones da produção Francesa com preços fora do alcance da maioria. É, todavia, daqui que também saem alguns dos grandes achados de vinhos Franceses que cabem em nosso bolso. Na minha opinião, é por aqui que ainda podemos nos esbaldar em alguns ótimos vinhos Franceses sem perder as calças no processo, nem fazer grandes rombos no bolso. Cotes-du-Rhône, Languedoc-Roussillon e Loire são três regiões que merecem ser exploradas por seus sabores, seus aromas e seus preços. Dizem que a Provence também está nesse nível, mas como quase nada conheço da região, a não ser por um ou outro gostoso rosé, não me aventurarei a tecer opiniões. Próxima parada, depois do mês do Dia dos Pais, será Itália.

Salute e kanimambo.

Região Vinícola do Vale do Loire

O Vale do Loire, melhor conhecido como o Vale dos Reis ou, ainda, o Jardim da França, tendo sido designado como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, é uma região única repleta de castelos, cerca de mil, e paisagens deslumbrantes. É uma vasta região produtora de vinhos de cerca de 600kms ao longo do Rio Loire, o maior da França, em que os vinhos brancos exalam qualidade e excelência. São 185 mil hectares de vinhedos distribuídos, como na Borgonha, por um monte de pequenos produtores de estrutura familiar. Mas não é só de brancos que a região vive. Aqui se encontram, também, vinhos tintos, espumantes, vinhos doces, todos de muito boa qualidade. O Cremant de Loire é um espumante de grande aceitação na França, os tintos á base de Cabernet Franc, são joviais e frutados, num estilo meio Beaujolais, para serem tomados jovens e refrescados enquanto seus brancos são, efetivamente, excepcionais.

Assim como a região de Champagne, o Vale do Loire situa-se no limite de temperaturas baixas para produção de vinhos. Nos anos quentes, e variação de temperaturas (quente/frio), dá aos vinhos essa elegância e acidez cortante que tanto encanta os apreciadores. Nos anos demasiado frios, todavia, devido à falta de insolação, as uvas não amadurecem adequadamente e tendem a gerar vinhos magros e sem estrutura o que é uma grande preocupação para os produtores. Nesses anos, cresce exponencialmente, a produção de espumantes Cremant de Loire, que se beneficia dessas condições climáticas. O Cremant de Loire é elaborado pelo método tradicional, tendo a Chenin Blanc como protagonista e, como coadjuvantes, a Chardonnay e Cabernet Franc, eventualmente as uvas Gamay e Pinot, da região de Touraine e Anjou-Saumur. Uma bela, e bem mais econômica, opção aos caros Champagnes.

No total, são mais de 70 AOCs gerando vinhos dos mais diversos, mas mantendo um traço característico da região que é a boa acidez dos vinhos. A região divide-se em três ou quatro sub-regiões, dependendo do autor consultado. Eu adotei a teoria das quatro sub-regiões, Leste, Touraine, Anjou-Saumur e Paix Nantais ou Oeste por achá-la mais detalhada. Os que adotam três, na verdade, só juntam as regiões de Touraine e Anjou-Saumur em uma só.

 

 

 

Cada região produz um estilo de vinhos próprios em que uvas diferentes protagonizam produtos bem distintos, com características de envelhecimento muito peculiares. Para facilitar o entendimento, optei por colocar essas principais diferenças e informações numa tabela:

 

Sub-Região

Principais Apelações

Uvas e Estilo de Vinhos

Idade Ideal de Consumo e Características

Paix Nantais (Oeste ou Loire Atlantique)

Sévre-et-Maine, Cotes de Grand Lieu, Coteaux de la Loire.

Branco seco à base de Muscadet, não confundir com Moscatel que é doce. 

Vinhos alegres, fáceis de tomar,muitas vezes vinificados “Sur Lie”. Perfeito com frutos do mar. Para tomar jovem até dois, máximo três anos.

Touraine

Bourgueil

Tintos de Cabernet Franc eventualmente com corte de Cabernet Sauvignon.

Vinhos para serem tomados jovens, com até dois anos de idade, eventualmente três.

Chinon

Tinsos elaborados, quase que exclusivamente, com Cabernet Franc.

Dos melhores tintos da região para serem tomados entre 3 a 5 anos e, os melhores, podem envelhecer por até 10 anos.

Vouvray

Chenin Blanc, vinhos brancos secos, demi-sec e doces.

De 5 a 6 anos os mais simples e, os melhores, até 20 anos.

Anjou-Saumur

Coteaux du Layon, Bennezaux e Quarts de Chaume

Chenin Blanc, básicamente vinhos brancos doces.

Podem ser tomados jovens, mas crescem em complexidade após cinco ou seis anos podendo durar décadas. Divinos vinhos de grande qualidade e excelente relação acidez x doçura.

Savenniéres

Chenin Blanc, vinhos brancos secos, austeros, de grande frescor e complexidade.

Vinhos que necessitam de 2 a 3 anos para começar a mostrar todo o seu potencial e qualidades. Guarda por volta de 10 anos, mais nos grandes vinhos.

Rosé d’Anjou

Vinhos Rosés elaborados principalmente com Grolleau e cortes com Cabernet Franc e Gamay.

Vinhos rosados, normalmente fracos, ralos e ligeiros para serem tomados em 1 ou 2 anos de engarrafado.

Centro (ou Leste)

Sancerre

Sauvignon Blanc

Vinhos francos e diretos, muito frutados e perfumados. Para ser tomado jovem, até 2 anos, eventualmente 3, do engarrafamento.

Pouilly-Fumée

Sauvignon Blanc

Vinhos delicados de grande intensidade aromática, acidez e mineralidade. Bastante complexo na boca. Melhor se tomado entre 1 a 3 anos da safra.

Falando de Vinhos  07/2008

 

Em sendo as safras um importante fator na qualidade dos vinhos da região, como na Borgonha, achei que seria interessante listar as grandes safras a serem procuradas. Excepcionais foram as de 1996, 2002 e 2005, mas a natureza tem  sido bastante pródiga e as safras de 1994, 1995, 1997, 2000, 2001, 2003 e 2004 também foram boas. Se forem vinhos de bons produtores, então não tem erro, aproveite e delicie-se. Como exemplo, cito a diferença de preço e pontuação do Quarts de Chaume de Baumard na Mistral. A safra de 2000 com 93 pontos na Wine Spectator está por cerca de R$147,00 enquanto a de 2005 com 98 pontos está por R$230,00 e o de 2006 por R$260,00. De resto, só me resta recomendar aos amigos a navegação e garimpo por vinhos brancos desta região. São, efetivamente, vinhos de grande qualidade e sedutores que merecem ser conhecidos. Eu me encantei pelo frescor e mineralidade destes vinhos assim como por sua complexidade e intensidade aromática.

Salute e kanimambo.

França – Bourgogne, Loire e Cotes-du-Rhône. Vinhos que Tomei e Recomendo – III

Cheguei ao final de meus posts sobre os vinhos que tomei e aprovei nesta minha viagem pelos vinhos da França. Foram dois meses de muito prazer, algumas desilusões, uma ou outra frustração e diversos ótimos achados. Nas regiões da Borgonha, Loire e Rhône, como aconteceu quando falei sobre Bordeaux e Languedoc, a faixa de R$50 a 80,00 é tão fértil, que sobra pouco espaço e disponibilidade financeira para viajar além. Os próprios parceiros trabalham mais esta faixa, então fica mais difícil provar vinhos de maior envergadura, chamemos assim. Todavia, alguma coisa provei e muitos são verdadeiros néctares, alguns imperdíveis. Para finalizar estes posts, dividi este em duas partes; a da faixa de R$80 a 120,00 e uma outra com valores acima disto. Vamos lá, falemos dos vinhos!

De R$80 a 120,00 alguns vinhos de tirar o chapéu a começar pelo Loire com três magníficos e exuberantes vinhos, um ótimo vinho do Rhône e dois da Borgonha;

LoireMademoiselle T 06 Pouilly-Fumée* (Decanter), nenhum outro Sauvignon Blanc terá a mínima graça depois de provar este vinho. Daqueles vinhos que uma pessoa não sabe se funga ou se bebe! Uma paleta aromática de grande intensidade e complexidade, absolutamente sedutora que nos faz abrir um enorme sorriso. Na boca é de um enorme frescor, intenso, frutos cítricos, uma boa dose de mineralidade em perfeita harmonia e elegância. Um vinho inesquecível e apaixonante. Ainda nesta linha, um delicioso Acquarelle Pouilly-Fumée 06 de Pascal Jolivet ( Mistral) muito suave, sem a mesma pujança que o anterior, mas apresentando uma delicadeza muito especial com um final de boca longo e prazeroso. Com a uva Chenin Blanc, um exuberante vinho produzido por uma das principais e prestigiadas vinícolas da região, a Hüet, É o Vouvray Séc Le Haut Lieu 2005* (Mistral), um grande vinho de um nariz estupendo em que sobressaem frutas brancas tipo maça verde e pêra, ótima acidez, cheio na boca, seco no ponto certo, um vinho extremamente saboroso, de grande qualidade e persistência que certamente elevará qualquer refeição à quase perfeição. Dizem que cresce com mais uns cinco ou dez anos na garrafa, será? As minhas, quando as tiver, não agüentarão tanto tempo, pois não tenho tanta força de vontade assim!

Cotes-du-Rhône – Não tomei muitos nesta faixa de preços e, um em especial me cativou e me encantou, Rasteau Village 05 de Domaine la Soumade 05* (Zahil), um corte de 80% Grenache com 10% cada Syrah e Mourvédre que resulta num belíssimo vinho com um nariz não muito intenso. É daqueles vinhos que cresce assustadoramente na boca com forte presença da uva Grenache que lhe traz intensa fruta vermelha, boa acidez, taninos finos e elegantes, denso, de corpo médio com um longo e suculento final de boca com leves toques de especiarias. Beleza de vinho que, certamente melhorará ainda mais com um ou dois anos de garrafa.

Borgonha – Afora os tintos, finalmente o meu primeiro Chablis um dos meus vinhos brancos preferidos. Lamentavelmente, por seus preços serem bastante caros, provei poucos dos que há disponíveis no mercado. Quando viajava, mais assiduamente, internacionalmente, volta e meia encontrava algumas boas oportunidades e comprava umas duas ou três garrafas, porém, a maioria, não estão disponíveis no mercado. Vi diversas opções mais baratas em catálogos, mas este Chablis 1er Cru Montmains do Domaine Race 05 (Nova Fazendinha-RJ) foi um verdadeiro achado. Muito bom, ótima cremosidade, acidez adequada, médio corpo, na boca é complexo, de boa estrutura e muito saboroso. Para ser exuberante falta-lhe, em minha opinião, aquela mineralidade presente nos grandes vinhos desta região, Agora, pelo preço, em torno de uns R$80,00 no Rio de Janeiro, é imbatível. Dos tintos, um excelente, talvez o melhor de todos os Borgonhas genéricos que tive a oportunidade de provar, o Bourgogne Pinot Noir 05 de Olivier Leflaive* (Wine Premium) produzido na região de Cotes de Beaune. Faz lembrar alguns Villages, parece um vinho mais evoluído, com uma linda cor ruby, brilhante e límpida como só um Pinot de qualidade possui. Um nariz muito elegante, aliás como tudo neste vinho, em que se destaca uma fruta vermelha (Ameixa?) fresca e leves toques florais. Na boca é de médio corpo, sedutor, taninos finos e aveludados, um vinho realmente encantador e de boa persistência.

 

 

Acima de R$120,00 o céu é o limite o que, na Borgonha, nos leva a preços realmente estratosféricos. Mas também não exageremos, há muitos rótulos deliciosos e exuberantes entre todos aqueles que já apresentei nestes posts de Tomei e Recomendo na França. Não reconhecer, todavia, que esses são grandes vinhos e verdadeiros néctares é impossível, pois seria negar o óbvio. Quanto maior for o preço, melhor o vinho, certo? Bem, deveria ser sim, aliás, se espera isso de um vinho de alto preço, mas não necessariamente. Nestas degustações que tive, provando vinhos da França, provei vinhos bastante caros que, na minha humilde opinião, eram bem aquém do esperado, inclusive de vinhos bem mais em conta. Os que aqui listo, foram os que mais se destacaram e que acho, havendo caixa, são imperdíveis e vinhos inesquecíveis. Nestes casos, pela simples questão de que, tivesse eu essa capacidade financeira, os poderia tomar sempre, não há preferidos e não há asteriscos. Como não são muitos, não os dividirei por região e darei idéias de preços, vamos lá.

Dois brancos excepcionais, um da Borgonha e outro do Loire. Aligoté de Bouzeron 05 do Domaine Aubert et Pamela Villaine (Expand) um projeto biodinâmico da mesma família que controla o famoso Domaine de Romanée-Conti. Um vinho realmente excepcional e surpreendente para uma cepa que não é das mais conceituadas. Este 2005 tem uma tendência de maior cremosidade, enquanto o 2006  puxa mais para um frescor, algo mais jovial e “irrequieto”, se é que um vinho pode ter esse perfil. Em qualquer um dos dois, uma elegância impar, extremamente complexos, muito aromáticos e de grande harmonia com um toque mineral absolutamente cativante que ajuda a arredondar a acidez bem acentuada. Um belo vinho por um preço condizente com o que é oferecido, R$138,00. O vinho do Loire é um dos melhores vinhos que já tive a oportunidade de provar e, certamente fará parte de minha adega muito em breve. Quarts de Chaume de Domaine Baumard (Mistral), um vinho de reflexão, uma verdadeiro elixir dos Deuses, sob o qual já tive o prazer de escrever e descrever a enxurrada de emoções e sensações que me causou. Propositalmente não mencionei a safra, porque pouca diferença deve fazer já que todas as avaliações lhe dão 90 pontos ou mais. Eu não sigo muito esse negócio de notas, mas elas ajudam a nos mostrar tendências, o que ocorre neste caso. O preço varia de algo ao redor de R$150,00 para o de safra 2000, até R$260,00 para o da safra 2006 que, dizem, está excepcional e levou 98 pontos da Wine Spectator enquanto o da safra 2000 teve “somente míseros” 90 pontos!. Eu provei o de safra 2003 e até agora não me recuperei, uma incrível experiência. Este é para quem não gosta de vinhos doces, para aniquilar com seu preconceito, e para o deleite daqueles que gostam.

            Três Borgonhas de grande qualidade, dois dos quais do mesmo produtor, Philippe Bouchard. Primeiramente o excepcional  Savigny-lès-Beaune, 1er Cru Clos de Guettes 03 (Vinea Store) que é difícil de descrever. Tentei fazê-lo em um post específico, não sei se consegui, mas resumindo em poucas palavras é mais um daqueles vinhos que você não sabe se ”funga” ou toma e, na boca, é a personificação da elegância, um maravilhoso e inebriante néctar, sonho de qualquer enófilo. Por R$276,00, é um achado perto de outros que há por aí. Não é para todos, mas para quem pode pagar esse preço por um vinho e tem uma queda por vinhos sedutores, a escolha é esta! O primo mais novo deste vinho, é o Hautes Cotes-de-Nuits 05 (Vinea Store) que provei na Expovinis e, mesmo com já diversas provas nas costas nesse dia, fui surpreendido por este vinho, também produzido por Philippe Bouchard, e mais uma vez me senti “fisgado”. Não tem a mesma intensidade aromática e complexidade do Savigny, mas é um vinho que ainda te seduz pelo nariz. Depois, na boca, só vem confirmar as promessas olfativas resultando num vinho muito equilibrado, de taninos finos e boa acidez, num conjunto muito redondo e saborosíssimo final de boca de longa persistência. Um vinho encantador e muito, mas muito agradável por um preço que, acho, já dá para aprontar uma estripulia, R$133,00. Um outro grande vinho que tive o privilégio de degustar, foi o Nuits Saint Georges 05 de Corton-André (Fasano), um vinho de grande sutileza, suave mas repleto de sabor e aromas complexos. Grande harmonia, taninos elegantes e aveludados, vinho que encanta e seduz, mas o preço é bem salgado, R$539,00.

            É isso meus amigos, daquilo que provei, o que listei foram os vinhos que mais me encantaram e me despertaram sensações muito prazerosas. Acho que é para isso que o vinho existe, para nos dar prazer e, com maior ou menor intensidade, foi isto que senti ao degustar estes vinhos. Salute, bom proveito e, ao longo da próxima semana falaremos um pouco sobre a região do Loire e do Cotes-du-Rhône, haverão posts com as Boas Compras que nossos parceiros destacarão e sempre alguma coisinha mais. Nos vemos por aqui.

Salute e kanimambo.

 

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França – Bourgogne, Loire e Cotes-du-Rhône. Vinhos que Tomei e Recomendo – II

 

 

              Bem, depois de um inicio tímido nas faixas mais baixas de preços, apesar de alguns belos vinhos, verdadeiros achados, chegamos naquela faixa em que a busca já encontra um numero maior de opções e, normalmente, damos um pulo de qualidade. A partir da faixa de preços de R$65,00, já começamos a encontrar algumas boas opções de Borgonhas, num emaranhado de rótulos. Neste caso são os genéricos, mas não por isso menos bons. Na lista abaixo, alguns belos vinhos também do Loire que insisto que provem, são vinhos brancos diferenciados e intensos, pois mudam a nossa forma de ver este estilo de vinhos. Finalmente, os vinhos das Cotes-du-Rhône com sua enorme diversidade de estilos e produtos com ótima relação Qualidade x Preço x Satisfação.

Nesta faxia de R$50 a 80,00, provei alguns vinhos de muito boa qualidade que posso recomendar com uma certa tranqüilidade. Marquei com um asterisco, aqueles que mais me encantaram e se tornaram objeto de desejo.

               Loire – O Jardim da França e o berço de deliciosos vinhos brancos. Os bons tintos são elaborados à base de Cabernet Franc, mas não tive a oportunidade de provar nenhum. Mesmo dos brancos, não foram muitos, mas foram muito bons! Nesta faixa de preços consegui listar três vinhos com três estilos diferentes. Primeiramente, um vinho surpreendente e “Três Délicieux”, o Cheverny Le Vieux Clos 06* (Decanter) um saborosíssimo corte de Sauvignon Blanc com um tempero de 15% de Chardonnay, que faz toda a diferença. Médio corpo, harmônico, complexidade de aromas e na boca é uma cativante “mistura” de sabores e sensações com o frescor da Sauvignon Blanc e a cremosidade e riqueza do Chardonnay, belo e encantador vinho. Um puro Sauvignon Blanc 05 de Domaine Fournier Pére et Fils* (Expand) de ótima acidez, paleta aromática de boa intensidade com nuances florais, elegante com um saboroso final de boca. Mudando radicalmente, um Coteaux du Layon Carte D’Or 04 de Domaine Baumard* (Mistral) o papa dos vinhos doces da região. Elaborado com Chenin Blanc, é um vinho encantador e sensual. O correto equilíbrio da doçura com a acidez, forma um conjunto muito fácil de beber, é suave convidando á próxima taça e, se não se prestar atenção, vai uma garrafa, fácil, fácil! Não tem a intensidade de seu irmão maior (Quarts de Chaume), mas é um achado pelo preço.

 

 

 

 
 
 

 

                BorgonhaExistem uma série de Pinot Noirs básicos, ou genéricos, no mercado. Aqueles que conhecemos como Bourgogne Rouge ou Bourgonge Pinot Noir. Entre os muitos rótulos desta faixa de preço no mercado, talvez o que mais me tenha encantado, seguido de perto de mais uns dois, tenha sido o Bourgogne Rouge de Bouchard Pére et Fils* (Grand Cru Granja Viana) que apresentou maior tipicidade, boa intensidade de aromas e sabores, é elegante, suave e complexo formando um conjunto muito agradável de tomar. Perto deles, realmente perto, mais dois rótulos que me fizeram sorrir bastante, o Albert Bichot Vieilles Vignes 05* (Expand) mostrando boa fruta madura no nariz, com nuances florais, harmônico e saboroso final de boca com taninos aveludados e o Joseph Drouhin Bourgogne Rouge 05* (Mistral) que apresenta bastante frescor, maciez e nuances florais ao nariz. Fora esses Bourgogne Rouge de muita qualidade, me deliciei com alguns outros vinhos bastante interessantes como; Mercurey Croix Jaquelet Rouge 05 (Mistral) da Domaine Faiveley na Cote Chalonnaise, um vinho de características mais fechadas, mas de grande equilíbrio e muito rico na boca, o Hautes Cotes de Baune Clos de la Perriere 05* (Nova Fazendinha – RJ) uma verdadeiro achado, pleno de frescor, complexidade e longo final de boca e o Louis Jadot Convent des Jacobins Rouge 04 (Mistral), nariz intenso com frutas vermelhas, leve para corpo médio, bem equilibrado e final de média persistência.  Para finalizar os tintos, o surpreendente e delicioso Morgon Domaine La Beche 05* (Nova Fazendinha – RJ) de Olivier Depardon um 100% Gamay que é para arrebentar com todos os possíveis preconceitos para com essa uva. Como todo o vinho elaborado à base de gamay, este tem um nariz muito frutado e de enorme frescor, mas tem muito mais; tem boa estrutura, acidez, taninos finos e macios e um saboroso final de boca. Nos brancos, difícil encontrar vinhos desta região nesta faixa de preços, mas consegui! Um vinho de boa mineralidade e leve floral num conjunto bem balanceado e bastante agradável é o Albert Bichot Chardonnay Vieilles Vignes (Expand) que tomei há uns três anos. No evento Mistral, tive a oportunidade de provar um Convent des Jacobins Branco 06 de Louis Jadot e, apesar de ter perdido minhas notas, me lembro que foi um vinho que me agradou bastante, apresentando boa cremosidade e boa intensidade olfativa de aromas cítricos, que foi o que mais me marcou.

               Cotes-du-Rhône – Algumas belezinhas que valem muito a a pena. Entre eles, dois em especial me chamaram muito a atenção. Começando pelo Cotes-du-Rhône Village 04 do Domaine de la Renjarde* (Nova Fazendinha – RJ) um corte de Grenache (maior parte) com Syrah, Carignan, Cinsault e Mourvédre que é um vinho encantador e cativante de bom nariz que aponta para frutas vermelhas frescas, na boca é redondo, macio com taninos finos muito bem equacionados, persistência média, saboroso, um vinho que dá muito prazer de tomar e agrada fácil. Um pouco mais sério, denso e cheio na boca o Cotes du Rhone Rouge 04 de E. Guigal (Expand) um conceituado produtor da região que elabora este vinho com um corte de Syrah e Grenache. O 2004 é a safra que está disponível, mas eu realmente provei o 2003 na casa de um amigo há cerca de um ano. Aquele estava muito bom, médio corpo para encorpado, mas com muita elegância, taninos finos e aveludados com boa acidez e longo final de boca com um retrogosto de especiarias. Dizem que o 2004 está um pouco mais tânico, encorpado e firme, mas igualmente bom. O divino Saint Joseph Deschants Rouge 04* (Mistral) de M. Chapoutier, produtor biodinâmico, é um vinho de boa complexidade que surpreende (o 05 está mais caro). Nariz complexo que apresenta nuances florais. Na boca é delicioso, denso, boa estrutura, muito harmônico, enchendo a boca de prazer com um longo final de boca em que aparecem as especiarias típicas da casta Syrah e uma certa mineralidade. Mais fácil, mas igualmente saboroso é o Cotes-du-Rhône de Philippe Bouchard 06* (Vinea Store), pronto e muito agradável de tomar. Um corte elaborado com Grenache, Syrah e Cinsault, que exala aromas de frutas vermelhas, na boca se mostra carnoso, médio corpo, taninos presentes bem equacionados mostrando que pode melhorar na garrafa apesar de já estar pronto para beber. O final é longo, muito saboroso, levemente apimentado.

 

 

               Como sempre digo, esta faixa de preços tem uma vastidão de rótulos de grande qualidade e é onde se encontram os melhores custo x beneficio do mercado, independentemente de origem. Na França, não é diferente! Na Sexta-feira listo alguns néctares que se situam em faixas de preço acima de R$80,00. Não são muitos, mas para que tenha a disponibilidade financeira, asseguro que são vinhos de grande qualidade, alguns inesquecíveis. Até lá, salute e kanimambo.

 

  

 

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França – Bourgogne, Loire e Cotes-du-Rhône. Vinhos que Tomei e Recomendo – I

            É meus amigos, seguimos na França neste mês de Julho, só que falando de três outras regiões em que se destaca a Borgonha (Bourgogne). Mas a França não é só Bordeaux e Borgonha ou Champagne, como já vimos no mês de Junho com o Languedoc-Roussillon, é também a elegante e deslumbrante região do Loire e o complexo emaranhado de sub-regiões de Cotes du Rhône com seus deliciosos vinhos e preços competitivos. São estas a três regiões que veremos em maior detalhe ao longo deste mês de Julho no blog. Também, al longo do mês, uma lista de rótulos que provei e aprovei, porém com preços, lamentavelmente, um pouco mais altos do que gostaríamos assim como alguns bons destaques que nossos parceiros estarão ressaltando em Boas Compras.

           A Borgonha é o berço da Pinot Noir, região em que apresenta todo o seu esplendor, o mesmo ocorrendo com a Chardonnay. O clima é instável e as uvas difíceis de viníficar, razão pela qual as safras são importantes nesta região. Os tintos são menos tânicos, devendo ser tomados levemente refrescados em torno de 15 a 16º. Os bons; são vinhos sensuais, de extrema elegância e apaixonantes, produzidos em pequenas quantidades por um grande numero de produtores e alguns importantes negociantes. São vinhos cobiçados no mundo inteiro e, conseqüentemente, caros. Diferentemente de Bordeaux, aqui os vinhos são, essencialmente, varietais de Pinot Noir (tintos) e Chardonnay (brancos) exceção feita à sub-região de Beaujolais em que a Gamay, que gera vinhos muito frutados e leves, tem forte presença.

           O Loire é o paraíso dos vinhos brancos e onde tanto a Sauvignon Blanc quanto a Chenin Blanc produzem grandes vinhos como os da sub-região de Vouvray, Pouilly-Fumée e Quarts de Chaume. Nos tintos, seus principais vinhos são elaborados como varietais de Cabernet Franc. Uma região linda, repleta de castelos e mosteiros, conhecida como Jardim da França, tendo sido reconhecida como Patrimônio da Humanidade. Uma região a ser prospectada e seus vinhos garimpados. Brancos exuberantes, que precisam ser conhecidos. Nossa visão e opinião sobre vinhos brancos, muda depois que percorremos os caminhos do Loire, acredite-me.

            Cotes-du-Rhône, dividido entre o Norte e o Sul, com características bem diferenciadas, é, junto com o Languedoc, a região onde, entre grandes e caros vinhos como os Hermitage, Cote-Rotie, Vaqueyras e Chateauneuf-du-Pape, encontramos alguns belos vinhos por preços bem acessíveis. Ao Norte uma maior presença de Syrah e Viognier enquanto ao Sul, uma maior preponderância de Grenache, Mourvédre, Cinsault e Carignan. Do Norte, talvez a sub-região mais famosa seja a de Cote-Rotie com incríveis vinhos elaborados com Syrah e uma parte (máximo 20%) de Viognier, uma cepa branca, e no Sul, o Chateauneuf-du-Pape, tanto branco como tinto, em que podem ser usadas até 8 cepas diferentes no assemblage do tinto e seis no branco.

            Dos vinhos desta região que tomei e recomendo, os mais acessíveis vêm da Cotes-du-Rhône, mas os grandes néctares, tenho que reconhecer, vêm da Borgonha e com os preços lá em cima. Por outro lado, foi também nesta mesma Borgonha, e em Bordeaux, que mais tombos tomei. São vinhos complexos, difíceis, caros e nem sempre estão à altura da fama. Acredito que consumir e aprender a apreciar estes vinhos, é coisa para quem entende ou tem bolso farto resistente a tombos das mais diversas alturas. Minha sugestão; participe de degustações e vá conhecendo estes vinhos e suas nuances, descubra o seu estilo e treine seu paladar, depois saia comprando. Do Loire, uma grande surpresa com brancos deliciosos, sutis e elegantes. De qualquer forma, eis aqui as minhas recomendações, com asterisco os meus preferidos, daquilo que tomei e posso, tranqüilamente, recomendar como vinhos saborosos de boa qualidade. Vamos lá, vamos aos vinhos!

 

 Até R$30,00 – Que eu conheça, nenhum em especial que possa recomendar como uma boa compra. Talvez alguns Beaujolais, mas que não me agradaram tanto em função da uva Gamay que produz vinhos muito leves e meio ralos. Na maioria das vezes, melhor comprar um vinho Nacional, Argentino ou Chileno, que provavelmente lhe trarão mais prazer e satisfação. Se quiser garimpar e explorar este segmento de vinhos Franceses, eis três opções de fácil obtenção em supermercados e casas do gênero, os vinhos de Abel Pinchard, que é razoável dentro de seu estilo, e estes outros dos quais recebi boas indicações, mas que não conheço; Lês Celliers de Sichel e Masson-Dubois, ambos vinhos das Cotes-du-Rhône.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

De R$30 a 50,00, ainda modesta a quantidade de rótulos e nenhum da Borgonha, a não ser um único Beaujolais (erroneamente inserido como Cote-du-Rhône na coluna do jornal) que só começam a aparecer a partir de R$65,00. Nesta faixa, as grandes estrelas são mesmo os vinhos das Cotes-du-Rhône e “um” achado da sub-região de Vouvray no Loire.

           Cotes-du-Rhône – Alguns deliciosos achados por preços muito bons, começando pelo saboroso, leve e alegre Saint Esteves D’Uchaux* 05 (Zahil/Portal dos Vinhos), de muito bom preço e fácil de agradar, e os elaborados e ricos Les Chévrefeuilles * 05 (De la Croix), delicado, elegante e fresco, e o Belleruche Rouge* 05 (Mistral), mais encorpado, boa estrutura, média persistência e, certamente, um belo acompanhamento para uma carne assada com batatas. Todos verdadeiros achados num emaranhado de rótulos. Mas existem mais vinhos de boa qualidade e, entre eles; o Parallel 45 Rouge 05 (Mistral), um vinho bem conhecido e muito constante ano após ano, o Village Baumes de Venise 04 (Mistral) saboroso e equilibrado e, finalizando, o Cotes-du-Rhône Village de Louis Bernard 04 (World Wine), bastante harmônico e cheio na boca com taninos finos e elegantes. 

            Vouvray – Guy Saget é um produtor de grande qualidade que nos traz este Vouvray 06* (Mistral), um vinho branco “off dry” elaborado á base de Chenin Blanc. Um vinho branco especial, diferente e ótimo para tomar como aperitivo, acompanhando um curry, um fricassé de frango ou, quem sabe, um lombo agridoce. Um verdadeiro e delicioso achado que me encanta por fugir ao lugar comum e, ainda por cima por este preço! Difícil encontrar um vinho deste nível, desta região e desta qualidade dentro desta faixa de preços. Um achado em todos os sentidos.

           Borgonha – o Beaujolais Village Domaine La Beche Oliver Depardon 05 (Nova Fazendinha – RJ), um gamay mais encorpado, médio corpo e evoluído, de boa tipicidade da região mostrando boa fruta, frescor e taninos macios num final de boca bem agradável.

           Nos próximos posts veremos os vinhos acima destas faixas de preços. Enquanto isso, deliciem-se com alguns destes saborosos rótulos e de bom preço, em função do binômio Qualidade x Prazer ofertado.

Salute e kanimambo.

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Região Vinícola da Borgonha – II

Este post era para ser publicado ontem, mas compromissos familiares me impossibilitaram de finalizá-lo, depois conto. A classificação dos vinhos da Borgonha segue um conceito bem diferenciado do que vimos em Bordeaux e foi, primeiramente, implementada em 1861, com uma revisão em 1935 quando da criação do INAO. Em Bordeaux a classificação é dada para o Chateau/Produtor que tem sua qualidade historicamente reconhecida. Aqui, o que vemos é que vinhedos são classificados, e, como mencionado no post anterior, um vinhedo pode ter diversos proprietários e produtores podendo, e efetivamente ocorre, gerar enormes diferenças de qualidade dentro da mesma apelação (Appelations). Mais do que qualquer outra região, aqui há a absoluta necessidade de se guardar nome e sobrenome do produtor, pois na mesma familia e na mesma comuna podem existir três ou quatro produtores diferentes com nomes muito similares. Gostou do vinho, faça seu registro! Vejamos agora as mais importantes classificações encontradas na região;

  •  Bourgogne Rouge – É o vinho tinto genérico, ou regional, essencialmente elaborado com 100% de uvas Pinot Noir, exceção feita a algumas poucas comunas onde se permite um corte com Gamay. Produzido com uvas de qualquer lugar da região, são vinhos nem sempre à altura do nome, porém existem alguns bons rótulos no mercado, que tive a oportunidade de provar e estarei comentando em meus Posts de Tomei e Recomendo. Estes melhores, estão prontos a tomar entre dois a três anos e não devem envelhecer muito, no máximo uns cinco ou seis anos. No rótulo podem também aparecer como “Bourgogne Pinot Noir ou Pinot Noir Apellation Bourgogne Controlée”
  • Bourgogne Blanc – Elaborado com100% Chardonnay, também de qualquer lugar da região,  a base da pirâmide dos vinhos da Borgonha, vinhos genéricos ou regionais.  Vinhos que não necessitam de tempo em garrafa e possuem uma vida “útil” de estimada em cerca de três a quatro anos.
  •  Bourgogne Aligoté – Produzido com a uva Aligoté, gera alguns bons vinhos especialmente em Bouzeron.
  •  Bourgogne Passe-tout-Grain, um vinho não muito elaborado, normalmente um corte de Pinot com Gamay, não muito comum por aqui e, normalmente caro para a qualidade. Vinho para ser tomado novo.
  •   Village – São vinhos advindos de uvas cultivadas no planalto que antecede as encostas e, normalmente, o rótulo indica tão somente o nome da comuna. Presumidamente, um nível de qualidade acima dos vinhos regionais e o preço já começa a ficar salgado. Garimpando, se encontram bos vinhos por preços relativamente acessíveis.
  •  Premier Cru, a elite dos vinhos da Borgonha dos quais existem mais de 560 em toda a região e obedecem a regulamentação específica. As uvas são plantadas no  inicio da encosta. O preço já pesa bastante no bolso e não é para qualquer um. Saul Galvão, em seu livro Tintos & Brancos, ressalta que, devido ao sistema de classificação adotado, existem muitos vinhos neste grupo que muitas vezes decepcionam embora o preço siga caro. Ou seja, a classificação indica qualidade, não a garante. Pesquise!
  •  Grand Cru, a elite das elites existindo somente quarenta e uma em toda a região, das quais sete em Chablis e trinta e quatro na Cote D’Or. Esta classificação, na Cote D’Or, está geográficamente localizada no meio da encosta, onde obtém a melhor exposição solar, o terreno possue maior drenagem e as condições de solo (Calcário/Marga) ideais. Tanto os vinhedos Premier Cru, quanto os Grand Cru, são plantados nas encostas voltadas para o Leste. Estes Grand Crus são os vinhos mais caros da região, sendo poucos os que têm possibilidade de os comprar e apreciar.
  • Hautes Cotes de Nuit e de Baune. As zonas das encostas voltadas ao Oeste, protegidas por alta arborização. Região difícil devido à menor insolação dificultando a amadurecimento e mais sujeito a geadas. Um pouco acima do nível de qualidade dos genéricos, próximo aos Village, dependendo do produtor e da safra.

Cerca de 65% dos vinhos são de classificação genérica ou regional, 23% de Village, 11% de Premier Crus e somente 1% de Grand Cru. O livro Larousse do Vinho, uma obra de consulta importante para os enófilos terem em casa, mostra bem o corte geológico e posicionamento das classificações nas encostas. Tomei a liberdade de pegar a imagem emprestada;

 

 

 

Em Beaujolais, a relação qualidade / classificação é ainda mais difícil já que, a aplicação da classificação é feita por comuna. De qualquer forma, esta sub-região tem uma classificação diferenciada do restante da Borgonha;

  •   AOC Beaujolais, vinhos advindos de qualquer das sessenta comunas da região. Normalmente são os vinhos mais fracos, leves, alguns até meio ralos. Dependendo do que se quer, podem ser companheiros baratos e frescos, devendo ser tomados refrescados a cerca de 14º e sem compromissos nem grandes expectativas. O Beaujolais Noveau é uma variante desta classificação e é, basicamente, uma grande jogada de marketing como já mencionei no post anterior sobre a região.
  •  Beaujolais Superieur, em principio pouca diferença do AOC Beaujolais, exceção feita à exigência de um maior teor alcoólico. Vinhos simples.
  •  Beaujolais Village fica reservada às 38 comunas da metade norte desta sub-região, onde já se encontram melhores vinhos devido à maior densidade de vinhedos e um subsolo granítico. Representa aproximadamente 25% do total da produção.
  • Crus, seguem sendo vinhos bem mais acessíveis que o restante da Borgonha, porém já possuem um outro nível de qualidade, maior estrutura e intensidade de sabores e aromas do que os Beaujolais mais comuns.  Entre estas cerca de 10 Crus, que aqui são indicativos de 10 comunas situadas no norte, algumas se destacam como; Moulin-a-Vent, Fleurie, Morgon, Brouilly, Juliénas e Saint-Amour todos com vinhos mais elaborados e com maior potencial de guarda podendo evoluir até quatro, cinco anos ou até mais, em especial os primeiros três aqui citados, quando tendem a se assemelhar aos vinhos elaborados com Pinot Noir. Alguns dos vinhos que Tomei e Recomendo, vêm desta região e surpreendem.

É isto meus amigos, na Segunda-feira publicarei meu primeiro post do mês com vinhos destas regiões que provei e aprovei e, no decorrer da semana, darei seqüência com as outras regiões tema deste mês assim como mais Tomei e Recomendo e também destaques de Boas Compras de nossos parceiros e amigos do vinho.

Até lá, salute e kanimambo!