Região Vinícola de Borgonha – I

Este segundo mês Falando de Vinhos e Regiões da França, nos traz à Borgonha (Bourgogne), uma região pequena de somente cerca de 51 mil hectares dos quais, 23 mil na sub-região de Beaujolais (menos nobre) resultando em apenas cerca de 28 mil que são distribuídos por todos as outras sub-regiões. É um retalho de pequenas micro-regiões (mais de 100 AOCs),  pequenos produtores, cooperativas e negociantes. Quando um vinhedo pertence a um só dono, é denominado Monopole. Por outro lado, existem vinhedos, como o de Clos Vougeot, que possui 51 hectares dividido entre 80 proprietários diferentes, cada um fazendo o que quiser com sua parcela. No total, são mais de 4300 Domaines (denominação de propiedade similar aos Chateaus em Bordeaux) dos quais 85% têm menos de 10 hectares.

É uma região que possui características climáticas muito complicadas e a sua principal uva, a Pinot Noir, que produz verdadeiros néctares, é de difícil cultura e viníficação. Aqui, mais que em qualquer outro local, a análise das safras e o terroir são essenciais para quem quer se aventurar por estas paradas. Todos os especialistas são unânimes em dizer que as diferenças entre bons e maus produtos é muito grande tornando extremamente complexa a compra destes caros vinhos. Uma boa assessoria e boas dicas de alguém em quem confiem são, mais do que nunca, uma necessidade imperiosa.

Os tintos são menos tânicos, devendo ser tomados levemente refrescados em torno de 16º. Os bons; são vinhos sensuais, de extrema elegância e apaixonantes, produzidos em pequenas quantidades, com alta demanda e preços bastante caros. As grandes uvas são as Chardonnay e Pinot Noir, com a presença de Gamay na sub-região de Beaujolais e uma ou outra micro-região em que o corte Pinot com Gamay são permitidos. É, também, a região no mundo, onde estas cepas melhor conseguem expressar toda a sua complexidade e elegância de forma inimitável. Diferentemente de Bordeaux, aqui os vinhos são, essencialmente, varietais, mas com uma diversidade de aromas e sabores impressionante devido à grande variedade de terroirs. São mais pálidos com uma certa transparência, mas não por isso menos intensos de sabores e aromas, muito pelo contrário. Considerando-se a relativa fragilidade da Pinot Noir, contrariamente a vinhos elaborados com Cabernet Sauvignon, evite decantar o vinho deixando-o evoluir na taça. Nos brancos, Chardonnay para todos os gostos, de leves, aromáticos e minerais em Chablis, até encorpados e densos como os de Montrachet. Dados estatísticos podem ser vistos nas tabelas publicadas no post “França – Regiões e Uvas”. Agora, demos uma olhada nas sub-regiões da Borgonha:

 

 

 

Chablis, (100% Chardonnay) parte mais ao norte da Borgonha, produz, para o meu gosto pessoal um dos melhores, se não o melhor, vinho branco do mundo elaborado com esta cepa. Um bom Chablis possui uma leveza, paleta aromática, frescor, maciez e mineralidade difíceis de serem imitadas, tão pouco ultrapassadas, devido às características do solo da região. Os vinhos das denominações Petit Chablis e Chablis, são mais ralos, alguns bons, mas acabam sendo caros para o que entregam e são vinhos para tomar até uns 3 anos de idade, quem sabe quatro. Já os Chablis Premier Cru e os Grand Cru, apesar de caros, o que me faz comprá-los somente no exterior, quando de eventuais viagens, onde não são exatamente baratos, porém sendo bem mais acessíveis que por aqui, são outra conversa. Os Premier Crus permitem uma guarda de quatro a sete anos, enquanto os Grand Crus permitem esticar esse período por mais uns três anos. Importante considerar estes potenciais tempos de guarda para não cair em algumas eventuais armadilhas encontradas em promoções com oferta de vinhos velhos.  Lamentavelmente, demasiado caros não sendo para qualquer bolso, mesmo os vinhos mais simples. Por sinal, minha adega está sem nenhum, não se acanhem! rsrsrs

Cote D’Or – É uma escarpa resultante de uma anomalia geológica que levou à erosão das bordas do planalto Borgonhês. Somente cerca de 50 quilômetros  de extensão, mas o mais importante, conhecido e valorizado pedaço da Borgonha. A Cote D’Or está dividida em duas micro-regiões, ao norte a Cotes de Nuits e ao sul a Cotes de Beaune. Genericamente falando, a Cotes de Nuits produzem vinhos mais estruturados e de intensidade superior, enquanto a Cotes de Beaune mostra mais elegância e frescor. Isto, porém, não é uma regra sem exceções já que Pommard gera vinhos densos, duros e tânicos que pedem tempo na garrafa para amadurecer e, no entanto, se situa em Beaune.

·        Cotes de Nuits – Quase que a totalidade de vinhos tintos e a maioria dos Grand Crus. Importantes vilarejos/comunas considerados micro-regiões são; Morey Saint-Denis, Gevrey-Chambertin, Chambolle-Mussigny, Vougeot, Nuit Saint-George, Vosne-Romanée e Echezaux.

·        Cotes de Beaune – Com cerca de 20% de produção de brancos (Chardonnay e Aligoté) a maioria dos Grand Crus brancos se encontram por aqui. Os importantes vilarejos/comunas são; Aloxe-Corton, Pommard, Volnay, Savigny-les-Baune (de onde tenho provado magníficos e exuberantes vinhos), Beaune, Mersault, Puligny-Montrachet, Chassage-Montrachet e Saint-Aubin.

São, em sua grande maioria, vinhos caros sendo difícil encontrar um vinho, mesmo que básico, por menos de R$60,00 ainda que em oferta. Os vinhos de maior qualidade já se aproximam dos R$100 e os realmente bons acima dos R$150,00 tendo o céu como limite. Um dos vinhos mais caros do mundo vem desta sub-região, é o Romanée-Conti do qual se produzem pouquíssimas caixas ao ano. Preço? A bagatela de, no mínimo, R$10.000 podendo, facilmente chegar a R$20.000. Interessante é que o maior colecionador mundial destas preciosidades é Brasileiro, vive em São Paulo e é político! Legal, não? Mais um dado interessante é que, dizem, o custo de produção equivale a algo como Euros 18 a 20 por garrafa! Na hora que cola o rótulo ……. quem sabe, um dia, consigo cheirar uma rolha!!

Cote-Chalonnaise – Uma sub-região menos valorizada, ao sul de Beaune, porém com algumas AOC’s bastante interessante e com produtos menos valorizados, porém de grande qualidade. Um exemplo é Bouzeron com deliciosos vinhos brancos elaborados com Aligoté e Mercurey com belos vinhos tintos de boa concentração e equilíbrio entre os quais um dos destaques do mês. Fora estas duas, boas opções poderão ser garimpadas em Givry, Montagny e Rully.

Mâconnais – O rótulo AOC Macon, é genérico e, de acordo com Saul Galvão, produz alguns brancos interessantes, porém seus tintos costumam ser fracos e caros para o que são.  Os Macon-Village são vinhos mais elaborados bem frutados, para serem tomados jovens sendo uma categoria bem superior. Duas outras AOC’s produzindo bons vinhos brancos são, Pouilly-Fuissé e Saint-Véran.

Beaujolais – Região que pouco tem a ver com o resto da Borgonha e é, muitas vezes, analisado como uma região independente. Comercial e administrativamente, está “amarrada” à Borgonha, mas tem terroir bem diferenciado usando, essencialmente, a uva Gamay na elaboração de seus vinhos. Dos mais famosos, bom marketing, são os Beaujolais Noveau que são distribuídos anualmente, todo a terceira Quinta-feira de Novembro, em todo o mundo, sendo vinhos para serem tomadas em até seis meses, com muita sorte um ano, devido ao tipo de vinificação adotada. São vinhos elaborados através de maceração carbônica, método de vinificação sob o qual produzirei post um pouco mais adiante. Se você vir uma oferta de Beaujolais Noveau com mais de um ano de vida, não caia nessa! São vinhos, em sua grande maioria, leves, frescos, bem frutados e joviais para tomar refrescado a 14º enquanto se traça um belo sanduba. Nada de sofisticação ou complexidade, são vinhos ligeiros e fáceis de tomar, sem grandes comprometimentos e baratos. Os melhores são os Beaujolais-Village que, normalmente, possuem um pouco mais de estrutura. Dentro da região existem os Crus, que aqui não indicam um vinhedo e sim comunas (vilarejos), e aí o papo é outro. Seguem sendo vinhos bem mais acessíveis que o restante da Borgonha, porém já possuem um outro nível de qualidade, maior estrutura e intensidade de sabores e aromas do que os Beaujolais mais comuns.  Entre estas cerca de 10 Crus, algumas se destacam como; Moulin-a-Vent, Fleurie, Morgon, Brouilly, Juliénas e Saint-Amour todos com vinhos mais elaborados e com maior potencial de guarda podendo evoluir até quatro, cinco anos ou até mais, em especial os primeiros três aqui citados, quando tendem a se assemelhar aos vinhos elaborados com Pinot Noir. Alguns dos vinhos que Tomei e Recomendo, vêm desta região e surpreendem.

Bem, por hoje é só (?!). Nesta Quarta-feira completo este post falando das denominações de qualidade usadas na Borgonha e, logo depois, o primeiro dos Tomei e Recomendo deste mês. Ao longo do mês, posts com informações sobre as regiões do Loire e de Cotes-du-Rhône. Muito trabalho, muita pesquisa e pouco tempo, mas vamos em frente!

Salute e kanimambo.

Mais Vinhos da Semana

              Bem, Vinhos da Semana realmente não são. Na verdade são vinhos, muitas vezes, efetivamente tomados num período um pouco mais longo, estando mais assim como para uns dez dias. Só que, não dá para dar um titulo de “Vinhos dos Últimos 10 dias”, ficaria uma coisa sem graça, não concordam? De qualquer forma, são os vinhos que tomo em casa e sob os quais teço as minhas opiniões, sensações e prazeres que é uma forma de compartilhar os vinhos com os amigos. Vamos lá, chega de papo e falemos de vinho.

 

 

Philippe Bouchard Syrah 06, Vin des Pays D’OC , delicioso vinho da região de Languedoc com 100% de Syrah. Vinho pronto, muito agradável, teor alcoólico comportado com 12.5º, boa concentração com uma paleta olfativa muito agradável. É fresco, equilibrado, leve para corpo médio com toques de especiarias típicos da casta e muito sabor. Taninos finos e elegantes, completam este conjunto de forma muita harmônica. Um vinho realmente fácil de agradar e fácil de harmonizar por um preço muito bom. Como sempre digo, um Syrah elegante é sempre um grande prazer tomar e este não foge à regra. Disponível na Vinea Store por R$49,00. 

I.S.P. $

 

Los Vascos Cabernet Sauvignon Gran Reserva 05, um Chileno tradicional, com um tempero de 3% Syrah e 5% Carmenére, com influência Francesa que sempre me agradou muito. Este não negou fogo, mas já tomei melhores e o 2004 é um deles. Segue sendo um vinho de bastante elegância, de médio corpo, taninos finos, porém achei, por mais que os outros digam não, que a madeira e o pimentão aparecem demais faltando-lhe harmonia. Talvez tenha faltado uma decantação, não sei. De qualquer forma, segue sendo um vinho bastante interessante, boa qualidade só que, desta vez, não me empolgou. Pode ser o vinho ou posso ter sido eu, preciso lhe dar uma nova chance, mas a principio, acho que o Reserve está melhor, mais equilibrado e custa menos. Disponível na Confraria do Queijo & Vinho por R$64,00. 

I.S.P.   

 

Duque de Beja 05, vinho Alentejano, saboroso corte de Syrah/Cabernet Sauvignon/Aragonez e Trincadeira. Bonita cor rubi com toques violáceos e boa fruta no nariz. Na boca, fruta madura de boa intensidade, macio, sem arestas, muito harmônico e de média persistência. Vinho bastante agradável, taninos maduros, doces e já equacionados, lhe dão uma personalidade muito própria. Ideal para acompanhar uma carne assada ou prato similar. Disponível na Lusitana por R$ 45,36.

I.S.P.  .  

Fincas Privadas Tempranillo 05. Este Argentino, volta e meia, aparece sob a minha mesa e não só quando o orçamento está curto não! Por vezes, gosto de tomar vinhos mais descomplicados, sem grandes compromissos e fáceis de beber. Este é meu porto seguro e um vinho que me agrada muito. Não tem um conjunto olfativo intenso, mas é agradável com bons aromas de frutas vermelhas. Na boca é um vinho suave, macio, muito saboroso, surpreendente frescor e de grande harmonia com taninos finos e um bom final de boca. As pessoas têm dificuldade em acreditar, mas tudo isso custa apenas R$13,50 a 16,00 dependendo de onde você o compra. Na Casa Palla o compro pelo preço mais baixo, mas o Carrefour e outros supermercados também o têm. Provei os outros varietais deste produtor e os achei bem mais fracos, não os recomendando. Nesta faixa de preço, este Tempranillo é campeão absoluto e harmoniza maravilhosamente com pizza, um belo hambúrguer, umas lascas de queijo, bate-papo, amigos, macarronada de Domingo, e por aí afora.  Aliás, acho que rima bem com informalidade. A dica é, deixar o preconceito de lado e se deixar surpreender provando este verdadeiro achado para seu dia-a-dia. Fiquei em duvida se era um e meio smiles ou se deveria dar-lhe dois. Ora bolas, este merece, me dá muito prazer por pouca grana, então dois smiles serão! 

I.S.P. $ $ 

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França, Bordeaux e Languedoc, Vinhos que Tomei e Recomendo – Parte III

Ficou faltando a ultima faixa de preços que tradicionalmente listo nos vinhos que tomei e recomendo, de R$80 a 120,00. Na verdade, tenho andado tão satisfeito com os vinhos na faixa abaixo que pouco tenho explorado esta. Por um lado, pelo aspecto financeiro e a diversidade de outros rótulos disponíveis no mercado e, por outro, o fato de que não tenho tido a oportunidade de provar vinhos nesta faixa. Nas degustações de que tenho participado, os vinhos ou estão abaixo ou acima destes preços. Desta faixa, apenas cinco vinhos, sendo dois de Bordeaux e três de Languedoc-Roussillon, todos abaixo de R$100,00.
Do Languedoc: Chateaux de Lascaux 2003, (Expand) Coteaux du Languedoc, um corte com preponderância de Syrah, Grenache e algo de Mourvédre elaborado na sub-região de Pic. St. Loup. Vinho com 13.5º de teor alcoólico bem equacionado, encorpado, firme, boa acidez, na boca sabores de especiarias bem presentes com algo terroso e taninos firmes. O Granoupiac Coteaux du Languedoc Rouge* 2003, (Vinea Store) é um vinho encantador, corte de 50% Syrah, 12% Mourvédre e 8% de Carignan, e um dos meus favoritos na região. Corpo médio, harmônico, fresco, com uma certa mineralidade, taninos finos, macio e redondo com um saboroso final de boca e nuances herbáceas. Da sub-região de Corbiéres vem este saboroso Chateau Camplong Cuvée Grande Piéce 2005, (Portal dos Vinhos). Corte de Grenache, Carignan, Syrah e Mourvédre tem bastante tipicidade da região. No nariz aromas tostados, na linha de café, algo de caramelo. Jovem ainda, na boca taninos finos, equilibrado, após uma hora de decanter ainda se apresentou um pouco fechado e austero, demonstrando que mais um ano ou dois de garrafa lhe fará muito bem.
De Bordeaux: Chateau Plaisance 2002 (Expand). Um Bordeaux Superieur da AOC de Margaux com 12.5º de teor alcoólico. Boa paleta aromática com fruta madura, terroso e algo de salumeria que se confirmam na boca fresca. De boa estrutura, é um vinho carnoso, encorpado, escuro, taninos um pouco rústicos, persistente com um leve amargor no final que não chega a incomodar. Chateau du Taillan 2002 (Mr. Man) é um Cru Bourgeois, vinho do Haut-Medoc. Vinho pronto, redondo, leve e agradável com seus taninos sedosos e elegantes. Um Bordeaux de bom nível, fácil de agradar, mas um pouco curto, passando rápido pela boca.

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Languedoc-Roussillon

                Languedoc-Roussillon é uma região pouco encontrada em livros sobre vinhos, especialmente dos autores nacionais. Sinal de pouco prestigio? Talvez, mas ledo engano de quem esquece esta região Francesa que produz belos e saborosos vinhos por uma fração do preço das famosas regiões produtoras, que nem sempre entregam o que prometem. Criada em 1985, é uma região em plena e constante mutação no sentido de elaboração de regulamentação e estabelecimento de novas AOCs, diferentemente de Bordeaux, que teve uma revisão em 150 anos, e Borgonha onde os produtores estão acorrentados por regulamentações muito restritivas. Bom em alguns aspectos, limitante em outros. Sendo uma das 26 regiões administrativas Francesas, geográficamente se inicia na fronteira com a Catalunha, Espanha, e vai quase até à Cote D’Azur no Sul da França. A parte mais em contato com a Catalunha, e conhecida como a Catalunha Francesa, é Roussillon que até ao século XVII pertencia aos Espanhóis.

             É a região que mais produz vinhos na França, cerca de 30%, e é, individualmente, a maior região produtora do mundo com aproximadamente 28.000 quilômetros quadrados de vinhas. Algo como duas vezes superior a toda a produção dos Estados Unidos, quatro vezes a Austrália e duas vezes Bordeaux. Até aos anos 70, a produção era bem superior à demanda, a qualidade era medíocre e os preços altos. Era mudar ou morrer e eles mudaram. Mudaram a filosofia comercial, investiram em novas tecnologias, replantaram vinhedos, substituindo cepas de baixa qualidade por outras nobres. Hoje é uma região onde se encontram ótimos vinhos com preços bem acessíveis quando comparados a Bordeaux, Borgonha, Alsácia e Champagne. Junto com Cote du Rhône, que veremos em Julho, as regiões que mais me atraem do ponto de vista da relação Qualidade x Preço x Satisfação. É aqui que os consumidores mais podem obter prazer sem que percam as calças no processo.

             São cerca de 50.000 vinhedos, 400 cooperativas (quase uma por vilarejo), cerca de 2800 produtores de vinhos produzindo aproximadamente 2 milhões de garrafas de vinho. Destas, cerca de 17% advém de regiões AOC, 15% de Vin de Table (vinho de mesa) e a maior parte, 68%, é de Vin de Pays (VdP) ou vinhos regionais. É nesta denominação de VdP que saem alguns dos maiores achados de vinhos que recomendei. Esta denominação tem de tudo, de bons, alguns ótimos e também muito vinho de baixa qualidade, porém permite que os produtores inovem e busquem fazer coisas diferentes já que têm mais liberdade quanto ás uvas que podem plantar e cortes que podem fazer. Apesar do apelo maciço a Bordeaux e Borgonha, é por aqui que nós consumidores nos podemos esbaldar, pois a quantidade de bons rótulos no mercado nos permite tomar bons caldos por bons preços sendo esta a região em que eu mais depositaria meus parcos trocados na faixa de vinhos Franceses de até R$100,00. Gosto muito do caráter e frescor dos vinhos produzidos na região. Tanto dos brancos como, especialmente, dos tintos. Os cortes com Syrah, Mouvédre, Granache e Carignan são especiais e diferenciados em função dos diversos terroirs. Na lista de Tomei e Recomendo existem alguns grandes rótulos por preços realmente muito bons. Prove!


                As principais AOCs e regiões produtoras são; Saint Chinian, Faugéres, Fitou, Corbiéres, Minercois, Banyuls (quase na Catalunha), Rivesaltes, Pic St. Loup, Coteaux du Languedoc, Cotes du Roussillon, Limoux com seus espumantes e Costiers de Nimes. Esta ultima tem uma característica muito especial, que é o fato de que mesmo pertencendo geográfica e politicamente à região de Languedoc-Roussillon, seu terroir, uvas e cortes, têm muito mais a ver com a região de Cotes-du-Rhône.

                Roussillon por sua vez, é famosa na França, não tanto por aqui, pela produção de seus vinhos “Vin Doux Naturels” (vinhos doces naturais), que de naturais não têm é nada. Embora o açúcar seja inerente à uva, o método de elaboração destes vinhos inclui a intervenção do homem que interrompe sua fermentação adicionando-lhe álcool viníco para que o vinho conserve a doçura. Os mais conhecidos são o Banyuls um vinho tinto cantado em prosa e verso como o grande acompanhante de chocolate, o Muscat de Rivesaltes que é, essencialmente, branco e o Maury tinto que é praticamente só consumido na região.

              No mês que vem falaremos sobre Borgonha, Loire e Cotes du Rhône. A partir de amanhã, uma sequência de destaques de Boas Compras que nossos parceiros disponibilizam. Alguns provei e existem belos vinhos por preços bem camaradas. Neste primeiro post, mais de vinte diferentes rótulos para você se aventurar.

França, Bordeaux e Languedoc, Vinhos que Tomei e Recomendo – Parte II

                Antes de entrar na próxima faixa de preços, queria aproveitar para fazer uma inclusão à faixa de preços de R$30 a 50,00. É que a amostra chegou tarde o que motivou atraso na prova. O vinho é, todavia, tão cativante que fiz questão de fazer esta inclusão de uma forma não habitual. De Philippe Bouchard, que também faz alguns maravilhosos Borgonhas, um delicioso Syrah* 100% Vin des Pays D’OC 2006, (Vinea) da região de Languedoc. Vinho pronto, muito agradável, teor alcoólico comportado com 12.5º, boa concentração com uma paleta olfativa muito agradável. È fresco, equilibrado, leve com toques de especiarias típicos da casta e muito saboroso. Um vinho realmente fácil de agradar e fácil de harmonizar. Agora vamos aos restantes dos vinhos provados:

De R$50 a 80,00 – Passando a barreira dos R$50,00, como na maioria dos países produtores, já se encontram vinhos de uma qualidade superior e alguns realmente muito bons e sedutores. É onde, também, encontrei o maior numero de rótulos que me encantaram, sendo poucos os que provei e reprovei.

 

 

Languedoc-Roussillon; desta região saem alguns dos melhores custo x beneficio destas listas como o A d’Aussiéres Rouge* 04 (Mistral), Chateau des Erles Cuvée des Ardoises* 04 e Domaine du Ministre St. Chinian* 04 (estes últimos dois da Zahil, também na Portal dos Vinhos) que são três opções de vinhos diferenciados entre si, mas todas apontando para um estilo de bom frescor, redondos, elegantes, que enchem a boca de prazer e gostinho de quero mais. Uma outra grande opção nessa linha de vinhos é, também, o Cuvée Marie-Gabrielle* 03 (Expand) da Domaine Cazes, um produtor biodinâmico, um vinho que me encantou. Todos rótulos para você não gastar mais de R$60,00 ou muito próximo disso, e fazer bonito.

Bordeaux; Vários bons rótulos, com vinhos de muito boa qualidade e, alguns, verdadeiros achados para esta faixa de preços, considerando-se que falamos de vinhos Franceses. Chateau Belle-Garde*05 (Nova Fazendinha – RJ) impressiona pelos aromas, muito fresco e frutado extremamente agradável e harmônico, Chateau Jealosie* 04, de boa paleta aromática, redondo, fruta madura e boa acidez e o Chateau Rocher Calon*05 (ambos Expand) mais encorpado e denso, apresentando boa intensidade de sabores e bem balanceado, o Chateau Jourdan*04 (Zahil) fácil de agradar, de corpo médio, delicado e sedutor. Mas há mais; La Reserve du Chateau Tour de Mirambeau 05 (Mistral), Chateau Bel Air Perponcher Reserve*05 (Decanter) que há tempos não tomo, mas que sempre mostrou muitas qualidades num conjunto para tomar com calma deixando-o abrir na taça, Chateau Puycarpin 05 (Zahil) Bordeaux Superieur do Sudoeste de St. Emilion que apresenta boa fruta madura, encorpado e bem equilibrado, necessitando de tempo para se abrir, Chateau Graves de Peyroutas St. Emilion Grand Cru 04 e o Chateau Molin de Castillon Medoc Cru Bourgeois*03 (os dois últimos da Nova Fazendinha) todos belos exemplares de Bordeaux, alguns já com uma certa complexidade. Uma grande pedida também, o Bordeaux Superieur Chateau Timberlay Cuvée Marie Paule Prestige* 2005 (Portal dos Vinhos/Casa Palla), vinho de grande tipicidade no nariz em que sente aromas de frutas negras e café torrado, muito bom na boca com boa estrutura, denso, harmônico, taninos finos e belo final de boca.

Para finalizar, dois vinhos que acho estarem num nível superior; O Chateau Haut Badon Grand Cru de St. Emilion *03 (Mistral) um ótimo vinho com maior participação de Merlot no corte, como de praxe na região (veja mais no post sobre Bordeaux), que gera um vinho com boa concentração, cheio na boca, acidez correta e taninos redondos de muita elegância  e o Les Granjes de Domaine Rotschild*04 (Zahil), um vinho encorpado, de boa persistência, taninos finos ainda bem presentes, mostrando enorme potencial, mas claramente necessitando de algum tempo mais na garrafa para mostrar todas as suas facetas.

              Todos vinhos que certamente agradarão. Uns mais fáceis do que outros, mas todos muito bons e, alguns achados como os; Belle-Garde, Jealosie,  Molin de Castillon, BelAir Perponcher, Cuvée Marie Paule Prestige, Haut Badon e o Les Granjes nos Bordeauxs e todos os de Languedoc acima mencionados.

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Região Vinícola de Bordeaux – II

               Como prometido, eis a segunda parte da matéria sobre a região de Bordeaux. Aqui, damos uma passada pelas principais classificações aplicadas à vinicultura da região.

AOC Bordeaux, é o Bordeaux básico elaborado com uvas de qualquer parte da região de Bordeaux, seguindo as normas da AOC, e que não tenha sido agraciado com alguma outra classificação especifica. Devem ter um rendimento máximo de 55 hectolitros por hectare e entre 10 e 13º de teor alcoólico. Alguns vinhos de boa qualidade com preços relativamente acessíveis que devem ser tomados relativamente jovens, entre três a quatro anos.

AOC Bordeaux Superieur, é a classificação um degrau acima, que cobre vinhos da mesma região, mas com maior exigência de qualidade, com redução no rendimento máximo para 50 hectolitros por hectare, mesma norma de teor de álcool e exigência de envelhecer por pelo menos 9 meses antes de ser colocado no mercado. Vinhos, normalmente, de maior qualidade, mais estruturados e concentrados, fechados quando jovens podendo ser guardados por cerca de 6 a 7 anos. Vinhos de bons a ótimos com uma enorme variação de preços, mas que ainda dá para bancar.

AOC Regional, gera vinhos normalmente melhores que o Bordeaux Superieur. Por exemplo, um vinho que contenha no rótulo a indicação de Appellation MEDOC Controllée, ou simplesmente Medoc e a denominação Appellation d’Origen Controllée  abaixo, será como um Bordeaux básico, porém produzido dentro das normas do Medoc com uvas de qualquer parte daquela região especifica que, tradicionalmente são bem mais rigidas que a genérica. Estes são os principais sistemas de classificação de AOC’s Regionais com sua escala de qualidade:

        No Medoc, sistema Cru Bourgeois de 2003 em que foram auditados 490 chateaus e classificados 247 em ordem de qualidade baseado no terroir, vinificação e outros quesitos técnicos. Ou seja, se você vir um rótulo em que conste Cru Bourgeois, já saberá que; este vinho é produzido no Medoc, que fica na margem esquerda e, conseqüentemente, tem como cepa preponderante a Cabernet Sauvignon.

  • Cru Bourgueois Excepcionnel – 9 Chateaus
  • Cru Bourgeois Superieur – 87 Chateaus
  • Cru Bourgeois – 151 Chateaus

Existe também uma nova classificação criada por Decreto Ministerial em Janeiro de 2006, chamada “Crus Artisans” que contempla 44 vinícolas familiares que cuidam de tudo, desde o plantio, passando pela vinificação até à venda de seus próprios vinhos.

             Em Graves, somente um nível de classificação, Cru Classé dividido por produtores de excelência produtores de tintos, brancos e aqueles que produzem ambos.

  • Tintos – 7 Chateaus
  • Branco – 3 Chateaus
  • Tintos & Brancos – 6 Chateaus

               Saint Emilion, depois da revisão de 2006, 61 vinhos foram classificados como Cru Classé, mas numa metodologia diferente da usada em Graves. Aqui se dividiram como segue:

  • Premier Grand Cru Classé A – 2 Chateaus
  • Premier Grand Cru Classé B – 14 Chateaus
  • Grand Cru Classé – 47 Chateaus

Nestes segmentos de vinhos classificados nas normas especificas de AOC’s Regionais e Comunais, o vinho melhora bastante e os preços aumentam consideravelmente. Dependendo da classificação dentro da AOC, são vinho para poucos, pois os do topo da pirâmide rivalizam, em preço e qualidade, com os da Classificação de 1855.

AOC Comunal, é quando dentro de uma região de AOC, uma cidade ou vinhedo especifico é AOC, por exemplo Margaux (Medoc) e Montagne (St. Emilion) entre outros. Nem todos são excepcionais, muitos se aproveitam da fama de seus vizinhos bem classificados e da reputação que estes trouxeram para a comuna, mas na maioria são vinhos de boa para ótima qualidade.

Classificação de 1855, crém de la crém da produção mundial, são uma classe especial de vinhos que se encontram na elite das elites, custam uma fortuna e poucos lhe têm acesso. São um total de 61 vinhos tintos e 27 brancos, divididos em 5 níveis, chamados de Crus, sendo que no topo da pirâmide, Premier Crus,  estão os Chateaus; Haut-Brion, Latour, Margaux, Lafite Rotschild e Mouton Rotschild tendo este ultimo entrado neste “clube” na única revisão efetuada em 1973. Todos estão situados em AOCs da margem esquerda, fundamentalmente nas AOC regionais de Medoc e Graves. Nos brancos são somente 3 níveis, e o único Premier Cru Superieur, sozinho no topo, é o famoso Chateau D’Yquem. Todos ficam situados nas AOCs de Sautern e Barsac. São vinhos para tomar com mais de 8 anos e por mais 20, 30 ou 40, quando não mais.

Para ver as listas completas dos Chateaus contemplados nas diversas classificações, acesse o site oficial de vinhos de Bordeaux clicando aqui.

            Aí você me pergunta, e o Chateau Petrus, um dos vinhos mais caros do mundo, como ele se encaixa nessas classificações? Esta vinícola está situada na AOC Pomerol, que não tem nenhuma classificação especifica então ele é, “simplesmente” um AOC Pomerol. Na prática, é considerado como um sexto Premier Cru, um verdadeiro ícone no mundo do vinho. Ou seja, tudo isso para que você tenha uma idéia do que é o mundo de Bordeaux. Os grandes experts de vinhos de Bordeaux, são pessoas altamente qualificadas, com décadas de estudos e que vivenciam esse mundo quase que diariamente. Arrisco dizer, que é um culto, um projeto de vida!

            Para finalizar, eis uma lista das grandes safras de Bordeaux nos últimos 15 anos. Marcado com um asterisco as consideradas excepcionais. – 90*, 95, 96*, 98, 00*, 01, 03*, 04 e 05*.

Bibliografia – Para quem tiver interesse em se aprofundar no assunto, sugiro a leitura do livro Tintos & Brancos de Saul Galvão, o livro Os Segredos do Vinho de José Osvaldo Amarante e o Larousse do Vinho todos com uma boa cobertura da região de Bordeaux e muito mais informações detalhadas sobre a França e o restante do mundo produtor de vinhos. Uma boa opção para estudar os vinhos da França, incluindo Bordeaux, sem gastar, são os sites http://www.vins-bordeaux.fr e www.terroir-france.com. Boa parte do que está nestes posts, foi pesquisado nessas fontes.

Região Vinícola de Bordeaux – I

                Au Bord de L’eau (à beira d’água) é a origem do nome desta importante região produtora, não só francesa, mas mundial. Alguns dos vinhos mais importantes e caros do mundo, verdadeiros ícones de nossa vinosfera. Se puder bancá-los, ótimo fico feliz por você e, se der, pode me convidar para uma taça que eu, até por uma questão de educação, não recusarei! rsrs Os melhores Bordeauxs, todavia, estão fora do alcance da maioria de nós pobres mortais. Apesar disso, alguns bons vinhos estão disponíveis por preços razoáveis, o que nos permite, vez ou outra, fazer uma estripulia sem atrapalhar demasiadamente o orçamento. Alguns importadores como Expand, Mistral, Zahil, Wine Premium, Vinci, De la Croix, Decanter e Nova Fazendinha (RJ), entre outros, possuem um vasto catálogo com produtos muito interessantes. Alguns poucos rótulos desses estarão na seção Tomei e Recomendo, mas agora vamos conhecer um pouco da região de Bordeaux e seus segredos.

               A região, uma das principais da França junto com a Borgonha (Bourgogne) e Champagne, tem grande reconhecimento tanto nacional como internacional. Ela se divide em duas principais sub-regiões situadas, uma à margem esquerda do Estuário de Gironde e a outra à sua margem direita. No Estuário de Gironde desembocam dois rios, Dordogne e Garonne, criando entre eles, uma terceira sub-região menos conceituada, chamada Entre-deux-Mers. Esta posição geográfica fica muito clara no mapa abaixo e este conhecimento nos ajuda muitíssimo na escolha dos vinhos a comprar.

   

             Porquê da importância de saber a localização geográfica na escolha do vinho? A resposta vem da regulamentação de AOC que o INAO (Institut National des Appellations d’Origine) instituiu e que não permite que no contra rótulo sejam mencionadas as cepas usadas no corte, algo da tradição vinícola da região. Só que, dependendo da margem de onde é elaborado, o vinho apresenta características bem diferentes. Do lado esquerdo do rio, a casta dominante é sempre a Cabernet Sauvignon e do lado direito é Merlot. O corte baseado nessa composição de cepas, isto a grosso modo porque existem inúmeras variáveis que podem mudar esta afirmação, indica que os vinhos do lado esquerdo deverão ter uma tanicidade e estrutura maiores, resultando em vinhos mais encorpados e de maior longevidade, do que os vinhos da margem direita. Sem indicação do corte ou localização, fica dífícil descobrir o que estamos comprando, então a única opção é decorar as AOCs por margem!

              Para complicar um pouco mais, cada AOC, tem sua própria classificação ou primam pela ausência de uma. Cada AOC regional, como por exemplo, o Médoc, possui várias outras AOC comunais, ou seja especificas dentro da região, total disto tudo? “Só” 57 AOCs com cerca de 7000 produtores (Chateaus) e 13000 vinhedos com, pelos meus cálculos, pelo menos uns 35 a 40.000 rótulos.  Acha que isto está ficando difícil, não é? Pois relaxa que tem mais, tem a complicação dos nomes dados aos vinhos. Por exemplo, só de Belair e suas variáveis tipo; Bel Air, Bel-Air, Bellair, são quase quinze! Mas existem muitos outros casos como; Chateau Latour e o La Tour, Cânon Langue e Cânon Moueix ou Cânon-Fronsac, Haut-Brion e Haut Badon e Bellegrave com Belles-Graves. É aquela história, para que facilitar se podemos complicar! Para o apreciador de vinhos comum, isto pode parecer muito complicado, e é! Aqui há que se guardar nome, sobrenome e região do rótulo desejado, pois o risco é grande de comprar algo bem diferente do que você buscava. Recentemente estive conversando com uns produtores da região, e eles mesmo afirmaram que a grande maioria dos Franceses desconhece tudo isso também. O que vale lá é o gosto e a marca. Gostou, registre a marca (Rótulo/Produtor/Região) na memória e pronto. De qualquer forma, acho que temos que tentar reduzir riscos de compra o máximo possível, então vou tentar simplificar este emaranhado de informações com algumas dicas que talvez possam ajudar na hora de sua escolha:

  • Lista das principais AOCs por margem do Estuário de Gironde. Manter mapa na carteira. rsrsrs
  • Entre-deux-Mers (entre dois mares) é uma AOC somente de vinhos brancos. Todos os tintos produzidos nesta região deverão ser classificados somente como AOC Bordeaux ou, eventualmente, AOC Bordeaux Superieur se atenderem á regulamentação especifica.
  • Sauterne e Barsac são AOCs especificamente de vinhos brancos doces, de onde saem os melhores néctares do mundo nesta categoria.
  • Lembrar que, “Gran Vin de Bordeaux”, não que dizer absolutamente nada. Exceção feita ao Chateau Petrus (AOC Pomerol), que estampa em seu rótulo “Gran Vin”. Nada a ver com classificação, todavia, e sim com o fato de que ele é, efetivamente, un “GRAAAAN VIN”! 
  • Preferir vinhos com a inscrição “Mis em Bouteille aux Chateau”, que significa que o vinho foi engarrafado na origem, na vinícola. Apesar de existirem “negociants” (compram uvas e elaboram vinhos) sérios e com boa qualidade, alguns até possuindo vinhedos, o fato de o próprio vinicultor engarrafar, traz sempre um pouco mais de segurança.
  • Lembrar que AOCs e Classificações, não são, necessariamente, sinônimo de qualidade, mas sim indicações.
  • Vinhos com classificação Bordeaux Superieur, e acima, são vinhos que, normalmente, necessitam de um pouco mais de tempo em garrafa para o amadurecimento de seus taninos. Prefira este vinhos com quatro ou cinco anos de vida, para os grandes vinhos pelo menos de oito a dez, pois certamente você tomará um vinho mais equilibrado e elegante com menor adstringência e maior  complexidade de  aromas e sabores. Se for abrir antes disso, dê uma decantada de pelo menos uns 30 a 45 minutos, pois o vinho se beneficiará muito com isso.
  • Por estas bandas, não se aventure, especialmente nos mais caros, sem alguma indicação, o tombo pode ser grande.

As principais classificações existententes veremos nesta Quarta, em novo post. Este já está ficando longo demais! Na Sexta, mais dicas de vinhos que Tomei e Recomendo e, na semana que vem, o inicio dos destaques de nossos parceiros em Boas Compras. Salute e kanimambo.

França, Bordeaux e Languedoc, Vinhos que Tomei e Recomendo – Parte I

               Nesta volta ao mundo que fazemos através dos principais países produtores de vinho, finalmente chegamos à França. Há que se ter cuidado na compra de vinhos Franceses, já que há de tudo no mercado. Atrás da marca “França”, vem um monte de vinho que não faz jus à fama então, há que pesquisar bem antes de comprar. Hoje recomendo somente vinhos da região de Bordeaux e também de Languedoc-Roussillon, região que fica ao Sul da França e que tem apresentado ótimos vinhos por preços bem acessíveis. Em Julho focarei Borgonha, Loire e Côtes du Rhône. Mas falemos de  Bordeaux, região em que é importante frisar que os vinhos são tradicionalmente, e por regulamentação, sempre um corte (assemblage) de, pelo menos duas das principais e únicas cepas autorizadas; Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc com eventual participação, também, de Malbec e Petit Verdot.

             Uma característica importante na hora da compra é tentar saber, já que a informação  não consta do contra-rótulo, conforme regulamentação do INAO, de que margem do rio Gironde é que o vinho é elaborado, se do esquerdo ou do direito. Do lado esquerdo do rio a casta dominante é sempre a Cabernet Sauvignon e do lado direito é Merlot. Isto, a grosso modo, porque existem inúmeras variáveis que podem mudar esta afirmação, indica que os vinhos do lado esquerdo deverão ter uma tanicidade e estrutura maior, resultando em vinhos mais encorpados e de maior longevidade, do que os vinhos da margem direita. Uma outra indicação genérica é buscar comprar vinhos que tenham sido engarrafados na própria vinícola, “Mis em Bouteille au Chateau”, não é uma garantia de qualidade, mas ajuda. Importante é saber que dos vinhos baratos que há por aí, a maioria são esquecíveis, sendo muito melhor optar por vinhos de igual preço e melhor qualidade de outras origens. Ah, o tal de “Grand Vin de Bordeaux” que aparece em alguns rótulos, não quer dizer nada, o importante é ver se o vinho é um AOC da região. Em posts separados que iniciarei na Segunda, falarei um pouco mais em detalhes das regiões em si.

              Como de praxe, divido as recomendações por faixas de preço e, como esperado, tive alguma dificuldade em encontrar vinhos que realmente pudesse recomendar, não somente quebrassem o galho, nas faixas mais baixas de preço. Lancei um desafio a importadores e lojas, mas poucas opções abaixo de R$50,00 estão disponíveis. Sei que há mais rótulos que deveriam estar por aqui, mas como não os provei não os posso recomendar. Só para que se tenha uma idéia, somente em Bordeaux são cerca de 7.000 Chateaus! Minha busca, no entanto, segue e em achando algo interessante, não deixarei de compartilhar com os amigos de Falando de Vinhos, em outros posts.

               Já conhecia diversos vinhos destas regiões, porém, com a ajuda de alguns parceiros e aproveitando a Expovinis, tive a oportunidade de provar mais uma lista grande de vinhos. Deste todos fiz uma triagem daqueles que mais me agradaram e, dentro destes, destaquei com um asterisco alguns que; seja pela relação qualidade x preço x satisfação, ou por me terem despertado emoções especiais, se transformaram em meus preferidos.

 Até R$30,00 – provei alguns vinhos, mas à exceção do Grand Theatre Bordeaux, não encontrei algum que pudesse realmente dizer, “comprem tranquilos, este é bom”. O Grand Theatre, aliás, bem recomendado por meu amigo Tim Baines a quem não dei muitos ouvidos, sorry Tim, posso recomendar e reina absoluto nesta faixa de preços. Importação da Wine Premium, com quiosque no Shopping Villa Lobos, este vinho é também encontrado em diversos outros locais como empórios, supermercados e lojas de vinhos como a Casa Palla. Importante, o preço médio é ao redor de R$26 a 29,00! Não é um grande vinho, nem se propõe a isso, mas é muito agradável de tomar, muito harmônico, bem frutado e com um ótimo frescor. Um vinho jovial, saboroso, que deve ser tomado levemente refrescado, aí por volta de uns 16º. Uma boa introdução aos vinhos de Bordeaux sem ter que gastar muito. O Pinot Noir, também provei e não me agradou, deixando muito a desejar.

De R$30 a 50,00 – Não são muitos os que me agradaram, alguns muito caros para o que apresentaram, mas consegui encontrar alguns vinhos com preços muito bons que, a meu ver, são uns achados. Bons rótulos de bela relação Qualidade X Preço que merecem ser conhecidos, especialmente os do Languedoc.

Do Languedoc; Le Loup dans Le Bergerie* 06 e Travers de Marceau* 06 dos quais já fiz post especifico,  (De la Croix) todos vinhos muito saborosos, fáceis de beber, bem frutados, taninos sedosos e finos com bastante equilíbrio. O Le Canon du Marechal Syrah/Merlot* 06 (Expand) um produto biodinâmico, fácil de tomar e agradar, corpo médio, boa acidez com aromas de frutos vermelhos e leve toque especiado, o Les Bateaux Syrah 06 (Portal dos Vinhos/Zahil) um vinho muito confiável, com boa paleta aromática em que aprecem frutas silvestres, com algo de canela e especiarias bem próprios da cepa e finalizando, um branco delicioso super fresco e aromático, ótimo com frutos do mar, ou para beber solo, o Les Fumées Blanche* 06 (Zahil/Portal dos Vinhos), um dos meus brancos preferidos. Belos vinhos por preços muito interessantes e acessíveis.

De Bordeaux; Algumas boas opções a começar pelos Brancos Chateau Peyruchet Blanc* 2006 (Expand) e Chartron La Fleur Blanc 06 (Mistral) ótimas opções, exemplo de Sauvignon Blanc da região, médio corpo, muito elegantes e balanceados, próprios para acompanhar comida, por um preço bem camarada. Um dos grandes achados é o Chateau Peyruchet Cuvée Jean-Baptiste (Expand) que é um vinho doce muito atrativo e com um preço imbatível para uma garrafa de 750ml e pela qualidade. Para mim, falta-lhe um pouco de acidez razão pela qual sugiro tomar este vinho com uma sobremesa mais fresca como uma torta de frutas, kiwi ou morango. Nos tintos, duas opções bastante interessantes; Chateau la Croix du Duc* 05 (Expand) muito equilibrado, fácil de tomar, mas possuindo boa estrutura e final de boca, mostrando boa qualidade e o Chateau Pey La Tour* 05 (Bruck), não confundir com o Bordeaux Superieur que é outro preço e outro importador, que já apresentam uma certa complexidade de aromes e sabores, normalmente estranhos a vinhos deste preço. Um outro vinho interessante, bastante agradável, leve, descompromissado é o Cruse 6’em Generation Bordeaux Rouge 2005 (Mr. Man).

Na semana que vem listarei os vinhos, e que belos vinhos, de R$50 a 80,00 e  até R$120,00. Salute, Kanimambo e bom fim de semana a todos.

Endereços e Telefones para contato, encontre na seção  “ONDE COMPRAR”

França – Regiões & Uvas

                Falar dos vinhos da França, com toda a sua história, diversidade e importância em nossa vinosfera, é uma temeridade e um enorme desafio para mim, pois é uma região produtora da qual tenho menor conhecimento e litragem, tanto em função dos preços como por sua complexidade. Conversando com alguns enófilos, colunistas e jornalistas especializados mais experientes, ficou claro que poucos podem-se intitular grandes entendedores sobre os vinhos da França então, bem vindo a bordo e vamos aprender juntos. Quando virem alguns dos números mencionados, entenderão do porquê de tanta dificuldade em encontrar reais e profundos conhecedores deste importante produtor mundial. Para poder sintetizar estas informações, li muito e pesquisei  por mais de 30 dias, tendo chego às informações sintetizadas abaixo, que espero estejam à altura das expectativas.

                A França é referência mundial na produção de vinhos, rivalizando com a Itália como maior produtor e, em área de vinhas plantadas é o segundo maior, logo atrás da Espanha. É aqui, todavia, que se encontram os néctares mais cobiçados do mundo. Em Bordeaux, é onde a Merlot e a Cabernet Sauvignon exalam excelência, assim como fazem a Pinot Noir e Chardonnay na Borgonha, Syrah em Cotes du Rhône,  Chenin Blanc e Sauvignon Blanc no Vale do Loire, os  espumantes mais emblemáticos em Champagne e por aí afora. Em nenhum outro país existem tantas castas de excelência juntas e é daqui, que estas uvas se disseminaram pelo mundo.

                  A vinicultura existe na França à mais de 2000 anos, havendo dados históricos que remetem a 600 B.C, as primeiras plantações de vinhas. A partir de 1905, todavia, é que o governo começa a tomar um maior controle sobre a produção e regulamentação no país, tendo o processo se firmado em 1935 com a instituição do Institut National des Appellations d’Origine (INAO), que é quem fiscaliza e regulamenta a produção de vinhos na França. Seu consumo per capita está hoje ao redor de 60 litros anuais, uma enorme redução se comparado aos 150 litros da década de 50. A produção geral anual, alcança os estratosféricos 53 milhões de hectolitros (1 hctl= 100 ltrs) o que equivale a cerca de 7 bilhões de garrafas, das quais cerca de 1.2 milhões são de cognacs e similares. Isto significa dizer que a produção atingiu cerca de 5.8 bilhoes de garrafas na safra de 2005, de acordo com os dados estatísticos divulgados pela INAO, dos quais cerca de 38% de vinhos brancos e o restante de tintos e rosés. Enfim, números para ninguém botar defeito e que chegam a assustar! Coloquei os números em garrafas, em vez de hectolitros, porque acho que isto nos traz uma visão mais real e palpável do tamanho da encrenca. rsrsrs.

            Cada região produtora tem sua própria regulamentação e classificações diversas, o que transforma o ato de comprar e entender esse mundo, um verdadeiro calvário para nós consumidores. Para que se tenha uma idéia, são cerca de 110 mil vinhedos espalhados pelo país, com os terroirs mais diversos, nas mãos de de cerca de 69 mil produtores/negociants e cooperativas. Só em Bordeaux, uma das regiões, junto com Languedoc, que estaremos vendo mais a fundo neste mês, são mais de 7000 Chateaus e cerca de 13.000 vinhedos. Imaginemos que esses 7000 chateaus, para efeito de um cálculo estimado, comercializem apenas 6 rótulos cada, teremos cerca de 42.000 vinhos diferentes, somente em uma região! A tentativa, e desafio destas matérias durante o mês, de Junho e Julho, vai ser de decodificar esse emaranhado de dados e referências visando torná-los um pouco mais entendíveis, facilitando nossas compras. Tentarei evitar detalhes em demasia, mas para os que se interessarem em aprofundar seu conhecimento sobre esta região produtora, listarei ao final, uma bibliografia onde poderão ser encontradas informações adicionais.

  

                Antes de mostrar os números de produção por região, que acredito ajudarão a ter uma melhor percepção do que é a produção Francesa de vinhos, falemos um pouco sobre as quatro categorias básicas que regem os vinhos e vinhas deste complexo país vinícola. Isto está para mudar já que se busca modernizar o sistema dando maior liberdade aos vinicultores locais, assim como adequando a vinho francês às demandas do mercado internacional, essencial ás suas necessidades comerciais. Por enquanto, todavia, o que está no mercado segue os padrões existentes. Começando pelo mais básico:

  • Vin de Table, ou vinho de mesa – É o vinho básico produzido pelas comunas onde, mais ou menos, se faz o que quer. São vinhos simples até meio rústicos, representam cerca de 13% do vinho produzido e é, quase que totalmente, consumido localmente. Sequer região de origem é mencionada no rótulo. Se vir esses vinhos por aí, sugiro evitar já que existem melhores opções nacionais, Argentinos ou Chilenos pelo mesmo preço ou até abaixo.
  • Vin de Pays (VdP), ou vinho da terra – São vinhos regionais em que as regras de produção são bem mais lenientes do que nas AOC, especialmente no que se refere ás cepas de uvas que podem ser usadas. Existe uma maior liberdade e é aqui que os produtores deixam fluir sua criatividade e experimentação na busca de novos vinhos. Apesar de existir muito vinho de baixa qualidade, hoje já se encontram ótimos rótulos com esta denominação. Cerca de 25% da produção total.
  • VDQS, vinho delimitado de qualidade superior – Na teoria um degrau antes de um vinho ou região alcançar o nível AOC ficando situado entre esta e o Vin de Pays. Na prática, uma categoria em extinção com menos de 2% do total da produção. Para efeitos do estudo (tabela abaixo) que preparei, uni seus dados ao dos Vin de Pays.
  • AOC, apelação de origem controlada – é a categoria de maior rigidez de regras e fiscalização que controlam desde as uvas que podem, ou não, ser produzidas na região, procedimentos de controle do vinhedo, uvas que podem ser usadas na elaboração dos vinhos, porcentuais dos cortes, teores de álcool, etc. Daqui saem a grande maioria dos grandes vinhos e néctares, não da França, mas do mundo. São mais de 450 diferentes AOC espalhadas por todas as regiões produtoras, creio que algo como 476, respondendo por cerca de 43% da produção nacional. A denominação é estampada no rótulo e pode ser usada sozinha, ou em conjunto com o nome da região. Por exemplo; Apellation Bordeaux Controlée ou AOC Haut Medóc. Os números de AOC’s por região que fornecerei a seguir, são aproximados pois existe uma dificuldade imensa em conseguir esses dados, mesmo com consulta direto ao INAO, e os números variam bastante de fonte para fonte. Depois de muita pesquisa, creio que os dados apresentados estão muito próximos do real.
 

Principais Regiões

 

% do Total

França

Vinhos

Total Garrafas

Por Região

Em 2005

Produção

AOC

% AOC da Prod.

Produção

Vin de Pays

 

(VdP)

Produção

Vin de table

Loire

9

511

355

69

106

50

Bordeaux

15

864

800

93

64

Bourgogne

4

224

212

95

1

10

Beaujolais

3

148

142

96

2

4

Alsace

3

160

154

96

6

Champagne

7

398

340

85

58

Languedoc-Rousillon

29

1.627

277

17

1.105

245

Cõtes du Rhône

17

978

415

42

463

100

Provence

5

290

180

19

92

18

Sud-Ouest

3

157

130

83

14

13

Total

95%

5.357

3.005

56%*

1.783

568

AOC/Vin de Pays e Vin de Table – A quantidade aproximada de garrafas por categoria produzida por região, em milhões de garrafas

Dados da produção geral (incluso cognac e similares) – Aproximadamente 43% é AOC, 27% de Vin de Pays e VDQS, 13% de Vin de Table e 17% de Cognac/Armagnac e Calvados

* Porcentual referente tão somente aos dados constantes desta tabela, ou seja, dos cerca de 95 % dos vinhos produzidos, excetuando-se os Cognacs, Armagnacs e Calvados.

Falandodevinhos c/JFC – Junho/08

               Como já falei, neste mês de Junho abordarei temas referente a Bordeaux e Languedoc-Roussillon, quando veremos um pouco mais de cada região nos posts que publicarei durante os próximos 15 dias; indicarei os vinhos que provei e aprovei em Tomei e Recomendo França,  trarei os destaques de nossos parceiros em Boas Compras, bastante informação sobre a França com detalhes sobre estas duas regiões vinícolas, características e uvas.  Para finalizar o post de hoje, eis aqui uma lista das principais uvas usadas nas diversas regiões:

Principais Regiões

AOC’s por Região

Principais Uvas Tintas

Principais Uvas Brancas

% vinhos brancos

Loire

 

55

Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Grolleau

Chenin Blanc e Sauvignon Blanc.

54

Bordeaux

 

57

Caberbet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Petit Verdot e Malbec

Sauvignon Blanc e Semillon.

12

Bourgogne

102

Pinot Noir e Gamay

Chardonnay e Aligoté

63

Beaujolais

14

Gamay e Pinot Noir

Chardonnay

2

Alsace

 

4

Pinot Noir

Riesling, Sylvaner, Pinot Blanc, Pinot Gris e Gewurtzraminer

94

Champagne

3

Pinot Noir e Pinot Meunier

Chardonnay

99

Languedoc-Rousillon

 

25

 

Carignan, Grenache, Syrah, Mourvèdre, Merlot, Cinsaut e Cabernet Sauvignon

Ugni Blanc, Muscat Blanc, Chenin Blanc, Maccabéo, Mauzac e Chardonnay.

13

Sud-Ouest

 

28

Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Tannat

Ugni blanc, Sauvignon Blanc, Semillon, Muscat.

9

Provence

 

 

12

 

Cabernet Sauvignon, Carignan, Cinsaut, Grenache, Syrah

Bourboulenc, Clairette, Grenache Blanc, Marsanne, Vignier, Chardonnay, Sauvignon blanc, e Ugni blanc

5

Cotes du Rhône

 

 

 

 

Falando de Vinhos c/JFC

 

 

28

 

 

 

 

 

 

Junho/08 

Grenache, Syrah e Mourvèdre, Carignan, Cinsaut. 

Viognier, Roussanne, Marsanne, Clairette, Bourboulenc e Grenache Blanc, Ugni Blanc.

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Salute e, se alguém quiser agregar algo ou compartilhar mais conhecimento da região, por favor não hesite em comentar. Ganhamos todos com isso. Quem sabe começamos a comprar menos gato por lebre! Kanimambo e um abraço.

Mapa da França gentilmente cedido pelo site Academia do Vinho.

Harmonização de Bacalhau – Aprendendo com os Erros

                Aqueles que acompanham este blog, vão lembrar que Domingo de Páscoa em casa, o almoço seria Bacalhau à Brás e que tinha separado dois vinhos portugueses para tomar; Duas Quintas do Douro e o Meia-Pipa das Terras do Sado, ambos da safra de 2004. A escolha recaiu sobre o Duas Quintas, o qual já há tempos andava seco para tomar e …………..não deu certo! O Bacalhau estava ótimo, a companhia nem se fala e o vinho muito bom, mas não casou com o prato. Esqueci-me de que o Bacalhau à Brás é um prato leve, estava demasiadamente focado no vinho, e o Duas Quintas se mostrou demasiado encorpado para acompanhá-lo. A personalidade muito forte do vinho simplesmente anulou o bacalhau. Não estava ruim, mas se o Bacalhau fosse à Lagareiro ou no azeite com grão, cebola, tomate e pimentões, certamente o vinho teria harmonizado muito melhor! A harmonização requer um equilíbrio entre o vinho e o prato o que não ocorreu aqui, me deixando um pouco frustrado. Nota 5, com muita patriotada.    

              Pois bem, sobrou um pouco de Bacalhau que decidi traçar na Segunda-feira no almoço e agora, fiz o que devia ter feito antes, abri um Travers de Marceu. Uma delicia, casamento perfeito! Primeiramente quebrei um paradigma, pelo menos pessoal, de que Bacalhau se acompanha com vinho Português ou Espanhol e segundo, pensei antes de agir. O Travers de Marceau é um vinho tinto Francês, produzido pela Domaine Rimbert, importado e vendido no Brasil pela De La Croix, pequena e simpática importadora que trabalha muito bem o conceito de custo x beneficio em vinhos Franceses. É da região de Saint-Chinian no Languedoc, elaborado com 40% de Carignan, 30% de Syrah e 30% de Cinsault gerando um vinho bem frutado, ótimo equilíbrio, com taninos doces e sedosos que encantam na boca e no nariz. Um vinho sedutor que se “achegou” ao Bacalhau à Brás formando uma total harmonia entre as partes. Agora sim, a harmonização foi adequada e, se não tirou 10, pelo menos 8 ou 8,5 foi! Ah, ia esquecendo do preço do vinho, R$48,00 e com isso minha nota sobe para 9, yesss!!

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