Vinea Store e Maison Philippe Bouchard

              Estive há poucos dias na Vinea Store onde tive o prazer de participar de um almoço para apresentação dos vinhos da Maison Philippe Bouchard, Bourgogne e Côte- du- Rhône, sendo importados pela casa. Existem momentos únicos em que se tem a oportunidade de curtir um lugar aconchegante, com gente simpática, boa comida e bons vinhos. Este foi um momento único! Os vinhos ótimos, a organização e harmonização perfeita e, mais ainda, a simpatia das pessoas presentes, o que faz, sempre, uma enorme diferença e não canso de ressaltar já que, como diz a minha amiga Rosario, há companhias que avinagram os melhores dos vinhos! Obrigado à Adriana pelo gentil convite e pela hospitalidade.    

             A Vinea Store, preciso fazer uma matéria só com eles, tem um “Jardim Gourmet” que é um local deslumbrante e onde o almoço foi servido sob a batuta da jovem Chef Fabiola Nogueira recém chegada à equipe da Central de Relacionamento com o Cliente. Fomos recebidos com uma taça de Prosecco Incontri, super fresco e muito agradável num dia de bastante calor. No almoço:

savigny-les-beaune2003b.jpg

  • Carpaccio de pêra com vinagrete de frutas vermelhas, harmonizado com um suave e bem fresco Chablis sem madeira. Combinação perfeita e muito agradável.
  • Escondidinho de carne seca com purê de abobrinha e queijo coalho divinamente escoltado por um Savigny-les-Baune 1er Cru, de aromas inebriantes. Um bouquet de aromas maravilhoso, de frutas vermelhas com toque florais e uma seda na boca. Não sabia se o cheirava ou se o tomava! Absolutamente maravilhoso, um vinho que é o sonho de qualquer enófilo, a personificação da elegância num vinho. Á parte disso, casou maravilhosamente com o delicioso escondidinho. Amei!
  • De sobremesa, um creme de manga com farofa crocante de castanhas.

Bem, a esta altura eu já estava nas nuvens, mas a Vinea ainda tinha uma surpresa guardada para nós. Para acompanhar a sobremesa eles serviram um Porto Ruby Reserve, Quinta Nova. Dos Deuses, o melhor Ruby que já tomei, um Grand Finale para um almoço divino! Acham que terminou, ainda não! A presença do diretor comercial do Grupo Corton André, a quem pertence a vinícola, o Sr. Christian Ciamos que nos presenteou com uma bela apresentação de seus vinhos, seus vinhedos e segredos da Bourgogne. Uma “aula” dada com extrema simplicidade e simpatia por alguém que, não só conhece muito, é um apaixonado pelo que faz e o faz com enorme prazer.

                Dê uma passada lá na Vinea tome um café, conheça os vinhos, no mínimo será um passeio muito agradável e, garimpar é bom demais. Para quem tem o bolso mais gordo, existem alguns néctares, como este Savigny acima ou o Corton Grand Cru, Aloxe Corton e Gevrey-Chambertain. Para quem não pode, eis algumas dicas que podem ser muito interessantes e me deixaram muito curioso; Bourgogne AOC Pinot Noir 2005 e o Cote-du-Rhône AOC Grand Mont 2006 de preços mais acessíveis. Ah, não esqueçam do Vinho do Porto Ruby!!

Chose de loque!! Quarts de Chaume de Domaine des Baumard.

               Dia 16 de Janeiro de 2008 é uma data que, definitivamente, se tornou um marco em minha educação enófila. Uma data a ser convenientemente evocada. Foi uma noite de degustação de vinhos brancos da região do Loire, França, que ocorreu na ABS (Associação Brasileira de Sommeliers) com vinhos da Mistral, e que confirmou uma opinião que tenho, existem vinhos que não pedem avaliação, pedem reflexão!

             O vinho foi o Quarts de Chaume 2003, um vinho doce, branco, elaborado com a uva Chenin Blanc e produzido pelo Domaine des Baumard que alguém, não me lembro quem, na hora denominou como “Pura Poesia”. Difícil falar sobre este vinho depois de tão acertada, curta e certeira definição. Não é um prazer tomar este néctar, é um êxtase! Super fresco, aromas de compota, manga, toques de mel e frutas cítricas algum caramelo, bala toffee ou aquelas de leite da Kopenhagen, como alguém lembrou no evento. Muito equilibrado, longo, harmonia total entre álcool e acidez, ótima mineralidade, uma grande complexidade que o torna um vinho inesquecível. Dizem ser vinho para 15 a 20 anos de guarda, eu tomo todas agora, está delicioso! Em 15 anos o vinho deve se abrir nos aromas e, provavelmente, perder boa parte do frescor e mineralidade de hoje. Na verdade, vira um outro vinho, igualmente extraordinário assim dizem, mas um outro vinho despertando outras e diferentes emoções. Um vinho de sobremesa? Acho que não. A meu ver, ele É a sobremesa e um crime seria colocar algo para acompanhar, pois ele é, ao mesmo tempo, protagonista e coadjuvante. Antes, tomamos um ótimo Vouvray do Domaines Huët que, ficou ofuscado pelo brilho deste maravilhoso Quarts de Chaume.

quarts-de-chaume-2.jpg

               Cheguei em casa tarde, pensando em comer algo já que estava com fome. Parei na cozinha com a porta da geladeira entreaberta, ainda sentindo aquele gostinho do vinho na boca, e pensei; se como algo agora acabo com esta sensação. Não comi foi nada! Sentei-me ao computador e escrevi estas linhas enquanto ainda sentia os aromas e sabores desta preciosidade, curtindo as sensações ainda vivas em minha boca e minha mente. Tudo isto, no entanto, tem um preço. Na Mistral o preço desta boa safra, o 2000 está mais barato e também deve ser excelente, está em USD125 o que daria hoje, algo em torno de R$225,00. Não é para qualquer um, mas se comparado com os preços no exterior, o preço não está ruim não. É que é um vinho excepcional mesmo, e isto tem seu custo. Do meu lado, ou melhor, na minha frente estava o Presidente da ABS e expert em vinhos, Arthur de Azevedo, que nos deu uma dica, que o Coteaux du Layon, do mesmo produtor, é também excelente, mesmo que não no mesmo nível, e com um preço bem mais acessível. O dinheiro nem sempre dá, mas acho que merecemos, de vez em quando, nos autopremiarmos com um presentinho destes. Vi o Coteaux de Layon Carte D’Or 2004 (WS92) no catálogo da Mistral por algo em torno de USD36,50 , a meia garrafa está por USD23,30, o que acho que já dá para bancar e sentir um pouco deste gostinho e destas sensações, ou seriam emoções? Vou provar o Coteaux e depois comento.

                Quarts de Chaume 2003,  Mon Dieu, que vinho! Depois de tomar um vinho como este, nossa educação enófila dá um pulo de qualidade enorme e, muitas das coisas sobre as quais tinha questionamentos, começam a fazer sentido. Certamente, uma obra de arte em forma de vinho, uma poesia na taça, um elixir divino que tem que ser apreciado, ao menos uma vez na vida.