Branco Italiano na Taça, APROVADO!

Sigo na minha saga de sempre, intensificada pela atual conjuntura, da busca de de vinhos PQP, ou seja, de boa relação Preço x Qualidade x Prazer. Hoje em dia a busca é por vinhos que surpreendam num preço entre 50 a 150 Reais, melhor ainda se abaixo das 100 pratas, como este.

Gosto muito de vinhos brancos então não me fiz de rogado quando este me foi apresentado. Um branco de boa estrutura e fresco elaborado com as castas Grechetto e Trebbiano, um blend típico de Soave, não confundir com os nossos “suaves” (!), no Veneto porém este vem da Úmbria mais ao sul da Itália.

As uvas são cultivadas no município de Torrececcona, a 350 metros acima do nível do mar; o solo é de textura média e argiloso, vinhas de 12 anos gerando um vinho de cor amarelo palha com belos reflexos dourados sem passagem por madeira e sem maloláctica. No nariz é possível perceber notas de florais, frutas cítricas, pêssego, damasco e frutas tropicais como abacaxi, um nariz bastante interessante de média intensidade.

Na boca, onde mais aprecio os vinhos (rs), o Terre de la Custodia Desiata Duca Odoardo Bianco Umbria IGT,  revela-se fresco, seco, frutado, equilibrado e de corpo médio, apresenta uma certa untuosidade e cremosidade, um final de boa persistência com notas amendoadas.

Experimentei o vinho acompanhando uma pasta (fetuccine) ao pesto de rúcula coberto por uma boa porção de parmesão ralado fresco e grosso, harmonizou bem demais e, obviamente, deverá acompanhar bem tudo o que é frutos do mar, peixe e até carnes brancas. A experiência foi boa e a safra 2018 está no ponto de sua complexidade não devendo evoluir muito mais, tops mais um ano. Vinho na casa dos 80 Reais, mais ou menos 5 o que acho bastante justo para a qualidade oferecida o que o torna um bom exemplo de vinho PQP.

É isso, Kanimambo pela visita e em breve tem mais coisa por aqui, começo a ter gosto por escrever novamente! rs Saúde

Piccini Mario Primo, Grata Surpresa!

Anteontem meu dia começou assim, provando nove vinhos depois de 1:45hrs num trânsito impossível, quase desisti, mas fiz bem em persistir mesmo com o atraso na chegada. Picini é um produtor que viaja pelas regiões e uvas italianas na elaboração de seus vinhos com cortes diferentes e criativos na busca de algo diferente. Mistura Puglía com Sicília e Abruzzo, tem Toscana com Marche, uvas tintas com brancas e “até” os clássicos Chiantis e Brunellos. rs A Vinci convidou e aceitei de bom grado, foi bastante interessante.
Destaque para seu Rosso di Montalcino [USD59,50] um vinho de boa tipicidade com uma perfil aromático de boa intensidade que convida à boca e boa persistência, um bom Chianti Riserva sem muita potência primando pelo frescor e de bom custo x benefício [USD27,90] mas o vinho que mais curti, vibrante e diferente foi o Mario Primo Toscana Rosso 2015.

Vinho tinto leve, para tomar a 10°C elaborado e com estágio somente em tanques de cimento, para tomar de golada acompanhado de amigos e bom papo. Blend de Sangiovese, Merlot, Canaiolo (tintas) com um toque de Trebbiano e Malvasia (brancas) muito frutado, fresco e vibrante, afora acompanhar, para quem prefere os tintos, aquele prato de queijos e embutidos e acho que se daria bem com Fondue de Queijo e Paella Marinara. O preço de USD23,69, a Vinci usa hoje taxa de 3,69 então 88 Reais, seria melhor se fosse 20 doletas (rs) e compraria de caixa, mas não chega a ser exorbitante vis-à-vis nosso mercado tupiniquim do vinho. Ah, ia-me esquecendo de mencionar, o rótulo e formato da garrafa são um charme à parte!

Kanimambo pela visita, saúde e nos vemos por aí em algum dos caminhos de nossa vinosfera!

Salute, Prosit, Cheers, Salud

Timperosse 2011, Feliz! rs

Corte de meio a meio Syrah e Petit Verdot? Há muito que não provava desde os tempos em que descobri o Terras do Pó Syrah/Petit Verdot da região Setúbal, um corte que me surpreendeu desde o primeiro momento que o conheci há já alguns anos e pelo qual sempre tive uma quedinha. Que sou fã da Petit Verdot não preciso dizer, mas um varietal é sempre de preços bem altos o que os torna meio que inviáveis para a maioria, então o negócio é procurar cortes em que eles tenham uma participação, o resultado é, invariavelmente, muito bom, tem Petit compra! Em função das características da uva, um corte meio a meio nos leva a crer num vinho muito potente, mas esse vinho foi uma grande surpresa por sua harmonia e equilíbrio.

Pois bem, não resisti quando passou por mim mais um corte desses só que desta vez italiano, tinha que provar, ainda mais 2011! Ao pesquisar, deu que era 100% Petit Verdot, só que vi diversos comentários na net sobre como a Syrah aportava isso e aquilo, rs, interessante como até gente graúda pode ser influenciada por um rótulo ou informação equivocada. Enfim, não vem ao caso, não me fiz de rogado e deu nisto, aqui em Falando de Vinhos, no kit Frutos do Garimpo deste mês e, obviamente, na Vino & Sapore porque gostei muito e achei o preço bom para o que apresenta, ao redor de R$140,00 em São Paulo, especialmente em sendo um 100% Petit.

Timperose Mandrarossa 2011, um petit verdot siciliano muito bem feito e equilibrado, tinha que trazer isto para os amigos! Cor bonita já com halo de evolução mediano dando suas caras. Aromas tímidos de frutos negros com um toque defumado e algum floral, mas é na boca que ele mostra a que veio e eu gostei demais. O meio de boca me seduziu por sua complexidade, volume e riqueza de sabores, salumeria, frutos negros, mesmo sem syrah um toque de especiarias, taninos aveludados ainda bem presentes demonstrando que ainda há vida para um par de anos aqui, final de boca apresenta algumas notas terciárias, boa acidez ainda presente, clama por um prato igualmente rico.

Um vinho literalmente guloso e equilibrado, uma grande surpresa Siciliana que vai atender aos amantes da Petit Verdot e ser um tremendo exemplo para quem ainda não a conhece e prepare o cordeiro! rs Como não tinha cordeiro, peguei um resto de almoço do dia anterior de carne seca refogada com cebola, alho, pimenta biquinho, cebolinha, azeitona preta portuguesa fatiada e tomate cereja cortado em quatro, essa “gororoba” toda (rs) sobre uma cama de arroz. Cara, não é que deu um samba legal! rs O prato não é pesado, mas é bem condimentado e isso deu a liga, curti.

Bem amigos, hoje fico por aqui, aproveite a semana da melhor maneira possível. Kanimambo pela visita, saúde e nos vemos por aí em algum lugar desta vinosfera ou virtualmente por aqui mesmo, porque sempre há algo a compartilhar enquanto vocês seguir por aí. Abraço

Cheers, Salud, Prosit, Santé

Morellino, Você Conhece?

Na verdade hoje quero falar de um vinho, mas me veio uma dúvida à mente, as pessoas conhecem a uva Morellino? Como é comum na Itália, ela vem acoplada a sua região, assim como a Brunello que vem de Montalcino e a Montepulciano é de Abruzzo, aqui temos a Morellino di Scansano, sendo a sub-região localizada em Maremma região costeira da Toscana. A Morellino é a denominação dada à sangiovese nesta região tendo a Morelino di Scansano se transformado em DOC em 1978 e elevada a DOCG em 2007.

Germile da Tenuta Pietramora foi o companheiro escolhido para escoltar meu nhoque ao sugo com direito ao molho da mamma (rs) e pernil de porco assado no forno. Um Morellino dei Scansano DOCG delicioso que se encaixou à perfeição. A DOCG exige um mínimo de 85% de Morellino, porém aqui temos 100%, sem passagem por madeira, só inox, e afinamento de 12 meses em garrafa. Bonita cor rubi não muito escura como manda o figurino, aromas típicos de frutos vermelhos frescos com sutis notas florais. Na boca a fruta abunda com bastante frescor, ótima textura, corpo médio um vinho que dá prazer tomar, possui boa persistência, taninos macios e aveludados tendo ornado muito bem com o molho de tomate, nada como harmonizar por origem (alimentos e vinhos) e peso dos pratos, dificilmente dá errado. Preço na casa dos R$110,00 em São Paulo.

Kanimambo pela visita, saúde e seguimos nos encontrando por aqui ou por aí em algum lugar de nossa vinosfera.

Pinot Grigio, Uma Grata Surpresa na Taça

Também conhecida como Pinot Gris na França, é uma uva acinzentada mutação da uva Pinot Noir de cor mais clara, porém da qual se fazem somente vinhos brancos. Gosta de regiões mais frias e de maior altitude terroirs onde consegue mostrar-se melhor. Entre nós, vinhos de batalha, baratos e aguados têm feito um mal danado a sua reputação, porém garimpando sempre achamos alguns rótulos bastante interessantes. Sempre gostei muito do Mandorla (hoje na casa dos 70 a 75 reais), mas vinha buscando outras opções no mercado e achei.

Na França (Alsácia) as uvas são colhidas normalmente mais tarde resultando em vinhos mais intensos, untuosos e complexos enquanto na Itália (Alto Ádige e Friulli) os vinhos tendem a apresentar maior mineralidade, acidez mais presente resultando em vinhos mais frescos com notas vegetais. Interessante numa degustação colocar um frente ao outro, algo que penso em fazer num dia desses, deve ser interessante. Quem gosta de Sauvignon Blanc certamente deverá apreciar a Pinot Grigio.

Na semana passada provei um Pinot Grigio que me agradou bastante, foi o Foffani Pinot Grigio Superiore 2015. De vinhedos orgânicos situados na região oriental do Friuli o vinho se encontra um degrau acima dos demais que costumeiramente encontramos por aqui no mercado. Está em seu auge e deve ser tomado durante este ano, acredito que passado este ano ele deve entrar num estágio de decadência perdendo o frescor que é peculiar à cepa. Passagem só em tanques de inox, mas passa uns 3 meses sur lie o que lhe aporta mais corpo e complexidade. Grama molhada com nuances cítricas compõem uma paleta de aromas de intensidade média que convida a levar a taça à boca. Na boca um frescor bem presente, notas de limão, maçã verde, corpo médio, meio de boca cativante e um final mineral de média intensidade. Um vinho muito agradável que deve se dar muito bem com os mais diversos pratos de frutos do mar grelhados e fritos num final de tarde na praia em boa companhia! rs Ceviche, sushi, salmão, as opções são muitas, vale experimentar todas!!

Um vinho que fez feliz e me deixou sorrindo o que nem sempre acontece. rs O preço em São Paulo fica aí entre R$90 a 95 pelo que pude pesquisar na net. Fim de semana chegando, boa dica para quem for para a praia. Kanimambo pela visita, saúde e tenham um ótimo fim de semana.

 

 

Trebbiano & Bacalhau?

Olha, apesar de ter ficado só nos bolinhos de bacalhau, a prova me faz concluir que, definitivamente SIM! rs Para tudo o que é fritura creio que um vinho branco de acidez impactante vai sempre muito bem e tradicionalmente minha escolha recai sobre um vinho verde.

Neste caso os bolinhos foram assados no forno, não fica tão bom nem tão “bronzeado” mas…, porém o resultado teria sido o mesmo, quiçá melhor. Quis enovar,  afinal “navegar é preciso” e eu gosto (rs), tendo gostado do resultado porque este Arenile Trebianno d’Abruzzo produzido pela Cantina Ripa Teatina, uma cooperativa de cerca de 400 viticultores, nos entrega essa acidez bem característica da casta e casou muito bem com os bolinhos.

Esta garrafa é de 2016, tendo se mostrado com uma cor algo mais dourada, nariz cítrico mas tímido, na boca médio corpo, seco, notas amendoadas, maçã verde, porém no final de boca uma “limonada” bem fresca se faz presente dando um up no conjunto, um vinho muito agradável e bem balanceado que se deu bem com os bolinhos e certamente irá bem com outras versões de pratos com bacalhau como pataniscas, Bacalhau na brasa, à Brás, à Gomes de Sá, pil-pil, ouse!

A Trebbiano disputa com a Pinot Grigio a coroa de uva branca mais plantada na Itália e está presente em mais de 80 docs. Na França é conhecida como Ugni Blanc sendo muito usada na produção de Cognac e Armagnac. Na Emilia Romagna é base do azeite balsâmico, ou seja, uma uva bastante versátil que se dá bem numa variedade de terroirs. Eu gosto dos vinhos que trazem a influência do mar Adriático e minha sugestão é buscar exemplares dessas regiões. Este está na casa dos 78 a 84 Reais no mercado de São Paulo e é um bom exemplar da casta. O mesmo produtor elabora um delicioso Pecorino sobre o qual falei aqui, prove ele também, uma dupla que vale muito a pena.

 

Nebbiolo D’Alba no Frutos do Garimpo!

Pensamos em Nebbiolo e primeira coisa que nos vem à cabeça são os famosos e caros Barolos! Falamos do Piemonte, norte da Itália, onde foi identificada no século XIII. Seu nome advém de nebbia (neblina) que é muito presente na região. Uva de longa maturação que possui uma forte identificação com seu terroir piemontês não se dando muito bem fora de sua região. Um ou outro exemplar aparece em outros países, inclusive Brasil, mas não é comum. Mesmo na itália não se encontra fácil e certamente sem o mesmo destaque que no Piemonte, porém na região da Lombardia (Valtellina) se encontram alguns ótimos vinhos e por lá a uva é conhecida por outro nome, Chiavennasca.

Afora os Barolos, a nebbiolo também é a alma dos Barbarescos outro ícone regional da uva, porém podemos encontrar muito bons nebbiolos em toda a região, especialmente em Gheme, Gattinara, Langhe e Alba de onde vem este bom exemplar e, tradicionalmente, com preços cerca de 50% abaixo das duas principais regiões produtoras.

Cascina Boschetti Gomba Nebbiolo d’Alba “Albié” 2015 é uma versão mais pronta do que os Barbarescos e Barolos, mas não por isso menos prazerosa de apreciar. Das colinas de Cuneo, passa 12 meses em barrica e posteriormente por um período em tanque de inox antes de ser engarrafado e onde permanecerá por seis meses descansando em cave antes de sair ao mercado. O solo arenoso com calcáreo lhe aporta uma acidez e frescor que se sente especialmente no final de boca.

Frutos do bosque bem presentes no nariz, nuances florais, um vinho de corpo médio, madeira bem integrada, com frutas frescas, notas de especiarias, riqueza de meio de boca mostrando uma certa complexidade típica da uva, taninos presentes e bem integrados e acidez agradável, bem balanceada e notas terrosas. Uma bela companhia para uma polenta mole com ragu de carne ou calabresa! Aguei!!

Esse foi mais uma das pepitas que caíram em minha peneira da Confraria Frutos do Garimpo e espero que apreciem tanto quanto eu. Kanimambo pela visita, sáude e uma ótima semana.

Pecorino na Taça, Pode?

Todo mundo conhece o queijo Pecorino né, mas não é dele que vou falar não, é do vinho produzido com a uva xará! Para quem não sabe Pecorino tem a ver com gado, ovelhas, daí o queijo Pecorino elaborado com o leite delas. O porquê da uva ter esse nome? Não obtive muita informação, porém a que se mostrou mais plausível dentro do que pesquisei é de que o nome tenha surgido porque as ovelhas da região se alimentavam dessas uvas quando passavam pelos vinhedos nas trocas de pastagens. Por falar em ovelhas, sabia que em Portugal há uma casta de nome “rabo de ovelha”?

Voltando à Pecorino, uma cepa branca, esta quase entrou em extinção em função de sua baixa produtividade tendo boa parte dos vinhedos sido trocados por Verdicchio e Trebbiano de maior produtividade e potencial comercial. Hoje existem apenas cerca de 1200 hectares plantados a sua maioria na região de Marche (de onde é nativa) e Abruzzo na região adriática da itália. Há vinhedos também na Umbria, Lazio e Toscana, porém em menor quantidade e tende a ser mais usada em cortes em função de sua boa acidez, intensidade aromática e um teor alcoólico um pouco mais elevado.

O Primeiro Pecorino (vinho) que provei não esqueço e olha que já faz um tempinho! rs Foi numa feira de vinhos promovida por meu amigo Simon Knittel em sua linda loja na Av. Angélica, a Kylix que lamentavelmente já fechou suas atividades físicas. Foi lá nos idos de 2009 num Wine Day por ele promovido quando entre outros ótimos vinhos descobri o Casal Vecchio Pecorino que foi para mim o vinho mais surpreendente da mostra. Sumiu do mercado por um bom tempo, porém hoje há bem mais opções no mercado e a cepa voltou à minha taça recentemente.

Arenile*, da Cantina Ripa Teatina é um vinho em que o primeiro impacto é literalmente esfuziante pois seus aromas intensos e florais, são inebriantes e tomam conta de nossas sensações. Flores brancas do campo, frutas brancas, pêssego, é uma festa! rs na boca muita fruta com a nectarina se impondo na entrada de boca, numa segunda camada me dei conta de pera, talvez melão, final seco, acidez muito boa e sem excessos, notas minerais completam um conjunto deveras agradável e sedutor de final seco e fresco. Daqueles vinhos que uma pessoa não sabe se funga ou se bebe, na dúvida muito de ambos!! rs Um vinho marcante que comentei aqui em Janeiro de 2018 mas que há tempos não passava por minha taça, estava com saudades e não posso mais deixar tanto tempo passar sem ele! Preço mais que justo, em minha opinião, entre R$75,00 a 80,00 no mercado de São Paulo, vale muito a pena e é algo diferente sensorialmente falando.

Um ótimo fim de semana, kanimambo pela visita e saúde!

 

 

Penne com Bacalhau e Chianti!

O Chianti óbviamente na taça! rs Num desses domingo fui visitar meu filho e minha netinha e optei por almoçar lá, porém para me garantir eu cozinharia, rs, brincadeira, foi um bem bolado. Levei o bacalhau e o vinho, pedi para que ele comprasse o Penne e o brócoli já que esse seria o prato do dia. Bem, foi quase isso pois o o brócoli faltou, porém e mesmo assim ficou bem bom e a companhia ajudou demais! Como meu filhote disse, faltou o brócoli, ressaltou o bacalhau!! rs

Para acompanhar levei um bom Chianti Colli Senesi da Montechiaro, o 345, tradicional corte de Sangiovese (70%) com Canaiolo, Colorino e outras castas regionais em menor proporção, passa 12 messes em barricas francesas de segundo e terceiro uso, mais seis meses em garrafa antes de sair ao mercado.

A região de Chianti tem diversas sub regiões afora as mais conhecidas Chianti e Chianti Classico, são 9 no total. O Chianti, mesmo DOCG, varia muito de qualidade e produz por muitas vezes vinhos mais comerciais e menos expressivos havendo a necessidade de se garimpar bastante para não comprar gato por lebre. As sub regiões Colli (7) são vinhos de diversas colinas que permeiam a região e costumam gerar vinhos de melhor qualidade com maior ênfase no terroir distinto de cada uma e normalmente passam por um maior período de amadurecimento seja em barrica seja em garrafa. Os melhores na minha opinião são os Colli Fiorentini, Colli  Rufina e Colli Senesi. Este vinho é um exemplo disso e ainda prefiro os cortes mais tradicionais como este sem o uso de castas internacionais como a Cabernet e/ou Merlot que cada vez mais tomam conta da produção da região.

A harmonização, modéstia ás favas (rs) ficou muito boa. A boa fruta da Sangiovese estava bem presente com aromas intensos, boa textura com taninos macios, rico meio de boca, fruta moderada, corpo médio, boa acidez e sedoso final de boca fazem com que uma garrafa acabe muito rapidamente! Um bom vinho na casa dos 100 a 110 Reais, que me agradou muito.

Por hoje é só, em breve mais algumas experiências a compartilhar. Kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui. Boa semana a todos, saúde!

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Encontro de Juarez e Nero no Chá da Tarde.

Depois de 10 dias fora do ar por motivos técnicos venho compartilhar este Chá da Tarde (rs), que é um encontro de amigos sem data marcada que volta e meia acontece para compartilhar alguns bons caldos de Baco e botar o papo em dia. Desta feita três vinhos bem diversos, dois brasucas e um italiano, cada um com seu estilo e personalidade. Eis o que achei deles:

Iniciamos com um alvarinho da Miolo, Quinta do Seival Alvarinho 2013, na minha opinião um vinho a rever numa versão mais nova, safra mais recente, este 2013 não estava ruim, porém ficou claro que já teve melhores dias, que já tinha passado o cabo da boa esperança. Faltou acidez, vivacidade e fruta cítrica características da casta, cremoso na boca, fruta madura que depois que esquentou um pouco na taça mostrou um certo dulçor que não estava lá antes. Preciso abrir uma outra garrafa mais jovem, esta não valeu!

Nero di Troia é uma uva pouco comum por aqui e dos poucos vinhos que provei deste vinho com a marca da Puglia, na bota da Itália, gostei de todos. Desta feita abri este Pignataro Nero di Troia 2016, de rótulo classudo e vinho cheio de vibe! rs Notas de chocolate, bombom de cereja com licor, frutos negros, médio corpo, leve apimentado de final de boca, taninos finos e macios, acidez balanceada e um meio de boca delicioso onde aparece um toque algo tostado bem sutil. Daqueles vinhos que pedem bis e que provocam burburinho entre a turma, uma uva e vinho a serem descobertos.

Juarez Machado 2007 é elaborado pela Vila Francioni e é o mesmo vinho que o VF, na minha opinião o melhor dos rótulos tintos que esta vinícola produz em suas belas instalações de São Joaquim na serra Catarinense. Um belo corte bordalês de Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Malbec com 15 meses de barricas novas francesas. Este da safra 2007, pouco mais de 10 anos nas costas, vendia saúde! Na cor ninguém saberia dizer que teria esta idade e tanto nos aromas quanto na boca mostrou uma evolução incrível , não soubesse e dificilmente diria que é um vinho brasileiro. Me lembrei quando o coloquei há uns sete anos atrás como intruso numa degustação às cegas de Bordeaux, Desafio de Bordeauxs até 100 Reais, e ele terminou em segundo como o intruso numa seleção de 12 rótulos franceses. Hoje mostrou que evolui muito bem também e eu vi aqui pelo menos mais uns dois ou três anos de muita vida pela frente. Denso sem ser alcoólico ou pesado, taninos muito finos, rico meio de boca, complexo, notas terrosas, um belo vinho que encontrei na rede por algo em torno de R$180,00. Vale buscar por aí, uma grata surpresa na evolução. Ainda recentemente fiz uma degustação numa confraria com vinhos nacionais com mais de 10 anos, foi muito bom!

Adoro estes encontros, sempre bons momentos independentes dos caldos, mas que harmonizam muito bem quando nos deparamos com vinhos da estirpe destes dois tintos que mexem com a gente. Uma ótima semana para todos e ótimo estar de volta. Kanimambo pela visita e nos vemos por aí nas estradas de Baco ou por aqui. Saúde!