Uma Dupla Luso Italiana na Confraria Frutos do Garimpo

Um de origem portuguesa, região Lisboa, e o outro italiano da região do Piemonte. Dois blends, duas propostas diferentes, duas personalidades diferentes, vinhos de gama média/alta que este mês caíram em minha peneira e com isto rompo o silêncio que há dez dias imperava por aqui! rs

Começo por um xodó meu que ainda há poucos dias apresentei numa aula sobre vinhos e regiões Pinto collectionprodutoras portuguesas, com a colaboração do importador ALMERIA. O Quinta do Pinto Estate Collection 2012, um corte de Touriga Nacional (35%), Aragonez (25%), Syrah (25%) e Merlot (15%) de Alenquer , região Lisboa, onde fica localizada a Quinta. Passa 12 meses em barricas francesas de 2º uso o que lhe confere complexidade sem abafar a fruta abundante. Cor rubi ainda bem escura com halo violeta, aromas de boa intensidade onde despontam os frutos escuros, na boca notas especiadas, fruta abundante, meio de boca de ótima textura, denso, rico com taninos ainda firmes e aveludados. Final de boca muito elegante apesar de ainda algo austero, e de boa persistência, um vinho muito especial e um destaque da região. Para beber já, mas certamente ainda tem um par de anos pela frente para evoluir com muita qualidade e diversão à mesa, porque o nome ajuda! rs Um senhor vinho com preço de mercado condizente com a qualidade, entre R$200 a 250,00.

O Segundo vinho vem do Piemonte, Itália, especificamente de Monferrato, um blend sempre majoritariamente de Dolcetto e que em 2013 teve como coadjuvantes, 10% de cada, as uvas RuchéRosso Scarpa (rara uva regional), Barbera e Freisa perfazendo um conjunto muito atrativo. É o Monferrato Rosso Scarpa DOC que é um lançamento recém chegado à importadora BODEGAS que me procurou para colocar este rótulo nesta confraria de oportunidades com um preço especial. A primeira visão na taça é de um vinho ainda jovem com halo bastante vivo, no nariz é um pouco tímido porém nota-se frutas vermelhas e sub liminarmente algo de eucalipto/mentol mais sutil. A entrada de boca é marcante, firme, frutado, meio de boca com taninos bem presentes tomando conta do palato mostrando boa estrutura, notas terrosas com um final de boca aveludado em que a acidez aparece mais, pedindo comida. Risoto de funghi, Brasato, Polenta mole com ragu, estamos diante de um típico vinho italiano gastronômico e que, a meu ver, perde se tomado solo.  Um vinho sem passagem por barricas, apenas Inox por 10 meses seguido de 3 de afinamento na garrafa antes de sair ao mercado e, mais uma vez, um vinho que ainda evoluirá para mais um par de anos. Preço de mercado deverá ficar entre R$130 a 140,00.

Por hoje é só, durante a semana tem mais. Kanimambo pela visita, saúde e uma ótima semana!

Primeiro Vinho do Ano é Branco!

Foi no apagar das luzes de 2017 que tomei este vinho, uma bela forma de terminaruva-pecorino-1 o ano! Me entusiasmou ao ponto de fazer dele o alvo de meu primeiro post do ano, uma vinho branco italiano em que a uva usada tem nome de queijo! É isso mesmo, a uva é Pecorino, de nome igual ao queijo que é elaborado com queijo de ovelha, e tem sua origem na regiões de Marche e Abruzzo onde volta a ter papel importante após um período meio abandonada. Mais sobre a uva você poderá ver clicando na imagem aqui do lado. Eu quero mesmo é falar do vinho! rs

Areline*, da Cantina Ripa Teatina é um vinho em que o primeiro impacto é literalmente extusiante pois seus aromas intensos e florais, são inebriantes e tomam conta de nossas sensações. Flores brancas do campo, frutas brancas, pessego, é uma festa! rs na boca muita fruta onde desponta a nectarina, numa segunda camada me dei conta de pera, talvez melão, final seco, acidez moderada e notas minerais completam um conjunto deveras agradável e sedutor. Daqueles vinhos que uma pessoa não sabe se funga ou se bebe, na dúvida muito de ambos!! rs

Eu já tinha tido a chance de provar um vinho elaborado com esta uva numa degustação da saudosa Kylix do amigo Simon e já naquela época me surpreendi e o indiquei como um dos melhores vinhos do evento. Foi o Casale Vecchio que há época entrou nos meus melhores de 2009 entre 50 e 80 pratas, porém não o tenho visto no mercado. Não é uma uva comum, porém com este preço (75 pratas ou por aí) e com toda esta personalidade, novos rótulos aparecendo, tenho a certeza que será uma uva que em breve se tornará mais conhecida e desde já sugiro aos amigos que ponham essa experiência em vossa wish list. Eu certamente procurarei outros rótulos, mas este fez minha cabeça e mostrou, uma vez mais, que bons vinhos podem sim ter preços igualmente bons!

 

Arenile

Essa garrafa abri para acompanhar meu almoço de dia 31 de Dezembro, empanadas de Queijo com cebola e calabresa, sem frescuras, ficou da hora. Uma ótima semana e um melhor ainda ano de 2018 explorando todos os caminhos deste mar de vinhos que Baco nos deixou, sem preconceitos, sem paradigmas de taça à mão e mente aberta, deixe-se surpreender! Saúde, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui ou por por aí em algum lugar dessa nossa imensa e intrigante vinosfera.

 

* Importado pela Premium e disponível na Vino & Sapore e outras boas lojas do ramo.

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SPERI – Grandes Vinhos de Valpolicella

Dando continuidade e finalizando meus comentários sobre os vinhos de Valpolicella provados na degustação promovida pela Mistral, chego na SPERI. Diz o Gambero Rosso que a SPERI tem notável importância histórica na região com 60 hectares de vinhedos orgânicos todos eles localizados na região de Valpolicella Classico. Eu não conheço o bastante para comentar essa afirmação, mas o que eu posso dizer é que provavelmente seja o melhor que eu já provei e isso, lamentavelmente, quer dizer preços mais altos! Não tem jeito, como sempre digo, “nem todo vinho caro é excelente, porém não existe vinho de excelência barato”, especialmente no Brasil!!

Neste caso, só vinhos de Valpolicella e difíceis de comentar, pois o nível aqui começa alto desde seu DOC Classico até um néctar dos deuses chamado Recioto la Roggia que entrou para meu wish list, inebriante. Da sPERI ClipboardSperi foram “apenas” cinco vinhos sobre os quais tecerei abaixo alguns comentários sobre as sensações despertadas, mais do que a qualidade em si que, a meu ver, é irrepreensível. Um toque antes, sempre que possível gosto de mostrar preços no mercado, sempre checando antes porque tem muito importador que chuta preços nesses eventos, e neste caso como no post sobre os vinhos da Campagnola os preços estão em dólares americanos pois assim trabalha a Mistral. Creio importante sempre colocar o preço pois, especialmente no Brasil, é fator preponderante na análise de um vinho quando falamos com seguidores de Baco, como faço aqui.

Valpolicella DOC Classico 2016 – para quebrar todos os eventuais preconceitos que um possa ter para com vinhos desta classificação. Bem frutado, fresco, gostosa textura de meio de boca com taninos suaves, mas presentes, formando um conjunto muito equilibrado de médio corpo que pede abrir diversas garrafas! Uma grande partida para vôos algo mais altos em sua linha de produtos. Preço USD38,00

Valpolicella Ripasso Classico Superiore 2015 – sedutor no nariz com bastante intensidade aromática, suculento na boca mostrando muito equilíbrio, bom volume,, taninos finos e aveludados mostrando garra e elegância, um vinho que surpreende por sua complexidade. Preço USD66,00

Sant’Urbano Apassimento Classico Superiore 2014 – é um single vineyard de um dos principais vinhedos da região, Sant’Urbano. As uvas passam por cerca de 20 a 25 dias no processo de apassimento (desidratação) o que lhe aporta mais concentração e complexidade. Potente, algo austero, mostrou-se ainda jovem com taninos firmes e denso na boca. Um vinho de respeito, maturado por 18 meses em barricas de 500 litros de carvalho francês, num patamar acima! Preço USD74,00

Amarone Vigneto Monte Sant’Urbano 2012 – do mesmo vinhedo do anterior, e para resumir tudo, um baita vinho! Certamente entre os TOP 3 amarones que já tive oportunidade de provar e não hesitaria em o guardar por pelo menos mais uns dois anos antes de o “descorchar”, mas se o esquecer na adega por mais cinco certamente sua paciência será muito bem recompensada! Grande estrutura, vigoroso sem perder a elegância, frutos secos bem presentes, denso, alguma especiaria num final de boca interminável, vinhaço e o preço acompanha, não tem jeito quando um vinho chega neste patamar de qualidade, USD185,00. Para quem pode, uma adega cheia, se não pelo pelo menos três garrafas, uma para agora, outra para daqui a dois anos e a última para daqui a cinco!! rs

Recioto la Roggia 2013 (500ml) – Uau, paixão á primeira fungada! rs Inebriante foi o primeiro adjetivo que me veio à cabeça, uau! Também de um single vineyard, são 110 dias de apassimento até que as uvas percam 40 a 45% de seu peso, concentrando açúcar. Maceração em tanques de inox por 25 dias, posterior estágio de fermentação em barricas de 500 litros em adega refrigerada para posterior estágio de afinamento em barricas de carvalho por 24 meses com um um tempo de descanso em garrafa para finalmente ser colocada no mercado. Um vinho de meditação, para curtir tranquilo sem pressa, petiscando um eventual queijo, vendo o sol se pôr no horizonte agradecendo aos deuses pela possibilidade do momento. Precisa falar que gamei?? Preço USD140, que falta faz um din-din!!! rs

Bem amigos, foi uma viagem e tanto pela região com os mais diversos vinhos, estilos e preços neste 15 vinhos provados da Campagnola e agora da Speri e uma conclusão; quem ainda seguir com preconceitos a respeito deste pedaço de bom caminho está perdendo “big time” e sejam estes, sejam outros rótulos, explore!!! Saúde, kanimambo pela visita e uma ótima semana para todos.

 

 

 

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Campagnola e Speri – Valpolicella, Soave, Bardolino

Como disse na Segunda-feira, estive na Mistral para conhecer os vinhos destes dois produtores que agora compartilho com os amigos. Como disse anteriormente, afora vinhos de Valpolicella, eles também produzem vinhos em outras regiões do Veneto como Soave e Bardolino.

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Antes de falar dos vinhos, duas observações; Soave e Bardolino, duas outras DOCS do Veneto encostadas em Valpolicella.

1 – Soave não tem nada a ver com “suave” (rs) e sim com a charmosa cidade de Soave onde reina uma outra uva a Garganega, uma doc que produz vinhos brancos.

2 – Bardolino, a doc mais próxima do lago de Garda com tintos e rosés usando as uvas tintas principais de Valpolicella.

Giuseppe Campagnola – Com 110 anos ou seja, a parte mais difícil de fazer vinho já passou (rs), a vínicola produz vinho nas três regiões e o que me agradou foi a relação PQP (Preço x Qualidade x Prazer) de seus vinhos vis-à-vis nosso status quo tupiniquim de preços. Deles provei 10 vinhos sendo estes os meus destaques:

Pinot Grigio Veneto IGT 2016 – fresco, notas de grama molhada, cítrico, fácil de agradar a gregos e troianos, preço USD21. Na mesma faixa de preço, o Bardolino Campagnola entryChiaretto Classico 2016 é um vinho sedutor e intrigante, mostrando uma personalidade bastante gastronômica.

Soave Clássico DOC le Bine 2016 – branco delicioso e vibrante à base de Garganega e 30% de Trebbiano de um “cru” de Soave de Monte Foscarino. Um vinho que apaixona, pegada seca porém com o frescor da Trebbiano levantando o conjunto, complexo meio de boca, grande companheiro para pratos de frutos do mar ou um spaghetti alle vongole,  gostei demais!! Preço USD32,00

Valpolicella Classico DOC le Bine 2015 – o vinho possui um plus, 15% das uvas são passificadas (desidratadas) por 60 dias e adicionadas ao mosto provocando uma Campagnola le Bine Tintosegunda fermentação. extraindo mais cor e sabores. Posteriormente é envelhecido em tonéis de 5 mil litros de carvalho eslovenio. Nariz sedutor, na boca a fruta madura está bem presente, fresco, longo, um Valplolicella que quase parece um Ripasso, para tomar de montão. Preço USD34,50

Amarone, dois bons exemplares de boa tipicidade, porém algo diferentes entre eles. O DOCG Classico vigneti Vallata di Marano 2013 é um vinho já pronto e muito saboroso, por USD110,00. O Classico Riserva DOCG Caterina Zardini 2012 é seu mais premiado vinho com 94 pontos (11) no guia Veronelli e suas uvas passam por um período de 10 dias passificação e afinado em barricas de carvalho francesas por 18 meses. Muito complexo, potente, ainda muito novo em seus pouco mais de 3 anos de garrafa. Vinho para abrir daqui a mais uma meia dúzia de anos e se esbaldar certamente. USD180 é o preço.

Bem, este post já está se alongando demais, mesmo para meus parâmetros (rs), então vou deixar para falar da Speri e seus vinhos na próxima semana, pois o post de Sexta-feira já está agendado. Viram que não falei dos Bardolinos tintos, tinha um, mas é que sigo tentando encontrar um que realmente me agrade. Este foi bem melhor que a maioria, mais conteúdo (sim vinho também tem! rs), mas ainda não me seduziu, os tintos da região tendem a ser meio esquálidos, tem quem goste, mas não fazem a minha cabeça, até agora! Agora acabei, rs, bom feriado, saúde e kanimambo pela visita.

 

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Valpolicella – Vinhos Pouco Valorizados, Mas …

Se tem coisa difícil de vender são os vinhos de Valpolicella, aliás como muitos chiantis, porque a história não nos traz boas lembranças. Durante muito tempo mandaram zurrapa para cá, vinhos raquíticos, precinho baixo, ficou a fama, uma pena porque há muita coisa boa por lá a explorar.

Pouca gente sabe que o Amarone vem de lá, apesar de idolatrarem o vinho, demonstrando que há muito ainda a fazer para elevar o nível de conhecimento dos seguidores de Baco, mas muita da culpa é também de importadores que não estão nem aí, qualquer coisa em troca do vil metal! As histórias desses atentados ao consumidor são muitas e até hoje o vinho alemão paga o preço do desgaste das famosas garrafas azuis e, nesta caso, um agravante que é o preço dos vinhos que vêm de lá hoje em dia. Enfim, coisas do mercado que deixam marcas que ficam, mesmo que não demonstrem efetivamente a realidade, porém a região tem muito bons vinhos, que ao provar as pessoas elogiam e compram só há que trabalhar mais e mostrar esses bons rótulos, mostrar a região e seus vinhos.

Valpolicella

Nesta sub região do Veneto, nas colinas ao redor de Verona, os vinhos são elaborados com uvas autóctones regionais; a Corvina (protagonista), a Rondinella e Molinara assim como a Corvinone e algumas de menor uso como a Barbera, Sangiovese e Rossignola assim como algumas uvas internacionais mais recentemente introduzidas como a Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc .

Valpolicella e Valpolicella Classico Vinhos mais macios, algo ligeiros, taninos leves, baixo teor alcoólico (11 a 12%) e acidez de média para alta. A classificação clássico se dá para vinhos produzidos na região produtora mais antiga ao redor de cinco municipalidades; Sant’Ambrogio di Valpolicella, Fumane, San Pietro in Cariano, Marano e Negrar e normalmente apresenta vinhos de melhor qualidade, fuçando se encontram vinhos interessantes.

Valpolicella Classico Superiore, um degrau acima com passagem obrigatória de 12 meses em barrica, vinhos de maior extração, cor, álcool um pouco mais alto (entre 12 a 13%), taninos mais presentes apresentando maior estrutura, corpo médio uma classificação que faz a minha cabeça e há muito vinhos sedutores por aqui.

O Valpolicella Ripasso, que passa por uma segunda fermentação nas borras dos Amarones por 15 a 20 dias, ganhando estrutura e complexidade, corpo médio para encorpado, vinhos redondos, harmônicos muito bem balanceados e de teor alcoólico um pouco mais alto  que o superiore e bem gastronômicos

Amarone, só o nome já deixa muitos suspirando sem que a maioria saiba que é um vinho de Valpolicella. Um vinho encorpado seco, elaborado com uvas que passam por um processo de desidratação de cerca de quatro meses quando as uvas perdem cerca de metade de seu peso concentrando açucares porém a fermentação segue até o fim resultando em teores alcoólicos bastante altos (15 a 17%) e vinhos densos com um minímo de 2 anos de envelhecimento antes de sair ao mercado, uva passa bem presente. Envelhecimento ocorre em toneis grande de carvalho da Slavonia e/ou barricas francesas de 225ltrs. Vinhos longevos (10 anos + dependendo do produtor), grandes parceiros para um bate papo e lascas de Grana Padano ou queijos similares.

Recioto della Valpolicella que é um vinho doce também obtido através da secagem das uvasdesta feita por períodos de até 200 dias , porém a fermentação é interrompida resultando em vinhos de teor mais alto de açucares e menos álcool. Vinhos que envelhecem bem podendo se tornar verdadeiros néctares.

Todo este preâmbulo sobre a região de Valpolicella, tem a ver com uma degustação que tive na Mistral para conhecer dois novos produtores da região que eles começaram a trazer ao Brasil. Em função da proximidade com Bardolino e Soave, outras DOC no Veneto, boa parte dos produtores de Valpolicella também acabam produzindo vinhos dessas regiões e tive a oportunidade de provar alguns mais uma vez. No próximo post falarei dos vinhos provados da Campagnola e da Speri que mais me chamaram a atenção. Até Quarta, saúde e kanimambo pela visita.

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Falando de Sebastian, Um Espumante Diferente!

Volto com algo para curtir e celebrar, sabores diferentes e uma grata surpresa na taça. Começa por ser diferente pois vem da Lombardia fronteira com o Veneto, encostado no lago de Garda e mais uma razão para visitar CáMaiol Sebastian Rosatoesta linda região italiana. Lugana DOC, é lá que se situa a CàMaiol produtora deste gostoso espumante rosato (rosé) trazido ao Brasil pela Galeria de Vinhos.

Segue sendo diferente pois usa duas uvas tintas pouco conhecidas, a Groppelo (70%) com Marzemino, duas uvas tintas regionais. Após a primeira fermentação, fica sobre lias (Sur Lie) por um período de tempo não determinado, quando vai para a autoclave onde faz a segunda fermentação por cerca de dois meses (Método Charmat). Linda e sedutora cor, somente 25 mil garrafas produzidas, brut, ótima perlage com bonito colar de espuma, na boca um pouco mais de volume do que estamos acostumados a ver nos rosés por aí. Balanceado e fresco com um final diferenciado e complexo que ficam por bastante tempo na boca e levam a pensar notas sutis de uma leve oxidação que na realidade não existe, intrigante e sedutor. Quanto ao preço, anda na casa dos 100 a 115 Reais e pode ser encontrado nas “boas casas do ramo” ! rs

Eu ainda preciso testar, porém acho que pode dar um samba legal como acompanhamento a paella valenciana mista! Fica como sugestão a conferir numa próxima oportunidade. Ah, um fator menos importante, mas que chama a atenção; a linda garrafa que vira motivo de “briga” (rs) para ver quem leva para casa. É isso, conforme for desenterrando matéria vou publicando, sem data nem hora marcada! Kanimambo, saúde e nos vemos por aí! Nesta semana tem Enoladies, Wines of Chile, degustação da Go Where Gastronomia, muita fonte de inspiração que anda faltando, inté.

 

 

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Dois Italianos na Taça.

A família é uma só, mas com os pés nas duas principais regiões produtoras italianas, Piemonte e Toscana, e recomendo uma visita ao site deles clicando aqui > http://gaslinialberti.it/. Dois vinhos bem diferentes, mas igualmente suculentos, cada um com seu jeito, suas nuances e uvas. A meu ver, dois vinhos que valem o preço pedido (considerando-se nossa realidade) e que frequentam minha taça volta e meia e, por isso mesmo, quis compartilhá-los com os amigos. 
bricco-monferratoDo Piemonte Bricco San Giovanni Monferrato Rosso 2011 – Um vinho que conheci recentemente na busca por vinhos desta região para uma degustação temática. O frescor e fruta típica da Barbera (60%) se alia ao Merlot que aporta algo mais de corpo, cor e notas herbáceas ao conjunto. Passa seis meses em barrica de carvalho e afina em inox por mais seis meses antes de sair para o mercado. O resultado é um vinho bastante rico, boa textura, paleta olfativa de boa intensidade lembrando frutos do bosque, que deve acompanhar bem pratos de carnes com molho, pastas, risotos, mostrando-se bastante versátil. Recentemente o coloquei na degustação de uma confraria tendo sido um sucesso e uma surpresa para todos, vinho na casa dos R$115 a 120,00 em Sampa.
Da Toscana, Badia di Morrona Rosso dei Poggi 2013 – Aqui a protagonista é a Sangiovese, principal rosso-dei-poggiuva da região, que é complementada pela Cabernet Sauvignon, Merlot e um tico de Syrah. Um vinho que desde a primeira fungada me seduziu e o produtor tem história pois se situa num outrora mosteiro beneditino do século XI. Sem passagem por madeira, mostra-se muito aromático e intenso no nariz. com aromas de frutas vermelhas e ervas aromáticas. Na boca mostra-se de médio corpo, macio e equilibrado sendo uma ótima companhia para massas e pratos de carne menos estruturados ou condimentados, um vinho que me dá muito prazer tomar. No mercado o preço gira em torno de 90 a 95 Reais (em Sampa) e a distribuição é feita pela Lusitano Import que apesar do nome trabalha com vinhos de diversas origens.
Por hoje é só, fui! Saúde e kanimambo pela visita esperando vos rever por aqui em breve ou em qualquer outro ponto de nossa vasta vinosfera.
 

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Carmignano e Capezzana, a Toscana Desconhecida!

Carmignano DOCG, seu maior representante, a Tenuta di Capezzana com documentos que mencionam a região datados de 804!! Tive contato com a Tenuta di Capezzana no encontro da Mistral de 2009, os famosos Tour Mistral que encantam com tantos produtores de excelência, e adorei, tanto que já tive alguns rótulos na Vino & Sapore inclusive seu gama de entrada Monna Nera que é da hora e um pouco mais acessível. Desta feita fui convidado a participar de uma degustação matinal com a presença de Leone Contini Bonacossi o representante da 5º geração da família. Muitos e ótimos vinhos com alguns rótulos que me entusiasmaram e todos orgânicos desde 2009, exceção feita (creio eu) ao Monna Nera.

Toscana carmignanoCarmignano é uma DOCG desde 1990, localizada a noroeste de Firenze, porém há mais de 12 séculos produz vinho. Foi a primeira região da Toscana a ter a Cabernet Sauvignon homologada dentro de uma DOC ou DOCG sendo que exige (dentro da DOCG) que esta cepa represente um mínimo de 10%. Os vinhos da região exigem um minímo de participação de 50% de Sangiovese e permitem a inclusão de outras uvas como; mínimo de 10 até 20% de Cabernet Sauvignon ou Franc, até 20% de Canaiolo Nero, até 5% de Mammolo e Colorino, até 10% das uvas brancas Malvasia e Trebbiano. Como curiosidade, as primeiras mudas de Cabernet chegadas na região foram importadas do Chateau Lafite Rotschild, Bordeaux. São apenas cerca de 200 hectares e 13 produtores que até 1975 quando obtiveram classificação DOC, estavam sob as normas de Chianti.

Com uma produção estimada em apenas cerca de 500 mil garrafas ano e a primeira safra engarrafada dentro da atual família datada de 1925, a Tenuta di Capezzana produz vinhos brancos e tintos usando tão somente leveduras selvagens. Eis o que tivemos o privilégio de provar:

Capezzana tasting 2

Tenuta di Capezzana Chardonnay 2013 – uma das mais gratas surpresas desta prova. Muito cremoso, baunilha na boca, fruta fresca, incrível frescor para um vinho de 2013 sem madeira. No nariz e na boca dá para jurar que passa em barrica, mas niente!! Delicia e longo na boca, gostei muito.

Trebbiano VDT 2015 – aqui a madeira já aparece, porém sem qualquer agressividade preservando a fruta. Vinhedos de mais de 60 anos, boca mais densa, mineralidade bem aparente, um bom vinho, gosto dessa uva!

Monna Nera 2015 – o vinho entrada deles que conheci há cerca de dois anos e que gostei muito, um blend de Sangiovese, Merlot, Cabernet Sauvignon, Syrah e Canaiolo com apenas 5 meses de barrica, muito equilibrado, fresco, frutado e fácil de se gostar.

Barco Reale di Carmignano (uma DOC) 2012 – um degrau acima e 10 dólares mais caro que o Monna, blend de Sangiovese, Cabernet Sauvignon e Canaiolo maturado em tanques de inox e passagem por botti (toneis) de 12 mil litros da Slavonia. Notas mais verdes, médio corpo, taninos aveludados, bom mas não me encantou.

Villa di Capezzana Carmignano 2013 – velho conhecido e um vinho alguns degraus acima que me encanta. Encorpado, complexo, blend de Sangiovese e Cabernet Sauvignon que mostra bem o potencial da região. Chegando nos 80 Dólares, já é menos acessível, mas está em linha com vinhos de qualidade similar, para quem tem ($) eu recomendo, um belo vinho que impõe respeito.

Trefiano Carmignano 2010 – Uau! Blend de Sangiovese, Cabernet Sauvignon e canaiolo, profundo, grande estrutura, taninos se fazem mais presentes e apresenta uma certa rusticidade de final de boca, porém sem agressividade. Um grande vinho e uma grande opção para quem gosta de vinhos algo mais robustos e pode guardar por mais uns dois ou três anos que esse vinho só vai melhorar na garrafa.

Ghiaie della Furba IGT 2010 – Curto e grosso, vinhaço!! É um IGT porque sai fora das normas estipuladas pela DOCG já que seu blend tem em sua composição 10% de Syrah e não tem Sangiovese. A protagonista qui é a Cabernet Sauvignon (60%) com Merlot (30%) e Syrah. Um show na taça e na boca, um adolescente que evoluirá muito positivamente por mais uma década e fui atrás de alguns exemplares de 2004, achei! rs Enfim gente, vinho que passa 14 meses em barricas francesas mostrando ótima textura, grande volume de boca, rico, frutos negros, alguma especiaria de final de boca, um grande supertoscano e, nessa faixa, com precinho pois seus cerca de 400 pratas é cerca de metade do que alguns de seus principais concorrentes. Babando para provar o 2004!!

Capezzana 804 IGT 2004 – uma jovem criança, 100% Syrah e apenas 300 caixas produzidas. Um grande vinho com um grande preço e acho que abrir por agora é um desperdício. Depois do Ghiaie della Furba e do impacto que ele me causou, difícil avaliar ou comentar qualquer coisa, sorry, fiquei prejudicado! rs

Capezzana tasting 1

Ufa, mais uma bela prova matinal promovida pela Mistral e um encontro deveras especial com este produtor escondido numa Toscana pouco conhecida. Saúde, uma ótima semana e kanimambo pela visita. Hoje tem World Wine Experience Ibérico, depois falo como foi, fui!

 

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Burson Rosé Brut de Longanesi na Taça!

Adoro ser surpreendido tão positivamente e, paralelamente, descobrir como nossa vinosfera é grande permitindo que mesmo com tanta litragem taça degustada ao longo dos últimos dez anos de estudo, ainda aparece uma uva que não conhecía!

longanesi-burso-e-acino-verdeLonganesi é o nome da uva e a Itália está repleta destas surpresas regionais para quem topa se aventurar além da Toscana e Piemonte. Regiões de excelência sem dúvida alguma, porém há muito mais a ser descoberto por lá. No último encontro da Confraria Vinhos de Segunda em São Paulo (por sinal com vaga aberta para quem esteja interessado) que realizamos na Lusitano Import mensalmente, abrimos os “trabalhos” com este espumante de distribuição exclusiva deles aqui em Sampa que todos presentes curtiram bastante. Obviamente fui atrás de saber mais da uva!

Burson (apelido de Antonio Longanesi) é o nome dado pelos produtores ao vinho longanesi-cartello-burson-3-773x580elaborado com a uva Longanesi na Emilia Romagna (mais conhecida entre nós pela produção de lambruscos), tendo como epicentro a cidade de Bagnacavallo. A uva possui uma história recente tendo sido “descoberta” por Antonio Longanesi ao comprar uma propriedade na região onde encontrou essa vinha que subia num grande carvalho, lá nos idos de 1920. Encantado com a uva, após quase 30 anos nos anos 50, começou um processo de reproduzir esse clone desenvolvendo uma produção para a especifica elaboração de vinhos. Homologada em 2000, desde 1997 possui um Consorzio regulador para proteger e preservar os vinhos e região que hoje é liderado por Daniel Longanesi, possuindo cerca de 17 produtores. A uva também é conhecida pelo grão verde que é o que indica que o cacho está no ponto de colheita (foto acima).

Existem basicamente três estilos de vinhos sendo elaborados com esta uva; Burson burson-rosatoEtichetta Blu (tintos secos), Burson Etichetta Nera (vinhos doces Passito) e espumantes, porém você pode ampliar seu conhecimento sobre esta uva e região clicando no link do Consorzio acima. Nós provamos na confraria e, neste último Domingo, tomamos brindando os 42 aninhos de meu genro (Márcio), este gostoso exemplar de espumante Rosé e mais uma vez confirmou minha primeira impressão. Randi Burson Rosato Brut, perlage fina (seis meses de Charmat), boa espuma, cor coral acobreada bonita, vivaz e paleta olfativa de boa intensidade. Na boca surpreende com um meio de boca bastante rico e complexo, seco, boa acidez e um final mais ligeiro e fresco compondo um conjunto bastante harmonioso e diferente (mais para frutos negros que vermelhos) com leve toque de especiarias que seduz. Na Confraria a percepção de valor apurada bateu com o preço sugerido pela Lusitano, entre R$85 a 90,00 o que acho bem razoável pela qualidade na taça.

Enfim, começando a semana com novidades Falando de Vinhos diferentes, de uva pouco conhecida produzida tão somente num local, gosto disso e gostei do vinho. Vale a experiência para quem busca sempre algo pouco comum, recomendo e na Vino & Sapore também tem. Uma ótima semana para todos e kanimambo pela visita, saúde!

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Costela Suína e Vinho, Brincando de Harmonizar

Mesmo não sendo essencial, sempre bom quando dá certo! rs Se o vinho é bom e a companhia idem boa parte da harmonização já está pronta, mas quando o prato acompanha, a festa fica melhor ainda. Em minha modesta opinião de cozinheiro de meia-tigela, porém de bom garfo (rs), a costela suína é um prato bastante versátil que possibilita muitas harmonizações. Pode ser uma boa cerveja de abadia, um vinho branco ou tinto, pois como na maior parte dos pratos, depende muito de como é feita.

Costelinha de porco na brasa, por exemplo, sou um fã incondicional com vinho verde e já escrevi sobre isso aqui, “ um perfeito companheiro para a costela ou um lombinho de sunday Oct 11th 004porco no forno. De um intenso frescor e acidez rasgante, perfeitamente balanceado e pleno de sabor é uma perfeita combinação com comidas mais gordurosas. Há pouco tempo o usei numa harmonização com feijoada e tanto eu como os convivas,  pode ter sido mera cortesia dos amigos, adoramos também essa combinação. A acidez corta a gordura e realça sabores com ótimos resultados, uma de minhas harmonizações preferidas e um corte que me agrada muito, Alvarinho com Trajadura.“. Naquela época (2013) andava caidinho pelo Varanda do Conde, já hoje (fidelidade no vinho não é meu forte! rs) ando apaixonado mesmo é pelo Dona Paterna, bão demais da conta!

Como disse, depende de como você prepara e cozinha a costelinha suína então o vinho muda de acordo. Neste feriado aproveitei que tinha no freezer da loja umas costelinhas temperadas e prontas para irem ao forno da Srs. da Carne e simplifiquei a minha vida. tem a Lemmon Pepper, mas desta feita optei pela molho Barbecue. Não sou fã da americana que tende a ser muito adoçicada e algo puxada demasiado no ketch up, mas costela-e-urceuso tempero desta me atrai pelo equilíbrio. Como opção de vinho fiquei na dúvida entre um Zinfandel e um Primitivo, mas optei por este último, escolhi o Urceus Primitivo di Manduria. A uva tem por característica uma leve doçura de final de boca que combina e combinou à perfeição neste caso.

O Urceus é um vinho intermediário entre os Primitvos mais ligeiros e comerciais no mercado e os grandes, potentes e caros (mais que o dobro do preço) expoentes da uva disponíveis no mercado. Nariz intenso de frutos negros, notas de especiarias que se confirmam na boca, corpo médio, taninos aveludados e rico meio de boca com um final de boca macio que se integra muito bem ao molho barbecue que deixei secar um pouco no forno para não sobrar no prato.

A carne muito saborosa, se soltava do osso e se desmanchava na boca onde encontrava o Urceus formando uma harmonia que fez meu dia e de quem teve a oportunidade de compartilhar desse momento para lá de agradável. Para completar um arroz biro-biro (com ovo e batata palha),uma saladinha e ótima companhia, can’t ask for more!

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Por hoje é só gente mas já deixem reservado o dia 22 de Setembro quando promoverei uma degustação diferenciada com vinhos argentinos, “Diversidade Argentina para Além do Malbec” na Vino & Sapore às 20h. Vinhos marcantes escolhidos a dedo por mim e no final, uma seleção de empanadas da Caminito com quem já trabalho faz quatro anos. Saúde, kanimambo pela visita e sigo aguardando vocês por aqui ou pelas mais diversas esquinas de nossa vinosfera.