Vinhos da Semana

Mais uma série de vinhos tomados e, mais uma vez bem escolhidos. Tá, já sei estou puxando a sardinha para a minha brasa, mas fazer o quê, foram boas escolhas mesmo! Rsrs Brincadeiras à parte, alguns eram vinhos já conhecidos e agora revisitados, outros foram fruto de garimpo e, outro, presente recebido de uma amiga italiana. No todo, 5 vinhos muito agradáveis e de boa qualidade de que gostei bastante e espero que você também caso tenha a oportunidade de se deparar com um deles por aí. Eu me diverti bastante!

 

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Trio Chardonnay 07 – este é um vinho que freqüenta a minha mesa com uma certa assiduidade em função de ótima relação Qualidade x Preço x Prazer. Como já havia comentado, é um saboroso corte de Chardonnay (70%), Pinot Blanc (15%) e Pinot Grigio (15%) em que as primeiras duas passam por cerca de 10 meses de barricas e o ultimo somente em tanques inox para preservar mais a fruta e a mineralidade que aporta ao corte. Possui um nariz bastante complexo com muita fruta fresca, algo cítrico de boa intensidade. Na boca é cremoso, macio mostrando estar muito balanceado com um frescor muito agradável e um final de boca com leves nuances de abacaxi. Foi grande companheiro para um gostoso risoto de salmão. Com um preço ao redor de 40 reais, é uma das boas opções do mercado e um curinga para se ter na adega. I.S.P. $

 

 

 

Lorca Fantasia Malbec 07 –  mais um que vem nos lembrar que para ser bom o vinho não precisa ser caro. Aromas de boa tipicidade com aporte de frutas silvestres e algo mineral com nuances terrosas e cor violeta típica da cepa e da idade. Entrada de boca gostosa com leve especiado, boa estrutura e acidez balanceada que pede um belo bife de chorizo. Taninos finos, algo aveludados com final de boca sedoso e levemente quente (olho na temperatura) de boa persistência com retrogosto suavemente tostado. Um vinho que agrada fácil e uma ótima pedida para um churrasco com os amigos.  Trazido pela Ana Import, tem um preço sugerido em torno de R$36,00 e vale. I.S.P. $

 

 

 

Quinta do Encontro Merlot/Baga 04 – comprado na Expand Sale do inicio do ano e ainda tenho mais três garrafitas guardadas. Grande escolha. Tem gente que reclama de produtos comprados nesses grandes mata/mata e até concordo que tem muita coisa que não é lá nenhuma Brastemp ou já está em franca decadência, quando não é já um pobre corpo estendido na prateleira. Agora, para ir num lugar desses tem que fazer lição de casa e eu fiz direitinho. Tenho outros rótulos comprados e me dei bem em todos. Mas vamos a este portuga da Bairrada em que a Merlot aparece em conjunto com a Baga, cepa habitualmente vigorosa, amaciando-a e tornando o vinho mais amistoso. Boa fruta silvestre no nariz, corpo médio, na boca mostra fruta madura, bom equilíbrio, sente-se um certo frescor fruto de uma acidez bem dosada, saboroso final de boca de média persistência com taninos sedosos já totalmente equacionados gritando me bebe, me bebe! Um porto seguro, pronto a beber e quem comprou pelos míseros R$17,50 que paguei, se deu muiiiito bem. O preço normal é de R$35,00, ou por aí, o que segue sendo uma boa pedida. Pelo preço que paguei, vai receber um meio smile extra. I.S.P.  $  

 

 

Rio Sol 06 – um corte muito bem elaborado de Syrah com Cabernet que, não tem uma vez que ponho na boca e não me impressiono. Incrível como os portugueses da Dão Sul acertaram a mão neste vinho e, de certo, o terroir de alguma forma ajuda e muito no processo. Já fazia mais de ano que não tomava este vinho e só me surpreendi positivamente. Melhorou, ou eu melhorei minha percepção, desde a última safra provada mostrando-se um vinho realmente muito saboroso, de grande harmonia, taninos sedosos, boa textura e volume de boca, corpo médio formando um conjunto difícil de não gostar. Um dos melhores vinhos abaixo de 20 Reais hoje disponíveis no mercado e, á cegas, acho que daria um banho em muito rótulo medalhado que há por aí, como aliás já o fez na Expovinis de 2008. Um vinho para acabar com o reinado argentino de vinhos bons e baratos, só precisa o brasileiro descobrir. Na Expand por R$19,00 e uma opção para não deixar de lado. I.S.P. $  

 

 

 

Fattoria di Bagnolo Chianti Colli Fiorentini 2006 – de Marchesi Bartlini Baldelli, de vinhedos DOCG localizados nas colinas ao sul de Florença, vem este agradável exemplar de Sangiovese/Colorino e Merlot num corte bastante agradável. Rubi escuro, aromas intensos de fruta vermelha com algum floral. Na boca possui corpo médio, bastante equilíbrio com taninos finos ainda presentes, aveludados de boa textura, num estilo mais puxando para a elegância,com final de boca macio e saboroso. Fácil de beber, é um vinho que, ao preço certo, poderia muito bem virar assíduo frequentador de minha mesa. Boa companhia para massas (agnolotti de vitelo) e uma carne grelhada. Este me foi trazido de presente por uma amiga, trader de vinhos que representa o produtor no mercado externo. I.S.P.  

 

Salute e Kanimambo

Vinhos da Semana

Vinhos da semana anterior ao meu aniversário. Um preparo para o que está por vir, já que pretendo me tratar muito bem por quinze dias. Como diriam meus amigos Gaúchos, “Bah, para quê só comemorar um dia chê?!”  Mereço mais que isso, modéstia é uma de minhas principais virtudes (rsrsrs), então vou mesmo é me tratar muito bem e desbravar alguns rótulos que guardo já faz um tempinho. Enquanto isso, eis os vinhos tomados na preparação para o evento principal.

 

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Espumante Milantino Moscatel – Havia prometido fazer de cada semana uma data especial para tomar espumantes e já comecei. Porquê aguardar os momentos especiais e não, simplesmente, criá-los por decreto pessoal? Espuma abundante, perlage fina de pouca intensidade, porém constante. Nariz tímido, porém de boa tipicidade. Entrada de boca saborosa, algo doce, mas bem balanceado pela existência de uma acidez correta dando-lhe maior equilíbrio. Fácil de agradar, um pouco doce em demasia para o meu gosto, sendo ótima companhia para uma sobremesa. Produtor de pequeno porte no Vale dos Vinhedos, trazido pela Lusitana que o vende em Sampa por R$35,00. I.S.P.  

 

Blackbird Bonarda/Malbec 06 – Tinha provado este vinho na Wines of Argentina do ano passado e o achado bem interessante. Esta é uma linha básica, de entrada, da Clop y Clop que possui um portfolio bem mais amplo trazido pela D’Olivino. Vi no mercado perto de casa e comprei uma garrafa para fazer a prova dos nove. Só confirmou tudo o que tinha achado em minhas primeiras impressões. Um vinho simples, agradável, honesto, bastante saboroso, corpo leve e fácil de tomar, uma opção aos varietais trazendo alguns aromas e sabores mais elaborados e diferentes. Se não tem grandes virtudes, também não tem defeitos e pelo preço de R$19,00 é uma boa opção para o dia-a-dia junto com outros vinhos argentinos já mencionados aqui anteriormente. Um vinho que satisfaz acompanhando uma pizza de calabreza ou peperoni. I.S.P. 

 

Stepping Stone Padthaway Shiraz 05 – um vinho australiano da região de Limestone Coast que meu sobrinho me trouxe no Natal de 2007.  Lá, custa algo próximo a 13 dólares australianos o que equivale a mais ou menos USD9. Pensando bem, custa praticamente o mesmo que o Blackbird aqui acima, sacanagem!!! A esse preço estaria costumeiramente sobre a minha mesa e na minha taça, um vinho sedutor que me agradou sobremaneira. Cor bonita de um rubi profundo, bem frutado com leves toques apimentados. Na boca confirma a fruta, com a madeira muito bem posicionada não se sobrepondo ao vinho em momento nenhum. Vinho de muito boa acidez, textura encantadora, jovial e macio, taninos sedosos e um final de boca muito saboroso de boa pesistência mostrando toques herbáceos. Com teor de álcool de 13.5% em perfeita harmonia, a garrafa terminou rápido demais, deixando-nos, tomei com meu genro, com água na boca e desejos de mais algumas garrafitas. Se alguém estiver por lá e quiser me presentear, pode trazer uma caixa! Bom demais, me deixou feliz e deixou saudades. Quem sabe algum importador não se anima?!

 I.S.P.  

 

Palazzo Della Torre 01 – elaborado com Corvina, Rondinella e um tico de Sangiovese. Cerca de 70% do lote é viníficado de imediato, enquanto o restante passa por um processo de secagem em esteiras ao estilo amarone para posterior mescla dos lotes. Uma inovação do produtor que perde assim a classificação de DOC, menos importante do que o nome Allegrini que lhe confere a importância e prestigio que merece. Um vinho suculento, diferente, com um nariz muito agradável em que aparecem frutas do bosque, baunilha e algo floral. Na boca sabores complexos em que sobressai alguma fruta passa, bem balanceado, taninos finos e sedosos num ótimo final de boca. Muito similar ao 2004, mas este está mais maduro, médio corpo com taninos mais equacionados e macios com um final algo mineral. Um belo vinho que está na Expand (04) com um preço em torno de R$98,00.

 I.S.P.  

 

Amancaya 06 – um vinho fruto da sociedade entre Lafite-Rothschild e Catena Zapata na Bodega Caro, um assemblage de 50/50 Malbec e Cabernet Sauvignon. Uma segunda avaliação deste bom vinho que só tinha degustado anteriormente, o que é algo bem diferente de tomá-lo. Sem duvida alguma um bom vinho, em que se sente bem a influência de Bordeaux com toques Mendocinos. Possui intensa fruta madura no nariz, algo de café torrado e carvalho. Encorpado, firme, grande volume de boca, taninos presentes ainda bastante firmes mesmo após 45 minutos de decanter, um vinho austero, classudo e equilibrado, mostrando uma certa elegância, mas que ganhará muito com mais um ou dois anos de garrafa. O final de boca é bastante agradável de boa acidez,talvez algo mineral, média persistência e retrogosto levemente apimentado . Comprarei mais uma garrafa e a abrirei daqui a dois anos só para sentir a evolução, mas creio que crescerá muito em elegância e finesse. Um vinho de muitas qualidades, mas que ainda está muito jovem para se sentir todo seu potencial e que certamente se tornará mais amistoso com o tempo. Acho que andamos tomando determinados vinhos cedo demais, mas esse é assunto para outo post. Na Mistral por R$69,00. I.S.P. $

 

Salute e kanimambo

 

Quer contatar importadores ou lojas aqui mencionados, veja detalhes em “Onde Comprar” .

Leonardo da Vinci e Jarno Trulli, Juntos na Santa Ceia

Eheheh, não é sacanagem não, é vero! Três eras juntas, algo imaginável que só poderia ser realizado em nossa Terra Brasilis e em nossa vinosfera! Tá legal, abusei da criatividade, porém é tudo verdade. Jarno Trulli, sim o da Toyota na Formula 1, é sócio de uma vinícola italiana, a Podere Castorani, com atividades em Abruzzo, Puglia e Sicília, e a Cantine Leonardo da Vinci é um produtor bastante conceituado com uma linha bastante ampla de vinhos na Toscana. Ambos são agora importados para o Brasil, com exclusividade, pela Santa Ceia, uma jovem empresa de Valinhos. Agora deixem-me compartilhar com vocês um pouco deste meu encontro com os três.

Primeiramente falemos da Santa Ceia, que são os responsáveis por este encontro de tão ilustres figuras (rsrs). Um sonho do Chef e restauranteur Rogério Bertazzoli (Cantina Família Bertazzoli em Vinhedo) que decidiu dar um tempo às panelas e abraçar uma outra paixão, os vinhos. Para realizar esse sonho, se unio a dois outros amantes do vinho buscando novos desafios; o Ricardo Selmi (Grupo Selmi) e Belarmino Marta (Rádio Campinas) para criar a Santa Ceia em Abril de 2008, uma importadora de vinhos buscando trazer ao mercado vinhos de qualidade com um posicionamento de preços competitivo. Para começar, quatro produtores e três países; da Itália os nossos protagonistas da chamada deste post, a Podere Castorani de Jarno/Enzo Trulli e seus sócios, assim como a Cantine Leonardo da Vinci com seus prestigiados e bem avaliados vinhos da Toscana, do Chile a Torreón de Paredes e da Argentina a linha Zolo da Fincas Patagonicas / Bodegas Tapiz. Tive a oportunidade de conhecer alguns destes bons vinhos que comentarei mais abaixo e, pelo que pude apreciar, creio que é mais uma boa opção para o enófilo consciente que quer bons vinhos por bons preços. É só o inicio de um trabalho que terei imenso prazer em acompanhar, até porque já falam de um bistrô aqui no endereço de São Paulo, e me parece que as bases plantadas são muito boas. Falemos dos Vinhos e seus criativos produtores com um incrível e atraente apelo visual.

leonardo-jarno-045         Os vinhedos da Podere Castorani, vinícola que data de 1793 mas que passou por diversas mãos até que chegou nos presentes 4 sócios, possuem uma idade média superior a 25 anos e são localizados na região de Abruzzo. As vinhas produzem, essencialmente, as cepas da região, ou seja; a Montepulciano, a Trebbiano d’Abruzzo e algo de Malvasia. Possui, também, vinhedos na Sicília e em Puglia de onde vêm, respectivamente, os rótulos Picciò e Scià. Gostei bastante do design da linha Majolica, que nos convida a provar os vinhos.

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Provei dois dos três rótulos da linha Majolica que tem o Montepulciano, o Trebbiano e o Rosé.

O Montepulciano 07 mostrou bastante tipicidade, com uma paleta olfativa de muito boa intensidade e uma boca bem saborosa, mas de taninos firmes ainda presentes mostrando qualidades porém ainda muito novo. Necessita de decantação ou, pelo menos, mais um ano de garrafa para mostrar todo o seu potencial. Um pouco curto, mas de agradável retrogosto.

O Rosé 07, elaborado com 100% de Montepulciano é de uma cor rosada muito bonita e chamativa. Aromas frutados e frescos de fruta vermelha como cereja e morango, na boca mostra uma certa untuosidade, muito bem balanceado, bom frescor com um final de boca muito saboroso e de média persistência. Ótimo para ser servido a 8º de temperatura como aperitivo ou acompanhando pratos leves.

          Ainda preciso provar os outros rótulos disponíveis, especialmente o Scià, um vinho mais em conta, e os topo de gama, incluindo o Jarno, porém o aperitivo foi muito bom e me abriu o apetite para conhecer mais dos vinhos da Podere Castorani. Estes vinhos provados estão por volta de R$43,00.

         Cantine Leonardo da Vinci, um ilustre representante dos vinhos da Toscana com muito prestigio junto á critica especializada mundial, especialmente a Wine Spectator onde seus vinhos alcançam pontuações bastante altas. Em 1961, trinta produtores locais se uniram para produzir vinhos tendo a partir de 71, também entrado na comercialização para melhor controlar seu destino. Hoje são cerca de 200 pequenos produtores e mais de 500 hectares de vinhas distribuídos pela região de Chianti, Montepulciano e Maremma na Toscana, produzindo vinhos de qualidade sob a batuta do conceituado winemaker Alberto Antonini que já andou pelas bandas de casas famosas como Marchesi Antinori e Marchesi de Frescobaldi. Tendo estudado em Bordeaux e Califórnia, obteve seu doutorado em agronomia, o que lhe permite tratar a terra e o cultivo dos vinhedos de forma diferenciada. É uma ponte entre o clássico e o moderno que se sente nos vinhos elaborados pela casa. Uma das poucas vinícolas a ostentar DOCG em seus rótulos de chianti, somente 24 na região desde 2003, produzindo vinhos realmente encantadores. Das diversas linhas produzidas, provei alguns da linha Leonardo e da linha Vinci que comentarei abaixo, mas mais uma vez me encantei com o design e classe dos rótulos que realmente nos convidam a abrir a garrafa. Lógico que se o conteúdo não acompanhar o design de nada adianta e, neste caso, é um casamento perfeito.

 

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Dos vinhos acima provei o Leonardo Chianti, o Maremma Morellino di Scansano, o Vinci Chianti e o Vinci Chianti Clássico. Lamentavelmente a fotografia não é uma arte que domino, mas garanto que os rótulos são realmente muito bem desenhados, clássicos mas com um toque de modernidade, assim como os vinhos.

label-morellino3 Morellino di Scansano 2006, notas frutadas com aromas delicados de ameixas vermelhas. Boca macia, harmônica com taninos finos, macios e sedutores. Um vinho muito fácil de agradar, tendo harmonizado muito bem com uma massa recheada de queijo brie e damascos, coberta com um molho de tomate caseiro. Preço por volta dos R$68,00.

 

label-leonardo Leonardo Chianti DOCG 2007, decididamente um vinho que ainda necessita de decantação, pois ainda se encontra meio viril, precisando ser domado. Depois de uns 40 minutos mostra suas qualidades. Não sendo um blockbuster, é sim um vinho bastante agradável, de boa tipicidade, nariz tímido, de bom equilíbrio na boca, taninos firmes e aveludados com um final de boca saboroso e levemente apimentado. Acompanhou muitíssimo bem umas polpetas com molho de tomate. Preço por volta dos R$54,00.

 

label-da-vinciDa Vinci Chianti DOCG 06, no meu conceito um degrau acima dos demais. Nariz intenso de frutas vermelhas, muito rico, sedutor, cremoso, fruta fresca na boca, taninos finos presentes, redondo, com uma acidez muito boa mostrando toda a sua aptidão para acompanhar um bom prato, neste caso braciola, yummy. De médio corpo e boa persistência, me agradou bastante. Preço ao redor de R$60,00.

 

 

label-vinci-classicoDa Vinci Chianti Clássico DOCG 06, surpreendentemente pronto para o ano, mas mostrando estrutura para guarda de alguns anos mais. Boa paleta olfativa, ótima entrada e meio de boca, final saboroso, de média persistência mostrando muita harmonia e equilíbrio. Taninos presentes, mas de grande elegância, finos e sedosos, muito rico de sabores, um vinho sedutor que dá grande prazer de tomar e nos convida à próxima taça. Este eu tomei acompanhando um bom bate-papo e um queijo parmesão. Com um preço de cerca de R$72,00 foi, para mim, a melhor relação Qualidade x Preço x Prazer dentro os vinhos que provei.

         Ainda tem os chilenos e argentinos, tem Brunello e Rosso di Montalcino, tem Super Toscano, mas isso deixo para um outro dia. Agora que lhe apresentei aos protagonistas deste post, só me resta recomendar uma visita para conhecer a loja e seus vinhos, mais um que provei e aprovei. Se quiser conhecer mais e visitar um de seus três endereços (Valinhos / Campinas e São Paulo) dê uma olhada em www.santaceiavinhos.com.br. O endereço de São Paulo fica na Rua da Consolação alí próximo à Alameda Franca, local simples e sem frescura com projeto para se tornar um point de encontro para os amantes de vinho na região dos Jardins.

Salute e kanimambo

De Olho na Toscana

olho-vivoHá poucos dias tive oportunidade de tomar dois vinhos da região da Toscana/Chianti e me surpreendi. Não que não esperasse algo de qualidade, muito pelo contrário, porém nem tanto e, em especial, me surpreendi pela maciez desses vinhos em sua tenra idade, pois ambos eram de 2006. Para um ainda não existe importador, um Chianti Colli Fiorentini DOCG muito agradável, sedoso e fácil de tomar e o outro um Chianti Clássico de primeiríssimo nível que me encantou por sua textura e complexidade. Ambos vinhos firmes que certamente terão uma longa vida de guarda, o Classico um pouco mais, porém já prontos a beber com um equilíbrio e harmonia impressionantes. Deste ultimo, o Clássico, sobre qual falarei mais tarde junto com algumas boas novas que trarei ao longo do mês, me despertou ainda mais a curiosidade e me deixou intrigado pois esperava algo diferente em função de sua juventude, talvez um vinho mais fechado com taninos adstringentes o que não foi o caso. Aliás, esta me parece uma característica dos grandes vinhos em grandes safras, o fato de que, mesmo sendo de média para longa guarda, já são profundamente amistosos na boca com apenas dois ou três anos de vida.

Neste fim de semana passado, morgando após cansativos feriados de Natal e Ano Novo, lia uma edição da Wine Spectator e BINGO! Ali estava a explicação, duas incríveis safras seguidas para as quais temos que botar as barbas de molho e ficar de olho, pois os vinhos estão realmente excelentes, como há muito não se via, ou melhor, provava. Pela matéria da Wine Spectator, da qual extraí a tabela de safras abaixo por sub-região, existe uma séria controvérsia entre os produtores quanto a qual a melhor safra se de 2006 ou a de 2007, porém é unânime a constatação de que há muito a região não tinha duas safras seguidas com tanta qualidade exceto, talvez, há uma década nos anos de 97 e 98. Stefano Frascolla da Tua Rita (Expand), acredita que seu Syrah de 2007 talvez venha a ser o melhor vinho que ele jamais produziu, com uma impressionante paleta aromática e enorme riqueza e harmonia.

James Suckling, degustador oficial da Wine Spectator para vinhos italianos, afirma que as quatro notas mais altas dadas por eles em 2008, foram exatamente para vinhos da região, especificamente o Testamata de Bibi Graetz 06 (98), Tua Rita Redigaffi 06 (97), Marchesi de Frescobaldi Giramonte 06 (97) e Antinori Solaia 05 (97). Guardadas as devidas proporções, para nós proletários do vinho interessa saber que a máxima de que; em safras de grande qualidade podemos comprar bons vinhos de segunda linha dos grandes produtores ou primeira linha de produtores médios e nos darmos muitíssimo bem por preços mais acessíveis, tem que ser perseguida nestas safras de 06 e 07. Grandes vinhos dos grandes produtores, todavia, ficarão por preços além do imaginável, acessível só a bolsos extremamente bem recheados ou a cartões corporativos de plantão. Eu vou, certamente, me deliciar com chiantis de qualidade pelos próximos dois a três anos, disso podem ter certeza, e o resultado do garimpo publicarei aqui!

 

Ano

Bolgheri e Maremma

Brunello

Chianti e Chianti Classico

2007

 

 

88-92

2006

92-96

92-97

93

2005

91

88-92

88

2004

92

92-97

89

2003

88

88

91

2002

85

78

79

2001

96

98

92

2000

89

88

88

1999

93

97

94

1998

98

91

89

1997

97

99

97

 

Salute e bom garimpo nos chiantis. Espero ainda este mês fazer uma matéria com um novo importador que traz alguns néctares por preços bem razoáveis. O Clássico que tomei é deles e me deixou caidinho! Só um toque, a sub-região de Bolgheri é mais afortunada ainda com 4 anos seguidos de boas safras, bom para garimpar.

Neste Sábado a volta da Coluna do Breno, no Domingo Noticias do Mundo do Vinho e na Segunda volto com mais Melhores de 2008, desta feita na faixa de R$50a 80,00! Bom fim de semana.

Novas Descobertas

È meus amigos, estas minhas viagens pelo garimpo volta e meia me apresentam descobertas muito interessantes. Incrível os bons e saborosos vinhos que conseguimos encontrar por preços bem acessíveis, se realmente saímos e fuçamos um pouco no mercado. Na ultima semana tomei estes quatro rótulos muito interessantes que convido você a provar.

Primitivo San Marzano 06 IGT, um vinho da região da Puglia. Um vinho surpreendemente bom pelo preço, vindo para provar que nem todo vinho barato é ruim, mesmo quando italiano. Um verdadeiro achado do Fredo, Jorge e Cia lá da BR Bebidas. Quando se olha no contra-rótulo se descobre o porquê, é que a vinícola está ligada ao grupo Farnese um dos melhores produtores italianos com braços espalhados por diversas regiões produtoras e, desses mesmos vinhedos, produz alguns néctares de grande qualidade. Este é escuro, denso, chega a tingir a taça. De ótima concentração, na boca apresenta muita tipicidade da cepa com ótima acidez, taninos finos e aveludados. O final de boca é muito saboroso e agradável apesar de relativamente simples. A percepção de valor é bem superior ao preço de R$22,00 que a BR vende. Para o dia-a-dia, um vinho realmente muito bom! $ 

Les Salices Viognier 06 de Jaques e François Lurton, produtores franceses com investimentos espalhados pelo mundo inteiro. Produzem também, o ótimo Fuméss Blanche um Sauvignon Blanc muito bom e de bom preço. Este Viognier é um VdP (vin de pays) de boa tipicidade no nariz, boa intensidade mostrando frescor e algo floral. De corpo médio, bem balanceado, untuoso, algo cítrico, um bom exemplar desta cepa que começa a ganhar espaço no mercado.  Na Zahil por R$51,00.

 

Beringer Founder’s Estate Pinot Noir 05, da Califórnia, Estados Unidos. Uma novidade da Expand que o trouxe ao Brasil há pouco tempo e que, agora tenho oportunidade de  tomar e apreciar. Diferentemente das degustações, em que a gente basicamente “bica” o vinho, eventualmente duas vezes, nos vinhos da semana literalmente tomo e aprecio o vinho, muitas vezes acompanhado de comida, o que produz percepções e emoções diferenciadas. Provar uma novidade é sempre muito legal porque entramos desprovidos de informações e influências outras que não o da descoberta e esta safra foi especialmente boa o que aguçou minha curiosidade. Este Pinot é uma gostosa descoberta, mesmo não sendo um grande vinho e nem se propõe a isso. De médio corpo, taninos médios, um pouco genérico nos aromas e muito agradável de se tomar, mostrando estar muito redondo, harmônico e macio, fácil de agradar. Uma boa opção para conhecer o estilo dos pinots da Califórnia, tradicionalmente caros, sem que se tenha que provocar um rombo no bolso. Na Expand por R$59,00

 

Subsídio 06, do bom produtor alentejano, Lima Mayer, vem este vinho muito interessante, corte de Aragonez, Syrah, Alicante Boushet e Cabernet Sauvignon produzido na sub-região de Monforte. De nariz contido, necessita de um tempo em taça para se abrir em gostosos aromas de frutos silvestres. Sem ser um blockbuster, é um vinho correto, descomplicado, bom equilíbrio e estrutura, taninos arredondados e maduros, pronto a beber e de um final de boca bastante agradável e fácil de gostar. Na Seleto Vinhos por bons R$38,30.

 

Ps. os preços são de uns 15 dias atrás, há que conferir se ainda se mantêm.

 

Endereços e Telefones para contato, encontre na seção “ONDE COMPRAR”

Montando Minha Adega Italiana

Comecei a elaborar uma lista de preferidos que colocaria em minha adega, o mês passado com os vinhos franceses provados. Desta feita, e para finalizar o tema dos vinhos italianos do mês de Setembro, separei 40 rótulos e, apesar de ter um teto de R$150,00 por garrafa, desta vez me permiti fazer uma estripulia, realmente três, me presenteando com três belos vinhos. Deixei de lado os vinhos de reflexão, pois esses estão bem mais além. Os preços são aproximados e onde comprar são basicamente endereços em São Paulo e parceiros importadores. Como sempre, me guiei somente pelos vinhos provados e com disponibilidade local. Queria ter algum Brunello na lista ou, eventualmente como sugerido pelo amigo Rafael, um Taurasi porém, o primeiro só conheço alguns rótulos não disponíveis por aqui e o outro me é totalmente estranho tendo entrado em minha lista de degustações educativas necessárias (eheheh). Estando em São Paulo, todavia, não deixe de pesquisar nas lojas de nossos parceiros listados em Onde Comprar.

 

Vinho

Região

Safra

Onde

Tipo

 R$

San Marzano Primitvo

Puglia

2006

BR Bebidas

Tinto

22,00

Bonachi Muntepulciano d’Abruzzo

Abruzzo

2006

BR Bebidas

Tinto

23,00

Zipolino Sangiovese

Toscana

2005

Wine Company

Tinto

26,66

Verdicchio dei Castelli di Jesi Classico – U. Ronchi

Marche

2007

Expand

Branco

29,00

Nova Corte Montepulciano d’Abruzzo

Abruzzo

2006

BR Bebidas

Tinto

35,00

Badiolo Chianti DOCG

Toscana

2005

Wine Company

Tinto

38,88

Vernaiolo Chianti DOCG

Toscana

2004

Wine Premium

Tinto

39,00

Casa Defra Pinot Grigio

Veneto

2006

Wine Company

Branco

39,99

Branciforti Bianco

Sicilia

2006

Wine Premium

Branco

41,00

Masseria Trajone Nero d’Avola

Sicilia

2006

Diversos

Tinto

42,00

Serrano Rosso Conero – Umani Ronchi

Marche

2006

Expand

Tinto

45,00

Valpolicella Campo del Biotto

Veneto

2006

Decanter

Tinto

47,40

Nicodemi Trebbiano d’Abruzzo

Abruzzo

2006

Decanter

Branco

48,30

Branciforti Rosso

Sicilia

2005

Wine Premium

Tinto

49,00

Tosca – Chianti Colli Senesi

Toscana

2004

Zahil

Tinto

54,00

Remole

Toscana

2006

G. Cru Granja Viana

Tinto

58,00

Rosso Salento “Santi Medici”

Puglia

2005

Vinea

Tinto

60,00

Nicodemi Montepulciano d’Abruzzo

Abruzzo

2005

Decanter

Tinto

61,00

Crearo Cabernet Sauvignon

Friulli

2005

Wine Company

Tinto

62,22

Erta & China

Toscana

2004

Decanter

Tinto

63,20

Valdipiatta Rosso di Montepulciano

Toscana

2004

Zahil

Tinto

64,00

Notari Trebbiano d’Abruzzo

Abruzzo

2005

Decanter

Branco

67,90

Rocca delle Macie – Chianti Classico DOCG

Toscana

2004

Wine Premium

Tinto

68,00

Le Orme Barbera d’Asti

Piemonte

2006

Zahil

Tinto

69,00

Valfieri Barbera d’Asti

Piemonte

2004

Vinea

Tinto

72,00

Chiaramonte

Sicilia

2005

Wine Premium

Tinto

75,00

Firriato Etna Rosso

Sicilia

2005

Wine Premium

Tinto

78,00

Valpolicella Class. Ripasso Costamaran

Veneto

2004

Decanter

Tinto

79,20

Passo delle Mule

Sicilia

2005

Portal dos Vinhos

Tinto

97,50

Villa Antinori

Toscana

2004

Expand

Tinto

98,00

Insoglio

Toscana

2005

Expand

Tinto

98,00

Palazzo de la Torre

Veneto

2004

Expand

Tinto

98,00

Notari Montepulciano d’Abruzzo

Abruzzo

2004

Decanter

Tinto

108,10

Pradio Rok – Cabernet Sauvignon

Friulli

2004

Wine Company

Tinto

110,00

Il Bruciato

Toscana

2005

Expand

Tinto

118,00

Sant Agostino Bianco

Sicilia

2006

Wine Premium

Branco

118,00

Edizione Cinque Autoctoni

Marche

2005

Portal dos Vinhos

Tinto

145,00

Barbera d’Alba Fides – Pio Cesare

Piemonte

2004

Decanter

Tinto

210,00

Amarone Classico Ca `del Pipa Cinque Stelle

Veneto

2004

Decanter

Tinto

258,00

Barolo Corda della Briccolina

Piemonte

2003

Expand

Tinto

310,00

 

                O preço de uma adega formada com estes saborosos rótulos, ficou muito similar à francesa, cerca de R$3.200,00, porém com menos 5 rótulos o que resulta numa média um pouco mais alta. Por outro lado inclui três rótulos bem mais caros, estripulia não realizada na montagem da adega francesa, então no fritar dos ovos é basicamente a mesma coisa. Baseado no tamanho do seu bolso e no seu gosto dá para ajustar a seleção ao tamanho de adega que desejar, sendo que os primeiros da lista são ótimas opções de vinhos para o dia-a-dia com preços de dia-a-dia. Esta seleção saiu em média por R$80 a garrafa o que, considerando-se a origem e a qualidade dos rótulos selecionados, até que o preço está bastante justo. Por quanto tempo com esta loucura do Dólar ninguém sabe, já existem diversos aumentos no mercado e há que ficar de olho, até porque dentro de duas semanas essa onde de pânico pode haver revertido e o câmbio acompanhado. Agora, se você tem uns Dólares/Euros guardados, eis uma boa oportunidade de fazer bom uso deles!

           Neste fim de semana, não deixe de participar de nossa campanha de aniversário da coluna Falando de Vinhos, preenchendo o cadastro na seção ANIVERSÁRIO, aqui do lado. Temos já algumas dezenas de participantes; uns sem preencher o quiz, o que é válido, outros preenchendo e acertando, outros errando feio, mas tudo é festa, o importante é participar até porque os prêmios são uma delicia, garanto. É isso, bom fim de semana, e semana que vem começo a falar de Brasil, suas regiões, vinhos e cepas.

Arriverdeci, salute e mille grazzie!

 

Ps. UFA!! Três dias de pane no speedy e enrolação da telefonica, finalmente voltei ao normal. Sorry!

 

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Itália, Regiões, Cepas e Vinhos – Parte IV

            Para finalizar esta série de posts sobre a Itália, falarei um pouco sobre algumas DOCGs e outras curiosidades dos vinhos Italianos que, por muitas vezes nos deixam em duvida sobre seu significado.

Supertoscano – Não é uma denominação regulamentada pelos órgãos oficiais italianos, mas sim pelos próprios produtores e mercado. Em um movimento iniciado pelos vinhos Sassicaia e Tignanello ambos da família Antinori, porém de braços diferentes (primos), no inicio dos anos setenta, saem alguns dos melhores e mais importantes vinhos da Itália. Na busca por vinhos melhores e mais complexos, eles quebraram as regras e elaboraram vinhos na Toscana com uvas não autorizadas e em porcentuais fora da regulamentação o que os colocaria numa vala comum denominada Vino di Tavola. A exuberância desses vinhos, no entanto, gerou uma classe não regulamentada de enorme qualidade e reconhecimento internacional. Entre estes vinhos o Sassicaia e Tignanello (Expand) grandes e espetaculares vinhos, e Solaia, Ornella, Petra, Sangioveto, Sanmarco, Fontalloro e Guado al Tasso Bolgheri são alguns outros destes grandes vinhos.

Amarone – Um vinho tradicionalmente caro e produzido artesanalmente de uma forma diferente do que estamos acostumados a vê, com as uvas regionais Corvina, Rondinella e Molinara. As uvas são colhidas bem maduras, escolhidas cacho a cacho escolhendo-se os melhores em que os frutos não estejam muito próximos um dos outros para permitir uma melhor circulação de ar. Esses cachos são então colocados a secar sobre esteiras por 120 dias, ou algo próximo disso dependendo da safra e do produtor. Nesse processo, as uvas perdem entre 30 a 45% de seu peso quando são então esmagadas e fermentadas a quase seco por um período entre 30 a 50 dias sob baixa temperatura. Após a fermentação, o vinho de baixa acidez e alto teor alcoólico, envelhece em barricas de carvalho por algum tempo, ficando as borras desse vinho para elaboração do Ripasso de Valpolicella.  Ame-o ou deixe-o, estes são os sentimentos da maioria que prova um destes vinhos totalmente diferente e de enorme complexidade. Não tive oportunidade de degustar muitos destes vinhos, mas o que provei – Amarone Clássico Ca ‘del Pipa Cinque Stelle 04 (Decanter) – é de tirar o chapéu, ajoelhar e agradecer aos deuses pelo néctar. Pena que está acima das minhas posses!

Recioto della Valpolicella se a fermentação for parada antes, se produzirá um alto residual de açúcar, superior a 4grs por litro, gerando um vinho tinto doce de grande qualidade e intensidade. I Castei (Decanter) foi o rótulo que provei, divino.

Ripasso de Valpolicella – ou repasse, numa tradução direta, quer dizer que após a fermentação do vinho, este é repassado sobre as borras do Amarone, para uma segunda fermentação em que adquire grande complexidade e concentração de sabores, maior corpo e tanicidade. Nessa re-fermentação, alguns produtores adicionam um pouco de uvas secas, o que reduz um pouco a adstringência dos taninos e lhe dá mais cor, diminuindo um pouco o tempo necessário para que atinja seu apogeu. Normalmente gera um vinho de maior longevidade que necessita de alguns anos em garrafa para evoluir e mostrar todos os seus sabores. Eu gostei muito do Costamaran 04 de Michele Castellani (Decanter), mas dizem que o Campofiorin do produtor Masi (Mistral) é excelente.

Chianti – Entre as regiões de Firenze e Sienna, existem dois Chiantis, o “tradicional” sub-dividido em sete e o Chianti Clássico que é aquele que traz na garrafa o símbolo do Galo Negro. Há uma lenda interessante envolvendo estes vinhos; Em meados do século XVII, as disputas políticas envolvendo as cidades quanto à extensão territorial de cada uma, alcançaram também a denominação dos vinhos. A fim de resolver essa questão, foi proposta a realização de uma prova para a delimitação das fronteira vitivinícolas. A prova, uma corrida, envolveria um cavaleiro de cada cidade que deveria sair em direção à outra assim que o galo cantasse na alvorada. A fronteira seria o ponto onde eles se encontrassem. Acertado isso, o povo de Siena elegeu um galo bonito, jovem, bem nutrido para cantar na alvorada enquanto que o povo de Firenze escolheu um galo negro, magro e mal alimentado. É claro que o galo de Firenze acordou mais cedo, pois tinha fome, e cantou antes do galo de Siena fazendo com o que o cavaleiro de Firenze tivesse boa vantagem. Essa vantagem fez com que os cavaleiros se encontrassem já bem perto de Siena e, como consequência, a cidade de Firenze conquistou um território maior que a vizinha. Dizem que essa disputa também levou para Firenze a exclusividade do nome Chianti que é representada nas garrafas por um galo negro. Lendas à parte,afora o Chianti Clássico que exige um mínimo de 80% de Sangiovese, existem sete sub-regiões de Chiantis; Colli Aretini, Colli Fiorentini, Colli Senesi, Pisane, Montalbano, Montespertoli e Ruffina nos quais a exigência mínima de Sangioves é de 75%. Dos que tomei, tenho gostado muito dos Colli Senesi e dos Ruffina, este último com vinhos um pouco mais encorpados. Os Riservas necessitam de pelo menos dois anos de envelhecimento antes de ser colocado no mercado.    

Lambrusco – Produzido na região de Emilia-Romagna, provoca muita confusão entre os consumidores brasileiros que, por muitas vezes, o confundem com um vinho espumante e não um frizzante, que é o que realmente é, pois possui somente uma a duas atmosfera de gás carbônico enquanto os espumantes exigem no mínimo três. O “verdadeiro” Lambrusco é elaborado tão somente com a uva tinta Lambrusco com, dependendo da região, Fortana e Malbo Gentile em pequenas quantidades. É produzido tanto na versão branca, rosé e tinto, sendo um vinho para consumo rápido já que não suporta envelhecimento. O que mais se exporta para o Brasil é vinho de baixa qualidade, muitas vezes gasificado artificialmente, corte de diversas uvas não autorizadas, sem grandes pretensões e muitas vezes estocados na porta de entrada do estabelecimento tomando sol isso quando já não tenha viajado em container normal, no convés do navio sofrendo com todas as entepéries numa viagem de 20 dias e, Deus sabe lá, quanto tempo no porto. Não dá para se esperar muito de um vinho assim. Os melhores são os DOC que também são um pouco mais caros, e é um vinho muito mais elaborado. Prefira comprar sempre produtos importados por empresa idôneas, como este da Expand, o bom Concerto tinto do respeitado produtor Medici Ermete. O maior consumo no Brasil é do branco (blanc de noir já que a uva é originalmente tinta) enquanto que na Itália é de, principalmente, tinto. Devido a sua forte acidez e presença de gás, é um vinho que acompanha bem refeições com bastante gordura, típica da região em que é elaborado, como a comida tradicional Mineira, ou uma boa feijoada. Não são grandes vinhos, mas podem ser alegres companhias para momentos descontraídos ou beira de piscina. Quer conhecer mais, clique em http://www.tutelalambrusco.it/.

Amanhã, o inicio de nossos posts com destaques e dicas de bons vinhos italianos por bons preços em Boas Compras que nossos parceiros sugerem entre os rótulos em seus portfolios. Como sempre, algumas preciosidades e valiosos achados. Acompanhem. De resto, salute e uma boa semana.

Kanimambo

    

Vinhos Italianos que Tomei e Recomendo – III

            Finalmente, quase final do mês e nem comecei os Boas Compras, chegamos nos vinhos diferenciados, vinhos de maior qualidade cheios de caráter e grande qualidade. Apesar dos bons vinhos tomados em faixas de preço mais baixas, é aqui que encontramos aqueles néctares que encantam. Há no tentanto, vinhos na faixa de R$50 a 80,00 que rivalizam com alguns desta lista de vinhos recomendados na faixa de R$80 a 120,00. Como sempre, marquei com asteriscos aqueles que se tornaram meus preferidos.

          Gosto muito dos vinhos do respeitado clã produtor Antinori, que elabora deliciosos e estupendos vinhos na região da Toscana assim como em outras partes da Itália e do mundo. Começando pelo Marchesi Antinori com seu Villa Antinori Toscana 04/05 IGT*, corte de Sangiovese com Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah, muito macio, rico e equilibrado, corpo médio mostrando muita personalidade e o estupendo muito apetecível, muito elegante e extremamente saboroso Il Brusciato Bolgheri DOC 05*, corte de 60% de Cabernet Sauvignon com Merlot e Syrah mostra boa paleta aromática em que sobressaem as frutas vermelhas, algo de especiarias e salumeria. Na boca é muito agradável, mostra boa estrutura, fruta madura, taninos suaves e macios, acidez moderada, elegante e harmônico com um bom e longo final de boca, literalmente yummy! Ainda no clã, agora na Tenuta di Biserno de Piero e Ludovico Antinori, o Insoglio del Cinghiale I.G.T. 05*, um corte pouco convencional de Syrah, Cabernet Franc, Merlot, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot, apresentando um ótimo nariz com boa e cativante intensidade aromática em que sobressaem frutas negras silvestres, é muito harmônico e balanceado na boca com um final bem especiado. Já pronto, mas mais um ano de garrafa deve favorecer muito este vinho que agrada sobremaneira, estando todos eles disponíveis na Expand.

           Do Produtor Rocca delle Macie, (Wine Premium) gostei de tudo o que provei. Este Ser Gioveto IGT 00, é um supertoscano que varia seu corte de cepas a cada ano, mantendo o estilo, dependendo das características de cada safra em que é produzido. Uma criança que somente agora, aos oito anos, dá seus primeiros passos rumo á maturidade., mostrando que ainda pode evoluir muito nos próximos três a quatro anos. Encorpado, denso,carnoso, mostrando enorme vigor e personalidade, potente porém elegante de boa textura tendo necessitado de cerca de uma hora de decanter para finalmente começar a mostrar todas as suas virtudes. Passando da Toscana para o Friulli, um surpreendente e muito bom Cabernet Sauvignon, Pradio Rok 04* (Wine Company). Para não deixar pedra sobre pedra, um senhor vinho, de muito boa estrutura, denso, complexo nos aromas com nuances herbáceas e na boca, boa acidez num conjunto de grande personalidade. Vinho para acompanhar uma carne bem condimentada, perna de carneiro ao forno, pronto já babei! Do Veneto, um Valpolicella diferenciado do produtor Allegrini, é o saboroso Palazzo della Torre 04 (Expand), elaborado com Corvina, Rondinella e um tico de Sangiovese. Cerca de 70% do lote é viníficado de imediato, enquanto o restante passa por um processo de secagem em esteiras ao estilo amarone para posterior mescla dos lotes. Uma inovação do produtor que perde assim a classificação de DOC, menos importante do que o nome Allegrini que lhe confere a importância e prestigio que merece. Um vinho suculento, diferente, com um nariz muito agradável em que aparecem frutas do bosque e algo de baunilha. Na boca sabores complexos em que sobressai alguma fruta passa, bem balanceado, taninos finos e sedosos num ótimo final de boca que chama a uma boa carne, talvez uma costelinha?

          Do Piemonte, um bom Barbera d’Alba de Pio Cesare, um dos principais produtores e negociantes esta importante região. O Fides é excepcional e muito mais caro, mas este Barbera d’Alba 04 (Decanter) é um bom exemplo desta cepa que produz vinhos muito saborosos. De nariz intenso e boca rica de sabores, denso mas com bastante elegância, taninos aveludados, é um vinho de corpo médio para encorpado com boa persistência. Também da Decanter, um Montepulciano d’Abruzzo em um patamar muito acima dos demais. Nicodemi Notári 04 DOCG*, as melhores uvas plantadas na melhor região, Colline Teramane. Complexo, encorpado, algo mineral, uma pena que só provei um golinho no Decanter Wine Sow, pois mostrou um enorme potencial de guarda o que nunca tinha visto num vinho desta zona. Tenho que rever, mas podem anotar no caderninho, um grande vinho.  

         Para finalizar, alguns vinhos da Sicília, sendo dois deles brancos. O Zagra IGT 05 (Vinea Store) é elaborado com 100% de Insolia, uma uva autóctone da região. Muito aromático com toques florais de flores do campo, fruta tropical madura (abacaxi?) com uma cor amarelo palha com laivos dourados, bonito e límpido. Na boca é cremoso com boa estrutura, algo mineral, crescendo muito quando acompanhado de comida. Harmonizou bem com um filet de St. Perre coberto com creme de espinafre e gratinado com parmesão. Final levemente amendoado e muito saboroso. Sant Agostino Bianco 06* (Wine Premium), um vinho estupendo elaborado com um corte 50/50 de Catarrato e Chardonnay. O Chardonnay passa uns 4 meses em barricas de carvalho francês o que lhe dá uma certa cremosidade. No nariz remete a algo de melão e e frutos secos, mostrando na boca uma boa estrutura, untuosidade e longo final de boca. Sua versão tinta Sant Agostino Rosso 05 (também Wine Premium), é elaborado com um corte de 50/50 Nero d’Avola com Syrah num estilo mais global, potente e de boa estrutura, intenso, carnoso e elegante. A Nero lhe traz maciez enquanto a Syrah lhe aufere maior concentração e as notas de especiarias que marcam o final de boca de boa persistência. Um dos vinhos que mais me encantou nesta viagem pelo complexo e intrigante mundo dos vinhos Italianos, foi certamente o Passo delle Mule 05* (Portal dos Vinhos) elaborado com 100% Nero D’Avola. Quanto mais eu me aventuro pelos vinhos Italianos, mais me surpreendo pela qualidade geral apresentada. Este vinho é uma dessas gratificantes surpresas com que tenho a oportunidade de me deparar de vez em quando. Muita fruta e toques balsâmicos, num vinho denso, cremoso e complexo, boa estrutura muito elegante e com enorme equilíbrio. Taninos maduros e aveludados, boa acidez com um longo final de boca. Absolutamente sedutor e encantador, daqueles vinhos para você tomar com calma, sorvendo e descobrindo todos os seus segredos

         Acima deste nível alguns vinhos muito especiais que já comentei aqui em outros posts no mês como Barolos e Vinhos de Reflexão. Existem outros porém, que ficam entre esses dois patamares, como o Edizione Cinque Autóctoni* (Portal dos Vinhos) Amarone Clássico Ca ‘del Pipa Cinque Stelle* (Decanter) Barbera d’Alba Fides*  de Pio Cesare (Decanter), Brunello di Montalcino DOC de Casanova di Néri (Expand) e Castello di Ama Chianti Clássico (Mistral). Pelo preço aqui, são ótimas dicas de vinhos para trazer de fora, mesmo não sendo baratos lá também.

         Na semana que vem finalizo a nossa passagem pela Itália com uma série de destaques que nossos parceiros listaram para nossa seção de Boas Compras. Nos vemos na semana que vem, aproveitem o fim de semana com sabedoria e bons vinhos. Salute e kanimambo.

 

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Itália – Regiões, Cepas e Vinhos – Parte III

             Eis as principais regiões e seus vinhos. Nesta passeio de conhecimento pelas regiões Italianas, comecei a entender melhor seus vinhos e, conseqüentemente a apreciá-los. Uma de suas características fundamentais é a de serem vinhos muito gastronômicos o que faz com que, em uma degustação tradicional, seus vinhos se saiam normalmente piores que vinhos de outras origens. Realmente seus vinhos crescem muito quando acompanhados de um bom prato.

Lombardia – região de onde saem os melhores espumantes italianos, a DOCG Franciacorta, espalhada por 19 comunas ao redor da cidade de Brescia. Os espumante de Franciacorta, produzidos pelo método tradicional de fermentação na garrafa, são, também, os únicos capazes de rivalizar com os Champagne. Caso queira ver mais detalhes, eis um site interessante para fuçar, http://www.franciacorta.net/it/page.asp?id_cat=25. Para provar um Franciacorta de primeira, conheça o Bellavista (Expand).

Emilia-Romagna – mais conhecida entre nós pelos volumes grandes de importação do vinho Lambrusco, branco. Existe muita confusão entre os consumidores brasileiros que, por muitas vezes, o confundem com um vinho espumante e não um frizzante, que é o que realmente é pois possui somente uma a duas atmosfera de gás carbônico enquanto os espumantes exigem no mínimo três. O “verdadeiro” Lambrusco é elaborado tão somente com a uva tinta Lambrusco com, dependendo da região, Fortana e Malbo Gentile em pequenas quantidades. É produzido tanto na versão branca, rosé e tinto, sendo um vinho para consumo rápido já que não suporta envelhecimento. O que mais se exporta para o Brasil é vinho de baixa qualidade, muitas vezes gasificado artificialmente, corte de diversas uvas não autorizadas, sem grandes pretensões e muitas vezes estocados na porta de entrada do estabelecimento tomando sol. Não dá para se esperar muito de um vinho assim. Os melhores são os DOC que também são um pouco mais caros, e é um vinho muito mais elaborado. O maior consumo no Brasil é do branco (blanc de noir já que a uva é originalmente tinta) enquanto que na Itália é de, principalmente, tinto. Devido a sua forte acidez e presença de gás, é um vinho que acompanha bem refeições com bastante gordura, como a comida tradicional Mineira, ou uma boa feijoada. Não são grandes vinhos, mas podem ser alegres companhias para momentos descontraídos ou beira de piscina substituindo, com vantagens, a cerveja. Quer conhecer mais, clique em http://www.tutelalambrusco.it/.

Veneto – Mais conhecida entre nós pelos vinhos Valpolicella e, especialmente, os Proseccos que invadem as prateleiras de lojas e supermercados. Junto com os bons Proseccos DOC de Conegliano e Valdobbiadene, vem muita coisa de qualidade duvidosa em que se faria um favor ao palato se fossem trocados por espumantes nacionais. De qualquer forma, foram importante fator de divulgação e promoção dos vinhos espumantes no Brasil, o que por si só já é ótimo, pois gerou uma popularização do produto. O bom espumante Prosecco é elaborado pelo método charmat com um mínimo de 85% da uva prosecco, podendo receber um corte das cepas verdiso, perera e bianchetta. Se quiser ver mais, ente no site http://www.prosecco.it/, mas se quiser provar alguns excelente exemplares de Prosecco de qualidade, prove o Bedin (Decanter) e Incontri (Vinea Store).

Já os bons Valpolicellas, são vinhos muito saborosos, especialmente os Ripasso de Valpolicella, Amarones e Recioto, elaborados com as uvas autóctones Corvina, Rondinella e Molinara, podendo receber o aporte, até de 15%, de Barbera, Sangioves, Negrara e Rossignola. Nos Vino di Tavola, existem muitos no mercado, busque sempre comprar de produtores mais conceituados. Dos Valpolicellas; Ripasso, Amarone e Recioto, falarei em separado já que sua forma de eleboração é bastante diferenciada. Muito bons o Palazzo della Torre Allegrini (Expand) e Valpolicella Clássico Ripasso Costamaran (Decanter).

Piemonte – Berço de alguns dos principais vinhos da Itália e do mundo, com ênfase nos Barolos e Barbarescos elaborados com a uva Nebiollo (uva da neblina em função das neblinas de outono nas colinas da região) que, mesmo não sendo amais plantada na região, é a que produz os vinhos mais famosos. As cidades dão os nomes aos vinhos, junto com sua uvas, e não são poucos! O Barbera d’Alba (uva barbera nas cercanias da cidade de Alba), Barbera d’Asti, Dolcetto d’Alba (o nome da uva é Dolcetto, nada a ver com vinhos doces) são alguns bons exemplos disto. Região lindíssima de vinhos deliciosos. Os Barbarescos e Barolos são vinhos por vezes difíceis, muito encorpados e normalmente caros, porém alguns dos vinhos mais saborosos que tomei na região, são da uva Barbera entre eles um que me encantou, o Pio Cesare Barbera d’Alba Fides (Decanter), um sonho de vinho, dono de uma finesse e elegância incríveis. Em Tomei e Recomendo, dou diversas sugestões de vinhos da região, inclusive de Barolos, mas prove também os Barbera d’Asti; Le Orme (Zahil) e Valfierri (Vinea).

Abruzzo –  Os mais conhecidos são o Trebbiano (branco) e Montepulciano d’Abruzzo (tinto) também com a combinação Uva + Cidade, no nome. Importante não confundir a uva Montepulciano com a cidade do mesmo nome na Toscana, onde imperam outras cepas. Um dos meus preferidos para tomar bons vinhos sem gastar demasiado. Alguns dos maiores achados deste meu garimpo por terras Italianas, vieram daqui como; Nicodemi Trebbiano (Decanter) Bonachi Montepulciano (Mistral) e Dal Tancetto Zacagni (Expand) assim como o Notári (Decanter) e o Casale Vechio (Portal dos Vinhos) num degrau mais acima.

Puglia – Região não muito representativa, mas que começa a crecer de importância com o ressurgimento dos vinhos Primitivo de Manduria DOC, que dizem ser a origem para a cepa americana, Zinfandel. Os americanos não tendem a compartilhar dessa versão, mas na boca essa semelhança é latente. Também importante a DOC Salice Salentino. Duas recomendações para quem quiser conhecer vinhos da região são; Primitivo di Manduria Masseria Trajone (Portal dos Vinhos), Rosso Salento Santi Medici (Vinea) elaborado com a uva negroamaro e o Primitivo Puglia Di San Marzano (BR Bebidas) que é muito barato saboroso e ótimo para o dia-a-dia.

Toscana – Uma confusão danada em termos dos diversos tipos de Chianti e diversas versões da principal cepa, a Sangiovese. É também, de onde temos uma maior disponibilidade de rótulos no mercado, com algumas opções muito boas começando com níveis de preço bem baixos. Cuidado no entanto, tem muita coisa ruim por aí! Depois falo dos Chiantis (quando falar dos Valpolicellas) mas gostaria de começar pela cepa Sangiovese que é a principal uva usada na elaboração dos vinhos da região. Em Montalcino, seu clone recebe o nome de Brunello gerando os fantásticos, complexos, encorpados e caros Brunellos di Montalcio (uva + Cidade novamente) dos quais tomei poucos, sempre só degustação, mas o bastante para comprovar o porquê de tanto auê em cima destes rótulos. Em Scansano, recebe o nome de Morellino, daí o Morellino di Scansano um outro DOCG, este mais recente, tendo sido elevado em 2006. Em Montepulciano, recebe o nome de Prugnolo Gentile onde, em conjunto com outras cepas como Canaiolo Nero, gera os ótimos  Nobile di Montepulciano. Desta região saem também alguns incriveis e espetaculares vinhos de reflexão elaborados por grandes produtores com cepas e cortes fora do estipulado na regulamentação vigente. O mercado e os produtores, se encarregaram de denominar estes vinhos como Supertoscanos. Em Tomei e Recomendo I e II já publicados, e no III que espero publicar entre esta Sexta e a próxima Segunda-feira, listo alguns exemplares que valem a pena ser provados e não são caros, havendo opções para vários tamanhos de bolso e gostos. Como opções ao Brunello tente o Rosso di Montalcino, o mesmo sendo válido para o Nobile de Montepulciano, em que o Rosso é uma boa opção e mais em conta. Quer conhecer mais? tente este sites http://www.consorziobrunellodimontalcino.it/ ; http://www.chianticlassico.com/ e http://www.vinonobiledimontepulciano.com/.

Marche – Mais uma região em que se gasta pouco e se bebe bem. Os dois principais vinhos da região são o branco Verdicchio dei Castlelli de Jeisi e o tinto Rosso Conero. A uva Verdicchio, uma das mais antigas da Itália, dá vinhos de enorme frescor e muito agradáveis de tomar acompanhando peixes grelhados e frutos do mar divinamente, ou simplesmente como aperitivo. O Rosso Conero é tradicionalmente um corte majoritário de Montepulciano com Sangiovese, muito macio e saboroso. Se quiser conhecer mais sobre os vinhos da região, clique em www.imtdoc.it. Para provar estes vinhos, sugiro o produtor Umanni Rochi que possui tanto um como o outro por preços muito acessíveis (Expand).

Sicília – Estagnada durante tempos, a Sicilia vêm nos surpreendendo nos últimos anos com bons vinhos, junto com muita coisa ruim que sempre vem na bagagem assim que a região começa a ganhar alguma fama, e preços acessíveis. Os ótimos já começam a ficar salgados, mas os vinhos elaborados com uvas autóctones são diferenciados e muito saborosos. São cerca de 450 produtores, dos quais uns 10 são de primeira grandeza, sendo que 80% dos vinhos engarrafados, somente 20% da produção, vêm de somente sete produtores. Os vinhos elaborados com a uva Nero d’Avola têm me agradado muito e tomei um corte de Nerello Mascalese com Nerello Cappucio estupendo, o Firriato Etna Rosso (Wine Premium). Dos Nero d’Avola, o Masseria Trajone (Vinci) e Branciforti (Wine premium) são boas opções com um preço muito acessível, porém o Chiaramonte IGT (Wine Premium) é um vinho em outro patamar de qualidade e complexidade. Alguns bons brancos também, usando cepas autóctones como Insolia, Grecanico e Catarrato com uvas internacionais como o Chardonnay. 

Salute e kanimambo.

 

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Itália – Regiões, Cepas e Vinhos – Parte II

   O Brasil está infestado de vinhos mais baratos e de qualidade duvidosa, especialmente de chiantis, proseccos, valpolicellas, lambruscos, soaves e frascatis entre outros, porém existem exceções em tudo na vida. Mesmo nesses vinhos mais baratos existem produtos até que razoáveis dentro de suas características, mas há tanta coisa boa e tantas regiões a explorar, que devemos nos permitir explorar um pouco mais. Para ajudar nessa peneira e verdadeiro garimpo, creio importante conhecer um pouco melhor as principais regiões produtoras, suas cepas e zonas de classificação que não são lá muito fáceis de identificar. Na França, por exemplo, mesmo com algumas dificuldades há sempre a garrafa que dá uma indicação de que região o vinho vem. A garrafa da Borgonha é diferente da garrafa de Bordeaux que por sua vez é diferente da Alsácia e do Rhone. Tá, eu sei, quando chega no Loire ou no Languedoc não dá para saber, tudo bem, mas como disse há indicações não regras. De qualquer forma, creio que o grande problema tanto de um como do outro é que os reguladores ainda não se abriram para fora dos seus países, partindo do pressuposto que todos sabem onde fica determinada aldeia, demonstrando uma postura muito paroquial. Podiam sim, deixar claro nos rótulos a região onde foram elaborados; Borgonha, Marche, Loire, Bordeaux, Piemonte, etc.. Ajudariam sobremaneira o consumidor!

 

           Elaborei uma tabela que nos remete às mais importantes regiões produtoras, para que tenhamos uma idéia das uvas que dominam cada uma delas. São dados que, creio, nos ajudam no garimpo, assim como algumas outras informações que ainda estou por publicar. Importante, a meu ver, é não se limitar a Piemonte e Toscana e levar em consideração que em uma classificação DOC ou IGT, todo o vinho produzido ali leva a classificação no rótulo, porém há produtores de tudo quanto é tipo, com vinhos de tudo o que é qualidade. Nos vinhos DOCG, que são provados pelo órgão regulador a cada safra, os riscos são menores e geralmente os vinhos são de grande qualidade e preço.

            O Piemonte e a Toscana, são grandes rivais formando os dois mais importantes pólos produtores, onde são elaborados alguns dos mais incríveis néctares do país e do planeta. Os números são quase que idênticos em tudo, mas os vinhos são bem diferentes inclusive com cepas autóctones bem distintas gerando vinhos, também diferentes. Na próxima parte desta volta pelas regiões, cepas e vinhos da Itália, falaremos sobre os principais vinhos de cada região. Por enquanto lembre-se, se o vinho for Vino di Tavola, evite ou certifique-se do histórico do produtor ou reconhecimento publico do rótulo. Prefira os IGT, DOC e DOCG, bolso permitindo. Entre os Tomei e Recomendo, algumas boas opções e, opcionalmente, compre em um de nossos parceiros do vinho. Vinho italiano barato em supermercado, é prova de seu gosto pelo perigo!

Resumo de Dados por Principais Regiões Produtoras

 Região Produção em Hectolitros Hectares  Principais Cepas Vinhos e Denominações 
Toscana 70% dos vinhos são tintos.56% são DOC ou DOCG.   2.800.000 64.000 Brancas; Trebbiano, Malvasia e Vernaccia di San Gimignano. Tintas; Sangiovese/Brunello, Canaiolo, Mammolo, Colorino, Merlot e Cabernet Sauvignon. 7 DOCGs – sendo os principais; Chianti (7 sub-regiões), Chianti Clássico, Brunello di Montalcino, Vernaccia, Nobile de Montepulciano, Morellino di Scansano e 44 DOCS – sendo os principais; Bolgheri, Vin Santo, Valdichiana, Rosso di Montepulciano, Rosso di Montalcino Val d’Arbia, Val di Corta e San Gimignano.
Piemonte70% dos vinhos são tintos.56% são DOC ou DOCG.  2.700.000 58.000 Tintas; Barbera, Nebbiolo, Dolcetto, Merlot, Pinot Nero, Cabernet Sauvignon, Grignolino, Freisa e Bonarda. Brancas;Moscato e Chardonnay. 7 DOCGs – sendo as principais, Barolo, Asti,  Barbaresco, Gavi, Langhe, Gattinara e 44 DOCS – entre eles os;  Barbera d’Alba, Barbera d’Asti, Dolcetto d’Alba, Barbera Del Monferrato, Nebbiolo d’Alba, Freisa di Chieri e Carema.
Abruzzo  2.184.000 33.000 Tintas; Barbera, Montepulciano, e Sangiovese.Brancas. Trebbiano 1 DOCG – Montepulciano d’Abruzzo Colline Teramane e 3 DOCs – Montepulciano d’Abruzzo, Trabbiano d’Abruzzo (Branco) e Controguerra
PugliaSó 4% da produção é DOC  5.400.000 108.000 Brancas; Trebbiano, Bombino, Bianco d’Alessano.Tintas: Negroamaro e Primitivo 25 DOCs – as mais conhecidas são Primitivo di Manduria e Salice Salentino.
Friulli 60% da produção é DOC. 52% é de vinhos brancos   1.000.000 19.000 Brancas; Malvasia, Tocai, Pinot Grigio, Chardonnay, Verduzzo, Muller Thergau, Pinot Bianco, Moscato Giallo.Tintas; Refosco, Merlot, Pinot Nero, Cabernet Sauvignon, Franc, Schioppettino 1 DOCG – Romandolo e 9 DOCs entre os quais as principais são Colli Orientali Del Friulli e Friulli Grave
Marche62% da produção é de brancos.  750.000 24.000 Brancas; Verdiccio, Trebbiano, MalvasiaTintas; Sangiovese, Montepulciano. 12 DOCs, entre as quais as principais são Dei Castelli di Jesi (Brancos) e Rosso Conero.
Veneto79% da produção é DOC ou DOCG. 56% é de brancos.  7.700.000 73.000 Brancas; Prosecco, Verduzzo, Tocai, Chardonnay, Sauvignon Blanc,  Trebbiano di Soave, Garganega, DurellaTintas; Corvina, Rondinella, Molinara, Negrara e Barbera 2 DOCGs – Reciotto di Soave,  Bardolino e 11 DOCs sendo as principais; Soave, Valpolicella, Prosecco di Conegliano Valdobbiadene
Alto Adige55% dos vinhos são brancos.   953.000 13.000 Brancas; Riesling Itálico, Chardonnay, Nosiola, Sylvaner, Gewurtzraminer, Gruner Velltiner, Pinot Grigio, Moscato Giallo, Muller-Thurgau , Sauvignon BlancTintas; Merlot, Cabernet Sauvignon, Schiava, Teroldego, Pinot Nero 8 DOCs, sendo as principais; Alto Adige, Teroldego, Trento Caldaro, Trentino..
SicíliaSó 2,1% é de vinhos DOC.30% é de vinhos IGTGrande maioria é de Vinos di Tavola.  3.900.000 134.000 Brancas; Grillo, Catarrato, Grecanico, Inzolia e Malvasia.Tintas; Frapatto,  Nero d’Avola, Nerelo Mascalese, Syrah. 1 DOCG – Cerasuolo di Vittoria e 19 DOCs sendo as principais; Marsala, Etna, Eloro, Passito di Pantelleria, Salaparuta, Mamertino e Vittoria.
Umbria 60% é de vinhos brancos   1.000.000 16.500 Brancas; Grechetto, Verdello, Malvasia, Procanico, Sauvignon Blanc.Tintas; Sangiovese, Canaiolo, Gamay, Montepulciano,  Merlot, Sagrantino. 2 DOCGs – Montefalco Sagrantino, Torgiano Rosso Riserva e 11 DOCS sendo as principais; Orvietano Rosso, Assisi, Orvieto e Colli di Trasimeno.
Lombardia   1.100.000 26.950 Brancas; Chardonnay, Garganega, Pinot Bianco, Pinot Grigio, Riesling Itálico e Trebbiano.Tintas; Pinot Nero, Merlot, Barvera, Lambrusco, Cabernet Sauvignon, Barbera e Bonarda. 3 DOCGs, Franciacorta, Sforzato di  Valtellina, Valtellina Superiore e 15 DOCs, entre eles; Garda Clássico, Cellatica, Botticino e Lambrusco Mantovano. 
Emilia-Romagna57% de tintos.61% de vinhos DOC.   5.750.000 58.230 Brancas: Trebbiano, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Pignoletto, Malvasia, Ortrugo.Tintas: Lambrusco, Bonarda, Cabernet Sauvignon, Barbera, Bonarda e Sangiovese. 1 DOCG, Albana di Romagna e 18 DOCs sendo os principais; Lambrusco di Sorbara, Lambrusco Grasparossa de Castelvetro e Salamino di Santa Croce, Sangiovese di Romagna e Colli Bolognese Pignoletto.

Os dados sobre o numero de classificações por região produtora é aproximado em função de uma grande diversidade de fontes e da dificuldade em obter dados oficiais. O restante dos números é oficial de acordo com os dados estatísticos de 2007 obtido junto ao site oficial do Instituo, www.istat.it.

Falando de Vinhos por João Filipe Clemente 

 
Salute e kanimambo.