Itália – Regiões, Cepas e Vinhos – Parte I

Há muitos anos atrás, quando ainda tomava vinhos da garrafa azul e alguns vinhos nacionais de qualidade duvidosa, mas que cabiam no meu bolso, fui introduzido ao mundo dos vinhos finos de qualidade por um tio de minha esposa. De origem italiana e abastado, me lembro que em seu belo apartamento nos jardins abriu uma garrafa de um suculento e delicioso vinho Italiano. Era um Barbera d’Alba da Fontanafreda absolutamente macio e cativante. Quis repetir a experiência com o mesmo vinho, com outra sabedoria e litragem na bagagem, mas ainda não me foi possível, porém o momento ficou registrado. Depois, voltei à mediocridade que meu bolso permitia há época. Na ânsia de repetir a dose e com total ignorância, tentei alguns vinhos italianos baratos tipo Valpolicella e Chianti, tendo me dado mal. De lá para cá muita coisa mudou e muita água rolou, porém até pouco tempo atrás a visão que tinha dos vinhos Italianos seguia sendo de que, ou os vinhos eram bons e custavam os olhos da cara, ou eram baratos e muito ruins, muito rústicos, grosseiros e desiquilibrados.

O que descobri, é que não estava sózinho nessa minha percepção, muita gente compartilhava dessa mesma visão que, conclui não ser totalmente verdadeira. Apesar da má fama em função da importação desacerbada e sem critérios de vinhos de mesa sem qualidade, existem sim, como em todas as regiões produtoras, algumas ótimas opções de bons vinhos a preços bons que necessitam ser divulgados, coisa que tentarei fazer ao longo do mês nos diversos posts publicados. Certo, grandes vinhos têm sim grandes preços, mas conhecendo melhor as regiões, suas principais cepas, sua regulamentação e uma série de vinhos, podemos melhor entender essa relação e mudar, pelo menos parcialmente, essa percepção.

 

A Itália é um emaranhado de 20 regióes produtoras com cerca de 37 sub-regiões produzindo vinho com mais, ou menos qualidade, com diversos estilos usando uma boa parte de seu rico acerco de cerca de 2000 cepas autóctones. Destas, cerca de 350 possuem autorização dos órgãos regulamentadores para a produção de vinhos finos, mas cerca de 500 outras são usadas em vinhos mais caseiros. São um total de cerca de 900 mil vinhedos registrados, produzindo cerca de 18 a 20% da produção mundial, em algo próximo a 715 mil hectares. Da produção total de cerca de 41 milhões de hectolitros (cerca de 5 bilhões e meio de garrafas) em 2007, redução de cerca de 13% com relação a 2006 de acordo com dados do Istat – instituto oficial de dados estatísticos,  46% é de vinhos brancos e o saldo de tintos e rosados. Deste volume, cerca de 37% é exportado, fazendo da Itália o maior exportador mundial, sendo os Estados Unidos e Alemanha seus maiores mercados.

Enotria, ou “Terra do Vinho” nome dado pelos Gregos da antiguidade a terras italianas quando aportaram na região hoje conhecida como Calábria, foi uma premonição do que a Itália significaria para nossa vinosfera. Foi por volta do século IV a.c., que o vinho foi inicialmente introduzido nas regiões da Sicília, Puglia e Toscana, mas foram os romanos, todavia, que o disseminaram pela Europa. Mil anos de rivalidade feroz entre as cidades-estados com uma enorme profusão de bandeiras até 1861, quando da unificação da Itália, gerou a forma da viticultura atual com toda a sua enorme diversidade. Cada uma dessas bandeiras protegia sua cultura, tradição e produção locais, gerando uma grandiosa diversidade de cepas e estilos com pouquíssim intercambio entre regiões. A região de Chianti, por exemplo, está virtualmente intacta desde o século XIV. Após a segunda guerra mundial, começa uma pressão e demanda por vinhos de maior qualidade forçando a industria vinícola italiana a investir fortemente numa mudança de rumos que culminou na 1ª regulamentação em 1963 e no surgimento dos famosos Supertoscanos.

 O que faz a legislação que regulamenta a produção dos vinhos? Bem, o objetivo principal é tentar equacionar a situação existente e desenvolver uma série de regras visando uma uniformidade de parâmetros na produção. Desta forma regulamenta; áreas de produção, cepas permitidas, rendimento por hectare, grau mínimo de álcool, tempo de envelhecimento, práticas nos vinhedos, etc. Vejamos a história da regulamentação Italiana:

  • Em 1963, a primeira regulamentação cria a classificação Vini di Tavola e a DOC (Denominazione di Origine Controllata).
  • Em 1980 se criam as regiões DOCG (Denominazione di Origine Controllata i Garatizata)
  • Em 1992 se cria as IGT  (Indicazione Geográfica Tipica)

Teríamos então, a seguinte classificação; na base da piramide os Vinis di Tavola, depois os IGT, mais alto um pouco os DOC e no topo os DOCG. Vejamos as classificações com porcentuais de participação aproximados (mais ou menos 5%) em 2007:

  • Vini di Tavola, os vinhos mais simples elaborados sobre regras e controles menos rígidos. Quase uma liberdade total com cada um fazendo o que bem entende. Na sua grande maioria são vinhos de baixa qualidade, insípidos, rústicos, muito daquilo que denigre a imagem do vinho italiano no exterior. Existem, todavia, grandes vinhos classificados como Vini di Tavola elaborados por produtores muito conceituados. Nestes casos se enquadram os vinhos elaborados em regiões DOC ou DOCG porém fora das normas estipuladas. O fantástico Tignanello de Antinori, é um claro exemplo disto.
  • IGT – Criado, como a VdP Francesa, para dar mais liberdade de ação e experimentação aos vinicultores. Muito desta criação se deve á pressão criada pelos supertoscanos, dos quais falaremos em post separado. São mais de 200 nos dias de hoje com uma regulamentação quanto às cepas a serem usadas, mas no resto é bastante livre e liberal para poder atender á experimentação e criação inovadora dos bons produtores em cada região. Vinhos que anteriormente cairiam na denominação de Vini di Tavola, agora podem encontrar abrigo nesta classificação.
  • DOC – Regras mais restritas, maior exigência de controles, regiões pré definidas, limitação de cepas e rendimento por hectare. A maioria dos bons vinhos italianos levam o selo DOC, porém não é uma garantia de qualidade e, sim, indicação como na maior parte dos países. São mais de 300 as zonas, normalmente comunas, com classificação DOC.
  • DOCG – Não só as regras são ainda mais rígidas com especial ênfase na redução de rendimento por hectare, mas os vinhos também passam por uma câmara de avaliação especial, que garante a qualidade antes do engarrafamento. A ascenção de uma zona a DOCG é bastante difícil, havendo somente umas 24 a 29 (cada fonte dá um numero e não consegui dados oficiais, ainda) com esta classificação. Nestes casos, é comum o nome da comuna e do vinhedo no rótulo.

Mapa gentilmente cedido pelo site Academia do Vinho, com link aqui do lado. Na semana que vêm veremos as principais regiões com suas cepas e suas principais zonas DOC e DOCG. Salute e Kanimambo

Vinhos Italianos que Tomei e Recomendo – II

Andei me esbaldando com muito bons vinhos na faixa de preços de de R$50 a 80,00, de tudo o que é região na Itália. Tomei diversos vinhos de qualidade, que incito você a provar e desvendar os mistérios do vinho deste imenso caleidoscópio de sabores. Deixar de lado eventuais preconceitos, muito gerados por boas razões, e dar uma chance a estes belos vinhos cheios de caráter e personalidade própria, saindo da mesmice com que, por muitas vezes, convivemos nesta vinosfera. Busque rótulos novos, cepas diferentes, experimente, inove, sinta algo novo. Nesta lista alguns vinhos muito interessantes e, a todos colocaria na minha adega amanhã, sem pestanejar. Pela primeira vez, não tenho preferidos, talvez uns dois ou três em função do preço, porém todos são muito saborosos e, alguns, surpreendentes. Desta forma. Considere todos com asterisco de preferidos. Um terço deles são da Toscana, porém há vinhos da Puglia, da Sicília, do Piemonte, de Abruzzo, de Friulli, de Veneto e do Alto Adige. Falemos dos Vinhos

 

           Comecemos pelos brancos, em que tenho uma preferência muito especial pelos vinhos elaborados com a Pinot Grigio dentro os quais se destaca o Santa Margherita (Bruck) é um clássico mundial que agrada sempre. Branco seco, corpo médio, límpido, franco, ótima acidez, de aromas intensos lembrando frutas citricas, é um vinho difícil de não se deixar encantar e o mais austero Riff 06 (Mistral) de aromas que lembram maçã verde, alguma mineralidade e bom frescor demonstrando bomequilibrio. Um vinho branco diferenciado e muito interessante, é o Tiziano DOC 05 (Marimpex) elaborado com , majoritariamente, a uva autóctone Incrocio Manzoni mais; Pinot Bianco, Chardonnay e Riesling, resultando num vinho muito sedutor, de aromas intensos e inebriantes com nuances florais. Na boca é fresco, rico, cheio com uma boa cremosidade e uma certa complexidade e um retrogosto em que a baunilha, resultado de 9 meses de barrica, aprece de forma sutil. Um vinho branco muito agradável e diferente para os padrões a que estamos acostumados.

Dos tintos, um vinho que me surpreendeu muitíssimo e me encantou por sua complexidade, o estupendo Crearo Cabernet Sauvignon DOC 05, de Friulli (Wine Company) é aromaticamente cativante, boa estrutura, delicado e harmônico com um delicioso final de boca de taninos aveludados e ótima persistência, um achado, um belo vinho por ótimo preço. Também achados em função da relação Qualidade x Preço x Satisfação; o Tosca Chianti Colli Senese DOCG 04 (Zahil) de muito boa intensidade aromática com frutos silvestres, cheio, redondo, fácil de agradar, sem arestas com um saboroso e longo final de boca, absolutamente pronto para beber; um 50/50 Sangiovese e Cabernet Sauvignon, é o Erta & China 05 (Decanter) que é denso, escuro, bom nariz, encorpado, boa textura e ótima acidez. Precisa de um tempo na taça, ou um pouco de decantação, para abrir totalmente, tendo escoltado maravilhosamente bem uma costelinha de porco na brasa e o Rosso Salento Sandi Médici 05 (Vinea Store) da Puglia elaborado com 100% da uva Neroamaro. Na cor é quase um clarete, translúcido e brilhante, mas não por isso com menos aromas, sedutores e de boa intensidade. Na boca é sutil, leve, descompromissado, um vinho festivo com 12.5º de teor alcoólico que tem como principal virtude o de encantar facilmente. Redondo, equilibrado, média persistência, um vinho de sabores diferentes que me surpreendeu em vários sentidos, todos muito positivos, e me agradou muito.

Da região de Abruzzo, com vinhos tradicionalmente mais rústicos e não muito confiáveis, (como nos chiantis, fazem muita coisa barata de qualidade duvidosa) provei três ótimos exemplares; o encantador e muito saboroso Nicodemi Montepulciano d’Abruzzo DOC 05 (Decanter) para o qual o final da garrafa chega cedo demais e nos deixa com aquele gostinho de quero mais na boca; o Montepulciano de Abruzzo dal Tracetto 04 (Expand) um dos primeiros bons vinhos desta denominação, que tomei há algum tempo e me deixou boas recordações de um frutado bem fresco com algumas especiarias, taninos redondos e sedosos, com um final de boca muito gostoso e o, Casale Vechio Montepulciano d’Abruzzo DOC 06 (World Wine) macio, frutado, boa estrutura, rico, perfeitamente balanceado um belo vinho. Da Sicília tomei dois encantadores vinhos nesta faixa de preços e uma surpresa bem interessante; O Chiaramonte 05 (Wine Premium), estupendo vinho elaborado com 100% de Nero d’Avola, com um nariz incrível de grande intensidade, confirmado na boca onde demonstra uma certa complexidade. Elegante, sedutor, macio, de taninos doces, final de boca delicioso e de boa persistência, ainda demonstrando algum potencial de evolução por pelo menos mais uns dois a três anos; o Firriato Etna Rosso 05 (também Wine Premium) um inusitado corte de cerca de 85% de Nerello Mascalese com Nerello Capuccio, um vinho complexo e de muita qualidade que me impressionou muitíssimo, mostrando um bom potencial de guarda. Já pronto a beber, sendo que uma decantação de pelo menos uns 40 minutos lhe fará muito bem. De ótima concentração, intenso, muito fresco apresentando uma certa mineralidade que cativa o palato. Na taça vai abrindo com vagar mostrando todas as suas virtudes, tendo harmonizado muito bem com uns medalhões de filé e ravióli de queijo brie, um vinho de primeira grandeza que mostra um longo final pleno de sabor e o surpreendente Poggio Bidini IGT 05 (Vinea Store) um 100% Syrah diferenciado que traz muita fruta madura compotada, redondo, taninos aveludados, fácil de tomar com um final de boca em que aparecem os toques de especiarias que fazem a fama desta dos vinhos desta cepa.

Do Piemonte, na inexistência de Barbaresco e Barolos nestas faixas de preços, gosto muito dos barbera. Nesta prova, tive a possibilidade de tomar e apreciar dois vinhos muito saborosos e encantadores, por preços perfeitamente aceitáveis e “cabíveis” na maior parte dos bolsos. Um deles, o já bem conhecido Le Orme DOC Barbera d’Asti Superiore 05 (Zahil) um verdadeiro porto seguro. Possui uma boa paleta olfativa, na boca é macio, taninos maduros, boa acidez e muito bem equilibrado, um vinho de médio corpo, fácil de agradar e harmonizar, muito saboroso crescendo muito quando levemente refrescado a cerca de 16º. O outro é o Valfieri Barbera d’Asti DOC 04 (Vinea), muito aromático com leves nuances florais, cheio e rico na boca, corpo médio, bem equilibrado apresentando um frescor cativante, taninos finos e sedosos e um muito saboroso final de boca. Daqueles que deixa saudade e nos deixa com água na boca. Queria ter degustado uns Dolcetto d’Alba (que de doce não tem nada, dolcetto é o nome da cepa) e alguns Barbera d’Alba (vinho que me abriu as portas aos vinhos de qualidade há quase 15 anos), porém não consegui. Ainda sigo buscando e assim que conseguir alguns exemplares, compartilharei a experiência com os amigos.

Da Toscana, alguns vinhos muito bons, a começar pelo Tosca já mencionado acima. Um outro Chianti muito interessante, mas de outra sub-região é o Chianti Ruffina Basciano 05 (Decanter) de boa fruta vermelha com algo de ervas, porte médio para encorpado, boa tipicidade, denso, ainda fechado e firme pedindo um tempo de decantação para poder usufruir de todas as suas virtudes; da Rocca delle Macie, o Família Zingarelli Chianti Clássico 05 (Wine Premium) elaborado com 90% de Sangiovese e partes iguais de Merlot e Canaiolo, é um vinho sedutor, muito redondo, macio, pronto para beber com taninos finos e sedosos, saborosas nuances de frutas negras compõem uma paleta olfativa muito agradável e de boa intensidade. Equilibrado, cheio, média persistência e saboroso final de boca. Um outro rótulo muito bom que me agradou sobremaneira foi o Valdipiata Rosso di Montepulciano 04 (Zahil) que não tem nada a ver com a uva montepulciano e sim com a região de mesmo nome, duas coisas diferentes. Este vinho é elaborado com cerca de 80% de Prugnolo Gentile (sangiovese), 15% de Canaiolo e Mammolo que resulta num vinho frutado, macio, redondo, rico e especialmente saboroso com taninos finos e bastante frescor em uma perfeita harmonia que agrada fácil e nos deixa um gostinho de quero mais na boca. Para finalizar os vinhos da Toscana, fiquei feliz ao ver que a os vinhos da Marchesi de Frescobaldi mudaram de importadora e este vinho que me agrada muito agora está num patamar de preços mais realista, pois só o comprava em “promoções”. Remole IGT 06 (Grand Cru Granja Viana) é um corte de Cabernet Sauvignon e Sangiovese extremamente agradável, sempre muito harmônico, na boca é cheio, redondo, com um final de boca em que aparece algo de especiarias. O nariz é de boa intensidade, bem frutado e com algo de ervas aromáticas. Um vinho que me agrada muito.

Finalizando esta lista de vinhos provados e aprovados, dois vinhos do Veneto, especificamente dois Valpolicellas. Bonacosta Valpolicella DOC Clássico 06 (Mistral), elaborado com o tradicional corte de Corvina, Rondinella e Molinara, de corpo médio, vibrante com ótima acidez, suculento, taninos macios e aveludados que acompanharam muito bem uma berinjela recheada e o delicioso Valpolicella Clássico Ripasso Costamaran 04 (Decanter) um vinho que me encantou por sua complexidade e sabores diferentes, talvez em função do processo Ripasso, sobre o qual falarei mais adiante em outros posts sobre os vinhos e regiões da Itália. Boa intensidade de fruta madura, quase seca, de boa concentração, com algumas nuances de algo que me pareceu chocolate amargo. Na boca é algo terroso, boa estrutura, com boa acidez e um rasgo de mineralidade num saboroso final de boca de boa persistência e taninos aveludados. Lamentavelmente somente o degustei no Decanter Wine Show, mas certamente uma garrafa já está na minha programação de compra para melhor usufruir todos os seus sabores.

São cerca de vinte vinhos degustados, uns de forma mais completa, outros somente provados, mas que compõem um grupo de rótulos de muito boa qualidade que recomendo. Duvido que você prove uns três ou quatro deles e não se encante com a variedade de estilos dos vinhos Italianos. Na semana que vem os vinhos top, de R$80 a 120 assim como alguns néctares acima desses patamares.

Salute e kanimambo.

 

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Vinhos Italianos de Reflexão

           São vinhos que realmente beiram a perfeição. Que me enchem a boca de prazer e a alma de alegria. São vinhos que, muitos meses depois, permanecem vivos em minha memória em uma incrível e interminável persistência gustativa. Dos Italianos provados até agora, alguns ruins, outros medianos, mas muitos de ótima qualidade, tenho que reconhecer que existem dois que são verdadeiros vinhos de exceção, que extrapolam no quesito prazer! Como são vinhos caros, verdadeiros ícones, não são vinhos que compre com facilidade, então a grande maioria advém de degustações e, neste caso, ambos os vinhos são da Expand que me convidou a conhecer estes dois super toscanos.

  • Um ícone produzido com 80% Sangiovese, 15% Cabernet Sauvignon e 5% Cabernet Franc. O primeiro Sangiovese amadurecido em barricas de carvalho Francês e o primeiro a usar assemblage com uvas não tradicionais mantendo, desde 1982, esta composição de cepas, não necessariamente porcentuais. Tignanello I.G.T. Toscana 2004, um graaaande vinho!Nariz intenso de grande complexidade onde aparecem frutas do bosque, alguma ameixa madura e algo de tostado. Na boca é de grande estrutura, complexo, taninos ainda firmes e aveludados, encorpado, mas nada pesado, potente e de grande concentração buscando mais sutileza com foco em sabor e elegância. Um vinho difícil de descrever, mas inegavelmente um baita vinhaço! Vinho de longa guarda, já está bom agora, mas daqui a cinco ou seis anos, deverá estar um espetáculo. Para quem pode ($), um senhor vinho por R$480,00 para fazer bonito na adega e, preferencialmente, na taça! Não é à toa que foi eleito melhor vinho Italiano em 2007 tendo figurado no Top 100 da Wine Spectator em que foi contemplado com 95 pontos que ao meu paladar, merece mais.
  • Sassicaia Bolgheri 2004. Aqui é sacanagem, falar o quê deste respeitadíssimo vinho elaborado com Cabernet Sauvignon e um leve “tempero” de cabernet Franc. Mais ainda, o que é que posso falar, que outros já não falaram antes e melhor? Só dizer que, se tivesse menos vergonha, teria ajoelhado e reverenciado o néctar, agradecendo aos Deuses por sua existência, mas tinha muita gente por perto e achei que não seria muito bem entendido. rsrsrs Gente,é um excepcional vinho, que desperta fortes emoções! Tem aromas ricos, intensos e complexos, para não dizer, totalmente inebriantes. Na boca é extremamente macio e sedoso com taninos doces, de grande elegância e muito, mas muito saboroso. Para tomar com calma, sem pressa, sorvendo todas as nuances deste elixir dos Deuses. Ai, que saudades! Eis um belo presente se alguém estiver a fim de me dar algo! Absolutamente maravilhoso, um dos melhores vinhos que já tomei na vida. Verdadeiramente apaixonante e, dizem, ainda vai melhorar muito! Será possível?!! Preço R$680,00.

São vinhos difíceis de explicar e muito menos falar qualquer coisa nova que os famosos críticos mundiais já não tenham descrito. O que posso, sim, é atestar a profunda satisfação de tomar estes verdadeiros néctares e elixires dos deuses e comentar das fortes emoções despertadas. Depois de tomarmos vinhos com esta qualidade e capacidade de mexer com nossos sentidos, é que compreendemos a verdadeira essência do mundo do vinho, a de despertar em nós momentos de puro êxtase!

Salute e kanimambo.

Barolo II

Dando seqüência ao post de ontem sobre Barolos, a Expand convidou-me para uma degustação de quatro vinhos de diferentes vinhedos e terroirs, do produtor Batasiolo. Esta casa produz algo em torno de 4 milhões de garrafas de vinho anuais, das quais cerca de 300.000 são de Barolo. Em cerca de 50 hectares plantados com nebbiolo para a produção de barolo, a Batasiolo produz vinhos somente com uvas próprias o que lhe dá um maior controle sobre todas as etapas de elaboração do vinho, em especial das vinhas onde o vinho é efetivamente construído. São quatro vinhedos denominados crus, cada qual com seu terroir muito próprio gerando vinhos da mesma “linhagem” porém com características diferentes entre si, mesmo que muito próximos um dos outros. São quatro esses crus, que compõem a “Beni di Batasiolo”, ou os Bens da Batasiolo, numa tradução bem ao pé da letra; o Bofani junto aos municípios de Monforte d’Alba e Barolo, o Boscareto em Serralunga d’Alba, Cerequio em La Morra e o Corda della Briccolina, também no município de Serralunga d’Alba. Quatro vinhos provados com diferenças entre eles, que tentarei compartilhar com os amigos;

Barolo Cerequio 2001, o mais pronto e um dos que mais me agradou, talvez em função disso mesmo. Não é por estar pronto a tomar que não deve ainda evoluir por mais uns cinco ou seis anos, certamente o fará, mas já está delicioso com taninos aveludados e com muita elegância. De boa estrutura,  aromas de boa intensidade, vivos em que aparecem fruta do bosque com nuances de menta e algum floral. Na boca está muito saboroso, rico, franco e equilibrado com boa acidez que lhe dá um frescor muito agradável, e um delicioso final de boca de boa persistência. De todos, foi o que me pareceu mais frutado, porém sem os exageros novo mundistas, tendo realmente me encantado. Um barolo, talvez mais leve e mais moderno, muito saboroso e agradável de tomar

Barolo Bofani 2001, um pouco mais fechado e contido do que o Cerequio, mas o segundo mais pronto a tomar. Os taninos estão um pouco mais marcantes pedindo um decanter por cerca de uma hora quando devem se acomodar. Senti nos aromas algo diferente, talvez um pouco balsâmico, algo herbáceo. Na boca mostrou menos complexidade de sabores, mas tem uma entrada de boca muito agradável e equilibrada, apesar de não apresentar o mesmo frescor do Cerequio. Taninos finos e refinados, boa estrutura, bastante longo, um senhor vinho que precisa de um pouco mais de tempo

Barolo Boscareto 2001, de todos o mais fechado com taninos ainda muito firmes e adstringentes. No nariz apresenta uma fruta em passa que se comprova na boca de forma viril mostrando bastante potência, boa acidez, algo de especiarias e longa capacidade de guarda. Se existe um infantícidio no mundo dos vinhos, cometemos um com este. Sem duvida alguma um vinho para se tomar daqui a mais uma meia dúzia de anos quando se poderá usufruir de toda a sua exuberância. É comprar e guardar.

Barolo Corda Della Briccolina 2003, para o meu gosto, o meu vinho da degustação. Certamente está novo, mas já é adorável e sedutor com um nariz muito agradável de frutas dos bosque madura. Este é o único que passa por barricas de carvalho francês de 225 litros para estagiar o vinho antes do engarrafamento. Todos os outros passam pelos tradicionais tonéis de carvalho esloveno de 5 a 6000 litros como nas fotos. Está ainda um pouco duro, mas ao deixá-lo no decanter por cerca de 45 minutos (levei um resto para casa) abriu maravilhosamente. O que mais me surpreendeu nele foi uma certa mineralidade que, em conjunto com a ótima acidez e harmonia, lhe dá um enorme frescor. Na boca é encantador, fino, elegante com taninos doces e aveludados, muito harmônico com sabores meio tostados, algo de especiarias bem sutis e uma tremenda persistência com um agradável retrogosto que faz lembrar café. Um vinho sedutor e muito saboroso que já se aprecia muito bem hoje e certamente evoluirá mais ainda dentro de uns três ou quatro anos. Não me parece que tenha a mesma estrutura e potencial de guarda do Boscareto, mas como quero é tomar o vinho e não guardá-lo, creio que seus cinco ou seis anos de vida estão de bom tamanho! Se qualquer forma, se pudesse compraria duas, uma para tomar por agora e outra em uns dois anos quando, creio, estará à perfeição!

O Cerequio me encantou e o Briccolina me conquistou. Todos ótimos vinhos, mas para o meu paladar, estes são os dois vinhos que eu colocaria na minha adega. Os preços variam muito pouco, entre R$280 a 300,00 então a escolha não passa por aí. Será uma questão de preferência de estilo que, para mim, ficou muito claro. O que também fica claro, é que são vinhos realmente de guarda que não devem ser tomados com menos de uns cinco anos e, por uma questão de preços, são para poucos, assim como os bons Barbarescos também elaborados com 100% de Nebbiolo, só que em outra região do Piemonte e com outras características.

Salute e kanimambo

Barolo I

De uma das principais regiões produtoras Italianas, o Piemonte (norte da Itália), vem este que, junto com o Brunello de Montalcino da Toscana, é um dos grandes ícones de nossa vinosfera. Definido pelos Piemonteses como o rei dos vinhos e vinho dos reis, é elaborado com a uva Nebbiolo cultivada em vinhedos de uma restrita área de colinas que se estende por 11 vilarejos da província de Cuneo, entre elas Barolo, Serralunga d’Alba e La Morra (clique no mapa para ver região). Pelo caráter peculiar de vinho, pela área restrita de vinhas, e diversidade de terroirs, é um vinho caro tendo por característica o fato de serem vinhos concentrados, robustos, austeros que necessitam de tempo de envelhecimento e aeração para serem devidamente apreciados. Pela legislação da DOC (Denominazione di Origine Controllata), o Barolo envelhece por pelo menos três anos, sendo dois em tonéis de madeira, sendo que muitas casas produtoras ainda o deixam por um a dois anos em caves após engarrafamento.

Com abundancia de taninos potentes, típicos da uva nebbiolo, é um vinho com características duras, muita estrutura e de enorme complexidade devendo sempre acompanhar uma refeição com peso idem, em especial pratos de carne. Até pouco tempo atrás, um excelente Barolo necessitava de uns dez anos de guarda e decantação por seis, dez, até 24 horas para que toda a sua exuberância pudesse ser devidamente mostrada e apreciada.  Hoje em dia isto ocorre com cada vez menos assiduidade já que grande parte dos produtores modernizaram sua forma de produzir o vinho com novas técnicas de vinificação, introduzidas na região a partir dos anos 80, gerando vinhos mais amenos e prontos para tomar mais cedo. Hoje em dia a produção se divide entre produtores mas clássicos e tradicionais, e aqueles de estilo mais moderno. Cada um a seu estilo, mas certamente ambos produzindo excelentes vinhos. Em qualquer dos casos, vinhos que requerem paciência com, pelo menos, uns cinco a seis anos de guarda quando começarão a mostrar toda a sua exuberância aromática e complexidade de sabores.

Nestes últimos sessenta dias, tive oportunidade de provar uma meia dúzia de rótulos e iniciar meu aprendizado nos vinhos Piemonteses, em especial o Barolo. Primeiramente dizer que me ficou muito clara as diferenças nos vinhos causado pelos diferentes terroirs, segundo, que me encantei pela complexidade descoberta. Dizem não ser um vinho fácil que requer alguma litragem para ser melhor entendido, mas tenho que reconhecer que não me foi difícil entendê-lo só lamentando não ter podido acompanhar estes vinhos com um prato que lhes fizesse jus. Pelo que li, é parceiro ideal para carne assada, um ensopado, carnes grelhadas e por aí afora. Pessoalmente, penso que talvez um ensopado de carne com batatas, deve ser a perfeição e aí, penso naquele Javali na Pucura com Castanhas que comi no 1715 em Ribeira da Venda em Portugal, e BINGO!!! De qualquer forma, já me encantei assim mesmo com estes vinho tomados solos num estilo mais moderno, mais prontos para beber.

No Decanter Wine Show, tive oportunidade de provar os vinhos de Pio Cesare um dos principais e antigos produtores e negociantes da região do Piemonte. Entre os vinhos provados, o Barolo Ornato 03, criação top do produtor e, efetivamente, um grande vinho. Ainda austero fechado, teria se beneficiado muito de uma decantação de algumas horas, mas já mostrou uma ótima paleta aromática muito frutado com algumas nuances florais que não consegui identificar. Na boca é denso, carnoso, untuoso, taninos ainda firmes porém sem qualquer agressividade, complexo sabor de frutas maduras com algo terrososo e alguma presença de especiarias, terminando em um longo final de boca em que aparecem elegantes toques de baunilha. Uma criança que necessita de mais tempo, devendo crescer muito ainda nos próximos quatro a cinco anos adquirindo maciez e elegância. Na Decanter por R$413,50.

Do mesmo produtor, o Barolo 03, um “básico” da região. De grande intensidade aromática, perfumado, na boca é cheio, encorpado, taninos finos e macios, bem equilibrado, final de boca muito agradável com um retrogosto que me lembrou especiarias. Não tem a mesma complexidade do Ornato e é um vinho um pouco mais pronto a tomar apesar de que se beneficiará muito com mais uns dois anos de garrafa. Na Decanter por R$310,50.

Amanhã veremos a seqüência dos Barolos provados. Como disse no inicio, não são muitos, mas são vinhos que me fizeram mudar alguns conceitos ou, talvez, preconceitos para com os vinhos Italianos em geral. Aliás, estes vinhos não foram os únicos, pois diversos outros rótulos mexeram com minhas emoções. Tudo isto veremos ao longo do mês.

Salute e Kanimambo.

Vinhos Italianos que Tomei e Recomendo I

         Meus amigos e amigas, se eu achava que o mundo vinícola Francês era complicado e caro, acabei de descobrir que pode ficar pior! Itália, mais complexo, mais regiões, mais caros e mais vinhos de baixa qualidade no mercado. Por outro lado, descobri que nem todo o vinho Italiano é rústico, encorpado e, até determinado ponto, agressivo. Muito pelo contrário, os bons vinhos são elegantes e profundamente saborosos. O que vi é que vou ter que trabalhar no intuito de ganhar litragem nas diversas regiões, em especial no Piemonte onde poucos vinhos provei. Por outro lado, descobri a Sicília, Puglia, Úmbria, Marche, etc. Aliás, aproveitei e mudei a imagem do cabeçalho do blog, com esta linda vista de um vinhedo da Toscana. Imagem linda que foi gentilmente cedida pelo pessoal da Wine Prenium.

        Normalmente inicio os meses com posts sobre as regiões produtoras, suas uvas e seus vinhos. Desta vez vou embaralhar um pouco as cartas e vou falando um pouco de tudo de forma intercalada. Começando com esta curta apresentação e o primeiro Tomei e Recomendo. Uma das características que mais me encantaram é a capacidade dos produtores Italianos trabalharem suas uvas autóctones. Acredito que este seja o principal atrativo dos vinhos Italianos, já que estas castas produzem vinhos muito peculiares e cheios de personalidade mostrando o caráter de sua gente e de sua terra. Existem, todavia, bons vinhos sendo elaborados com cepas de origem francesa espalhadas pelo mundo como a Merlot, Chardonnay ou Cabernet Sauvignon que merecem ser conhecidos porque mudam muito em função do terroir em que se encontram. Das autóctones, conheça os vinhos elaborados com; Nero D’Avola, Nebbiolo, Barbera, Dolcetto, Negrara, Corvina, Primitivo, Neroamaro, Sangiovese e muitas outras.

        Uma das principais características dos vinhos italianos é de que são vinhos que se dão muito melhor acompanhados do que solos. Crescem muito quando acompanhados de um bom prato, diferentemente de vinhos de outras regiões produtoras. Apesar do enorme volume de vinho Italiano que é importado, este número é um pouco falso já que um grande porcentual é de Lambruscos e Proseccos, nem sempre de boa qualidade. Nada contra quem gosta desses vinhos, alguns até são bem saborosos para serem tomados bem frescos numa tarde de calor e de forma descompromissada, mas são poucos os de real qualidade com origem garantida, disponíveis no mercado. Ao longo do mês falarei um pouco mais do Lambrusco que, na Itália, se toma mesmo é na versão tinto.

       De qualquer forma, difícil foi encontrar vinhos que tivessem qualidade e eu pudesse recomendar, nas faixas mais baixas de preços, até R$50,00. Especialmente abaixo de R$30,00, a tendência é que sejam, muito rústicos e desequilibrados, havendo muitas outras e melhores opções nos vinhos Argentinos, Chilenos e Nacionais . Já na faixa de R$50 a 80,00, por outro lado, há abundância de bons rótulos a serem apreciados e, acima desses valores, belos néctares, como seria de esperar,  com alguns sendo verdadeiros vinhos de exceção. Existem muitos outros rótulos que poderiam estar aqui listados, mas só falo do que provo, compartilhando o nível de satisfação sentido e as emoções que esses vinhos me despertaram. Conforme for provando novos vinhos, postarei mais matérias no blog. Agora, chega de lero, vamos falar do que interessa, dos vinhos! Desta vez, após cada rótulo recomendado, indicarei a região produtora afora a importadora ou loja em que este esteja disponível. Como de praxe, marcarei com um asterisco aqueles vinhos preferidos dentro de cada faixa de preço.

Ate R$30,00

        Não são muitos os vinhos provados que posso efetivamente recomendar, mas dentro o que pude provar se destacaram estas boas opções; Terre Alegre 06/Veneto (Wine Company) é um Sangiovese ligeiro, barato, para tomar sem compromissos num bate-papo informal ou acompanhando seu hamburger favorito, Zipolino 05 */Toscana (Wine Company) também é elaborado com Sangiovese e mostrou ser um vinho fácil de agradar, bem equilibrado, saboroso tendo acompanhado bem um prato de ravióli recheado com mussarela de búfala e manjericão. Nesta faixa de preços existem muitos rótulos de Montpulciano d’Abruzzo/Toscana que nem sempre são recomendáveis, mas estes dois são duas ótimas e surpreendentes opções pelo preço cobrado; o da NovaCorte 06 (LMC) e o da Bonachi 06*(Mistral) são dois achados muito agradáveis, corretos, saborosos, harmônicos que descem redondos e são ótimas companhias para a pizza de Sábado ou a macarronada da Mamma no Domingo. Verdadeiro achado, mesmo, é o branco elaborado com a uva Verdicchio produzido na região de Marche por Umani Ronchi, o Castelli di Jeisi 07* (Expand) um vinho delicado, fresco, algo cítrico, na boca é cheio, direto, balanceado uma grande pedida para tomar como aperitivo, com frutos do mar grelhados, ou peixes leves, e imperdível pelo preço. Para finalizar esta faixa de preços, um vinho que é sempre um porto seguro, o Rupestro 06/Úmbria (Decanter) um corte de Merlot (80%) e Sangiovese que agrada fácil, honesto, boa acidez e estrutura, taninos firmes, mas amigáveis.

De R$30 a 50,00

       Subimos um degrau nos preços e damos o pulo de qualidade nos vinhos encontrados. Nesta faixa provei alguns brancos muito saborosos; O Nicodemi Trebbiano d’Abruzzo 06*/Toscana (Decanter) que é muito interessante e diferenciado, necessitando de um tempo na taça para se usufruir de todos os seus aromas; a melhor relação preço x qualidade para um Pinot Grigio que é o Casa Defra  Pinot Grigio 06*/Veneto (Wine Company) com uma boa paleta olfativa, muito frescor e bem balanceado; o Alísia 07/Veneto (Zahil) um outro Pinot Grigio bastante sedutor, muito aromático com nuances florais e o Branciforti Bianco 06/Sicilia (Wine Premium) elaborado com a casta autóctone Grecanico, que é muito delicado, perfumado, fresco e acompanhou muito bem uma salada de legumes cozidos. Dos tintos, diversas opções de diversas regiões com alguns ótimos achados para a faixa; Branciforti Rosso 05*(Wine Premium) e Masseria Trajone 06* (Vinci/Portal dos Vinhos) são duas boas opções para conhecer a uva típica da Sicília, a Nero D’Avola, que produz vinhos muito redondos, com aromas de frutas vermelhas, macios e muito saborosos; O Vernaiolo 04*/Toscana (Wine Premium) um Chianti básico muito agradável elaborado com 85% de Sangiovese e Merlot, tem um nariz de boa tipicidade, mas simples sem grande intensidade. Na boca é fácil, de boa acidez e taninos aveludados; o Badiolo Chianti 06*/Toscana (Wine Company) mais um agradável e muito saboroso exemplar desta região, que surpreende por sua boa estrutura e harmonia, um vinho que seduz fácil e acompanhou muito bem uma madalena de carne; um Cabernet Sauvignon diferenciado 1404 Colli Bereci 06/ Veneto (Wine Company), muito fresco, suave com boa fruta vermelha, harmônico e macio que acompanha muito bem pratos de carne grelhados; o Valpolicella Clássico Campo Del Biotto 06*/Veneto (Decanter), de um ótimo produtor, com muita tipicidade, boa paleta aromática, cheio na boca, redondo com taninos finos, ótima acidez e bom equilíbrio; o sempre seguro Serrano Rosso Conero 06*/Marche (Expand) um corte de Montpulciano e Sangiovese de médio corpo e boa estrutura que gosto acompanhando uma lazanha bolonhesa tradicional, um picadinho ou um pernil assado; O Seral Corvina Veronese 04/Veneto (Decanter) é um varietal da uva Corvina, bem diferenciado e saboroso e o Masseria Trajone Primitivo di Manduria 05 /Puglia (Vinci/BR Bebidas) um vinho suculento, textura cheia e harmoniosa, taninos finos, final de boca com leve toque de especiarias. Alguns vinhos bem interessantes e diferenciados para quem gosta de provar coisas novas e se aventurar; um rosé de Sangiovese produzido na Sicília, o Branciforti Rosé é um vinho diferente daqueles rosés básicos lembrando groselha para serem degustados ao lado de uma piscina numa tarde verão. Este é mais gastronômico com aromas puxando para cerejas com leve floral. Na boca é muito saboroso, cheio, fresco e bem balanceado devendo acompanhar muito bem uma paella ou um frutos do mar à Provençal e, para finalizar, o Concerto Reggiano, um divisor de águas quando o assunto é Lambrusco já que é tinto e é um DOC – VFQPRD (Vini Frizzanti di Qualità Prodotti in Regioni Determinate). Não tem qualquer semelhança com aqueles Lambruscos brancos esquálidos que tanto abundam no mercado. Na taça parece um suco de uva com um frisante suave e agradável. Na boca é leve, suave, saboroso e fácil de tomar com seus parcos 11,5ª de teor alcoólico. A ótima acidez, convida a acompanhar uma feijoada e se prestou muito bem a isso numa harmonização feita em casa. Pode não ser um êxtase, mas é uma experiência muito interessante, diferente e agradável.

Salute e kanimambo

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Antinori na Expand

               Com a presença do enólogo Renzo Cotarella, diretor geral da casa produtora Italiana Marchesi Antinori, tive o enorme prazer de degustar algumas preciosodades e confirmar que não é só de fama que esse pessoal vive. Realmente produzem vinhos de grande qualidade sustentada por mais de 600 anos de experiência e mais de 26 gerações envolvidas no processo do vinho. Foi do bate-papo com ele que registrei esta sábia frase:

“Não existe receita do vinho, existe tendência e estilo. Porque a natureza muda a matéria prima todos os anos e o enólogo tem que, respeitar essas variações e tirar delas o que de melhor geraram na safra.”

  • Começamos essa degustação com um Chardonnay da região da Úmbria que me surpreendeu. Bramito Del Chardonnay I.G.T. 2006, bonita cor amarelo palha, brilhante tem aromas bem frutados, de boa intensidade que vão se abrindo na taça. Bastante floral, pêra evoluindo para baunilha após um tempo. Na boca demonstra ser um vinho muito equilibrado, de boa acidez, suave, boa mineralidade evoluindo para uma certa cremosidade após um tempo, agradáveis traços de levedura no final de boca. Muito agradável, fácil de tomar e agradar, mas nada simples. Belo e saboroso vinho. Preço R$ 99,00.
  • Um delicioso corte de 40% Cabernet Sauvignon, 40% Merlot e 20% Syrah, compôs o segundo vinho. Il Brusciato Bolgueri D.O.C 2005 produzido na Toscana é um vinho muito apetecível, muito elegante e extremamente saboroso. Boa paleta aromática em que sobressaem as frutas vermelhas, algo de especiarias e salumeria. Na boca é muito agradável, mostra boa estrutura, fruta madura e taninos leves e macios. Acidez moderada, elegante e harmônico com um bom e longo final de boca. Fosse mais barato e estaria diversas vezes sobre a minha mesa e na minha taça. Preço R$115,00.
  • Um ícone produzido com 80% Sangiovese, 15% Cabernet Sauvignon e 5% Cabernet Franc. O primeiro Sangiovese amadurecido em barricas de carvalho Francês e o primeiro a usar assemblage com uvas não tradicionais mantendo, desde 1982, esta composição de cepas, não necessariamente porcentuais. Tignatello I.G.T. Toscana 2004, um graaaande vinho!Nariz intenso de grande complexidade onde aparecem frutas do bosque, alguma ameixa madura e algo de tostado. Na boca é de grande estrutura, complexo, taninos ainda firmes e aveludados, encorpado mas nada pesado, potente e de grande concentração buscando mais sutileza com foco em sabor e elegância. Um vinho difícil de descrever, mas inegavelmente um baita vinhaço, daqueles que chamo de vinhos de reflexão! Vinho de longa guarda, já está bom agora, mas daqui a cinco ou seis anos, deverá estar um espetáculo. Para quem pode ($), um senhor vinho por R$480,00 para fazer bonito na adega e, preferencialmente, na taça! Não é à toa que foi eleito melhor vinho Italiano em 2007 tendo figurado no Top 100 da Wine Spectator em que foi contemplado com 95 pontos.
  • Finalizamos com um vinho de sobremesa, Muffato Della Sala I.G.T 2004. Da Úmbria, este vinho é produzido com 60% Sauvignon Blanc, 40% Grechetto, ambas bortitizadas lhe trazendo a doçura natural, adicionados de uma ínfima parte de Gewurtzraminer e Riesling para lhe dar mais aromas e frescor. No nariz, é umespetáculo! Daqueles que você não sabe se cheira ou se toma. Muita intensidade exibindo notas de pêssego e algo de mel. Na boca é muito agradável faltando-lhe, para o meu gosto, um pouco mais de acidez e frescor. O vinho é doce e agradável, o preço nem tanto, R$195,00, provavelmente devido a produção ser muito limitada e a demanda alta.

Não degustado na ocasião, mas de importante destaque em minha opinião, a casa produz um outro vinho da Toscana, um corte de 60% Sangiovese, 20% Cabernet Sauvignon, 15% Merlot e 5% de Syrah, que me encanta e que tem uma boa relação Qualidade x Preço x Satisfação. É o Villa Antinori I.G.T. que custa normalmente R$98,00 e nas promoções costuma estar por voltas dos R$85,00, quando se torna bem mais atraente. Muito saboroso, elegante, aromático, corpo médio, equilibrado com taninos macios e bom final de boca, é um vinho de grande qualidade que enche a boca de prazer por um preço um pouco mais acessível.

Salute e kanimambo.

Cinco Vinhos

                 Final de tarde de Domingo muito agradável, sentado no terraço enquanto me delicio com uma taça de Vinho do Porto Quinta de Baldias Tawny (Lusitana), escrevo sobre estes cinco vinhos tomados ao longo destes últimos dias, período no qual me debrucei na prova e descoberta dos vinhos de Bordeaux e Languedoc sob os quais estarei escrevendo a partir da próxima semana. Sem muita escolha, seleção ou ciência, na verdade apenas uma coletânea de opiniões e sensações que gostaria de compartilhar. São vinhos que cabem no bolso, com preços que variam entre R$25 a 37,00, e que me souberam bem.

 

La Florencia 2005, Mendoza, Argentina.  Este rótulo possui também outros varietais dos quais o mais conhecido é o Malbec. Eu tomei o Merlot, porque queria algo diferente e há muito busco encontrar um de qualidade e preço médio na Argentina. A cor é de um rubi profundo e bonito, com bom brilho. Os aromas não me chamaram a atenção, mas na boca aparece alguma fruta vermelha com algumas notas herbáceas e algo defumado ao final, de corpo médio, boa intensidade e um leve amargor no final. De taninos firmes já maduros sem grande adstringência e baixa acidez. Bem feito, mas seu estilo austero não me encantou. Vinho correto por cerca de R$32,00.

 I.S.P.  

 

Monte do Vilar Tinto 2005, Alentejo, Portugal. (Lusitana) Um vinho com a cara do Alentejo, elaborado com Aragonês e Trincadeira, corte típico desta região. Bela paleta aromática de boa intensidade onde aparecem claramente frutas vermelhas e algo de café tostado. Na boca, a sensação olfativa se confirma com acentuação em fruta madura e boa acidez num vinho de corpo leve e fácil de agradar que certamente se dará bem, levemente refrescado, acompanhando um arroz de bacalhau e brócolis ou um churrasco de carnes menos gordurosas ou, quem sabe, até um arroz de pato. Taninos maduros e macios num saboroso final de boca. Por cerca de R$28,00 meu I.S.P.  $   

Marco Luigi Reserva da Família Merlot 2003, Bento Gonçalves, Brasil. Este produtor tem uma série de produtos de que sou fã. Possui um Merlot básico varietal por cerca de R$22,00 que é muito saboroso, um Conceito Tempranillo por cerca de R$30,00 que também acho bastante interessante, assim como os espumantes dos quais destaco o Reserva da Família Brut e o Moscatel. Desta vez tive o prazer de tomar este muito saboroso Merlot da linha Reserva da Família. É realmente, um vinho mais evoluído, de médio corpo com álcool bem comportado em 13º, bom volume de boca, boa acidez, taninos maduros, finos e elegantes estando, na minha opinião, no auge para ser tomado. De interessante complexidade tanto no nariz como na boca, é um vinho de persistência média e bom final de boca que só vem comprovar minha tese de que, nos níveis médios de preço, os Merlots nacionais não devem para ninguém. Um dos bons produtos nacionais disponíveis no mercado e bem posiconado no quesito preço considerando-se a qualidade oferecida. Uma pena que em São Paulo não seja muito fácil de encontrar. Por cerca de R$33,00, vi no site da Costi Bebidas em Porto Alegre. I.S.P.  $ 

Callia Alta Shiraz (syrah)/Malbec 2006, Mendoza, Argentina. (BR Bebidas / Kylix) Pelo que pesquisei, este produtor parece trabalhar muito bem os vinhos de corte tendo a Shiraz, ou syrah, como sua casta dominante. Este corte, especificamente, achei muitíssimo agradável e fácil de tomar. Vinho correto, descompromissado, nariz de boa fruta fresca, taninos finos maduros, plenamente integrados, macio e sedoso, ótimo para acompanhar uma pizza, um bom cheese-salada, mesa de frios ou coisa do gênero. Dentro do estilo, e com um preço ao redor de R$26,00, é um vinho que satisfaz e que incentiva a  provar os outros cortes; Shiraz/Cabernet e Shiraz/Bonarda.

I.S.P. $

Masseria Trajone, Nero D’Avola, Sicília, Itália 2004. (Vinci/Portal dos Vinhos) Não sou um especialista ou grande conhecedor de vinhos Italianos, mas é o segundo vinho elaborado com esta cepa autóctone, que tomo e aprovo. O outro, o Passo Delle Mule, é um espetáculo de vinho que me encantou, tendo-o comentado num post anterior, e está num patamar de preços bem mais alto. Este é um vinho menos elaborado, mas segue sendo extremamente prazeroso de tomar. Tem uma paleta aromática bastante intensa e na boca é puro prazer. Muito equilibrado, boa estrutura, redondo, macio, boa acidez, enche a boca de prazer num final de boca médio e muito saboroso. Um belo achado por este preço de cerca de R$37,00, faixa em que contracena com o Altano, um vinho do Douro importado pela Mistral, mas que não faz parte desta análise, e que é outro belo produto por um preço incrível.

Meu I.S.P. $