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Muito Bom Exemplar de Marselan, Cave Antiga.

A Marselan é uma uva híbrida que nasceu em 1961 do cruzamento da Cabernet Sauvignon e Grenache no sul da França, Languedoc e Rhône. De lá se espalhou para o mundo, porém devido a ser pouco produtiva não chegou a ganhar grande impulso sendo usada mais como coadjuvante em blends aportando aromas e corpo. Presente na Espanha (Catalunha), Argentina, Uruguai, Brasil e com grande potencial na China onde dizem poderá a ser a uva Ícone deles (leia mais clicando aqui), é uma uva de amadurecimento tardio que necessita de grande exposição solar. Tem como característica a grande capacidade de envelhecimento, acidez média, taninos macios e corpo denso com cor bem escura e grande resistência a doenças.

Provei o Cave Antiga 2007 que mostrou bem sua capacidade de envelhecimento, um vinho que está soberbo, rico, equilibrado, uma vinho que me deu grande prazer tomar mas que está esgotado, poucas garrafas eventualmente poderão ser localizadas, mas agora chegou a safra 2017 que foi a que provei semana passada.

Pois bem, a safra da safra 2017 mostra bem essa intensidade e corpo que é descrita como uma de suas principais características.  Com apenas seis meses de estágio em barrica apresenta-se bem escuro, aromático, porém a fruta na taça aparece num segundo momento mostrando que aerar o vinho por uma meia hora irá lhe fazer bem. O primeiro impacto olfativo nos leva à fazenda (rs), notas terrosas, com uma fruta madura em segundo plano. Taninos ainda bem presentes, mas aveludados, boca densa, bom volume, ótima textura, acidez média, os frutos negros como cereja e mirtilo maduros aparecem mais na boca, boa persistência, educados e imperceptíveis 13% de teor alcoólico um vinho marcante diferente, bem longo, um vinho que nos pede comida, foi bem com salames diversos mais intensos.

Pela avaliação que fiz do 2007 e provando este, acredito que é vinho para guarda de seis a oito anos, mas duvido que alguém o guarde para conferir!! rs Um vinho que surpreende e quem gosta de vinhos de maior estrutura porém sem rusticidade tânica, complexo de aromas e sabores diferentes eis aqui algo a se provar. Eu salvei algumas 2007 e 2017, vou querer fazer um comparativo nas confrarias que administro, deve ser um interessante exercício sensorial.

Fui, resto de boa semana com feriado lembrando que a Vino & Sapore estará aberta Quarta e Quinta para você garantir os vinhos para o fim de semana mais longo ou se ficar por aqui, vem tomar uma taça de espumante comigo lá, te espero!

Kanimambo pela visita, saúde

 

Porto Vintage 2016 o Que Aconteceu por Lá!

Ao final dos dois anos como é de praxe, saem as garrafas de Porto Vintage para o mercado e se iniciam as avaliações. Conforme o jornal português Público, o ano de 2016 teve um Inverno ameno, com níveis elevados de precipitação, que também se sentiram na Primavera. O Verão foi muito quente e seco e apresentou alguns picos de calor em Agosto e Setembro. Estas condições já indicavam que a colheita pudesse ser extrema qualidade, como se lê no comunicado divulgado pela Quinta do Noval através de seu diretor geral Christian Seely, “a declaração de Porto Vintage 2016 se deu apesar de – ou talvez devido a – às condições climáticas incomuns e extremas do ano, o resultado final é de excelente qualidade. Os vinhos são equilibrados e frescos com excelente estrutura, fruta intensa muito pura e expressiva

Já Luís Sottomayor, enólogo da Sogrape, realça a “robustez e estrutura” dos vinhos da colheita de 2016 e garante um perfil de vintage “com níveis de complexidade, cor e  estrutura absolutamente excepcionais, com taninos presentes, perfeitos para evoluírem na garrafa durante muitos anos”.

Apesar de boa parte dos produtores terem declarado seus vintages 2016 como clássicos, não vi alusão disso por parte do IVDP que oficializa essa condição (ano clássico), porém se alguém tiver informação outra por favor comente. Eis a avaliação feita pela Wine Spectator com os Vintage 2016 e seus preços em Dólares americanos. O Churchill e o Quinta dos Malvedos me parecem uma ótima opção! Agora esperar 2020 para ver como a safra de 208 vai se sair, por aqui foi boa, duas netas!! rs Precisarei escolher duas garrafas para elas tomarem no aniversário de 30 anos, aguardando ansioso.

QUINTA DO NOVAL

Vintage Port Nacional 2016
99 points | $1,000 |

DOW
Vintage Port 2016
98 points | $150 |

GRAHAM
Vintage Port 2016
98 points | $150 |

TAYLOR FLADGATE
Vintage Port 2016
98 points | $120 |

QUINTA DO VESUVIO
Vintage Port Capela 2016
98 points | $182 |

WARRE
Vintage Port 2016
98 points | $98 |

GRAHAM
Vintage Port The Stone Terraces 2016
98 points | $230 |

QUINTA DO NOVAL
Vintage Port 2016
98 points | $125 | J.M.

CROFT
Vintage Port 2016
97 points | $100 |

FONSECA
Vintage Port 2016
97 points | $120 |

SMITH WOODHOUSE
Vintage Port 2016
97 points | $82 | .

QUINTA DO VESUVIO
Vintage Port 2016
97 points | $115 |

CHURCHILL
Vintage Port 2016
96 points | $110 |

COCKBURN
Vintage Port 2016
96 points | $110 |

SANDEMAN
Vintage Port 2016
96 points | $90 | J.M.

CHURCHILL
Vintage Port Quinta da Gricha 2016
94 points | $75 |

FERREIRA
Vintage Port 2016
94 points | $95 |

QUINTA DE RORIZ
Vintage Port 2016
94 points | $90 | J.M.

GRAHAM
Vintage Port Quinta dos Malvedos 2005
93 points | $65 |

POÇAS JUNIOR
Vintage Port 2016
93 points | $75 |

QUINTA DA ROMANEIRA
Vintage Port 2016
93 points | $75 |

Rafael Mauaccad, grato pela inspiração e informação postada em sua página do Facebook que serviu de base para este. Saúde, kanimambo e uma ótima semana para todos.

Mestizaje 2011, um Bobal de Fina Estirpe.

Uma Espanha diferente na taça, Mestizage 2011, um corte de  85% Bobal (vinhedo com mais de 50 anos), 9% Tempranillo, 3% Cabernet Sauvignon, 2% Garnacha e 1% Merlot de Pago El Terrerazo perto de Valencia. Um Pago é uma classificação espanhola que trata de uma microrregião, neste caso 87 hectares, de excepcional qualidade independentemente de estar, ou não, dentro de uma DOC, são 18 no total. A Bobal é uma uva bastante comum, porém poucos são elaborados como varietais, lembrando que com 85% ou mais de uma uva o vinho é considerado um varietal, sendo mais presente em cortes onde aporta cor, taninos e acidez.

A uva é nativa da região espanhola de Valência, Urquiel-Rellena, La Mancha e é uma das uvas mais apreciada no país, segunda tinta mais plantada, possui caráter denso e rústico. Ao longo do tempo a uva Bobal conquistou o apreço dos produtores contemporâneos por oferecer vinhos de boa qualidade, taninos abundantes, cor escura (alto teor de resveratrol), com muito boa acidez e tudo isto se encontra presente neste vinho que, após sete anos está, em minha opinião, em seu apogeu, mas ainda vai dar o que falar por mais um par de anos.

Elaborado pela Bodega Mustiguillo, fermentou em barrica e depois estagiou em tanques de aço inox e barricas francesas por 9 meses. A idade lhe fez muito bem! A fruta está bem presente numa paleta olfativa de boa intensidade, na boca deliciosa textura com bom volume, notas terrosas, frutos negros, taninos finos bem integrados, acidez viva, final de persistência média, um vinho que dá um prazer enorme de tomar. Tinha tomado faz tempo, mas está melhor! Uma pena que se acabou!!

Saúde, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui ou em qualquer outra curva de nossa vinosfera!

Wine Tasting Best In Show!

Já escrevi um post sobre os campeões de bilheteria na Wine Tasting da Vino & Sapore que você pode ler clicando aqui, já este é um post sobre o vinho que mais produziu uaus nesse Sábado, o Best in Show entre diversos muito bons vinhos. Na escolha dos vinhos junto com o amigo e parceiro Juan Rodriguez da Almeria, optamos por escolher um vinho algo mais caro porém com, obviamente, a qualidade que o respalda. Estoquei pouco, imaginei que não sairia tanto mesmo considerando que certamente agradaria a grande maioria. Não é que acabou e ainda esta semana estou atendendo alguns pedidos que não pude atender no dia!

O vinho em questão é espanhol, a praia do Juan, de Ribera del Duero e de vinhedos orgânicos (reconhecido em 2004) e parcialmente bio que é um plus no final das contas. É o Domínio de Basconcillos Eco 6 Meses, um vinho 100% Tempranillo ou Tinta Fina como ela é conhecida na região. Leveduras selvagens, apenas seis meses de barrica para lhe dar aquele algo mais sem atrapalhar a fruta. Bem aromático com notas de frutos vermelhos e um sutil abaunilhado.  Ameixa, cereja, médio corpo para encorpado, ótima textura, bom volume, muito rico meio de boca, complexo, alguma especiaria (pimenta), taninos finos ainda bem presentes mostrando que ainda há muita vida por viver nesta garrafa. O final de boca apresenta uma acidez mais marcante e algumas notas minerais em função do solo calcário da região e uma maior altitude dos vinhedos. Um vinho marcante com a personalidade da região mostrando-se um pouco mais austero, porém sem perder a elegância que o caracteriza.

Um vinho que por aqui em São Paulo anda na casa dos 150 a 165 Reais o que está em linha com a qualidade entregue. Um belo vinho para comprar e curtir sem medo de ser feliz.

Kanimambo pela visita, saúde

Dois Blends Inusitados!

Tem qualidade em toda a faixa de preço, mas é lógico que nas mais baixas esse garimpo tende a produzir resultados menos abundantes. Por filosofia, apesar de adorar tomar grandes vinhos como todos, adoro fuçar o mercado por vinhos que a maioria possa tomar e neste fim de semana provei dois vinhos sob o mesmo rótulo que me agradaram bastante e gostaria de compartilhar com os amigos. São vinhos que ficam numa faixa de preço entre 45 a 50 Reais, faixa esta que tradicionalmente traz vinhos algo mais ligeiros e aí minha primeira surpresa, especialmente no branco. A segunda surpresa é com referência aos blends, bastante inusitados, ambos sob um mesmo rótulo, La Pradera produzido em Mendoza pela Bodega Toneles que acredito sejam vinhos para serem tomados jovens, entre este e o próximo ano.

Blend de Blancs 2017 – vejam só, Viognier + Torrontés + Chenin Blanc! No nariz aquele aroma floral da Torrontés bem presente, na boca vem o frescor da Chenin com a Viognier dando-lhe corpo, ótima sacada do enólogo que conseguiu elaborar um vinho frutado, fresco, mas de mais corpo do que normalmente se esperaria num vinho nesta faixa de preço. Um vinho muito agradável e fácil de se gostar, inclusive para quem tenha algo mais de litragem. Para um apreciador de brancos como eu, uma surpresa muito agradável

Blend de Tintas 2017 – mais uma vez um corte diferente, Bonarda + Merlot + Syrah sem nada de malbec! rs Outra coisa que me deixou algo com um pé atrás antes de abrir, o vinho é elaborado com maceração carbônica o que tradicionalmente não me encanta pois por muitas vezes me deparo com um certo gás carbônico inicial que me incomoda. É uma maceração muito comum na Espanha para vinhos jovens sendo que o mais famoso entre nós é o Beaujolais na França. Aqui não senti traços disso e tão pouco dá para obter grandes recados das uvas lá presentes, o corte está muito uniforme, uma uva não sobressai sobre as outras, existe equilíbrio numa harmonização muito bem conseguida. Aqui impera a fruta, o frescor, um vinho descompromissado, taninos bem macios, cor clara, para tomar refrescado (15º) e de golão. Gostei, ótimo para o verão que está por chegar.

Saúde, kanimambo pela visita e uma ótima semana

Casa do Lago Rosé, Campeão do Wine Tasting!

É, foi na Vino & Sapore no último Sábado! Afora os vinhos dos amigos da Lusitano Import e da Almeria, tivemos também a presença do Bruno Mestre Queijeiro, da Pé de Geleia e da Raquel com seus pães artesanais. Muito provavelmente dia 24 de Novembro outro Wine Tasting com a companhia de outros parceiros do vinho, mas desse falarei em outra hora!

Porquê campeão? Melhor vinho? Não, mas foi o que o pessoal mais comprou e os elogios foram muitos, tanto que tive que repor estoque nesta semana. Realmente um vinho delicioso, muito fresco, frutado, cerejas frescas,leve mas não ligeiro! Cem porcento Touriga Nacional da região Lisboa, só passagem por inox, um mês em garrafa e já está sendo distribuído, vinho para ser tomado jovem em seus primeiros três anos de vida, mas quanto mais jovem melhor. Vinho de verão, para acompanhar frutos do mar, comida japa, para bebericar com os amigos sem compromisso mas com qualidade que é uma marca da DFJ que o produz. Cheio das medalhas, rs, foi apontado como o melhor rosé de 2016 pela revista portuguesa Grandes Escolhas.

Toda esta linha de vinhos é muito boa e de preço acessível, havendo também um branco muito bom (mais um que vendeu muito), um blend tinto esgotado todos na casa dos 70 a 74,00 Reais e um inusitado Gran Reserva Cabernet Sauvignon num patamar mais alto de preços e que surpreende! Importação da Lusitano Import

É isso, kanimambo pela visita e em breve nos encontraremos novamente por aqui. Sáude

Um Shiraz Para Chamar de Meu!

A primeira vez que o tomei foi nos idos de 2009 numa esbórnia enogastronomica entre colegas e amigos blogueiros. Depois mais uma vez em 2011 e finalmente a última visita que fez a minha taça foi numa gostosa degustação da Confraria Saca Rolha em 2015. Falo de uma obra prima de John Duval, criador de um ícone australiano, o Penfolds Grange reconhecido como um dos mais importantes vinhos de Down Under! Ao se aposentar virou um flying winemaker e abriu sua própria vinícola a John Duval Wines. O vinho, sem mais delongas e sem muito detalhe porque já faz anos que o tomei, é o John Duval Entity, talvez o melhor Shiraz que eu tenha tomado na vida e certamente o mais marcante.

Me lembro (vi minhas notas, rs) que há época o descrevi como um baita vinho, potente, encorpado, complexo e fino, classudo um belo exemplo do porquê a shiraz virou simbolo deste país. Na confraria Saca Rolha,2015, coube há amiga Raquel falar dele; mostrou-se muito elegante. Com o primeiro ataque bem seco na boca, um toque mineral que se funde com frutas maduras dando-lhe corpo e temperado com especiarias. No final um leve defumado mostrando a madeira bem colocada. Um exemplo de como o menos é mais, com muita categoria”. O resumo da história é que é um tremendo de um exemplo de shiraz com muita qualidade, classe e equílibrio. Na época custava umas trezentas pratas, mas num site brasileiro hoje vi por 1.100,00 Reais!!

Mas porquê deste post a esta altura? É que um amigo me pediu para listar alguns vinhos que ele poderia trazer dos Estados Unidos numa viagem próxima e fuçando me dei de cara com esta belezura por míseros 35 Dólares. Mesmo que o câmbio estivesse a 5 Reais, uma baba concordam?? rs Olha, ponham em vosso wish list e em encontrando nessa faixa, vi entre 33 a 40 USD, comprem ao menos umas três ou quatro garrafas sendo uma para o tuga aqui em função da dica!!! rs

Bem, por hoje é só e semana que vem no Domingo (dia 29/09) tem Wine Tasting na Vino & Sapore com vagas limitadas e convites vendidos antecipadamente! Um ótimo fim de semana e espero voltar a nos encontrarmos por aqui, na Vino & Sapore ou qualquer outra curva de nossa vinosfera. Kanimambo, saúde

Um Borgonha 1er Cru, Porque Eu Merecia!

É, de vez em quando porque o bolso anda curto, mas eu também mereço um carinho na taça! Quando me dei conta vi que não tinha tirado a foto com a taça, mas esses momentos têm dessas coisa, nos tiram o foco, rs. Bem, Borgonha 1er Cru é vinho para mais de 600 pratas, mais próximo aos 1000, porém há opções outras quando a gente garimpa um pouco e este fica abaixo das 400 pratas se conseguirem achar por aí. Segue sendo uma bela grana, porém já dá para uma eventual extravagância volta e meia, nem que seja numa confraria!

Les Clous Monthelie 1er Cru Pinot Noir 2008 – um Borgonha de muito bom nível com um preço bem camarada dentro desse mundo mais exclusivo. A AOC Monthelie possui algo ao redor de 120 hectares (nada!) de menor notoriedade que seus vizinhos Meursault, Pommard e Volnay, por isso mais em conta. Deste, apenas 36 hectares são denominados como 1er cru distribuídos em 15 climats* e este vem de Les Clous, elaborado por Domaine Reyane & Pascal Boulley, quinta geração, pequeno produtor com apenas 10 hectares distribuídos entre Monthelie, Beaune, Volnay (sede) e Pommard. Colheita manual com fermentação em cubas abertas (moda antiga), com maturação em barricas francesas por 18 meses, das quais somente 25% novas. Um vinho pronto a tomar, mas que vale até guardar por mais um par de anos porque certamente irá evoluir muito bem.

Boa intensidade aromática com bastante frutos do bosque (cerejas, mirtillos) ainda bem vivos, sous-bois (terra molhada) e um sutil toque floral, na boca taninos ainda bem presentes e finos, muito rico meio de boca, taninos elegantes e delicados mas bem presentes, aveludado, alguma especiaria, notas de bosque final bem prolongado, mineral e balanceado. Difícil encontrar este patamar de qualidade da Borgonha nesta faixa de preço e eu gostei muito. Quem conseguir segurar a garrafa por um tempo certamente se dará ainda melhor

*Climat – de acordo com a revista Adega, “Enquanto o terroir pode ser definido como o conjunto de tipo de solo, de clima, características da região e da interferência do homem, o climat pode ser considerado um aprofundamento desse conceito em cada parcela de vinhedo.” Para simplificar consideremos um climat como uma forma de um zoom, de filtro mais micro de uma região

Este foi um de meus vinhos selecionados para o Frutos do Garimpo do mês. Por hoje fico por aqui, kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui ou em qualquer curva desta nossa vinosfera.

Saúde

Nem Todo o Dia é Dia!

Tem gente que acha que só porque militamos neste vasto mundo do vinho, todo o dia abrimos uma garrafa de vinho e, quando o fazemos, são sempre grandes vinhos. Bem, certamente haverão algumas poucas estrelas de nossa vinosfera que eventualmente o façam, especialmente “se me dão” (rs), mas eu e a maioria sabemos que na verdade isso não passa de apenas mais uma imagem equivocada que se faz de nós. Sim, na maioria bebemos bem, não muito, porque nossa “litragem” nos permite garimpar bons vinhos a bons preços, sim porque também os compramos!

Desde que comecei a escrever sobre vinhos há mais de dez anos, sempre dividi os vinhos por classes; os do dia a dia, os do fim de semana que volta e meia são os do dia a dia, os do mês e os para ocasiões especiais que são os vinhos do topo da pirâmide e que volta e meio abrimos também porque simplesmente merecemos! rs Galgando degraus e preços, tomando menos por vezes, porém melhor porque a vida é curta demais para tomar vinho ruim!

Recentemente fui almoçar na casa de minha filha e genro (o que sabe cozinhar!! rs) que mais uma vez se esmerou e fez um panelão de um tremendo de um arroz carreteiro de lamber os beiços! O moleque é bom de cozinha, sem frescuras, cozinheiro raiz que, como eu gosta mesmo é de PC, vulgo Prato Cheio!

Queria algo singelo, sem grandes complexidades, algo que harmonizasse e não complicasse o momento e tão pouco os tomadores presentes. Optei por este Malbec Prisionero, que a Galeria de Vinhos traz, e caiu que nem uma luva. Vinho de gama de entrada da ótima Vicentin Family Wines do Vale do Uco em Mendoza, prima acima de qualquer coisa pelo equilíbrio entre a simplicidade e a qualidade. Um vinho pode ser bom, bem feito e barato, este custa menos de 50 Reais, havendo momentos em que qualquer coisa mais complicada pode estragar o momento, este se encaixa nesse perfil. Um vinho simples mas apetitoso, 100% Malbec de San Raphael com passagem de seis meses em barrica (imagino que de terceiro ou quarto uso), fácil de agradar, taninos aveludados e bem integrados, muita fruta mas sem ser aquela coisa madura excessiva que enjôa, alguma especiaria e uma ótima acidez completam o quadro. Corpo leve para médio, com o arroz ficou da hora e é uma harmonização que poderei repetir quantas vezes meu genro quiser! rs

Obviamente que ainda saí com marmita e deu para mais duas refeições, estava bom demais como sempre. Bem, fico por aqui com mais esta dica onde o menos é mais, sem frescuras assim é nossa vinosfera, apesar de alguns teimarem em a complicar, deu prazer cumpriu seu papel! Kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui ou, quem sabe, você não vem comigo explorar os Vinhos de Altitude de Santa Catarina comigo!

Saúde

 

Marilla, Mais Que Um Nome, Um Grande Vinho!

No Brasil não tenho provado vinhos doces, de sobremesa nada a ver com os tais de suave por aí (rs), que tenham me entusiasmado mesmo sendo um fervoroso apreciador destes vinhos. Me lembro de uns anos atrás de um delicioso Icewine produzido na Pericó, um projeto louco que deu muito certo, mas o problema é o clima que propicia isso muito raramente, acho que neste caso só uma única vez. Tem também um Licoroso, mais simples mas muito surpreendente de meu amigo Gustavo da Bella Quinta aqui mesmo pertinho de casa, em São Roque, que quebrou as pernas de muito “especialista” às cegas! rs

O VG Marilla é fora da curva e o conheci pela primeira vez na visita que fiz à Villaggio Grando em Fevereiro de 2016, nessa época ainda não pronto, uma amostra de barrica que mostrou estarmos diante de um grande vinho em ebulição e na época já o listei como um de meus destaques daquele Tour Pelos Vinhos de Altitude Brasileiros. Pois bem, finalmente e depois de dois anos volto a provar o vinho (lançado em 2017) na presença do orgulhoso amigo Guilherme Grando que o apresentava com toda a pompa que a criação merece, mas falemos um pouco mais do vinho.

Vinhedos das uvas Petit e Gros Manseng originariamente do sudueste francês, e plantado aqui a cerca de 1300 metros de altitude há 17 anos atrás. O projeto era desenvolver um vinho de sobremesa no estilo dos vinhos doces do Jurançon e para tanto, entre outros investimentos, o know how e experiência do conceituado enólogo português Antonio Saramago mestre na elaboração de grandes vinhos Moscate de Setúbal, entre outras preciosidades. Nas palavras do Guilherme Grando, ” Este vinho é da colheita 2012 após as primeiras geadas em final de Maio, portanto bastante desidratrada e concentrada. São 3 kg de uvas para poder produzir uma garrafa de 500 ml e o vinho é fortificado com um brandy produzido na própria Villaggio Grando (Água Doce no Oeste Catarinense próximo a Caçador), atingindo 17,5% de teor alcoólico. fermentação em tanques de aço inox passando posteriormente por um estágio de 3 anos em barricas francesas de tostagem leve. A filtragem é bem “fraca”, queremos um vinho mais natural possível e por isso acaba aparecendo alguma borra na garrafa mas sabemos que isso é de suma importância para sua perfeita evolução.”

Quantidade limitada a 3.500 garrafas ano, todas numeradas para os poucos dispostos a desembolsar R$300,00 por esta preciosidade e a encontrá-la já que não está disponível em qualquer lugar não, certo mesmo só na vinícola. Baunilha, mel, aromas e sabores amendoados, toque de damasco, acidez em perfeito equilíbrio com a doçura. Esse equilíbrio é o que faz com que este estilos de vinhos sejam palatáveis e quanto maior harmonia “mais grande” (rs) são os vinhos, este está soberbo, não cansa! Para quem gosta de Sauterns e Tokaji, guardadas as devidas proporções e limitações de terroir, eis aqui um vinho a provar e, provavelmente, se surpreender!

Antes que me perguntem do porquê do nome já vou informando que é o nome da irmã do Guilherme. Como meu amigo Didu costuma dizer, ainda bem que não falamos nem vendemos parafusos porque momentos como este não existiriam! Coisa boa Guilherme, grato pela oportunidade.

Kanimambo pela visita e um ótimo fim de semana.