Falando do Meia Pipa

              Um dos mais conhecidos vinhos top de gama portugueses será certamente o Quinta da Bacalhôa da vinícola do mesmo nome situado em Terras do Sado, ou seja região Setúbal. Podemos até discordar, mas o vinho fez a fama no mercado internacional e muitos são fãs de carteirinha, virou um clássico! Cá entre nós, apesar de o achar um vinho muito bom, de grandes atributos especialmente quando tomado com cerca de uns seis para sete anos de vida, acho que é um pouco sobre valorizado havendo na casa outros vinhos que, talvez menos midiáticos, valem mais a pena em função da relação Qualidade x Preço x Prazer que oferecem. Acho o Só Touriga um grande vinho e uma pena que seu preço deste lado do atlântico seja tão caro, pois é um exemplar varietal dessa nobre casta lusa que dignifica a vitivinicultura portuguesa.

            Uma das melhores opções e, na minha opinião, um dos mais injustiçados rótulos produzidos pela casa é o Meia Pipa que com três a quatro anos de guarda nos presenteia com uma riqueza de sabores que me encanta e não é de hoje! É um pouco como o Quinta de Camarate Tinto, o branco também é muito bom,  vinho da mesma região produzido por José Maria da Fonseca e que por aqui andou há cerca de uns cinco para seis anos atrás pelas mãos do Pão de Açucar. De lá para cá desandaram a trazer rótulos mediáticos e caros, esquecendo-se desse belo vinho. Bem, mas voltemos ao Meia Pipa, um blend da tradicional Castelão com Cabernet Sauvignon e Syrah que passa cerca de 11 meses em meias pipas de carvalho Allier, daí seu nome. Boa estrutura, taninos doces e finos, boca macia, textura sedosa, aromas bem frutados, notas de chocolate, alguma baunilha, madeira bem colocada, sem exageros, no geral bem balanceado e muito apetecível. O único senão talvez seja um teor de álcool levemente acima da média nas proximidades dos 14% que, apesar de não aparecer nem no nariz como na boca devido a seu enorme equilibrio, torna-se um pouco mais pesado depois da terceira taça, até porque ele é tão cativante que a tendência é passar fácilmente da terceira! rs.

             Trazido pela Portuscale e disponível nas boas lojas do ramo, (criativo não?),  por cerca de R$50 a 55,00, venderia maravilhosamente bem se a R$45,00, é um rótulo que vale a pena ser conferido antes de partir para os big brothers da casa e este 2007 confirma tudo aquilo que já conhecia e um pouco a mais. Eu gosto e minha avaliação é bem positiva, então esta é minha dica para este fim de semana alongado com feriadão na terça. Salute, boa comida, bons vinhos e boa companhia, a vida não fica muito melhor que isso!

Kanimambo e nos vemos por aqui.

Frei Gigante e Invisível, dois Brancos em Tempo de Tintos

          É, o tempo anda frio e pede um tinto, porém há muito que me deixei levar pelas sutilezas e sedução dos vinhos brancos e não vejo porquê não me aventurar por essas bandas especialmente se a comida assim o indicar. Desta feita dois vinhos lusos, que por aqui ainda não chegaram, bastante diferentes e curiosos.

Começemos pelo Frei Gigante, um vinhos dos Açores (ilha do Pico) que provei na Sisab, mas esta garrafa me foi oferecida pelo meu amigo e solicitador em Portugal, o Sérgio Pinto que esteve nos açores de férias e se lembrou de mim. Bem, os amigos daqui pouco ou nada devem conhecer dos açores, exceção feita aos de Santa Catarina e parte do litoral paranaense onde a colônia é grande. Assim que tenha tempo, se algum amigo leitor quiser contribuir sinta-se á vontade para me enviar matéria que a publicarei com os devidos créditos, farei uma pesquisa para falar um pouco mais dos açores e de seus vinhos. Uma outra coisa muito boa lá da ilha que vale a pena provar e carregar alguns exemplares, são os queijos, deliciosos!

           Este vinho branco é muito interessante, passando por fermentação em barricas americanas e inox, é muito agradável e diferenciado na boca, com uma bela cor palha com laivos dourados cor de mel que pouco aparecem na foto, mas estão lá! rs É untuoso, quase gordo, corpo médio, muito bem balanceado, cremoso no palato com bom volume de boca, frutado, acidez correta, sem excessos, final muito agradável e saboroso algo amendoado com toques de manteiga bem sutil. Um vinho que me surpreendeu muito positivamente, até porque sai fora dos padrões mostrando uma personalidade muito própria.

Já que falei de personalidade própria, eis um outro vinho que se mostra diferente, é um Blanc de noir, ou seja um vinho elaborado com uvas tintas, neste caso aragonês, porém vinificado em branco, no Alentejo! “Exquisite”, seria a melhor palavra para o descrever, mas não consegui traduzir isso para português. É o Quinta da Ervideira Invisível 2009, um vinho realmente diferenciado a começar pela cor que lhe dá o nome, quase transparente com laivos rosa que já nos deixa curiosos na análise visual. No nariz, algo floral e frutas brancas que nos levam a pensar em melão e pêra, algo que se repete no palato onde o equilíbrio predomina com bom volume e um resultado de final de boca levemente adocicado.  Quem sabe uma boa companhia para a bem condimentada comida asiática. Não é um blockbuster, diferentemente do Antão Vaz que produzem, mas é bastante agradável de tomar. Este trouxe da SISAB em Fevereiro, por sinal estou em divida com o pessoal de lá, e era lançamento, tanto que a garrafa nem rótulo tinha.

            Pelo que sei, lamentavelmente nenhum dos dois está disponível no mercado e a Quinta de Ervideira que trabalha o mercado brasileiro com, creio, três diferentes importadores, ainda não conseguiu convencer nenhum a trazer este rótulo. De qualquer forma, se estiver programando uma viagem a Portugal, eis aqui duas dicas interessantes e diferentes para você conferir.

Salute, kanimambo e um ótimo fim de semana para todos.

Hoje é Dia!!

               Toda a Sexta é dia de alto astral já que anuncia a chegada do fim de semana! Hoje é mais ainda, é dia de festa já que daqui a pouco tem um embate que pode ser um joguinho ou jogão! Amigos portugueses e brasileiros grudados na televisão, outros no estádio para ver um Portugal x Brasil na copa do mundo, coisa que não se via desde 1966 e que espero possa repetir o placar. É, não adianta reclamar não, o Brasil já está classificado, então sou Portugal desde criancinha! Eheh. Tem mais, seria uma bela lição no prepotente e arrogante “professor” de más maneiras, o tal de Dunga que está merecendo uma lição para ver se desce de seu salto XV! Nunca uma seleção esteve tão distante de seu povo, mas enfim, sinal dos tempos. Mais uma, Carlos Queiroz, o técnico de Portugal, é primo de meu padrasto e Macua como eu, nascidos que somos em Nampula, norte de Moçambique, ou seja; quase familia e conterrâneo! Bem, mas este não é o lugar para falar de futebol então minha sugestão de hoje é também por um embate entre dois vinhos, obviamente um luso e outro brasuca, numa faixa de preço média acessível à maioria.

Escalei o Ceirós Tinto 2006, um vinho para quem não tem pressa pois vai desabrochando na taça conforme o papo corre solto, mostrando-se menos rústico que o 2004. Um tradicional blend duriense de Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca é vinho complexo produzido pela Quinta do Bucheiro uma vinícola familiar com mais de 250 anos localizada na região de Sabrosa (será que é de lá que vem o Simão, jogador português?!) no Douro. Direto da garrafa para a taça, o vinho é impactante, vinhoso de aromas em que a fruta madura predomina com boa intensidade.  Deixe-o respirar e desfrute de um vinho untuoso, fruta madura (ameixa), bom volume de boca, rico, taninos presentes mas bem equacionados num final de boca longo, macio e algo apimentado. Um vinho muito particular e marcante, equilibrado e guloso com boa acidez que pede comida e agrada sobremaneira. Importado pela Vinhas do Douro custa por aí em torno dos R$50,00.

 

uma escalação complicada, mas devido á falta de opções no mesmo patamar de preços, sim porque há que se manter um mínimo de bom senso comparativo, caí num hibrido! Sim, porque a mão do enólogo é português e as castas também de lá se originam, o bom Quinta do Seival Castas Portuguesas 2005, um corte de Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz produzido pela Miolo na região de Campanha, próximo da fronteira com o Uruguai. Surpreendente e prova inequívoca da melhora de qualidade dos vinhos brasileiros num projeto muito interessante. Frutos negros maduros com algo resinoso no nariz, madeira, fruta passa, bem estruturado com taninos finos, equilibrado, saboroso com um final de boca agradável e de boa persistência em que se manifestam nuances herbáceas. Está pronta a beber, é um de meus “nacionais” mais requisitados à mesa e meu amigo Rui Miguel do excelente blog português Pingas no Copo (link aqui do lado) o elogiou demais e comentou, “Olhando para o prontuário, dicionário e outros acessórios gramaticais apenas ocorreu a seguinte definição: Complexo e distinto.” Veja o resto dos comentários dele aqui.  O preço anda também pela casa dos R$50 a 59,00 dependendo de onde estiver.

           Que ganhe o que performar melhor, mas não deixe de levá-los á mesa acompanhados debons amigos e pratos. Se o jogo for tão bom como esse embate viníco, estaremos bem servidos! Que assim seja e como o jogo começa às 11, já dá para abrir um espumante no intervalo, algo leve, suave e fácil sem muita complexidade, um espumante brasileiro vai muito bem ou até um Prosecco como o Moinet. Brasileiros, podem ser; um leve Moscatel bem equilibrado como o da Marco Luigi ou Garibaldi, ou os; Marco Luigi Brut, Ponto Nero Brut, Valduga Arte Brut ou Aurora Blanc de Noir elaborado com Pinot Noir, todas ótimas opções de espumantes secos, mas vibrantes e cheios de vida que ajudam a alegrar o momento.

           Como, espero, o resultado final deverá ser empate, daí Portugal se classifica e sai em segundo pegando jogos mais “fáceis” na sequência, celebrarei com um Vértice Gouveio, um dos melhores espumantes hoje produzidos em Portugal. Para quem quer algo mais jovial, uma garrafita do rosé 3b da Filipa Pato também não é má pedida, não! Na eventualidade, mesmo que remota (eh,eh), de dar Brasil, bem, aí um Miolo Millésime/ Cave Geisse Nature ou Ponto Nero Extra Brut cairão muito bem. Aliás, já dizia Napoleão, “merecido nas vitórias e necessário nas derrotas”!

Salute, kanimambo e Segunda estarei de volta com Dicas da Semana, inclusive de boas compras.

Ps. Bolas, faltaram e muito para o meu conterrâneo Queiroz. Metesse o Hugo Almeida enfiado entre o Juan e o Lucio (este o melhor da partida de hoje) e acho que meu desejado 1 x 0 teria sido possível. Joguinho, não?! Sabem qual a diferença entre o rugby e futebol? É o seguinte; rugby é um jogo de animais jogado por cavalheiros, enquanto o futebol é um jogo de cavalheiros jogado por animais! O Felipe Melo não é uma prova disso?!!!

Cuatro Pasos e um Repto

          Dois tintos que me souberam muito bem e ganharam espaço em minha adega. Um espanhol e outro português, mais uma vez uma dupla Ibérica muito apetecível.

O Cuatro Pasos 2007 é um vinho da região de Bierzo elaborado com 100% da cepa Mencia que no Dão (Portugal) é conhecida como Jaen. Esta cepa vem ganhando espaço nos vinhos de ambas as regiões e este é um dos poucos rótulos que provei com ela, mas certamente o que mais me agradou. Não é um grande vinho nem pretende sê-lo, porém é um vinho vibrante, jovem e bem feito que seduz facilmente, com leve passagem de dois meses por barricas de carvalho e faz aquilo que é essencial a um vinho, nos enche de prazer e alegria. Franco, nariz de frutas vermelhas maduras e algo balsâmico apresentando-se muito redondo na boca com taninos finos já integrados, frutado e fresco com um saboroso final algo mineral de média persistência que certamente se dará bem com fondue de queijo, caldo verde, bacalhau, rondele 4 queijos com molho rosé,  até uma carninha grelhada sem grandes condimentos. Aqui em casa se deu muito bem com queijos e frios, num gostoso bate-papo em família. Para o que se propõe, um bom vinho que agradou sobremaneira e, como sugestão, uma garrafa é pouco pois acaba muito rapidamente. Custa em torno de R$65,00 e é importado pela Peninsula.

Repto 2007 é um vinho produzido por brasileiro no Douro, em Portugal. (recebi comentário abaixo que contesta esta informação então resolvi fazer este adendo ao post neste dia 15/12/2010 – “”Os vinhos repto são produzidos e engarrafados na região do Douro por um Português chamado João Carlos C. P. Teixeira Bessa (como podem verificar no rotulo”). Mauricio Gouveia se prepara para trazer suas criações para o Brasil e me deu uma garrafa do Repto Gran Reserva 2007 a provar e confesso que gostei. Blend das castas típicas do Douro; Tinta Roriz, Tinta Barroca, Tinto Cão e Touriga Franca de vinhedos em encostas de xisto com exposição solar abundante, o vinho vem comprovar a característica de elegância dos vinhos desta safra produzidos na região. Fermentado em lagares de inox, estagia em barricas de carvalho por cerca de seis meses e depois por mais um período em garrafa antes de chegar ao mercado. Um vinho de linhagem mais moderna, bem frutado com nuances florais no nariz. Taninos finos e aveludados, rico, boa acidez, equilibrado nos seus imperceptíveis 14% de teor alcoólico muito bem integrados no conjunto de boa estrutura e volume de boca onde a madeira foi muito bem usada aportando uma certa complexidade sem que se tenha destacado em momento nenhum. Final de boca longo e um vinho que certamente deverá evoluir por mais um par de anos em garrafa, mas que já se mostra muito bom. Ainda não está disponível no Brasil, mas sei que o Mauricio está trabalhando nisso e em breve teremos boas noticias.

           Neste ano o foco seria conhecer mais vinhos italianos, o que até tenho feito, mas é incrível o que cai de vinho Ibérico na minha taça! Será que é perseguição ou destino? Melhor é que a qualidade tem comprovado a excelente fase porque passam os vinhos desta região.

Salute e kanimambo

Mais uma Dupla Ibérica na Taça.

                Vou fazer o quê? Parte escolha e parte obra do acaso, ou do destino, em dois fins de semana diferentes mais uma dupla Ibérica de peso. Cá entre nós, se pudesse e fizesse sentido comercialmente, mais da metade dos vinhos em minha loja seriam desta região. Tanto Portugal como Espanha possuem enorme diversidade e uvas autóctones de grande prestigio, ótimos produtores e, na maioria das vezes, vinhos de boa relação preço x qualidade quando comparado a outras regiões de história e tradição similares com rótulos do mesmo porte. Estes tomados não são dos mais baratos, pois se tratam de vinhos já conceituados, mas fazem jus ao que se cobra por aqui, considerando-se da realidade Brasileira. Quando comparado aos preços que pagamos lá fora, aí é outra conversa!

Domingo de Páscoa – tenho que reconhecer que sou um apaixonado pela Touriga Nacional, cepa que faz parte do blend de grande parte dos vinhos portugueses e é vinificado em varietal resultando em alguns dos melhores vinhos lusos. Para acompanhar o bacalhau escolhi este Só Touriga Nacional, velho conhecido, um rótulo produzido pela Quinta da Bacalhoa na região do Sado (Setúbal), uma visita obrigatória para quem vai a Lisboa, pois fica a apenas 40 minutos do outro lado do Tejo. Menos na mídia do que os grandes vinhos, este é um rótulo que me agrada muitíssimo e um de meus preferidos que sempre compro em minhas viagens a Portugal. Aliás, vai aqui uma curta dica de vinhos obrigatórios para quem lá vai que valem muito o que lá se paga já que não passam dos 12 Euros; Só Touriga Nacional /  Cortes de Cima Alentejo / Vila Santa Tinto / Quinta do Camarate / Post Scriptum / Quinta do Ameal Escolha Branco / Alvarinho Soalheiro / Grainha Branco, vinhos que costumam compor minha bagagem de retorno. Falemos, no entanto, do que bebi, do Só Touriga Nacional 2005. È um vinho que está no ponto certo de ser tomado e tenho visto que os varietais de Touriga Nacional crescem bem com tempo em garrafa, desabrochando e mostrando todo o seu potencial entre os 4 e os 6 anos, obviamente havendo vinhos que amadurecem bem mais tarde como, por exemplo, um Vallado ou Quinta do Crasto.

            Como disse, abri esta garrafa no momento certo. Um floral muito típico sobe da taça ao nariz trazendo-nos aquele aroma de violetas de boa intensidade porém delicado, mostrando também algumas notas de fruta vermelha compotada compondo uma complexa e agradável paleta olfativa que nos incita a levar a taça á boca. No palato mostra-se um vinho muito equilibrado, rico, ótimo volume de boca sem ser pesado, taninos finos e aveludados, rico, um final saboroso, longo e especiado que encanta e pede bis. Pouca garrafa para tanta gula e um perfeito acompanhamento para o Bacalhau à Braz que preparamos. Fosse de uma safra mais nova e seus taninos firmes se sobressairiam, mas este encaixou á perfeição e mostrou ser um lobo em pele de cordeiro já que, no meu conceito, é um vinho que surpreende e ás cegas certamente bateria um monte de rótulos mais afamados e caros. Após aquele maravilhoso champagne Mailly Grand Cru Blanc de Noir, um magnífico complemento para a primeira Páscoa com meu neto e uma digna celebração por sua chegada. Grandes vinhos, ótima comida e a companhia certa, receita para grandes momentos! O rótulo é trazido pela Portuscale anda na casa dos R$130 nas lojas especializadas.

Domingo Seguinte – mais uma celebração, a primeira visita de meu neto em casa. Lá fui eu para a cozinha preparar meu já tradicional Fetuccine com Salmão e Espinafre tendo como aperitivo polvo de caldeirada (esta em conserva) com um pãozinho italiano. O que acompanhar? Bem, certamente um vinho branco e pensei no delicioso Alvarinho Soalheiro que me aguardava na adega, mas aí caiu a ficha, porquê não algo diferente já que era um dia especial em que recebíamos um “convidado” para lá de especial? Busquei assim o presente que ganhei do Juan (Peninsula) quando do nascimento do Bruno, uma deliciosa cava, Juve y Camps Vintage Reserva 2006, estupenda! Mais uma vez faltou garrafa para tanta gula e a harmonização com ambos os pratos foi perfeita. Já tomei o Reserva da Familia Grand Reserva Nature 2004 deste mesmo produtor, por sinal também muito boa, mas tenho que reconhecer que para o meu gosto e para esta harmonização o Vintage 2006 se mostrou superior e desde já declaro que estará entre minha seleção de espumantes na Vino & Sapore.  Frutado (frutos brancos) no nariz com toques florais e nuances de brioche e leveduras sutilmente presentes. A perlage mostrou-se muito persistente, fina e abundante teimando em produzir estrelas no céu da boca. Bom corpo, cítrico, boa acidez, muito balanceado e agradável, crescendo muito com a comida e mostrando-se um ótimo companheiro de garfo afora se comportar maravilhosamente bem como aperitivo acompanhando umas tapas. É importado pela Peninsula e anda pela casa dos R$95 a 105 pelas lojas pesquisadas.

            Mais uma vez o Bruno iluminou o ambiente e me levou a tirar algumas preciosidades da adega que vieram alegrar o dia e dar enorme satisfação à família reunida em volta da mesa. Pena que ele ainda só tenha boca para leite, mas aguardo ansioso o dia em que tomaremos juntos a primeira taça.

Salute e kanimambo

Fonseca Vintage 2007, o Vinho do Bruno.

                Acho que já comentei aqui que possuo uma pequena, mas boa coleção de Portos Vintage. Grande parte destas garrafas estão comprometidas com datas e pessoas. Tem as das datas de nascimento de meus filhos para tomarmos quando casarem, cada um tem outra garrafa para tomar com os irmãos quando completarem 50 anos, tem a do meu 35º aniversário de casamento, do meu sexagésimo de vida, e por aí afora. Pois bem, não sei se 2010 haverá vintage e se será um bom ano, então quis garantir que meu neto comemorasse seu trigésimo aniversário com um grande vinho. Que como esse grande vinho ele cresça e evolua com o tempo mantendo seu esplendor e saúde. Podia ser um Graham´s, um Quinta do Vesúvio ou um Fonseca, todos grandes vinhos, porém a escolha recaiu sobre o ùltimo. Os outros dois também se filiaram a minha adega, aproveitei bem a viagem recente a Portugal de onde também veio um incrível Santa Eufemia Porto Reserva Especial Branco 1973, porém estes terão outros destinos.

             Este Fonseca Vintage 2007 foi uma das estrelas daquela fantástica degustação de vinte e nove Vintages dessa incrível safra de Vinhos do Porto tendo o DOW’s  2007, outra das estrelas desta safra,  acabado de levar 100 pontos da Wine Spectator. O Dow’s e o Fonseca dividiram a premiação da revista portuguesa Wine – Essência do Vinho para o Melhor Vinho do Ano de 2009 ou seja, sem duvida alguma este Fonseca será um vinho que ainda vai dar muito o que falar e que me dará enorme prazer em tomar, até porque a companhia será muito especial. Ainda preciso pensar numa data para alocar um DOW’s! rsrs Será que precisa?

              Espero ainda estar por aqui para poder compartilhar do momento, mas certamente esse Fonseca Vintage será meu elo com esse dia e esse momento. Por outro lado, quem sabe não tomamos juntos quando ele fizer vinte e um?!

Salute, kanimambo e um belissmo fim de semana para todos.

Divindades Ibéricas

         Todo o ano publico uma lista de minhas Divindades que assumem um lugar entre os doze Deuses do Olimpo. Estamos longe do final do ano, porém alguns rótulos já mostraram que dificilmente deixarão de estar lá, entre eles o Champagne Mailly Blanc de Noir de que falei ontem, pois deixaram marcas que dificilmente serão esquecidas sendo, assim, vinhos de excecção, vinhos de enorme persistência na memória. Para se candidatar a entrar no Olimpo, o vinho necessita; ou de ser um grande vinho ou de despertar grandes emoções ou, melhor ainda, ser uma conjugação dos dois.

          Desta feita vou inumerar dois vinhos muito especiais; o primeiro português e uma raridade difícil de encontrar no mercado e certamente indisponível por aqui, e o segundo um Espanhol raro por estas bandas já que sua produção está sempre vendida com muita antecedência e a Peninsula conseguiu trazer algumas caixas este ano.

Tapada do Chaves – três blogueiros, 11 espumantes e para finalizar, dois belos vinhos, um deles inesquecível tendo ofuscado o também muito bom e mais “jovem”  Portalegre 1992 da Cooperativa desta região no Alentejo, terra do amigo João Pedro, foi o Tapada do Chaves Frangoneiro Reserva 1986, um Clássico Alentejano elaborado com Trincadeira, Grand Noir (baga?) e Castelão. Os parceiros de copo, gajos fixes e de grande gabarito enófilo, só engrandeceram este momento que espero não venha a ser único. Como falar sobre este vinho absolutamente inebriante? Gosto de vinho “velho” e, mesmo este já se achando numa trajetória declinante, mostrou muita elegância como um culto gentleman já de certa idade seduzindo-nos com suas estórias e experiências de vida. Ainda bem vivo apesar da idade, frutado, acidez presente e equilibrada, algo balsâmico na boca, aromas apaixonantes e convidativos, humos e tabaco bem presentes mostrando bem o terroir, enfim, uma dose tripla de êxtase engarrafada! Mais nariz que boca, mas daqueles vinhos absolutamente inesquecíveis e marcantes que nos encantam e seduzem de uma forma tal que perdemos o rumo. Da mesma forma que o Rui se agarrou aquela garrafa de Millésime da Miolo, eu me agarrei nesta, divino! Um vinho que vem demonstrar a grande capacidade de guarda de alguns vinhos do Alentejo, apesar do João ter nos confidenciado que uma outra garrafa aberta tinha ido direto para o ralo! Dizem que as novas safras estão longe dos vinhos que se faziam antes de 2000, não sei se é vero pois não conheço bem este afamado produtor, mas que eu não deixaria umas velhinhas dessas na prateleira, lá isso garanto que não! 

Carraovejas Crianza 2006 – trazido pelo Juan (Peninsula) numa visita que me fez aqui na Granja Viana para conhecer a Vino & Sapore, chegou fora de temperatura e fora de forma à mesa. Os vinhos deste produtor são cobiçados pelo mundo afora e há anos que o Juan e Javier buscavam trazer seus rótulos. Desta feita, devido á crise de 2009, conseguiram algumas caixas de dois rótulos, o Reserva já esgotado e este Crianza que certamente terá lugar de destaque em minha Seleção Especial do Enófilo (um canto com divindades que pretendo ter na loja). Pois bem, foi este vinho o protagonista do almoço, onde a comida do Ney (Pattio Viana, um marco do bairro), mesmo que boa, ficou em segundo plano sendo coadjuvante para um vinho que desabrochou quando atingiu a temperatura ideal. Café, chocolate, baunilha, couro, a complexidade é enorme tanto no olfato como no palato onde ele faz a festa. Bom volume de boca, taninos firmes porém de grande elegância, quase sedoso mostrando um grande equilíbrio, frutado com um final algo especiado, vibrante e rico, algum defumado, um vinho que encheu a taça e alma de alegria. Muito bom vinho, pronto agora mas que deve crescer muito com mais uns dois a três anos de guarda. Foto fraquinha, não fazendo jus ao vinho, feita com o celular.

Salute e kanimambo.

Melhores Vinhos Portugueses de 2009

Tinha uma previsão de publicar hoje um relato sobre uma saborosa e surpreendente degustação com vinhos nacionais que fizemos em Jundiaí, mas não consegui terminar a tempo, então decidi postar esta matéria que também andava atrasada. Cada um tem lá seus vinhos preferidos dependendo dos rótulos que provou no ano., neste caso a Vini Portugal junto com a  APWI (Association of Portuguese Wine Importers – UK) promove anualmente no Reino Unido a escolha de um jornalista/wine writer que tenha se destacado na divulgação dos vinhos portugueses. Já tivemos os jornalistas Richard Mayson, Charles Metcalfe, Simon Woods e Jamie Goode (08), tendo no ano passado sido eleita a wine writer Sarah Ahmed que passou seis semanas viajando as regiões produtoras (50 vinícolas) provando vinhos, tendo chegado nesta “listinha” de preciosidades. Essa, até eu que sou mais bobo queria!

           Abaixo, a lista dos vinhos divididos por região produtora, sendo que coloquei um asterisco naqueles que você poderá comprar (a partir de Junho) na minha loja na Granja Viana, tenho que aproveitar para fazer meu merchandising (rs), a Vino & Sapore.

SARAH AHMED’S 50 GREAT PORTUGUESE WINES 2009

OS BRANCOS:

LISBOA

  •  Quinta do Chocapalha Arinto 2008 100% Arinto, DOC Bucelas.

 VINHO VERDE/MINHO

  •  Quinta de Ameal Loureiro 2008 100% Loureiro* 
  •  Anselmo Mendes Contacto Alvarinho 2008 100% Alvarinho
  • Atlantico Quinta do Louridal Poema Alvarinho 2007 100%
  • Castas Soalheiro Primeiras Vinhas Alvarinho 2008 100%*

TEJO

  • Vale d’Algares Seleccion,  Viognier (55%) and Alvarinho (45%).

BAIRRADA

  • Quinta das Bágeiras Vinho Branco Garrafeira 2007, Maria Gomes & Bical

BEIRA INTERIOR

  • Quinta do Cardo Siria 2008, 100% Siria
  • Quinta dos Currais Colheita Seleccionado 2007, 50% Fonte Cal, 25% Siria, 25% Arinto

DAO

  • Quinta de Saes Reserva Branco 2008, 80% Encruzado 20% Cercial.

DOURO

  • Poeira Pó de Poeira Branco 2008 65% Alvarinho, 35% Gouveio.
  • Niepoort Reserva Redoma Branco 2008 Rabigato, Codega, Donzelinho, Viosinho and Arinto.

ALENTEJO

  • J. Portugal Ramos Vila Santa Branco 2008, Antão Vaz, Arinto & Verdelho
  • Pera Manca White 2007, Antão Vaz & Arinto*

OS TINTOS:

COLARES

  • Quinta das Vinhas de Areia Fundação Oriente Ramisco 2005, 100% Ramisco

 ALGARVE

  • Monte da Casteleja Maria Selection 2007, Alfrocheiro & Bastardo

LISBOA

  • Monte d’Oiro Reserva 2006, 96% Syrah & 4% Viognier *

BEIRA INTERIOR

  • Quinta dos Currais Reserva 2003 50% Touriga Nacional, 25% Aragonês and 25% Castelao.

BEIRAS

  • Filipa Pato Lokal Silex 2008, 75% Touriga Nacional & 25% Alfrocheiro Preto*
  • Luis Pato Vinha Barrosa 2005, 100% Baga*.

BAIRRADA

  • Dāo Sul Encontro 1 2007, 50% Baga, 50% Touriga Nacional
  • Quinta da Dona Bairrada 2004 100% Baga

 DÃO

  •  Quinta da Falorca Touriga Nacional 2007, 100% Touriga Nacional
  •  Quinta de Cabriz Colheita Seleccionada 2007, Alfrocheiro, Tinta Roriz, Touriga Nacional.*
  • Quinta da Pellada Tinto Reserva 2006, Touriga Nacional, Tinta Pinheira, Jaen & Alfrocheiro
  •  Vinha Paz Reserva 2005, 80% Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alfrocheiro
  •  Quinta dos Roques Garrafeira 2003, Touriga Nacional 65%, Alfrocheiro 15%, Tinto Cão 10% e Tinta Roriz 10%.

 DOURO

  • Quinta de S Jose Colheita 2007 35-40% Touriga Franca, 30-35% Touriga Nacional e Tinta Roriz
  • CARM Quinta do Côa 2007, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e outras variedades locais.
  • Quinta do Noval Cedro do Noval 2007 30% cada; Syrah, Touriga Nacional e Tinta Franca com 10% de Tinta Roriz
  •  Quinta do Noval Labrador 2007 100% Syrah
  • Niepoort Redoma 2007, vinhas velhas do Douro entre elas  Tinta Amarela, Touriga Franca, Tinta Roriz .
  • Lemos & Van Zeller Curriculum Vitae “C.V” 2007, vinhas velhas durienses*.
  • Quinta do Crasto Vinha de Ponte 2007, vinhas velhas (22 castas plantadas juntas).
  • Quinta Macedos Pinga do Torto 2005, Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz afora um mix de vinhas velhas
  • Domingos  Alves de Sousa Abandonado Tinto 2005, de vinhas velhas.
  • Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas 2004
  • Quinta do Vale Dona Maria 2004 vinhas velhas de Cristiano van Zeller*.

ALENTEJO

  • Herdade dos Grous 23 Barricas 2008, Touriga Nacional & Syrah
  •  Terrenus Tinto 2007, vinhas velhas com mais de 80 anos, entre elas cepas como Aragones, Trincadeira, Alicante Bouschet, Castelao, Baga  e Touriga Nacional.
  •  Herdade de São Miguel dos Descobridores Reserva 2007, 70% Touriga Franca, 30% Aragonês.
  • Herdade do Esporão Private Selection Garrafeira tinto 2007, Alicante Bouschet e Aragones.
  •  Herdade do Rocim Grande Rocim 2007, 90% Alicante Bouschet, 10% Touriga Nacional.
  • Herdade da Malhadinha Nova Malhadinha Tinto 2007, Syrah, Cabernet Sauvignon, Aragonês, Touriga Nacional e Alicante Bouschet.
  • Herdade de Mouchão Tonel 3-4 2005, 100% Alicante Bouschet
  • Quinta do Zambujeiro 2004, 48 % Touriga Nacional, 24% Aragonez, 24% Alicante Bouschet, 4% Castelao.
  •  Quinta do Mouro 2004, Aragonês 50%, Alicante Bouschet 25%, Touriga Nacional 20% e 5% Cabernet Sauvignon.

 VINHOS DOCES:

  • Quinta do Portal Late Harvest 2007, Moscatel 45%,Rabigato 50%, Viosinho
  • Quinta da Bacalhoa Moscatel de Setúbal Roxo 1999, 100% Moscatel Roxo .*

E você, tem sua lista de favoritos? Quais vinhos, já tomados, você levaria para duas semanas numa ilha gourmet? Lusos ou não, sua livre escolha!

Salute e kanimambo.

Novidades da Quinta Mendes Pereira

Aproveitando minha ida à SISAB 2010, fora as visitas, garimpos e descobertas  na feira, ainda tive o enorme prazer de sair para jantar com os amigos Raquel e Carlos da Quinta Mendes Pereira vinícola que vem se destacando no Dão, tendo já sido alvo de diversos comentários meus e muito recentemente foi destaque na Revista de Vinhos onde foi agraciada com o titulo de Melhores de 2009 da região. Vale a pena acompanhar esta outra matéria feita pela revista mostrando em detalhes esta vinícola que desponta na região e que tem sangue brasileiro tocando a obra.

É uma produtora que produz vinhos num estilo de que gosto; complexos, médio-corpo para encorpados, elegantes, ricos, de taninos aveludados e muito saborosos dando-nos enorme prazer de tomar. Tive a oportunidade de provar dois novos vinhos e rever um outro. Revi o Rosé de Touriga Nacional, que é realmente um vinho muito fresco e saboroso que convida à próxima taça, um ótimo aperitivo ou pode acompanhar lulas ou polvo à provençal ou até uma paella. O Escolha da Produtora 2006, tem tudo a ver com o nome escolhido,  mostrando-se um vinho muito fino de taninos macios e sedosos, absolutamente pronto mas que pode, e deve, evoluir mais ainda com mais uns dois anos de garrafa, um vinho feminino no seu jeito delicado e sutil de ser. Já o Reserva 2007, uma amostra  do que ainda será engarrafado e preparem-se, porque vem aí mais um estupendo vinho. Apesar de a Raquel me ter dito que este só será engarrafado e colocado no mercado a partir do ano que vem, é um caldo que já mostra grandes predicados e que, por mim, podia vir para o mercado já.

Não tomei notas nem fotografei deixando-me tomar pelo prazer de rever amigos e desfrutar de uma boa refeição tomando bons vinhos, mas cada vez que provo os caldos desta produtora, mais me enamoro por seus vinhos. Kanimambo amigos por um ótimo jantar e minhas desculpas por não ter podido retribuir nesta semana passada em função da forte gripe que me pegou e derrubou! Fico devendo e pago na próxima vinda de vocês a Sampa (rs).

Salute e kanimambo

Finalizando a Cobertura da SISAB 2010

Cheguei ao fim de mais uma viagem exploratória, desta feita em terras lusas, tendo navegado por três dias na  SISAB 2010 e por uma Lisboa que poucos conhecem. Uma Lisboa mais moderna nascida de uma grande área degradada, mostrando que onde há vontade há soluções, mesmo que tenha sido necessária a Expo 1998 para que isso tivesse ocorrido. Quem sabe, sempre há esperanças apesar dos sinais contrários, Rio 2016 não poderá ter o mesmo resultado?!

           Falemos, no entanto, dos últimos momentos deste importante e bem sucedido evento eno/agro-alimentar de promoção dos produtos portugueses da área. Certamente muita coisa interessante que deveria merecer mais importância e forte presença do empresariado brasileiro do setor já que somos berço para a maior colonia de imigrantes portugueses e seus descendentes . Por outro lado, fica o alerta aos órgãos promocionais portugueses e ao secretário de estado encarregado deste importante setor da economia portuguesa, para que se empenhem na derrubada das barreiras sanitárias impostas pelo governo brasileiro e que funcionam, na verdade, como artimanhas tarifárias para coibir as importações. Reclamações foram generalizadas tanto dos exportadores portugueses quanto dos importadores contatados aqui.  Tivessem as autoridades brasileiras “tamanho zelo” pelo doméstico, talvez não víssemos e vivenciássemos as aberrações que por cá  acontecem, mas enfim, isso é papo para um escalão bem mais alto e num outro espaço.

          ENOPORT  é um grupo que cresce em área produtiva, distribuição  e comercialização de vinhos pelo mundo e em Portugal onde, por exemplo, distribuem os excelentes Vinhos da Madeira Henrique & Henrique’s. O grupo nasce da união de diversas vinícolas como a Adega Camillo Alves, Caves Don Teodósio, Caves velhas, Caves Moura Bastos, Cavipor e Caves Acácio. Uma empresa jovem (2005),  porém com uma enorme experiência advinda de seus associados e marcas com história, algumas delas bem conhecidas entre nós como os vinhos verdes Moura Bastos, Cabeça de Toiro, Casaleiro, Cardeal e Vinhos do Porto Borges, todos um pouco mais populares na linha de entrada de gama. Agora chega, informação fresca, pelas mãos da Domno (do grupo Valduga e produtor em Garibaldi dos bons espumantes Ponto Nero) com uma série de novos rótulos inclusive os; Romeira, Devessa, Alma Grande e Magna Carta entre outros. Ainda procura um importador para sua linha topo de gama, Quintas. Para buscar uma melhor presença no mercado, estarão deslocando o Pedro Dias para residir por aqui e ajudar em seu processo de crescimento. Seja bem-vindo Pedro.

            Junto com seu enólogo chefe, Osvaldo Amado que fala com paixão sobre seus vinhos e seu trabalho, provei alguns vinhos à base da casta branca Arinto, tendo verificado as artes deste enólogo com esta cepa. Do básico, gostei bastante do Serradayres um vinho simples, mas bem feito, fácil de gostar e uma boa opção como aperitivo sem grandes compromissos. Já o Bucelas Arinto mostra-se bem mais evoluído com aromas de erva cidreira, lima que se comprova na boca com muito boa acidez, final saboroso e sedutor. O Quinta do Boição Arinto Old Vineyard 2008 engarrafado em 2009, elaborado com cepas de vinhedos com mais de 40 anos e uma produção de apenas 1.5 toneladas por hectare, é um capitulo à parte e um grande vinho branco de muita complexidade, frutas tropicais, lima, um vinho muito harmônico que respira elegância. Um bom espumante, o Bucelas Bruto Reserva de boa perlage, bem cítrico com uma delicada e saborosa entrada de boca.

         Para finalizar esta experiência com vinhos de Arinto, um estupendo Quinta do Boição Cuvée Extra Bruto 2006, um blend com cepas de parcelas diferentes com parte do lote passando por um curto período de barrica de meia tosta resultando num espumante complexo, fino, boa acidez cítrica com notas de fermento, padaria tudo bastante sutil num caldo de bom volume de boca que impressiona pela qualidade e fineza. Acho que é páreo para os mais afamados espumantes portugueses do momento. Como disse o Osvaldo, “busco fazer o mais “champagne” dos espumantes portugueses” e acho que encontrou o caminho. Muito saboroso também o vinho Quinta do Boição Licoroso elaborado com esta cepa, mostrando toda a sua verstilidade e riqueza. Um vinho que passa no minímo 3 anos em barricas de carvalho, nogueira e cerejeira com um teor de açucar residual na casa das 150 grs e uma boa acidez para lhe dar o necessáro equilibrio. Boca doce, sem exageros, em que aparece doce de laranja confitada e frutos secos numa composição bastante agradável. Uma aula prática sobre a Arinto!

              Bem, os melhores momentos estão todos nestes posts “SISAB 2010”,  tendo sido um privilégio ter podido participar deste evento agradecendo à direção pelo convite e apoio. Bobeei ao não ter dedicado um tempo para conhecer melhor as coisas dos Açores, seus vinhos e seus queijos, mas isso eu pretendo corrigir numa próxima oportunidade.  Achei legal uma releitura do famoso e tradicional Licor Beirão que era servido antes dos saborosos almoços servidos no local, elaborado com gelo, um pouco de limão maçerado, e uma dose do licor. Refrescante e gostoso! Fiquem com o slide show do evento, salute e kanimambo.

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