Como já comentei, não sei se aqui ou no Face, desde o Natal que só vi brancos em minha taça! Gosto, muito, e de todos os preços, sabores e origens, só precisa garimpar um pouco.
Num desses dias meu filho e nora vieram almoçar e como sempre tenho um bacalhau dessalgado no freezer (tá no DNA! rs), preparei algo rápido e ligeiro, um Fettucine com Bacalhau desfiado, tomate cereja, azeitonas pretas, salsinha e um tico de pimenta biquinho. Da mesma forma que um bom vinho, um bom Gadus Morhua revigora e reanima, quando dá liga então!! rs
Pois bem, deu liga e como! Tinha aqui em casa uma garrafa desse Alentejano para prova e decidi arriscar, dei sorte pois ficou muito bom e valorizou o prato. Sabe aquela história de quando o menos é mais, então, os dois sem grandes sofisticações, primando pela simplicidade, mas plenos de sabor e muito, muito cumpridores de seu papel; fazer da refeição um momento ainda mais agradável. Digo mais, porque estar com a família por si só já é algo para lá de bom, só deu uma turbinada a mais!! rs
O vinho me agradou muito, tanto que decidi comprar uma caixa para mim e inseri-lo no portfolio da Vino & Sapore, pois acho uma bela relação PQP (Preço x Qualidade x Prazer). Elaborado pela casa Santos & Seixo, este vem da região do Alto Alentejo sendo composto de Arinto (45%), Antão Vaz e Verdelho que resultam num vinho fresco, seco, com bom final de boca que pede bis. Leve para médio corpo, com rico meio de boca, boa acidez sem agressividade, muito bem equilibrado com um teor imperceptível de 13% de álcool, cítrico com toques de nectarina (ou algo similar). Boa intensidade olfativa em que a fruta fresca dita o tom, mesmo não sendo exuberante é muito convidativa e reflete bem o que está na taça. Por um preço que não chega às 60 pratas, o que para o Brasil é um preço bom (em Portugal cerca de 5 Euros), na minha avaliação vale bem a pena pela qualidade entregue. Os 85 pontos da Wine Enthusiast (Bom Vinho) estão de bom tamanho, mas com a harmonização e puxando a sardinha para o meu lado (rs) eu acho que daria dois pontos a mais!!
Gostei do vinho, gostei do prato, gostei da companhia, não posso pedir mais, só agradecer! Fui, um ótimo fim de semana, kanimambo e nos vemos por aqui ou por aí nos caminhos de Baco.
O mundo do vinho vive surpreendendo e isso é que o faz tão enigmático e sedutor. Um whisky 18 anos de um produtor será aquilo eternamente, ano após ano. Ruim? Não necessariamente, mas …. Nossa vinosfera tem esse Q de diferente, da busca pela novidade e os enólogos, nem todos convenhamos, gostam dessa viagem por novas fronteiras, de desafiar o “establishment” possibilitando que o resultado possa nos surpreender. Esses que pensam dessa forma são gente que respeito demais e um exemplo deles é o Diogo Campilho da Quinta da Lagoalva que faz algumas maravilhas por lá, tirando alguns coelhos da cartola. Aliás, perto de “casa”, da Vila Nova da Barquinha!
Há dois anos um dos melhores vinhos tomados no ano (Deuses do Olimpo) foi um vinho dele, o Quinta da Lagoalva de Cima Alfrocheiro Grande Escolha que é o melhor que já provei dessa uva vinificada como monocasta e um dos grandes vinhos de Portugal, adoro. Um outro vinho surpreendente é o Lagoalva de Cima Late Harvest, um vinho de sobremesa produzido em limitadíssimas quantidades com Gewurztraminer e Riesling botritizado encostado nas margens do Tejo! Numa faixa de vinhos mais “terrenos” (rs) gosto muito do Quinta da Lagoalva Tinto um corte meio a meio de Castelão e Touriga Nacional que é um belo companheiro para pratos de bacalhau.
Agora mais uma surpresa que provei muito recentemente, um delicioso, vibrante e fresco branco, com um rótulo singelo que nos remete aos azulejos portugueses porém na cor verde, é o Lagoalva Branco. Não tenho a mínima idéia de que uvas o Diogo usou para gerar este vinho, mas às cegas eu juraria que estava tomando um Vinho Verde, coisa que gosto demais, e em consequência acho que até sei de algumas uvas que ele deve ter usado. Tem aromas cítricos acentuados, uma acidez vibrante que lhe dá um frescor ímpar, um vinho divertido para tomar solo, acompanhando camarõezinhos fritos, lula à doré, manjubinha, felicidade total!! rs Não perguntei nada, não sei de nada, só sei que é alto astral, que me diverti com ele, um “Wine for Fun” que só acredito que é da região Tejo e não do Minho porque eles dizem, mas que ficou uma pulga atrás da orelha, lá isso ficou!! rs
Verão chegando, para encher a geladeira. Praia, piscina, tira gosto, conversa, amigos, férias, tudo a ver. Como diria se estivesse por lá, deu-me grande gozo este vinho! Vinho na casa de R$65 a 70,00, importado pela Mistral e, óbvio, que já arrumei um espacinho para ele lá na Vino & Sapore pois, mesmo se ninguém comprar não me importo não, bebo com prazer!! rs Saúde e kanimambo.
PS Bingo! O Diogo me deu um retorno sobre as uvas; Alvarinho (sabia!), Arinto (pensei em Loureiro, porém pela região achei que podia ser Arinto) e Verdelho (esta não ia acertar nunca!), acidez na veia. rs
Inspirado pelo casamento de meu filhote, compartilho com os amigos minha receita para uma celebração familiar (poucas pessoas). Cada um faz do seu jeito, eu acabei desenvolvendo uma forma que se iniciou à cerca de oito anos atrás com minha filhota e que agora se repetiu, mas esse é um livro com páginas em branco para você escrever junto com os seus.
De acordo com o site do produtor, Quinta do Pinto , “Reza a história que o vinho aqui produzido, há dois séculos atrás, se destacava de tal forma na região que valia mais Pintos, a moeda de ouro em circulação no reinado de D. João V. Este vinho chegou a ser famoso nas cortes europeias há época. Acresce que o senhor Pinto foi, em tempos, um carismático feitor desta propriedade. Desde então que, na região, a quinta é referida como ‘o Pinto’. Feliz coincidência, Pinto é também o apelido dos actuais proprietários. A ‘Quinta do Pinto’ tornou-se, assim, o nome do nosso projecto vitivinícola e de um dos vinhos que produzimos com muito orgulho.” Pinto é também o sobrenome de meu padrasto e de muita gente boa como o amigo Bernardo. Brinco com isso, mas esses Pintos são coisa séria!
Já falei aqui sobre um Sauvignon Blanc deles, tenho um blend ainda na adega, mas hoje falo mesmo é deste incrível Touriga Nacional, um vinho inebriante elaborado em tanques de cimento com posterior passagem por barricas francesas de 2º e 3ª usos para lhe dar complexidade sem esconder seus predicados, que são muiitos! Ao sacar-lhe a rolha, só pelos aromas intensos e convidativos já percebi que estava frente a frente a frente a um belo vinho, porém ao colocá-lo na taça vi que era mais que isso, era um vinho num patamar outro de qualidade, daqueles vinhos com os quais não nos deparamos de forma tão amiúde assim. Touriga Nacional muito bem trabalhada, primando pelo equilíbrio, riqueza de sabores, bom corpo, estrutura para alguns anos a mais de guarda, mas já absolutamente delicioso e de uma finesse que impressiona. Não foi uma degustação, estava comemorando meu aniversário de casamento e o Dia das Mães, família reunida uma alegria só e o vinho parou por minutos a algazarra! rs Não fiquei tomando notas, coisa de enochato parar para fazer isso num momento daqueles, mas posso dizer que nos seduziu a todos e vou querer mais!
Harmonizou maravilhosamente bem com uma picanha finalizada no réchaud com manteiga, tudo bem light, tendo-nos deixado a todos bem mais felizes do que já estávamos. Uma verdadeira orgia hedonística esse Pinto! Mais um bom vinho português, desta feita vindo da região Lisboa que vem nos trazendo alguns ótimos exemplares tornando-se uma alternativa aos mais famosos Douro e Alentejo. A importadora é a Almeria de meu amigo Juan Rodrigues e o preço creio que anda na casa dos R$230,00 o que não é lá muito em conta, porém ao analisar a qualidade e comparar com o que há no mercado, de diversas origens, nessa faixa de preço acho que vale e bate a maioria. Para quem gosta de vinhos classudos, não deixe de colocar este em sua lista de desejos, esse eu assino embaixo.
Saúde, kanimambo pela visita e seguimos nos vendo por aqui ou algum outro local desta nossa diversa e sedutora vinosfera.
ps. Clique nas imagens para ampliá-las
Vinho rosé refrescante, ótima acidez, blend de meia dúzia de uvas, preço bacana, mostrando claramente o DNA desta linha de produtos que a DFJ nos entrega via Lusitano Import aqui em Sampa, vinhos de boa relação Qualidade x Preço x Prazer. Um belo abre alas para qualquer encontro e uns petiscos, sushi, ou carpaccio de salmão, sanduíche (bagel) de cream cheese e salmão, huuum gostei! Bem vibrante, saboroso, pra cima e ponto!
Escrevendo esta nota, já me deu vontade! rs Uma ótima semana para todos, saúde e kanimambo pela visita.
A pedidos de um confrade, neste mês que passou optamos por destrinchar algumas das regiões produtoras portuguesas e seus estilos de vinhos. Para efeitos didáticos duas regiões mais tradicionais (norte) com duas mais modernas (centro e sul) o que gera estilos bem diferentes. Sujeito a colher tempestades (rs), para efeitos comparativos, considerando-se estilos tão somente sem considerar as uvas envolvidas, penso que o Douro nos remete a Bordeaux e o Dão a Borgonha (ou vice versa! rs) e as regiões Lisboa e Alentejo como mais novo mundistas, de estilo mais moderno, havendo exceções obviamente porque os puristas existem em todos os lados. Nas regiões do Dão e Douro uvas somente “autóctones” onde as chamadas castas “internacionais” não têm vez e no Alentejo e Lisboa um blend de ambas. Simplista? Pode ser, mas a meu ver faz sentido e facilita a compreensão para quem tem dificuldade de entender a grande diversidade vinícola deste pequeno, porém tão rico país! (clique no mapa para ampliar) Agora, este espaço é de nossa porta voz Raquel Santos, amiga, confrade e sommelier que é a porta voz da Confraria, então vamos a seu relato:
Portugal é um pais relativamente pequeno em área, porém a enorme diversidade das suas regiões são evidentes. Quando se fala de clima, nunca podemos pensar em homogeneidade. Lá temos como referência os “micro climas”, que sofrem as influências do Atlântico, Mediterrâneo e climas continentais. O solo também é muito variado e além disso, cada região (DOC) tem suas castas autorizadas e oficialmente recomendadas.
Quando pensamos em conhecer a diversidade dos vinhos portugueses, queríamos aprender o quanto essas influências do terroir de cada região ou micro climas interferem nas características finais dos vinhos, ou seja, como podemos identificar os estilos regionais portugueses.
Começamos pela região do Dão, assim denominada em homenagem ao rio que atravessa todo o vale confinado entre as encostas da Serra do Caramulo e a Serra da Estrela. Há influências atlânticas e continentais, onde os invernos são muito frios e chuvosos (é a única região de Portugal que neva todo ano) e os verões são quentes e secos. A região é bem montanhosa onde o solo é predominantemente granito e as vinhas são espaçadas, com alguma altitude, variando entre 400/800 metros.
Somontes Colheita 2011 – Sub região Serra da Estrela.
Elaborado com as castas Touriga Nacional, Afrocheiro Preto, Jaén e Tinta Roriz. Bem aromático, frutado (frutas maduras) e elegante. Muito equilibrado, com boa acidez, que lhe dá muita vivacidade, taninos bem finos (quase imperceptíveis ), bom corpo e final longo.
Leia mais›A começar pelo branco, aprovado por todos, mas tenho ainda dois tintos a provar e estou ansioso por fazê-lo. A Quinta do Pinto é uma das novidades de final de ano que a Almería dos amigos Juan e Alexandre Rodrigues decidiram trazer depois de um longo namoro. O produtor vem da região Lisboa, primando pela busca de qualidade extrema acima de qualquer outra coisa e o trabalho com castas novas que se juntam às regionais para formar uma gama de opções bastante ampla a explorar. Entre essas castas as; Arinto, Fernão Pires, Touriga Nacional, Tinta Miúda, Aragonez, Alfrocheiro, Marsanne, Roussanne, Viognier, Syrah, Sauvignon Blanc, Sauvignon Gris, Petit Verdot e Merlot.
Um projeto familiar com 63 hectares plantados em encostas suaves em Alenquer na região Lisboa, com exposição sul e o uso na fermentação de tão somente leveduras selvagens, a filosofia da casa é explorar ao máximo o conceito de que o “vinho se faz na vinha”!
Este Quinta do Pinto que me soube muito bem, é um Sauvignon Blanc somente com passagem por tanques de concreto que impressiona já no primeiro contato olfativo onde os aromas citrinos estão bem presentes com um suave herbáceo onde aponta a grama molhada e um aspargo sutil. Por pedidos da família, que se animaram com meu risoto de aspargos que fiz entre Natal e Ano Novo, repeti a dose no Domingo passado e de cara pensei neste vinho pois me parecia a harmonização óbvia e foi! Na boca harmonizou à perfeição pois seu perfil aromático se confirmou, a acidez e corpo balanceados se uniram ao prato algo untuoso em função do queijo brie (queria ovelha da Paiva mas não encontrei) da Bergader com que finalizei o prato. Bela maridage como diriam os hermanos!!
Um belo vinho, bem gastronômico e nada ligeiro, de corpo médio, toque mineral, para desafiar bons exemplares chilenos e franceses às cegas e surpreender a muitos com o resultado. Comecei bem o ano agora quero provar os outros Pintos em especial o Touriga Nacional do qual já me falaram muito, mas esses eu compartilho com vocês depois. Por agora, kanimambo pela visita e seguimos nos vendo por aqui, saúde!
Disse no último post que iria falar de mais um vinho da saudosa terrinha e cá estou. A surpresa fica por conta do estilo de vinho que poucos conhecem, o espumante português. As principais regiões produtoras estão no norte de Portugal, especialmente em Távora-Varosa (entre o Douro e o Dão) e Bairrada, Beiras, porém há alguns bons exemplares pipocando por aqui e acolá. Ao receber este espumante que abracei como meu após a primeira taça, me surpreendi com sua origem, o Alentejo. Talvez seja comum, eu poucos conheço, mas o que mais me surpreendeu não foi sua origem, mas sim a qualidade pois, apaixonado por espumantes como sou e com tantos já provados, este tipo de surpresa é sempre muito bem vinda.
Numa época do ano em que tanto se fala de espumantes, ainda falarei um pouco mais deles durante este mês de Dezembro, não poderia deixar de falar deste belo vinho que provei há uns dois meses e compartilhar essa gostosa experiência com os amigos. Diferente a começar pela região e depois pela uva, um Blanc de Blanc de Arinto, fermentado em balseiros de carvalho francês de 5 mi litros, posterior estágio do vinho base em barricas francesas por 18 meses e autólise de 18 meses em garrafa. O resultado é um conjunto de muita qualidade que me surpreendeu muito positivamente.
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