Andresen Porto Colheita 1910, o Melhor Vinho de Minha Vida – PURA EMOÇÃO!

Bem, depois de tanto suspense finalmente citarei o nome do elixir que me seduziu e me levou ao nirvana. Me considero um degustador experiente com alguns milhares de rótulos na bagagem, de tudo o que é estilo, cor e origem, mas mesmo com esse “calo” me emocionei como nunca dantes perante um vinho. Como disse, a degustação se deu na Expovinis e foi algo fora deste universo, pois se tratava de uma prova vertical em que estavam presentes nada menos nada mais do que 13 vinhos de 13 safras diferentes, sendo a primeira de 1998 e a última a de 1900 tomados nessa ordem. Sim você leu corretamente, 1900! É até provável que você já tenha lido sobre elas em posts publicados por outros privilegiados participantes desse evento promovido pela  J.H. Andresen de Vila Nova de Gaia, onde história e grandes vinhos se misturam em perfeita harmonia. Hoje capitaneada por Carlos Flores, a empresa foi fundada por um jovem dinamarquês de apenas 19 anos de idade em 1845, Jann Hinrich Andresen nome que até hoje prevalece na porta desta casa produtora portuense mostrando que mesmo com as mudanças de proprietário a história e tradição foram mantidas.

Foi Carlos Flores que nos recebeu nesta magnifica degustação comentada com louvor pelo conceituado critico português e jornalista do vinho Rui Falcão – Revista Wine a Essência do Vinho, e os divertidos pitacos de quem hoje comanda as caves, o enólogo Álvaro van Zeller. Show de bolae uma tremenda sinergia entre os três só batida pela excelência deste Portos Colheita na taça e na boca. A maioria dos vinhos é mantida nos cascos (600 litros) sendo engarrafados aos poucos e de todos os vinhos provados, somente um já não existe no casco e está totalmente engarrafado, o de 1937 engarrafado em 1980, uma joia rara que meu amigo César tem o privilégio de ter em sua rica adega (me aguarde César! rs).

Carlos Flores teve o privilégio de seu antecessor ter sido um “colecionador” de Portos já que ao longo de sua vida só comprou e fez vinho sem vender, estocando e envelhecendo esses caldos com toda a paciência do mundo. Da mesma forma, Carlos já trabalha nos vinhos da próxima geração que provavelmente não verá saírem ao mercado, estranho não? Começam a entender a razão de tanta emoção na taça? É pura historia, tradição e cultura engarrafadas!!  Para elaboração desses Tawnies Colheita Velhos, Álvaro de Castro separa os melhores caldos em 50  cascos para envelhecimento nas caves da empresa. O restante dos vinhos é colocado no mercado com uma média de doze anos de idade e nunca menos de oito! Uma característica importante destes vinhos é que, depois de engarrafar, ele permanece dormente por cerca de 10 anos e só depois desse período é que se inicia um novo processo de evolução, agora na garrafa. Estes vinhos com mais de 40 anos em casco, ganham cor e taninos que tiram da madeira em que sencontram e devem ser servidos por voltas dos 10 a 12ºC.

Afora 0 1937, esgotado na adega, que está engarrafado e consequentemente com “packaging” final e comercial, todos os outros são amostra de cascos sem rótulos comerciais.  Iniciamos a degustação com o muito bom 1998 e eu tomando minhas anotações. Na sequência os 97 / 95 / 92 (divino) / 91 (excelente) a essa altura e já entrando em êxtase me perguntei, que diabos faço eu aqui tentando explicar o inexplicável, analisando estes elixires que são impossíveis de ser descritos? Parei de tomar notas, relaxei e curti a viagem pois chegaram á mesa o; 82 (grande!) / 81 (genial) / 75 (dá para ficar melhor?) / 68 (maravilha, uma obra de arte) / 63 (para tomar de joelhos) / 37 (impressionante) /10 (obrigado meu Deus por ter me dado este privilégio!) / 00 (acabaram-se os adjetivos qualitativos e os vinhos)!!!!!

Andresen Porto Tawny Colheita 1910 o Vinho da Minha Vida

 Se você esperava que eu ficasse aqui descrevendo este vinho com sua riqueza e complexidade, sua elegância, incrível textura e sofisticados aromas, acidez impressionante para um vinho de mais de 100 anos e um final interminável, esqueça pois o vinho é muito mais que isso! É indescritível, vai fundo, passa do olfato e palato mexendo com todas as nossa emoções, um vinho que beira a perfeição, se é que ela existe, e nos alcança a alma. Um ancião vibrante e cheio de vida!

Soberbo seria dizer pouco desse incrível elixir de Baco que, vi na Revista de Vinhos portuguesa, custa algo ao redor de 2.500 Euros a garrafa. Quem tiver essa grana eu sugiro ver com a vinícola se pode engarrafar em garrafas de 200ml (rs) e comprar umas duas dúzias para ir tomando ao longo da vida no escurinho do quarto, uma boa musica instrumental de fundo , olhos fechados deixando a emoção tomar conta e viajar no tempo! De chorar de felicidade e emoção á flor da pele ainda hoje quando escrevo estas linhas na tentativa de compartilhar com os amigos esta experiência que espero não venha a ser única em minha vida. Uma pena que não consegui uma garrafa dessas para meu altar de baco, mas vinho de excelência é assim mesmo, a persistência é interminável, na mente!

Hoje, um kanimambo muito especial ao pessoal da Essência do Vinho e ao Rui especialmente por sua apresentação, ao Carlos Flores por sua generosidade ao Álvaro de Castro pelo que está a fazer na adega, ao Jann Hinrich, ao Albino Pereira dos Santos que fundou esta nova fase da vinícola em 1942, a todos aqueles que contribuíram com estes incríveis caldos. pelo que sei ainda não enontraram o parceiro certo aqui no Brasil, então não sei quem o revende e tão pouco quanto custará por terras brasilis. Interessante que a grande parte dos vinhos que deixaram marcas na minha mente tenham sido doces; Pendits Tokaji Essenzia 2000, Porto Dalva Branco 63, S. Leonardo Porto Twany 20 anos, Moscatel Roxo 1971, Quinta do Vesuvio Vintage 2007, entre outros.  Não sei o que me espera amanhã, quanto mais o resto da minha vida, mas até hoje, nada melhor que o Andresen Colheita 1910 preencheu a minha taça!

Salute e que baco lhe proporcione a mesma experiência que tive num futuro não tão distante, seja com este rótulo ou com qualquer outro, pois sentir essas sensações é pura emoção, algo tão marcante que se torna inesquecível. Um vinho de reflexão e meditação para ser aplaudido de pé, e foi!

O Melhor Vinho de Minha Vida

         Aos cinquenta e sete anos, já tomei e provei muita coisa. Grandes e inesquecíveis vinhos, vinhos que são verdadeiras lendas, algumas zurrapas, muito vinho saboroso e bem feito que cabe no meu bolso e me deu muito prazer de tomar, mas igual a este nunca!

Meus leitores e clientes costumeiramente me fazem a mesma pergunta, “de que vinho você gosta mais?” Impreterivelmente a resposta é sempre a mesma, não sei!  Tenho uma queda por vinhos harmônicos, elegantes e bem equilibrados repletos de personalidade, adoro os vinhos ibéricos, mas já tive na boca incríveis vinhos franceses, italianos, australianos, sul africanos e até chilenos e argentinos, creio que mais do que tudo, adoro a diversidade. Até brasileiro já me encantou, porém igual a este nunca!

Tive alguma experiências hedonísticas de cair o queixo e deixar marcas na memória que não se apagam com o passar do tempo. Algumas já escrevi aqui no blog e nas colunas que escrevo, outras não como a recente prova dos Bordeauxs de 2009 ou o encontro com o Consorzio de Brunello que ainda aparecerão por aqui, mas igual a este nunca!

         A esta altura vocês já devem estar se perguntando, afinal, o que este Tuga está inventando, mas calma, pois como minha mãe já dizia, o apressado come cru e, afinal, o suspense faz parte deste momento, de abrir as cortinas e mostrar esse magnifico elixir digno do cálice de Baco e de meu altar de divindades. Lamentavelmente não fiquei com a garrafa vazia, só tirei foto, mas aguarde um pouquinho mais! Nada de glamour, não é nenhum produtor midiático, conhecido do mundo enófilo mundial, é um artesão do vinho que guarda há décadas, alguns há mais de cem anos, cerca de 6500 cascos e pipas do doce néctar em suas caves.

          Foi na Expovinis, no dia 25 de Abril de 2012 entre as 16:30 e 17:30, num salão repleto, gente saindo pelo ladrão, com cerca de uns 80 felizardos entre membros da imprensa, estudiosos e enófilos que tiveram o privilégio de conseguir entrar. Um evento quase que único no mundo, já que haviam vinhos sendo servidos que nos últimos 30 anos só tinham sido provados duas vezes! A grande maioria dos vinhos eram amostras dos cascos, não estava engarrafada para comércio à excessão do 1937. Para nos ungir  com estes néctares, nos esperavam um “apresentador” e reconhecido especialista, o pai das crianças, ou melhor dos anciões, e seu alquimista mor que, nunca tinha visto isso antes, foram ovacionados de pé por um longo tempo ao final do evento histórico.

           São vinhos que nos tocam a alma, que nos fazem viajar, que mexem com nosso imaginário e com todos nossos sentidos, em especial  com nossas emoções que afloram à pele de forma intensa e até meio desgovernada. Mesmo agora, quando tento escrever sobre eles, me arrepio e meus olhos emudecem, uma experiência absolutamente fantástica e inebriante. Como fala meu amigo Didu, o mundo dos parafusos não consegue fazer isso com a gente! Bem, mas depois de todo esse blá, blá, blá o post já ficou longo demais, então na Quinta falarei mais do produtor, dos caldos provados  e, em especial, desse que foi o Melhor Vinho de Minha Vida, até agora!

        Nesta Terça teremos a coluna da Eliza, na Quarta os finalistas do concurso das Vinopiadas, Quinta já sabem, e na Sexta dicas para um mês repleto de eventos de primeiro nível. Por hoje é só, uma ótima semana para todos, salute e kanimambo. A luta continua, abaixo com as salvaguardas e quem as apoia!

Destaques 2011 – Vinhos Ibéricos I – Portugal

          Primeiramente dizer que tomei vinhos inesquecíveis de ambos os países, porém não se encaixam neste quesito de destaque e sim nos vinhos frutos de meu garimpo, os Achados 2011. Em Destaques, tento separar vinhos que dentro de sua faixa de preços se mostraram algo acima de seus pares tomados. Grandes vinhos, como são a maioria dos Chutando o Balde ou Sem Noção são ótimos, mas ao preço que cobram, têm que ser isso mesmo e pouco tenho a acrescentar comentando-os aqui. Esses relacionarei nas listas que virão a seguir em Fevereiro. Hoje cito alguns que me marcaram, cada um em seu estilo e proposta diferenciada, inclusive de preços.

          Sou fã da enogastronomia Ibérica e, podendo, seria dela que faria meu modo de vida. Uma loja só de produtos e petiscos Ibéricos, alguém aí se arrisca numa sociedade com o tuga aqui?! rs Brincadeiras ou sonhos á parte,  me delicio com os sabores dessas terras e, não posso negar, os vinhos lusos andam numa fase excepcional tendo se tornado nos últimos anos os grandes concorrentes dos vinhos de Los Hermanos em nossa terra brasilis, no quesito relação Custo x Beneficio só que mais saborosos, em minha opinião obviamente! seus vinhos TOP então, esses se tornaram grandes vinhos em nossa vinosfera ultrapassando as fronteiras lusas! Hoje relaciono e comento os vinhos de Portugal, ontem a de Los Hermanos ficou excessivamente longa até para meus parâmetros (rs) então optei por dividir, e amanhã dou seguimento com a segunda parte falando dos destaques espanhóis que invadiram minha taça.

         Portugal prima pela diversidade e estes rótulos que foram destaque na minha taça mostram bem isso, mesmo considerando-se que dois deles já beiram os R$150,00. Pra compensar tem vinho de R$45,00 então na média o preço está bom e a satisfação, essa nem se fala!

  • Cortes de Cima Syrah – este produtor alentejano elabora vinhos de grande qualidade e está entre meus muitos preferidos da região com um estilo mais moderno de ser, trazendo sempre inovações e este Syrah é absolutamente delicioso, quiçá um pouco salgado no preço! Por outro lado, bateu um dos campeões de minhas degustações de Syrah na loja, o Brunel de La Gardine St. Joseph, e no último encontro quase sobrepujou o grande campeão que é o australiano Schild Estate Shiraz 2008. De enorme equilíbrio e riqueza de sabores, mostrando boa tipicidade com o que se espera de vinhos dessa cepa, é sim um vinho a ser considerado mesmo com os R$110,00 que deve custar agora que o importador aumentou seus preços.
  • Vale da Mina Reserva tinto – um dos poucos que aparece em mais que um post de Destaques 2011 já que também esteve presente na dos Vinhos do Velho Mundo a Preços de Argentina e Chile . Em função disso não tomarei seu tempo repetindo meus comentários, mas clique no link se houver interesse. O que posso confirmar, sim, é que um verdadeiro achado nessa faixa de preços de R$45,00.
  • Roquette & Cazes – um dos vinhos mais marcantes numa faixa de preços que me é viável comprar sem me sentir culpado por isso (rs). Não é para toda a hora, mas gostaria que fosse! O Xisto, top da vinícola uma parceria entre produtor Duriense e Bordalês, está com preços nas alturas e este é seu segundo e “affordable” vinho. Absolutamente delicioso, um prazer hedonístico tremendo em que o todo é muito maior que a soma das partes que neste caso são Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz. Foi considerado o Melhor Vinho do Velho Mundo na Expovinis de 2011, fino, riquíssimo e sedutor,  é um caldo aristocrata, daqueles que vem á mesa de fraque e cartola abrilhantando o momento. Por volta de R$150,00 (após os aumentos de inicio de ano) é um deleite. Vinho Duriense com alma de Bordeaux, bão demais!
  • Qinta da Lagoalva Reserva – gosto dos vinhos que o Diogo produz na região Tejo. Seu vinho básico Castelão/Touriga Nacional é muito saboroso, seu Alfrocheiro quebrou minha resistência a essa uva e seu raro vinho de sobremesa é divino. Este Reserva é um vinho muito agradável e fresco de ser tomado, com muita fruta aparente e taninos muito bem equacionados sendo que as nuances de baunilha deixam claro a presença de madeira aqui colocada como apoio e anteparo ao restante do conjunto. Um estilo mais moderno, mas muito prazeroso de tomar. Custa algo ao redor de R$70,00.
  • Dom Rafael Tinto – a Herdade do Mouchão tem história e mesmo este vinho sendo de gama de entrada, mostra toda sua estirpe. Falei muito dele neste ano que passou tendo sido uma grata surpresa numa degustação ás cegas harmonizada com carne e competindo com vinhos tidos “de carne” como malbec e tannat. Um vinho de bom corpo, muito saboroso com toda a tipicidade e textura que se espera de um alentejano da cepa! Um de meus preferidos nesta faixa de preço que anda entre R$54 a 59,00, que com uns três a quatro anos de garrafa acompanha muito bem um bacalhau ao forno, sendo portanto bastante versátil.
  • Quinta do Vallado Touriga Nacional – produtor duriense de primeira linha que tem neste vinho um de seus melhores rótulos tendo o da safra de 2008 figurado entres os 10 melhores vinhos do Wine Spectator TOP 100 de 2011. Eu ainda não tomei esse, porém tomei o 2005 e 2006 que me impressionaram bastante, especialmente o 2005 por estar mais pronto. Nariz gostoso, fruta negra, aquele típico aroma de violeta formando uma paleta olfativa sedutora e muito agradável. Na boca é exuberante, mais estruturado e denso que o Crasto Vinhas Velhas (outra belezura duriense), taninos finos, rico e complexo com notas de tabaco, café num longo final que nos deixa aquele gostinho de quero mais, um belo vinho que custa honestos R$150,00 em média.

       Por hoje terminei e amanhã tem mais. Um por dia até ao final do mês e no dia 1 de Fevereiro entro com as listas por faixa de preços. Salute, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui ou na Vino & Sapore onde sempre haverá uma taça amiga para o receber.

Vinhos Portugueses em Restaurantes Paulistanos

            Os vinhos portugueses vêm num crescendo de consumo no Brasil e nos restaurantes isso não seria diferente. Nas cartas que faço e forneço, tenho visto isso mesmo que ainda ainda de forma timida a não ser que, obviamente, o restaurante seja especializado. Com o intuito de fazer crescer o consumo e mostrar o ótimo perfil gastronômico dos vinhos lusos, e ViniPortugal, associação que promove os vinhos portugueses pelo mundo, promove desde a semana passada em São Paulo, o Festival de Vinhos de Portugal em Restaurante, que termina no dia 04 de Dezembro. Mais ainda, durante o período, cliente que carimbar o seu mapa de Portugal três vezes, ou seja, participar três vezes da ação nos restaurantes integrantes do festival poderá participar do sorteio que o brindará com uma viagem a Portugal, com direito a acompanhante. Diz o press release:

Doze restaurantes participarão do festival, cujo objetivo é harmonizar os sabores dos vinhos de Portugal com a culinária paulistana. Os restaurantes participantes são: Ville Du Vin, Trindade (Unidades Itaim e Alphaville), Tasca da Esquina, Bacalhoeiro, Cosi (unidades Santa Cecilia e Vila Nova), North Grill, Antiquarius, Grill Hall, Materello, Purpurina Oficina das Pizzas, Restaurante do Mube, Porto Rubaiyat e O Pote do Rei.

Para promover ainda mais o evento, o chef português Américo dos Santos e o brasileiro Willian Ribeiro gravaram um vídeo com suas receitas de Bacalhau Confitado com Sabores Lusitanos e Lombinho de Cordeiro Grelhado com Açorda de Leite e Salsa Verde, respectivamente. No vídeo com link abaixo, além de mostrar a confecção dos pratos, o sommelier Diego Arrebola destaca como os vinhos portugueses e suas diversidades de sabores harmonizam os pratos apresentados. Assista: http://vimeo.com/31928939

   Bem, eu não sei vocês, mas eu não tenho como deixar de conferir este verdadeiro festival luso, o sangue fala mais alto, e certamente voltarei  contando minha experiência. Para os amigos que estão em duvida sobre subir a bordo comigo no Tour Enogastrocultural por Portugal, eis aqui um aperitivo do tudo de bom que por lá provaremos. Uma ótima semana para todos e tenho a certeza que a receita acima já lhes deu água na boca, certo? Só faltou o acompanhamento musical com o Carlos do Carmo para entrar no clima pra valer! Salute e kanimambo.

Sem Palavras

        Difícil um vinho me deixar sem palavras! O normal quando me entusiasmo com um vinho é me deixar levar pela emoção e soltar meu vasto repertório de adjetivos tentando, de alguma forma, transmitir aos amigos leitores o deleite que foi me deixar levar por uma experiência hedonista excepcional ao sorver um ou outro néctar dos deuses.

        Desta feita o impacto foi tamanho que literalmente fiquei sem palavras ao sorver este verdadeiro elixir de Baco, um marcante vinho de reflexão a ser acompanhado por longos momentos de contemplação na taça sorvendo todas suas nuances e sutilezas dentro de um corpo musculoso porém profundamente elegante e complexo que parece, como já dizia o Raul, “uma metamorfose ambulante” pois vai-se transformando continuamente na taça de uma forma impressionante. Um senhor vinho produzido por uma senhora enóloga (Suzana Esteban) galega que faz sucesso por terras lusas. Espero que ela possa seguir nos surpreendendo e emocionando com este e outros caldos, mas se nada mais fizesse já teria deixado sua marca em nossa vinosfera.

        Este vinho que tanto me encantou é o Solar dos Lobos Grande Escolha 2008, trazido na mala pela enóloga e por Filipa Lobo em sua breve passagem por terras brasilis, um corte de Alicante Bouschet e Touriga Nacional. Estupefato fiquei, ao ponto de sequer ter tirado uma foto (esta imagem peguei na rede) dessa preciosidade que ainda está por chegar ao Brasil trazida pela Mercovino e, consequentemente, ainda sem preço definido. Por enquanto, temos que nos contentar com o Colheita Selecionada  e o Reserva que já são dois belos exemplares deste produtor e da capacidade criativa da enóloga. Como disse, fiquei sem palavras então deixo os outros falarem por mim desta vez, deixando aqui meu recado, não deixe de provar este vinho, mas dê-lhe tempo. No decanter, na taça, na adega pois, se já está ótimo hoje, com mais uns quatro a cinco anos acredito que deverá se tornar verdadeiramente exuberante! Eu darei um jeito de me apoderar de umas duas ou três garrafas para me deliciar em momentos especiais durante os próximos anos e, quem sabe, abrir uma com os amigos na Vino & Sapore.

Dizem os colegas blogueiros Lusos:

 Pedro Barata – http://osvinhos.blogspot.com/2011/09/1924-solar-dos-lobos-grande-escolha.html

Paulo Mendes – http://ovinhoemfolha.blogspot.com/2010/11/solar-dos-lobos-grande-escolha-2008.html

Miguel Pereira – http://pingamor.blogspot.com/2011/03/alentejo-solar-dos-lobos-grande-escolha.html

Dizem as revistas especializadas:

Wine – http://www.essenciadovinho.com/revistawine/php/prova.php

Revista de Vinhos – http://www.revistadevinhos.iol.pt/provas/solar_dos_lobos__grande_escolha__7026

Reconhecimento:

Selecionado pelo Jornalista Tom Cannavan como um dos 50 melhores vinhos portugueses no Reino Unido.

“Produtor revelação do Ano em 2010”, pela Revista de Vinhos;

“Talha de Ouro como melhor vinho tinto da colheita 2008” – “Confraria dos enófilos do Alentejo”

“Prémio de Excelência 2011” da Revista de Vinhos referente a vinhos provados em 2010- http://www.revistadevinhos.iol.pt/noticias/os_melhores_vinhos_de_portugal_em_2010_6771

Falar mais o quê? A pontuação média deste vinho nessas avaliações creio que anda na casa dos 17.5/20 pontos mas eu , não sei se influenciado também pelo momento e local, desta feita daria um pouco mais e passaria dos 18/20! Salute, kanimambo e nos vemos por aqui ou na Vino & Sapore a qualquer hora. Tá fazendo o quê no Sábado?

Portugal Enogastrocultural, uma viagem sensorial

           Dizem que s grandes perfumes vêm em pequenos frascos e, certamente, a enogastronomia deste pequeno país com pouco mais de 92 mil quilômetros quadrados, menor que Santa Catarina, faz jus ao ditado popular. Sua gastronomia  vai muito além do Bacalhau e seus incríveis doces conventuais, cada cidade com sua especialidade! É rica em frutos do mar e carnes diversas como borrego (cordeiro), leitão e cabrito, queijos deliciosos como os da Serra da Estrela e Azeitão com cada região produzindo uma culinária típica do pedaço, sendo um prato cheio para os amantes do vinho se esbaldarem em harmonizações das mais diversas, alimentando o corpo e, porquê não, a alma!

          Falar de vinhos neste país é falar de diversidade de sabores únicos advindos de uma enorme quantidade de uvas autóctones que nos fazem sair da mesmice dos Cabernets, Merlots e Chardonnays de nossa vinosfera. É uma viagem por sabores e emoções diferenciadas que vêm fazendo a alegria dos apreciadores do vinho pelo mundo afora desde muito tempo e é hoje considerado como a bola da vez! Pode-se pensar, no entanto, que a projeção do vinho português no mundo seja algo recente, mas muito pelo contrário! Desde o inicio do século XVII os ingleses já importavam vinhos que, mais tarde, se tornariam os Vinhos do Porto que conhecemos hoje. A primeira região produtora de vinhos demarcada no mundo, é exatamente a do Douro em 1756 ou seja, há muita história por trás dos vinhos portugueses. Com características únicas os vinhos Portugueses são, na sua maioria, elaborados com uma série de uvas autóctones pouco conhecidas fora do país como Trincadeira, Castelão, Alfrocheiro, Touriga Nacional, Baga, Jaen, Tinto Cão, Tinta Barroca nos tintos e Alvarinho, Antão Vaz, Arinto, Trajadura, Loureiro, Bical, Encruzado, Roupeiro, Rabigato, Gouveio e Fernão Pires entre os brancos. As uvas mais tradicionais como Cabernet Sauvignon, a Tempranillo que é uma casta típica da península Ibérica e que aqui se conhece como Aragonês (no Sul) ou Tinta Roriz (no Norte), a Syrah e Alicante Boushet muito presentes no Alentejo vêm também sendo usadas com sucesso tanto em vinhos varietais como em blends com maior ênfase  nas regiões produtivas mais novas como Tejo e Lisboa.

        Incrível como num país tão pequeno possa existir tamanha diversidade de regiões produtoras e com tantas diferenças entre si! Das mais importantes como Alentejo e Douro, de onde sai a produção mais emblemática do país, passando pelo tradicional Dão, a Bairrada da cepa Baga, Terras do Sado com seus bons tintos e emblemáticos vinhos Moscatel, Lisboa e Tejo com sua modernidade e o Minho dos vinhos verdes, entre outras. Já lá se vai o tempo de vinhos rústicos, pesados sem qualquer finesse! Estamos diante de um Portugal vínico revigorado que merece ser revisitado e conhecido sem preconceitos desde os vinhos mais baratos e jovens para consumo imediato até os vinhos de média e longa guarda de maior complexidade.  A maior parte dos vinhos portugueses são, historicamente, cortes (blends), elaborados com mais de um tipo de uva, na busca das melhores características que a safra produziu e do equilíbrio dos caldos. Ainda são poucos os vinhos varietais (de um só tipo de uva) ou monocastas, como os portugueses lhe chamam, e destes de destacam os elaborados com a Touriga Nacional, a grande uva Portuguesa. No mais, vinhos para todos os gostos e todos os preços, com nomes, por vezes, bem estranhos como; Pó de Poeira, Grilos, Bridão, Afros, Diga?, Má Partilha, Montado, Periquita, Blog, Anta da Serra, Bom Juiz, Óbvio, Claustrus, Corpus, Conversa, Adivinha, Palpite, Dados, Abandonado, Padre Pedro, Adega do Cálvario, Ninfa, Resrito, Bastardo, Tiara, HDL, Escultor, Pequeno Pintor, Cabeça de Burro, Cabeça de Toiro, Pintas, C.V., Gloria Reynolds, Olho no Pé, Varal, Curva, Cavalo Maluco, Pinote, Lobo Mau, Monte do Enforcado e por aí vai num interminável exercício de criatividade!

          Do Minho, no extremo norte, ao Alentejo no Sul passando por regiões como Douro, Dão, Bairrada, Tejo, Setubal  e Lisboa, estamos diante de um Portugal vínico revigorado que merece ser conhecido sem preconceitos desde os vinhos mais baratos e jovens para consumo imediato até os vinhos de média e longa guarda de maior complexidade.  A essa farta e gostosa gastronomia e seus vinhos saborosos adicionamos uma história rica decorrente das diversas invasões; romanas, francesa e moura que deixaram marcas e influências dignas de serem vividas e que tornam uma viagem enogastrocultural a este país, um programa imperdível e marcante!  Para quem já programa suas férias de 2012,  não deixe de conhecer a viagem que a Inês Cruz, jovem enóloga portuguesa, e eu concebemos para Fevereiro de 2012, aproveitando a semana de carnaval que já é meio perdida, que promete muito, mas enquanto isso que tal ir praticando? Eis algumas dicas de diversas gamas de preço para você se iniciar nessa viajem sensorial pelos vinhos lusos!

  • Dão – Boas Vinhas, Quinta de Cabriz Colheita Selecionada branco, Vinha Paz, Quinta de Cabriz Reserva, Quinta Mendes Pereira Garrafeira.
  • Douro – Caza da Lua, Quinta da Estação, Caldas, Quinta do Vallado, Vinha Grande, Altano Biológico, Duorum, Quinta do Crasto e Post Scriptum.
  • Tejo – Quinta da Lagoalva , Casal Branco
  • Lisboa – Fonte das Moças, Quinta da Cortezia Touriga, Prova Régia, Quinta de Pancas Grande Escolha
  • Setubal – Meia-Pipa, Quinta do Camarate, Quinta da Bacalhôa, Só Touriga Nacional, Moscatel JP
  • Alentejo – Vale da Mina, Fialho, Dom Rafael tinto e branco, Montoito, Cortes de Cima, Esporão, Herdade do Pinheiro, Vila Santa, Joaquim Madeira branco.
  • Minho – Muros Antigos Loureiro, Varanda do Conde, Muralhas, Quinta da Aveleda, Soalheiro Alvarinho, Deu la Deu, Portal do Fidalgo

entre muito outros deliciosos caldos lusos. Aventure-se por essas terras e descubra sabores únicos. Por hoje é só, mês está movimentado então dificil arrumar tempo para escrever, mas amanhã tem mais! Inshala!!!

Brancos Lusos I

        Portugal passa por um momento sublime em que todo o ano novos e muito bons rótulos brancos são lançados nas mais diversas regiões produtoras. Muitos são soberbos e com preços condizentes como o surpreendentes Cova da Ursa Chardonnay , Morgado de Sta. Catherina, Guru, C.V. , Primus ou Redoma Reserva Branco entre outros já mais conhecidos,  porém são novas estrelas que estão aparecendo nesta constelação de grandes vinhos elaborados em terras mais conhecidas por seus tintos. No entanto, minha chamada hoje, depois ainda publicarei mais algumas dicas de brancos e espumantes lusos acessíveis, é para vinhos que cabem no bolso da maioria e que certamente farão a alegria da maioria dos seguidores de Baco especialmente neste verão que está por chegar.  Uma dica importante, no entanto,  é prestar atenção na cor destes vinhos ao comprar  pois sua principal característica é a jovialidade e frescor. Cuidado com as ofertas deste estilo de vinhos brancosque já se encontrem bem amarelados e com preços lá embaixo, provavelmente o vinho já está passado e “moribundo” nem servindo para tempero! Melhor tomá-los com um ou dois anos de vida, três aceitável, mas cuidado com estes vinhos com idade superior a isso. Eis algumas sugestões de rótulos que andaram por minha taça recentemente numa revisão para uma matéria que preparo para uma revista, valem cada centavo!

Prova Régia – A uva Arinto produz vinhos de muito frescor e vem se dando muito bem na região Lisboa (ex-Estremadura). De aromas tropicais convidativos, na boca é refrescante, sedutor, rico e elegante mostrando-se algo crocante com notas citrinas refrescantes nos enchendo a  boca de puro prazer. Tem um estilo parecido com os Vinhos Verdes, dos quais também passarei algumas dicas mais adiante,  sendo assim, grande companhia para frutos do mar e comida japonesa, sushis e companhia, salmão. Um vinho delicioso, de média persistência que acaba de forma muito rápida na taça! Preço Médio: R$52,00

 Filipa Pato Ensaios Branco – mais um vinho da Filipa que faz vinhos realmente muito interessantes e saborosos dentro de uma faixa de preços bem camarada. Este é um blend (50/50) de duas uvas bem marcantes a Bical e a Arinto elaborado na região de Beiras que, para quem não conhece, fica ali próximo ao Dão e Bairrada. Passa um mês fermentando com leveduras indígenas, parte em tanques de inox e parte em madeira sendo o blend executado após este período. Aromas delicados e sedutores de boa intensidade, muito fresco, saboroso, cítrico e mineral, tem um final de boa persistência que convida á próxima taça. Por seu corpo médio e textura na boca, nos convida a alçar voos um pouco mais altos no quesito harmonização já fazendo par para pratos de peixe mais elaborados, até um bacalhau à Brás ou à Gomes de Sá. Mudaram o rótulo recentemente, preferia o antigo, mas importante é que o conteúdo continua igual! Preço Médio: R$50,00

        Na semana que vem tem mais dicas como esta e a coluna “Você Sabia?” retorna. Nesta semana faltou tempo, sorry. Salute, kanimambo e amanhã tem Dicas da Semana.

S. Leonardo Tawny 20 Anos, Inebriante!

        Pelo menos na minha modesta opinião. Já tomei diversos tawnies envelhecidos, inclusive este, em outros momentos de minha vida, todos muito bons, mas tinha-me esquecido como este S.Leonardo é impressionante. Daqueles vinhos que te deixam sem palavras ainda mais quando tomado em boa companhia como foi o caso. Esta garrafa comprei da Lusitana no desligar das luzes desta empresa que lamentavelmente não mais está por aqui. Não sei com quem ficou o produtor ou sequer se ele ainda se encontra presente no Brasil, mas certamente é um daqueles vinhos para compor o Wish List de qualquer enófilo amante dos caldos do Porto.

        Os aromas, a cor, os sabores, tudo é inebriante e sedutor. Um grande e inesquecível tawny elaborado com as castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca e Tinto Cão. Elegante, macio, complexo, harmonioso e muito, muiiiiito longo, daqueles que apesar da taça vazia a gente teima em levá-la ao nariz e os aromas seguem nos preenchendo os sentidos de prazer. Um vinho excepcional, verdadeiro elixir dos deuses do qual preciso encomendar uma garrafas! Veio depois de um excelente Quinta Vale Do Meão 2001, finalizando um almoço para lá de saboroso na companhia de amigos, e o ofuscou, dá?! A última foto da direita, tirada pelo Alexandre, faz mais jus ao vinho!

Salute, kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui

Espumantes Lusos

       Portugal é mais conhecido por seus tintos do que por seus espumantes e brancos, porém o que antes podia até ser entendido como surpresa é hoje um fato incontestável. Descubra os brancos e espumantes portugueses para sentir um pouco das sensações de que estou falando e confira você mesmo esta realidade. Como estamos entrando na primavera e em breve teremos as festas de final de ano e um verão para nos refrescarmos com caldos mais “energizantes” eis uma parelha de dois bons espumantes para você provar sem contar o gostoso rosé 3b da Filipa Pato que já comentei aqui ou aqueles que fizeram parte de meu Desafio Portugal x Brasil de espumantes.

Quinta da Romeira Bruto – não, não está errado não, é Bruto mesmo a denominação em Portugal. Da sub-região de Bucelas é um blanc de blanc, espumante produzido somente com casta branca, elaborado pelo método tradicional como a  maioria em Portugal. Boa perlage, espumoso perfazendo uma bonita coroa nas bordas da taça. Borbulhas finas de boa persistência, paleta olfativa algo tímida, é na boca, onde realmente importa, que ele se mostra. Boa Acidez, algum tostado com notas amanteigadas, frutos secos, um estilo mais sério do que estamos acostumado por aqui, mas muito bem feito e saboroso. Menos para bebericar e mais para comer, um espumante para acompanhar o buffet de ponta a ponta caso você esteja pensando num evento.

Produtor: Companhia das Quintas

Região: Lisboa

Cepas: Arinto

Importador: Interfood

Preço Médio: R$80,00

Luis Pato Maria Gomes Bruto – do famoso rei da Bairrada, o mais midiático dos produtores portugueses, um espumante que faz jus á fama do produtor. Nariz sedutor, em que as notas cítricas com algum floral estão bem presentes, nos convidam a levar a taça à boca onde as borbulhas finas e abundantes insistem em nos cutucar o palato despertando sensações muito agradáveis. Vibrante com boa acidez que se contrapõe a nuances de brioche e baunilha bem delicados, leve tostado, formando um conjunto muito apetecível que certamente acompanhará muito bem canapés de tartar de salmão e outros similares assim como comida Thai. Mais um tiro certeiro do mestre.

Produtor: Luis Pato

Região: Bairrada

Cepas: Maria Gomes (Fernão Pires) e Arinto

Importador:  Mistral

Preço Médio: R$75,00

Salute, kanimambo e nos vemos por aqui com mais papo de espumantes e otras cositas más!

Imagem da Semana

Eh, eh, eh esta tirei na visita que fiz a Óbidos na companhia de meu primo Álvaro.

Para quem tem curiosidade de saber quem são elas, estas são as ginjas (um tipo de cereja). Divino, servido num copinho de chocolate e vira-se tudo de uma vez só! Quem for na viajem comigo terá a oportunidade de se esbaldar com as ginjas de Óbidos.

Salute, kanimambo e uma ótima semana par todos.