Faz pelo menos uns 15 anos que iniciei minha viagem por nossa vinosfera, mas incrível como sigo me surpreendendo e me deparando com uvas desconhecidas gerando vinhos gulosos, vibrantes, marcantes cada um à sua maneira. Desta feita a uva foi a Tardana, o vinho Sol e a vinícola a Bodegas Gratia.
Da Bodega Gratias já falei aqui quando do vinho “Y Tu de Quién Eres”, porém não falei do projeto da família que é exatamente a de trabalhar tão somente com uvas autóctones da região, muitas delas em risco de extinção. Elaboram um ótimo encorpado e negro vinho chamado GOT, um varietal 100% de Bobal e agora me deparei com este belíssimo Sol, um vinho vibrante que me seduziu. Antes de falar do vinho, no entanto, deixa eu antes falar desta uva.
A Tardana, uma cepa branca de pele grossa, é natural da região de Manchuela e Utiel-Requena próximo a Valência na Espanha, tendo esse nome pois amadurece muito tardiamente, depois dos tintos. Também é conhecida por Planta Nova. Apesar de ser uma vinífera, boa parte dela era colhida antecipadamente e vendida no mercado como uva de mesa comestível, algo que caiu em desuso devido ao aparecimento de uvas sem semente que tomou conta do mercado. Devido a não atingir níveis de álcool altos, demorar muito a amadurecer ficando propensa a sofrer com chuvas de granizo e apresentar relativa baixa produtividade, os grandes produtores a abandonaram e hoje a produção é mínima, beirando a extinção. O conceito por trás da “família” Gratias é exatamente esse, o de recuperar vinhedos e uvas da região e em extinção com o mínimo de intervenção, pequenas produções e vinhos únicos. Estão inclusive produzindo já um vinho laranja com a Tardana, mas esse só me deixou curioso, ainda não provei.
Sol de Tardana é levemente prensada e 1/3 termina de fermentar em talhas de barro passando posteriormente por um período de três meses sur lie. Aromas de boa intensidade apresentando um leve floral no nariz, notas de pêssego e damasco, fresco, talvez algo de maçã verde 🤔, na boca um toque mineral em função do solo calcário, boa textura, leve para médio corpo com equilibrados 12,5 de álcool, meio de boca marcante e vibrante com boa acidez e ótimo equilíbrio, um vinho sedutor que deixa um retrogosto de quero mais! rs Falam de frutos brancos melão e pera, não achei não, mas isso vai de cada um. 😊 Gostei muito e tomaria várias! Do ponto de vista de harmonização, acho que é uma grande opção para pratos asiáticos bem condimentados. Tomei acompanhando um Bifum de Camarão ao Curry e foi divina a harmonização, mas quaisquer pratos de frutos do mar certamente serão boa escolta ao vino. Produção limitada, não chega cinco mil garrafas anuais, algo a se colocar numa wish list e vale a pena porque o preço é bem razoável, na casa das 130 pratas.
Enfim, mais um post, quem sabe na base de um por semana eu consiga criar novamente um ritmo de publicações. É isso, abraço e kanimambo pelos gentis comentários que venho recebendo, saúde e cuidem-se!
Elephant Rouge 2018 é uma criação do Jean Claude Cara junto com a Villaggio Grando (Santa Catarina) que, a meu ver, mostra bem a cara de seus criadores pelo que já conheço deles. O vinho, que pela segunda vez é elaborado na Villaggio Grando, a primeira foi a safra 2014 já esgotada, mostra de cara uma cor vibrante rubi clara e brilhante que me chamou bastante a atenção.
Corte de Merlot (70%), cabernet Sauvignon (10%) e 20% de uvas não divulgadas com passagem de 24 meses por barricas francesas de segundo uso, apresenta uma paleta olfativa de média intensidade e bem frutada. É na boca, no entanto e a meu ver, que ele realmente mostra a que veio. Longe de bombas tânicas e de grande extração com álcool nas alturas, estamos diante da antítese de tudo isso, taninos muito elegantes e finos, médio corpo, rico meio de boca, fruta vermelha madura (ameixa), notas sutis vegetais, final longo algo apimentado e fresco fruto da boa acidez adquirida neste terroir de altitude. Educado teor alcoólico de 12,5% que se integra muito bem ao vinho mostrando-se muito bem equilibrado.
Um vinho que está muito bom agora mas que, da mesma forma que o 2014, mostra boa capacidade de guarda por pelo menos uns 6 a 8 anos quando deve atingir seu auge. O produtor fala mais, 10 a 15 anos, mas esse é meu feeling hoje e como daqui a 15 anos sequer sei se ainda estarei por aqui, não terei como conferir! rs Bem, aproveitando que estava com a garrafa aberta, tratei de acompanhar o almoço, panqueca de carne com molho de tomate. O resultado não foi ruim, digamos assim, mas também não foi aquela brastemp! rs Acho que a melhor harmonização passa por outros caminhos como um risoto de funghi com uma carne grelhada, filé com molho madeira, strogonoff de filé, ensopado de carne ou, até, um filé à Wellington.
A pena fluiu bem depois de muito tempo, quem sabe volto a escrever novamente aqui com alguma assiduidade. Fazia tempo que não sentia gosto pela escrita, vamos ver se a vontade permanece. rs O WordPress mudou um pouco nesse hiato, então o post está com uma diagramação horrível que não consigo mudar, vamos ver se no próximo consigo melhorar isso. Saúde e, kanimambo!
Recentemente tive a oportunidade de participar de duas
degustações virtuais com representantes da importadora e direto do Chile, de
seus produtores. Hoje venho compartilhar com vocês a primeira delas, vinhos da
Casa Viva radicada em Casablanca e recém chegados ao Brasil pelas mãos da BWC,
braço brasileiro da Berkmann Wine Cellars inglesa.
Recebi três vinhos para provar, um Sauvignon Blanc, um
Varietal e Pinot Noir e um Syrah que me tirou o fôlego! rs
Sauvignon Blanc Reserva 2019, fruto do blend de três
vinhedos diferentes de clones igualmente diferente plantados em cerca de 100
hectares nesse vale que é berço de grandes vinhos brancos. Cada lote é
vinificado em separado e posteriormente feito o blend. Sem passagem de madeira,
porém com seis meses sur lie que lhe aporta uma certa cremosidade e
complexidade sem, com isso, afetar sua vibrante acidez. SB clássico da região
com grande intensidade aromática, frutos tropicais, maracujá, limão siciliano,
toque herbáceo da famosa grama molhada, um vinho repleto de energia e certamente
um grande companheiro para frutos do mar em geral e culinária japonesa. Gostei
bastante e o preço deve rondar as 110 pratas.
Casa Viva Pinot Noir 2018, um varietal (linha de
entrada) deste produtor. Para uma gama de entrada o volume produzido nem é tão
grande assim, pelo que entendi algo ao redor de 10 mil litros. Bem claro de
baixa extração, fruta fresca, vinificado somente em inox, equilibrado, fino e
elegante com um final fresco em que apareceram algumas notas terrosas. Na casa
dos 90 Reais, atende um segmento de mercado que busca um Pinot de baixo custo e
bem feito, porém tenho que confessar que não me seduziu, talvez falte uma personalidade
mais marcante, mas talvez eu esteja sendo algo exigente ainda por cima depois
desse muito bom e marcante Sauvignon Blanc.
Casa Viva Grand Syrah 2017, uau! Gosto muito de Syrahs de clima frio e esse não negou fogo, muito pelo contrário, me seduziu por completo. Apenas 16 hectares, produção de 4.5 Toneladas por hectare, face norte protegida parcialmente por uma colina que protege os vinhedos do frio oceânico que atinge a região deixando o clima algo mais ameno. São dez meses de barrica francesa (construída no Chile) sendo parte de segundo e terceiro usos. Os aromas são verdadeiramente inebriantes, daqueles que te deixam na dúvida de você bebe ou funga! rs A boca é cheia, de grande volume, estruturado, ótima textura, frutos escuros, rico meio de boca, algum defumado, taninos firmes porém finos e elegantes, final fresco e persistente que pede bis. Preço ao redor de 230 Reais, creio que vale, e foram produzidos somente 11 mil garrafas sendo que para o Brasil vieram só 265!
Bons vinhos, interessante gama com preços diversos, creio que pelo gostinho que tive com estes três, vale a pena explorar a linha que já está disponível nas boas casas do ramo. É isso, saúde e Kanimambo pela visita!
Gratas surpresas, mesmo que não necessariamente para meu bolso, mas encontrei rótulos fora da curva que me seduziram, então, me realizei! rs
Na ausência do evento anual físico ao qual tradicionalmente não vou por achar muito difícil produzir algum resultado numa aglomeração tremenda de gente e vinhos, desta feita a organização optou por um outro formato. Pequenos grupos provando in loco com distanciamento e participação virtual do Tapias e dos produtores. Formato que gostei bastante, pena que só pude participar da primeira parte que era pela manhã quando provamos 14 vinhos com foco no Chile e Uruguai.
Dos 14 vinhos, os quais comentarei de forma suscinta abaixo, com o preço sempre que possível, dois me encantaram e gostaria de eventualmente colocar no portfolio da Vino & Sapore caso haja condições comerciais para isso. Óbvio que muito depende de preços, mas esses dois me encantaram.
Bodega Océanica José Ignacio Albariño (uruguaio) – sou luso, meu parâmetro de Alvarinho é Minho e Galicia, então tenho uma certa dificuldade em encontrar tipicidade desta uva nos vinhos desta uva produzidos na América do Sul. É um bom vinho, mas falta tipicidade na minha opinião. GD 95 pontos e sem importador no Brasil, pelo menos que eu saiba.
Dagaz Itatino Cinsault (Chile) – gosto deste estilo
de vinho e a Cinsault reina lá pelos lados de Itata. Passagem por ovos de
cimento e ânforas de cerâmica preservam a fruta gulosa, taninos suaves, fresco,
leve um vinho para tomar refrescado nesta primavera verão que está por chegar. Preço
na casa dos 120 a 130 Reais. GD 92 pontos
Bisquertt La Joya Single Vineyard Merlot 2016 (Chile)
– não fez minha cabeça. Às cegas diria que era um carmenére com toques verdes
bem pronunciados, algo químico, me pareceu um pouco desiquilibrado com muitas
arestas. Preço na casa dos 200 Reais e GD 91 pontos. Estou achando que não
entendi o vinho.
Baron Philippe de Rothschild Escudo Rojo Reserva Carmenére 2018 (Chile) – muito boa safra no Chile e este vinho mostra isto me surpreendendo já que não é das uvas que mais me atraem. Poucas notas verdes, taninos finos, boa fruta, equilibrado e final aveludado. Preço na casa das 150 pratas, dólar não está ajudando! GD 90 pontos
Korta Barrel Selection Reserva Carmenére 2016 (Chile)
– da região de Curicó, notas verdes bem presentes, final especiado, num estilo
que não me seduz e um que, a meu ver, destoou, dos demais. GD 88 pontos
Montes Alpha Carmenére 2018 (Chile) – mais um vinho
de 2018 com boa tipicidade, cor densa, bom volume de boca, 12 meses de barricas
mix de novas e usadas, algo quente na boca, vinho que não nega nem a uva nem
seu produtor. Preço no importador, 220 pratas. GD 92 pontos
Viu Manent Secreto Carmenére 2019 (Chile) – de
Colchagua, 15% de outras uvas não divulgadas (secreto), cor rubi escura, nariz
mais frutado, colheita parcialmente antecipada para obter maior acidez, barricas
para somente 30% do lote, final herbáceo de taninos finos. Interessante, preço
na casa das 140 pratas. GD 92 pontos
Esse foi o último do flight
de carmenéres. Como disse, não é uma uva que me encanta, porém gosto e
qualidade não são necessariamente a mesma coisa e a qualidade estava lá. Em
minha humilde opinião, a maior surpresa inclusive com relação a custo foi o
Escudo Rojo e o meu escolhido como melhor Carmenére entre os provados.
Los Boldos
Vieilles Vignes Cabernet Sauvignon 2018 (Chile) – Mudamos de uva, mas ficamos na safra!
De Cachapoal Alto (Andes), leva um tico de Syrah, que pode variar entre safras
de 5 a 10%, que se mostra numa certa picancia de final de boca. Fruto maduro
sem excesso, elegante, sem aquela presença por vezes irritante de piracina
(pimentão), equilibrado, taninos aveludados, uma grata surpresa, mas na casa das
290 pratas tinha que performar e o fez. GD 92 pontos
Perez Cruz
Pircas 2015 (Chile) –
de Maipo Alto (Andes), mostrou uma cor rubi vibrante, é um clássico Cabernet
Chileno com a piracina aparecendo de forma sutil sem “queimar” o conjunto.
Notas mentoladas, frutos frescos, taninos finos e muito boa estrutura. A Perez
Cruz é famosa por seus Cabernets, mesmo não sendo num estilo que me agrada, é
um belo vinho na casa dos 220 Reais. GD 94 Pontos
Miguel Torres Manso de Velasco 2014 (Chile) – do gigante espanhol que produz na Espanha um dos melhores Cabernets Sauvignon que já tive a oportunidade de provar (Mas La Plana), possui um forte braço no Chile onde já atua há mais de 40 anos e também nos EUA. É um clássico Cabernet Sauvignon chileno muito cultuado e advindo de vinhedo centenário em Curicó, notas tostadas, especiarias, fruta abundante, ainda jovem, taninos ainda bem presente mostrando grande estrutura, herbáceo bem presente, é um vinho para guardar e tomar lá para 2024, mas não chega a seduzir apesar de ter uma legião de fãs dele e do estilo. Não é para muitos, produção pequena, ícone, preço acompanha, algo acima dos 400 Reais.
Errazuriz Max Reserva Cabernet Sauvignon 2018 (Chile) – Mais um clássico da uva e da região. De Aconcagua, um tremendo de um Cabernet Sauvignon que mesmo tão jovem já mostra toda sua grandeza. Muito rico meio de boca, nariz sedutor de boa intensidade, ótima textura, muito equilibrado com bom volume de boca e taninos muito finos com final de grande persistência. Tremenda elegância, estilo e vinho que me conquista o coração, então, para mim, melhor Cabernet Sauvignon entre os provados que está no mercado por algo como 200 pratas o que acho ser uma baita relação PQP (Preço x Qualidade x Prazer), a melhor entre os vinhos provados. GD 92 pontos
Familia
Traversa Noble Alianza 2018 (Uruguai) – o primeiro dos blends provados (foram 3) é uruguaio e
um curioso corte de Tannat com Cabernet franc e Marselan de uma safra que,
também por lá, foi muito boa. A ideia por trás da escolha das uvas foi; Tannat
pela cor e estrutura, Cabernet Franc pelo frescor e a Marselan pela fruta e capacidade
de arredondar o corte. No nariz a Marselan se mostra mais presente, mas
sinceramente não acho que funcionou pois mostrou-se algo desiquilibrado, um
certo amargor de final de boca, não rolou, mas … Enfim, em torno das 50
pratas, vale testar, vai ver o Tuga aqui está sendo crica demais! rs GD 92
pontos, acho que este também não entendi! rs
El Capricho Winery Aguará Tannat Blend 2018(Uruguai) – pequena e jovem bodega de meros 7 hectares de vinhedos situados a 250km ao norte de Montevideo. Capacidade instalada para apenas 80 mil garrafas mas ainda longe desse volume, a bodega nasce de um “capricho” de dois amigos querendo fazer vinhos de autor de alta qualidade, com baixa intervenção e práticas de sustentabilidade nos vinhedos e cantina. Se for pelo exemplo deste vinho, objetivo alcançado, gamei! rs Meras 1100 garrafas produzidas e o blend com Cabernet Sauvignon e passagem de 18 meses por barricas novas francesas. Power com tremenda elegância, entrada de boca marcante e muito rica, bom volume, frutos negros abundantes com notas abaunilhadas muito bem trabalhadas, vinho que costumo classificar como egoístico, não dá para dividir a garrafa com muitos não! O preço acompanha, não tem jeito, e não é para o meu bico, mas as 400 pratas que pedem por ele no mercado valem dentro do que é nossa realidade tupiniquim de preços. GD 93 pontos.
Bodega de
Aguirre Pater Familiae Heredium 2015 (Chile) – este chileno foi mais um que mexeu com minhas emoções,
tremendo vinho. Um corte de Cabernet Sauvignon de Colchagua com Carmenére de
Peumo (melhor região para esta casta) que mais uma vez me fez cair o queixo.
Aromas sedutores, muito boa e rica entrada de boca, ótima textura de meio de
boca, fino, elegante, taninos aveludados e final longo mostrando-se um conjunto
sem arestas e muito equilibrado. Um vinho sofisticado que me deixou curioso
para explorar o restante de sua linha de produtos e mais um vinho egoístico nessa
prova, os dois que mais me seduziram entre diversos bons exemplares
apresentados. O preço é em linha com este nível de vinho e ainda por cima com o
câmbio desfavorável o que não ajuda em nada, anda na casa das 400 pratas mais
ou menos 20. GD 94 pontos.
Tenho que confessar que minhas pontuações (não divulgadas salvo quando participo de alguma bancada de degustação em que isso seja necessário) ficam tradicionalmente bem aquém das avaliações do GD, todavia no caso do Aguará e do Heredium, periga eu dar até um ponto extra! rs É isso, o que era para ser curtinho se estendeu bastante, me entusiasmei, faz tempo que não escrevo e ando represando artigos devido à falta de tempo. Kanimambo, saúde sempre!!
Óbvio que são vinhos para poucos, mas para quem tem e pode, porquê não desfrutar desses grandes vinhos? Uma de minhas melhores degustações foi exatamente de vinhos de Bordeaux safra 2009, desbunde que relatei aqui sob o título Bordeaux Extasy hà cerca de cinco anos.
O James Suckling, renomado degustador e crítico do mundos dos vinhos nos fala um pouco sobre sua experiência provando um pouco mais de 1000 rótulos de barrica en primeur (antes de engarrafamento e disponibilizados no mercado varejista a pronta entrega), porque estes ainda não estão disponíveis no mercado. veja a matéria clicando aqui. Abaixo a lista dos TOP 50, porém o que mais despertou interesse foi essa lista de “Best Buys” entre esse montão de vinhos provados e eu sou fâ de um deles, o Malescot-Saint-Exupery da região de Margaux!
Com o câmbio de jeito que está, difícil eu pensar na possibilidade, mas … sonhar ainda não paga imposto. rs Essas precisosidades a preço mais terreno são > Chateau Pontet-Canet nr. 10, Chateau Haut-Bailly nr. 16, Chateau Larcis Ducasse nr. 201, Chateau Pavie-Macquin nr. 21, Chateau Clinet nr. 22 e o “Best Value” da safra o Chateau Malescot-St.-Exupéry nr. 31. O Chateau Figeac (outro de meus favoritos) Nr.13 também aguçõu meus sonhos, mas aí eu penso que com o preço desse eu compraria (se pudesse) cinco garrafas de St-Exupery e desligo! rs
Não fica claro qual moeda foi usada nesses preços, mas me parece que é em US Dólares. Enfim, uma listinha deveras interessante, n’est-ce pa ?
Saúde, kanimambo e vamos em frente que com distanciamento, máscara, álcool gel e vinho a coisa passa!
Tampa de rosca só para vinhos novos né? Huuum, não! Já tinha tomado outros vinhos australianos com oito e dez anos de vida em perfeito estado de conservação e até já fiz uma prova com o mesmo vinho da mesma safra com fechamentos diferentes, nada que pudesse ressaltar de diferença entre eles.
Neste fim de semana, abri uma última garrafa que tinha esquecido na adega do Westend Tempranillo 2008 da região de Hilltops em Nova Gales do Sul na Austrália. Abri temeroso com o que me iria deparar na taça e me surpreendi muito positivamente. Esperava um vinho já algo moribundo, em estado avançado de coma com seus 12 anos nas costas e tampa de rosca. Ledo engano, vivinho da silva, mesmo que já com algumas nuances atijoladas e aromas terciários, mas taninos e acidez ainda bem presentes, um deleite que foi se abrindo na taça mostrando, inclusive, frutos escuros, alguma especiaria e um belo final de boca algo apimentado.
Para, mais uma vez, nos depararmos com o fato de que nossa vinosfera é realmente imprevisível e isso é que faz deste caldo algo sedutor para quem está aberto a novas experiências. É isso, kanimambo pela visita! Será que agora retomo este blog algo esquecido em função da correria atrás do pão de cada dia? Não prometo mais nada não, mas vou me esforçar.
Um monte de colegas e amigos cronistas do mundo do vinho levantaram essa bola recentemente e aí me lembrei de que já comentei isso em 2008 (clique no link para ler). Sempre achei que poderia ser algo interessante, um projeto que pudesse atrair um público mais jovem para momentos mais descompromissados. Mais para vinhos brancos e rosés frescos, espumantes e, eventualmente, algum tinto leve. Pesquisando vi que já tem um monte de produtos no mercado e até alguns grandes players do mercado estão entrando nessa e aí me lembrei que em 2009 dei uma notícia sobre o tema que achei interessante e tratava de qualidade, algo que sempre me preocupou, “Vinho em lata, eis que me chega a notícia de que no Berlin Wine trophy 2009, com mais de 3400 vinhos de mais de 40 países, o Baroke Cabernet/Shiraz/Merlot fez história ao ganhar a primeira medalha de ouro num concurso internacional de respeito. É gente, podemos olhar de esguelha para essas latinhas, mas acho que temos que olhar com mais cuidado o seu conteúdo”. Sempre quis conferir e sem preconceitos porque acho que em cada faixa de preços se pode encontrar qualidade e vinhos palatáveis, vinhos descompromissados de preço idem, porém, como sabemos, quanto menor for a faixa mais complicado será o garimpo, mas há!
Como nos Bag-In-Box que acabaram ficando, na sua grande maioria, restrita a vinhos de baixíssima qualidade, esta talvez seja a maior dificuldade de todas, colocar nessas latinhas um vinho minimamente de qualidade com um preço que seja tão descompromissado como o projeto pretende ser. Vender uma latinha desse vinho por 16,50 a 35 Reais a latinha (3 latas = 1 gfa 750ml) como tenho visto por aí, não me parece que seja algo que vá pegar, pode virar moda numa elite em balada chique, mas será que atrairá mais seguidores à causa? Duvido, o preço não é condizente e não vai atrair um público cativo, talvez uma ou outra para prova. Sou aberto a todas as vertentes, exploro, gosto disso e está no meu DNA luso, sempre busquei falar mais de vinhos “terrenos”, buscar os vinhos que entregam uma percepção de valor superior ao preço pago e tem momento para tudo, afinal, como já dizia o poeta, tudo vale a pena quando a alma não é pequena, mas … Por uma questão de quantidade, meia garrafa ou até um quarto são boas opções e se encontram produtos de qualidade no mercado a preço convidativo.
Foto da coluna da Suzana Barelli no caderno Paladar do Estadão em 21/02/20
Há uns dois anos provei os vinhos da Baroke, finalmente, e sinceramente não me entusiasmei a falar deles não. Verifiquei inclusive que havia problemas de envelhecimento precoce e espero que as latinhas venham com data de validade, pois diferentemente das garrafas seu tempo de maturação é outro e parece que possuem um shelf time bem menor. Para quem importa volumes maiores e o produto não escoe como previsto, certamente um possível problema a encarar a não ser que se jogue no colo do consumidor!
Certamente não seria algo que eu compraria, mas cada um é cada um, preferiria uma prática garrafa de rosca, um vinho (tranquilo ou espumante) de 60 pratas e um copo de plástico, coisa que já fiz e voltaria a fazer numa boa dependendo da circunstância, talvez até uma boa cerveja artesanal nessa faixa de preço a um vinho fraquinho. Sem preconceito algum a questão é outra, critério de qualidade independentemente do invólucro. Se tomaria? Lógico que sim e dependendo da situação, porém não gastaria meu suado dinheiro nisso, como disse, teria outras alternativas.
Tiro o chapéu para os empreendedores e inovadores de tudo o que é setor da economia, torço para que dê certo, mas não sou tão otimista assim, o tempo dirá como o consumidor brasileiro aceitará essa inovação a esses preços. Isso sou eu, pois, como já disse anteriormente, cada um é cada um e que seja feliz como melhor lhe prouver, sem frescuras! Saúde e Kanimambo pela visita.
Senta que lá vem história, meu primeiro vinho glu-glu, termo muito usado pelos amantes dos vinhos naturebas para descrever um vinho fácil de tomar, de golão! Vinho para tomar refrescado, até em copo de requeijão (heresia? rs) num bar qualquer de beira de estrada ou num Pueblo qualquer sem enochatisses, porque cada um é cada um. Por lá, um vinho de mesa, de “Pueblo”, mas deixa eu contar essa história vai?
O nome nasce de uma indagação dos anciões antigos de pequenos pueblos espanhóis quando um jovem que não conheciam aparecia, “Y tu de quien eres?”, e tu a que família pertences? Neste caso, do vinho, a resposta é, a um Pueblo! O local, Casas Ibañez, Albacete, a cerca de 100kms de Valencia, o produtor Bodega Gratias que trabalha com foco na elaboração de vinhos com uvas autóctones locais, mínima intervenção, adoção de processos artesanais e ancestrais, produzindo vinhos como antigamente. Jovens, resgatando a história local de fazer vinho e preservando castas autóctones.
Este vinho tinto, possuem um branco também de produção ainda
menor e que ainda não provei, foi viabilizado através de um sistema de “crowdfunding”
pois o projeto é muito pouco rentável em função da baixa produtividade dos
vinhedos antigos com castas plantadas todas misturadas, neste caso todas
autóctones e boa parte delas em risco de extinção. Entre as muitas castas que
compõem este multivarietal ou field blend como gosto de chamar (no Douro as
Vinhas Velhas costumam ser plantadas assim) castas como bobal, marisancho, teta
devaca, pedro juan, morávia agra, morávia dulce, pintaillo, cegivera, rojal,
valencín, albillo, etc..
A seleção de cachos é feita no vinhedo e os cachos colocados
inteiros em tanques de 5 hectolitros onde fermentam de forma natural.
Posteriormente, passam por um processo de “crianza”, tempo de afinamento, parte
em inox, parte em barricas e parte em ânforas de barro. Com apenas 5300
garrafas produzidas, é um vinho para tomar de golão, o tal do glu-glu como
mencionei no inicio deste post. Se você ficou interessado, sugiro entrar no
site deles (www.bodegasgratias.com)
e pesquisar um pouco mais.
Bem, ainda não falei do vinho! rs Esse estilo de vinhos pode e a maioria possui, aromas algo diferenciados que nos fazem remeter mais a cantina, taberna (estou viajando mas me permitam isso!) e alguns chegam ao exagero, este não, essa marca está lá, mas de forma sutil e sedutora. Tem uma bela cor vermelho cereja, com aromas de cantina, de frutas vermelhas e algo de mirtilos, especiarias, notas herbáceas de temperos verdes, e leve lembrança de kirch. Corpo médio, a adstringência na entrada da boca lhe confere um ar rústico que não tira seu charme, algo de salumeria, boa sensação frutada que lembra frutos negros e mostra um frescor muito interessante de final de boca que deixa uma sensação de quero mais na boca e um sorriso no rosto. Eu curti demais, melhor se levemente refrescado a 14/15ºC, e me deixou curioso de conhecer esta bodega in loco!
Eu que não sou exatamente um apoiador dos vinhos naturais,
tenho que me render ao fato de que há sim vinhos bem feitos que merecem ser
conhecidos e este é um deles. Minha posição sobre isso é muito clara, o vinho
tem primeiramente ser bom e palatável, depois se for orgânico melhor e bio
ainda mais, questão que me parece lógica. Aceitar vinhos pouco palatáveis, de
aromas esquisitos e pouco convidativos porque são naturais, não faz minha
praia, mas cada um é cada um.
Como disse, gostei e recomendo. Para acompanhar, boa companhia para começar!! rs Depois, se estiver a fins, uns tapas, salames, queijo manchego e uma boa prosa. Ufa, falei um monte hoje, fazia tempo que um texto não fluía assim. Kanimambo pela visita, saúde, cheers, salute, salud, prosit, …
Quem faz o dia é você, basta querer. Não, não é um post de auto ajuda, apesar de que se pensar bem tem um algo de! rs Uma garrafa de vinho e um pouco de boa vontade na cozinha opera milagres, melhor que muita terapia. Ontem, Segunda-feira, quebrei a rotina, fui para a cozinha preparar um agradável jantar com minha loira e não, não foi dia da mulher, aniversário de casamento ou coisa que o valha. Deu vontade!!
Enfim, voltando de uma reunião em São Paulo e depois de mais de hora numa Raposo Tavares travada por um veículo quebrado na pista da esquerda, passei no hortifruti para comprar uma cartela de camarões e lá me fui para casa. Primeira coisa, antes de limpar o camarão e depois de um beijo na loira (rs), abrir um vinho e este tinha tudo a ver com o dia quente e o risoto que me meti a preparar, um Rosé novo que precisava provar. Trabalho, sempre trabalho!!
Loma Negra, já provei o Sauvignon Blanc que gostei demais e postei Sábado no Face, este está um pouco abaixo, mas ótimo em sua faixa de preços, abaixo das 50 pratas. Eu gosto e recomendo, a maioria das vezes dá certo, de harmonizar por cor (um dia falo disso), mesmo que não haja razões técnicas para isso e o tema não seja alvo dos grandes criticos, neste caso a “maridage” de rosé e camarão é sempre um tiro certeiro como foi nesta agradável noite com o risoto de camarão com um toque de limão siciliano e do próprio vinho.
Vinho fresco, frutado lembrando frutos vermelhos frescos, sem doçura, seco, notas cítricas, toque sutil herbáceo, refrescante que não pretende ser grande e sim te dar prazer, coisa que fez com galhardia, pelo menos para nós. Do Vale Central, Chile, blend de Cabernet Sauvignon e Merlot sem passagem por madeira porque preservar frescor é essencial, um achado e um tremendo de um best buy. As fotos, como sempre, não fazem jus à bonita cor do vinho que está melhor na primeira foto. Mais uma dica, harmonize com salmão (cor de novo! rs), mais uma dose de prazer na veia!
É isso por hoje, be happy! Bom vinho (não precisa ser caro), boa companhia e um bom prato, esse trio faz de qualquer momento um evento e ainda por cima sem gastar muito que o mar não está para peixe e muito menos para camarão (rs), por menos de 90 Reais jantamos os dois e com vinho! Kanimambo pela visita, tenham um ótimo dia e saúde!
Um parto, dizem (rs), é muito doloroso e certamente iniciar e lançar um novo projeto comercial também não é mole não! Tá bom, a dor é incomparavelmente menor, sei (rs), mas a ansiedade e o longo trabalho até o nascimento é igualmente angustiante e depois que nasce, quantos ses!!
Bem meus amigos, espero que agora entendam a minha ausência,
me desculpem, o foco tem estado em fazer nascer a Caviste.Online (assim mesmo
sem .com nem .br) e prepará-la para enfrentar esse mundo virtual assim como,
paralelamente, ter passado o difícil ano de 2019 correndo atrás do vil metal.
Foi a convite de um amigo, Fábio Barnes que se tornou sócio
desse projeto, que este projeto iniciou sua construção e seu nome veio de um vídeo
que outro amigo fez comigo na Vino & Sapore, quando ele me “rotulou” (rs)
como um Caviste que nada mais é do que um verdadeiro fuçador, um garimpador de
pepitas nesta vasta vinosfera.
A ideia foi construir um site comercial de vinhos na
internet que aliasse:
Atendimento personalizado dentro das óbvias
limitações de uma plataforma virtual. Uma maior interação, consultoria e
interatividade com os clientes aficionados pelos caldos de Baco.
Compartilhamento de conhecimento, informação e
curiosidades de nossa vinosfera. O objetivo não é só vender, é informar, é
quebrar paradigmas, é abrir a mente para novos e interessantes sabores e incentivar
descobertas mesmo que apresentando alguns portos seguros.
Uma seleção de vinhos feita dentro dos meus
critérios > Diversidade (não só o que eu gosto), vinhos menos midiáticos,
vinhos diferentes (mas não só), vinhos de boa a ótima qualidade com preços
terrenos (80% do portfolio abaixo dos 150 Reais), vinhos que surpreendam (por
preço, por uva, por estilo, por origem) e emocionem, vinhos de produção
limitada, vinhos orgânicos, etc..
Ontem, apesar do desastre das águas em São Paulo, fizemos o
lançamento junto à mídia especializada no bonito espaço do Gola Solta, na Rua
Loefgren, Vila Clementino, a apenas duas quadras do metrô Hospital São Paulo.
Ali, falamos um pouco do projeto que agora se materializa e colocamos 20 vinhos
em prova como mostra, na prática, do que estamos trazendo ao mercado. Apesar da
litragem, muitos dos amigos se depararam com vinhos e castas que não conheciam,
região desconhecida e tudo isso nos foi muito grato, era isso que queríamos mostrar.
Esta nossa vinosfera é um mar a ser navegado sem parcimônia, ninguém sabe tudo
e não existem verdades absolutas, por isso ser um mundo para as almas
inquietas!
Bem, mais não falo, ainda tem “fine tuning” a fazer,
coisinhas a corrigir, mas desde já conto com os amigos para visitar e divulgar,
ficarei imensamente grato pela ajuda. Se puderem comprar ótimo, se puderem dar
feedback inclusive sugerindo melhorias melhor ainda, se gostarem gritem ao
mundo! rs Cliquem no link acima para acessar o site, sigam no Insta e no Face,
agora acho que posso votar às minhas atividades por aqui de forma mais amiúde,
já negligenciei demais o Falando de Vinhos, a partir da semana que vem tem
mais.
Kanimambo, sempre, pela paciência, por seguir me visitando aqui. Saúde