Poderia ser o nome de uma cidade ou algum bicho estranho, mas é vinho mesmo e dos bons! Gulfi é um produtor localizado na planície de Chiaramonte Gulfi na Sicília Oriental e mais do que uma vinícola é um resort onde a enogastronomia é protagonista. Produtor orgânico, trabalha com uma vasta coleção de cepas autóctones, apostando na tradição porém sem perder de vista o que a modernidade lhe pode oferecer inclusive no uso parcimonioso de uvas internacionais como neste caso.
Estava atrás de alguns vinhos brancos sicilianos para compor meu portfolio na loja, já tinha achado um gostoso Catarratto, e a Decanter me enviou este vinho para prova, uau! Como teste, para não ficar só com minhas impressões, o coloquei numa degustação de confraria em que o tema eram vinhos de uvas brancas autóctones da Itália. Provamos saborosos vinhos elaborados com Pinot Grigio, Rebolla Giallia, Verdichio dei Castelli de Jeisi Classico e Kerner (há controvérsias quanto à origem) culminando com este vinho que, mesmo com os bons rótulos apresentados até então, fez com que fisionomias se transformassem, vinhaço!
È branco, adoro vinhos brancos e há muito digo que é a pós-graduação no mundo do vinho, um blend de duas uvas autóctones que me eram totalmente desconhecidas, Caricanti e Albanello, com Chardonnay. As uvas brancas sicilianas mais conhecidas são as: Gracanico, Inzolia, Grillo e a Catarratto, então foi mais uma viagem de aprendizado e mais uma descoberta, adoro nossa vinosfera! Agora preciso provar as outras coisas desta vinícola, fiquei com água na boca.
Bem, mas falemos do vinho, mais sobre a vinícola e seus conceitos vocês podem fazer que nem eu que fiquei seduzido pelo que provei, visitem o site do produtor clicando aqui. Disse que fisionomias se transformaram e é vero, houve um uau generalizado ao levar a taça ao nariz e depois á boca, um vinho de muita personalidade em que o conjunto fala mais alto que as partes envolvidas. Um vinho marcante e muito equilibrado, boa intensidade aromática puxando para o cítrico porém com nuances de amêndoas tostadas e sutis notas florais. A ficha técnica fala só de inox e estágio sobre lias, porém acho que deve ter uma leve passagem por barricas usadas, sei lá, feeling! Na boca boa acidez, porém com uma certa untuosidade que creio vir da Chardonnay, seco, ótima textura, rico e complexo, um vinho que, em sendo 2010, creio estar no seu auge , nos traz muito mais do que só frescor e energia, traz muito boa persistência e maturidade, um vinho que nos deixa feliz! Uma grande surpresa que me agradou sobremaneira e fez a cabeça de todos presentes, mesmo com um preço estimado entre R$ 130 a 140,00.
Aliás, preciso montar um Desafio de Vinhos às cegas só de vinhos brancos nesta faixa de preços, um embate entre diversas uvas e países, acho que daria um encontro hedonístico da hora!! Enfim, queria compartilhar esta belezura com os amigos, bom proveito! Cheers, kanimambo e nos vemos por aqui ou por aí nas estradas abençoadas por Baco. Ah, na última hora achei esse vídeo com uma degustação do vinho por um sommelier italiano, interessante! Vejam e comentem, gostaria de vossa opinião.