Receita de bacalhau

Bacalhau Luso-Italiano e Tannat de Salta, Combinação Inusitada

Hoje falo de comida, meu prato de Domingo (rs), e de “prefácio” uso o texto que o Jair Oliveira (Jairzinho para os mais antigos) colocou no cardápio do restaurante de sua mãe aqui na Granja, o Escondidinho, onde em breve realizarei alguns eventos. Adorei, pura poesia de quem entende do riscado.

“Quando a boca torna-se a porta do paraíso,

a alma delicia-se sem juízo e o prazer cresce quase sem medida.

Pois é assim que é bom levar a vida; com o sabor escondidinho num sorriso

e o paraíso escancarado na comida.”

(Jair Oliveira)

Bacalhau Luso-Italiano, a união de Baca & Pasta deu samba em terras brasileiras acompanhado de um Tannat de Salta, é o samba do crioulo doido em véspera de carnaval!. Mais um prato fácil e gostoso para você testar em sua casa, tenho a certeza que o pessoal vai curtir, eu me deliciei. Já o vinho, esse fica a seu gosto, mas como já tinha um Tannat de Salta aberto, imaginem só,  tomei junto e ………….. surprise, “ornou” legal! Tannat com bacalhau, o João pirou? Pirei não minha gente, este Tannat é para lá de especial e deu muito certo! Vamos à receita para 4 pessoas com sobra para a marmita de Segunda! rs

400 grs de bacalhau em lascas ou desfiado Gadus Morhua.

1 cebola média

2 dentes de alho

600grs de spaghetti de grano duro

200grs de tomate cereja bem madurinho

Salsinha, cebolinha, azeitona preta picadinha, pimenta do reino a gosto, muito azeite e três ovos cozidos.

Dessalgue o bacalhau em água gelada na geladeira por 24 horas trocando a água pelo menos duas vezes. Guarde a água da segunda e terceira (derradeira) troca e adicione na panela em que o spaghetti será cozinhado. Como essa água já é salgada, sugiro esquecer o sal nesta receita! Escorra bem o bacalhau e deixe-o descansar por cerca de uma hora bem regado com azeite, um foi feito para o outro, pois realça o sabor do bacalhau. Desfie, lasque bem o bacalhau e guarde.

Bacalhau Luso-Italiano by JFC

Refogue no azeite a cebola, alho, tomate e salsinha finalizando com o bacalhau. Misture bem e quando o bacalhau começar a dourar adicione um pouco de cebolinha e pimenta do reino moída a gosto. Jogue a spaghetti na panela ou frigideira alta, que é a que gosto de usar, e misture bem. Desligue o fogo, termine adicionando o ovo cozido grosseiramente cortado por cima para finalizar o prato. Sirva com um bom azeite do lado, eu adoro regar bastante! Viu, não falei que era fácil!

Quanto ao vinho, recomendo um tinto não muito tânico e redondo, mas harmonize CAM00017como queira, afinal se há 1001 maneiras de fazer bacalhau, há outras tantas para harmonizar. Eu, que não sei cozinhar sem vinho, já tinha aberto um que curto muito e que, lamentavelmente, por aqui não chega, é o Colomé Lote Especial Tannat de Salta comprado no produtor.  Apenas 1430 garrafas produzidas, 14 meses de barrica e imperceptíveis 14.9% de teor alcoólico, juro! Macio, frutos negros típicos da casta, algum tabaco, meio de boca extremamente rico e absolutamente sedutor, sedoso com um final de boca longo e muito saboroso não tendo passado por cima não! Certamente que não é a harmonização clássica, mas ficou muito bom!  Bem, por hoje é só, mas na semana ainda falaremos mais de gastronomia aqui no blog com a participação da Rejane, pois onde há boa comida há sempre a presença de vinho e vice-versa. Salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.

O vinho faz da refeição uma ocasião, torna a mesa mais elegante e cada dia mais civilizado.” Andre Simon, comerciante e wine writer francês.”

Eu e as Panelas

Quase todos os Domingos tenho um encontro com elas! Sou um mero curioso na cozinha sem conhecimento técnico e sem dom, apesar de esforçado, então há vezes que acerto e outras nem tanto. Risotos, bacalhau, churrasco, massas (the easy stuff, rs) não são muitas as opções mas até que me viro e, não sei se por conveniência, educação ou por gosto, a galera não tem reclamado.

Neste último Domingo preparei um Bacalhau de Frigideira que ficou, modéstia á parte, da hora apesar de ter faltadoterras do Pó Castas um pouco de bacalhau! rs Harmonizei com o que tinha aberto no dia anterior na loja, um vinho da casa Ermelinda Freitas (Setúbal/Portugal) muito saboroso com uma pegada diferente, do tipo de vinho que gosto, com personalidade própria e um corte bem diferente Syrah/Petit Verdot. O Vinho é o Terras do Pó Castas tinto, um vinho de ótima estrutura, taninos finos bem presentes que de um dia para o outro “amansaram”, álcool muito bem integrado, muito rico apresentando uma certa compexidade mostrando que é vinho para muitos anos ainda. No Domingo ele já se equilibrou com o Bacalhau mostrando que no dia anterior uma horinha de decanter ou uma passada pelo Magic Decanter lhe teria feito bem. Belo vinho e mais uma mostra que os vinhos portugueses são uma eterna fonte de descobertas de sabores! preço entre R$80 e 85 aqui em Sampa.

Bem, mas voltemos ao Bacalhau, assim mesmo em maiúsculas já que se tratava de Gadus Morhua, e minhas panelas, pois esse é o tema de hoje. O fogão, como de praxe, ficou lastimável, porém o bacalhau vale a pena e é super fácil de fazer. Aqui vai a receita (para seis pessoas) para quem quiser se aventurar lembrando que a frigideira vai direto á mesa e paralelamente uma cumbuquinha de arroz branco como acompanhamento vai bem.

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Bacalhau 1,5 kgs (o meu estava com 1 kg e faltou mesmo que saboroso) de lombo, preferencialmente de Gadus Morhua .

Batatas – 2 bem grandes ou três médias. Cozinhar batatas com pele até o ponto al dente, ou seja ainda um pouco duras por dentro. Cortar em fatias de largura média e depois na metade.

Cebola – 1 cebola grande cortada grosseiramente.

Tomate – 2 tomates frescos maduros e mais dois pelatti (daqueles italianos de latinha).

Alho – 1 dente e meio daqueles mais grandinhos, bem picado.

Pimenta do reino, cebolinha, azeitoninha preta portuguesa sem caroço, salsinha – a gosto.

Preparo – Frite as posta em azeite (não seja munheca neste momento e capriche no azeite) bem quente por cerca de 2 a 3 minutos cada um dos 4 lados. Fica levemente tostado. Se gostar mais tostado é só deixar mais um tempo e controlar a cor. Depois de frito o bacalhau, reservar. No mesmo azeite que foi frito o bacalhau refogar cebola, tomate e alho. Adicionar as batatas e continuar refogando moendo um pouco de mix de pimenta do reino, quando começar a secar adicionar uma xicara de chá de bom vinho branco seco (eu usei o Casa Mirian Unoaked Sauvignon Blanc/semillon – R$31) que também saciou a sede do cozinheiro (rs) ao longo do preparo. Quando as batatas estiverem macias está pronto. Delaminar o bacalhau e jogar por cima desse refogado cobrindo bem as batatas e baixar o fogo deixando cozinhar por mais uns dois minutos, só para aquecer o bacalhau. É neste momento que jogo a salsinha, azeitonas e cebolinha.

Preço– como tradicionalmente costumo dar preço aos vinhos, optei por também dar uma idéia de custo de elaboração do prato. Neste caso, o custo estimado é de R$75 a 80,00 dependendo de onde e em que época se compra o bacalhau, mais o vinho obviamente.

Ó, podem tentar sem medo, afinal até eu faço! Um bom vinho Luso ou de Rioja são boas opções de harmonização, porém o que vale aqui é o que você gosta pois harmonizar é uma coisa muito particular. Salute, kanimambo e bom apetite!