Gente, desculpem, mas quem veio aqui hoje atrás dos resultados do Desafio de Vinhos Portugueses não o encontrará. Escrevo tudo em Word antes de postar por segurança (?!) e ainda faço back-up, mas deu pau no bendito! Perdi tudo o que tinha feito, são 14 vinhos, e isso às 11 da noite! Vou passar o dia refazendo em outro computador, obviamente, até porque Murphy não falha e não tinha feito o back-up, mas prometo que amanhã estará no ar.
Enquanto isso, “deliciem-se” com mais uma aberração de nossos políticos sem quaisquer escrúpulos que, tristemente, assolam nosso país de norte a sul mostrando que não necessitam de terroir específico para se multiplicarem. Será que o povo da região não pode fazer nada para reverter essa situação ou será que apoiam esse disparate, pelo menos de quem de fora vê? Pelo menos descubramos os partidos e vereadores envolvidos para que os possamos punir exemplarmente nas próximas eleições dando-lhes ZERO votos! Enfim, cabe-nos alertar, mas somente a população local pode tomar ações para tentar reverter esse descalabro. Esta mensagem foi recebida do pessoal da Academia do Vinho (link aqui do lado), um dos melhores sites brasileiros sobre vinho e merece todo o destaque possível.
Vale dos Vinhedos: visite antes que desapareça
É triste constatar que mais uma vez a ganância fala mais alto e se sobrepõe à seriedade, à responsabilidade e ao bom senso.
Não é só no Congresso Nacional que aqueles que deveriam zelar por nossos interesses estão muito mais interessados nos próprios bolsos. Semana passada, uma tropa de choque de vereadores na Câmara Municipal de Bento Gonçalves aprovou, para fins residenciais, o loteamento de parte do Vale dos Vinhedos, antes área considerada rural. O que leva alguém a votar favoravelmente a uma proposta tão absurda? A quem interessa tanto empenho nessa aprovação? Quanto vale o show?
O Vale é uma linda região de produção agrícola, com longas extensões de vinhedos e umas casinhas aqui e ali, além das vinícolas. Somente pessoas sem qualquer responsabilidade ambiental e a mínima consciência de dinâmica urbana, não perceberiam que não há infra estrutura que permita receber grandes quantidades de pessoas para morar. Especulação imobiliária, crescimento desordenado, poluição visual, sonora e do ar, contaminação do lençol freático, trânsito caótico, nada disso combina com o Vale dos Vinhedos.
O condomínio aprovado tem lotes de 200 metros quadrados: centenas de casas em lotes minúsculos, milhares de pessoas habitando uma região que não tem a menor condição de se adequar a isso.
Crescimento urbano é um tema seríssimo e deve ser discutido com extrema responsabilidade porque as consequências são irremediáveis.
Centenas de pessoas no Vale garantem sua renda na entressafra da uva com atividades ligadas ao turismo. É a beleza das características naturais do Vale que atrai turistas. Ninguém quer viajar para ver mais uma cidade cheia de condomínios, para isso basta olhar da janela de casa. Com essa decisão o interesse de uns poucos se sobrepõe à necessidade de muitos. Vão enterrar o potencial turístico da região, ou seja, vão matar a galinha dos ovos de ouro.
Apesar do protesto geral de vinicultores, moradores, políticos (sim, ainda existem alguns que não se metem no meio dessa lama de safadeza), sabemos que no Brasil as coisas costumam ficar por isso mesmo, todo mundo esquece e a pouca vergonha acaba em pizza. Nesse caso, sem vinho.
É preciso preservar o Vale para que as futuras gerações conheçam o berço da vitivinicultura brasileira ao vivo e não só pelas fotos nos livros de história.
Quem conhece o Vale sabe do que estamos falando e da enorme perda em todos os sentidos a não ser no bolso dos vereadores e empreendedores imobiliários. Quem não conhece, visite antes que desapareça.
Já imaginaram esse cenário acima repleto de muros guaritas e um monte de casinhas uma do lado da outra? Não? Então ampliem a imagem clicando nela, olhem-na com atenção por uns instantes, fechem os olhos e imaginem. Perguntem-se depois, se sairiam do aconchego do lar para visitar um lugar desses! Só isso, não precisa nem pensar na infra necessária para aguentar esse tranco.
Salute ao bom senso e à cidadania.